sábado, 25 de março de 2023

Os que voltam atrás


“Lembra-te de onde caíste e arrepende-te; pratica as primeiras obras; senão, brevemente a ti virei, tirarei do seu lugar teu castiçal, se não te arrependeres.” Apoc 2;5

Embora o pecado se disfarce com prazeres, sensação de liberdade, triunfos, a única coisa que ele opera necessariamente, é a queda dos que a ele se entregam. “lembra-te de onde caíste...”

Paulo adverte: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” I Cor 10;12

O pecador pode fruir por um pouco, os píncaros da glória, a sedução dos prazeres, comodidade, desconhecer restrições; todavia, se não se arrepender em tempo, não passa de um morto-vivo, futuro hóspede do inferno aguardando na antessala; traidor de si mesmo, perdulário com seu mais precioso bem, a vida.

Nosso pecador em apreço conheceu ao Senhor, viveu nele por certo tempo e retrocedeu; isso fica subentendido na exortação: “... pratica as primeiras obras...” restava a encenação religiosa, sem devido compromisso com O Senhor.

Mais: O chamado ao arrependimento trazia junto a ameaça de se remover seu brinquedo favorito. “... tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.”

A carta fora endereçada ao anjo de certa igreja, (pastor) o castiçal significava a igreja. “... os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” Apoc 1;20 Assim, o não arrependimento do líder abalaria toda a coletividade a ele ligada e poria a perder seu ministério.

Normalmente pensamos, ante uma chamada ao arrependimento, que alguém deve parar de praticar determinadas coisas que ofendem a Deus. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13 O arrependimento é uma mudança de mente, que, necessariamente terá reflexos no agir.

Entretanto, em se tratando de apostasia, a abordagem é diferente. Invés de exortarmos alguém a parar de fazer algo, devemos exortá-lo a parar de não fazer, de ser omisso; “... pratica as primeiras obras...” Isso implica que, o alvo da correção andara bem, e pouco a pouco mudara seu proceder.

Desgraçadamente, alguns, invés de se arrependerem dos pecados, se arrependem de os ter abandonado. Sentem saudades do “Egito”, como muitos no êxodo. A isso se chama apostasia, retroceder, voltar atrás. A Palavra de Deus é categórica: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Embora nem sempre ousemos pensar nisso, O Eterno deseja ter prazer conosco. Como no ato conjugal, a excelência está em ser o prazer partilhado por ambos os cônjuges, também na relação espiritual, O Criador deseja ter prazer conosco.

Primeiro nos abençoa sem termos méritos, depois espera que correspondamos ao Seu Amor, escolhendo às coisas que O aprazem. Ele denunciou ao povo do Antigo Pacto: “Também Eu escolherei suas calamidades, farei vir sobre eles seus temores; porquanto clamei e ninguém respondeu, falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos Meus olhos; escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

A ênfase exagerada no Amor Divino muitas vezes serve como “camuflagem” cretina, dos que se recusam a abandonar seus pecados prediletos. Ora, todo amor anseia ser correspondido. No caso do amor de Deus, tal correspondência requer nossa renúncia das vontades carnais, e obediência ao Divino querer. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14;23

Quem supõe que a Graça ampliou uma porta que a Lei estreitara, ainda não entendeu as funções de uma e outra. A Lei colocou os “sinais de trânsito” para nosso andar na estrada da vida; como dirigimos muito mal, estávamos com estrondoso excesso de “pontos na carteira” e multas impagávei, O Salvador veio e com Sua Graça nos “anistiou”, para que, então, deixemos que Ele dirija nossas vidas; abandonamos nosso “carro” suicida da autonomia, e entramos para um coletivo, (igreja) onde seremos guiados pelo mais hábil condutor, se, apenas seguirmos Suas diretrizes. “... as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua voz.”

A Lei não foi dada para salvar; antes, para deixar patente nossa necessidade do Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

A caminhada com Ele, num mundo que se lhe opõe não é uma jornada fácil.

Contudo, dificuldades vistas da perspectiva correta devem nos aproximar mais, invés de nos afastar. Alguns retrocedem; outros, no entanto, mesmo com lutas, se esforçam para fazer ainda melhor; “... tuas últimas obras são mais do que as primeiras.” Apoc 2;19

Como águas paradas se corrompem, assim a vida espiritual estagnada. O comodismo estacionário não apenas nos tolhe de crescermos; canta canções de ninar, enquanto embala o leito da morte espiritual.

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