quarta-feira, 1 de março de 2023

Os esquecidos


“O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.” Gn 40;23

José após ter sido uma bênção na vida do copeiro de Faraó, que por um momento esteve preso com ele, rogou um pequeno favor; que ele falasse do seu caso ao Rei, uma vez que estava preso inocente, mas foi esquecido.

Devemos gravar os favores em pedras, e escrever as ofensas na areia; mas, geralmente fazemos o contrário. Presto esquecemos dos que nos beneficiaram, e amargamos muito tempo, nossas mágoas para com aqueles que nos prejudicaram.

Quando, no tocante às inclinações somos chamados à renúncia, “negue a si mesmo”, nas relações interpessoais somos exortados a perdoar, “Porque, se perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai celestial perdoará a vós;”Mat 6;14 Invés de nos limitar, como pode parecer a uma análise superficial, Deus nos está ampliando.

Nossa insipiência, não raro, nos leva a vermos o bem, onde grotesco mal subjaz; assim, não escolhendo as coisas como nos parecem, antes, confiando nos Divinos apontes, invés de tolhidos, somos protegidos; “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Onde o vulgo devaneando com prazeres e comodidades vai ao encontro de dores, o que segue O Senhor, tem seus caminhos endireitados, sua saúde preservada.

Quando O Senhor requer o perdão ao semelhante como condição para nos perdoar, também Está Cuidando da saúde das nossas almas. A raiz de amargura jamais poderá haurir seivas que deem frutos doces. Ódio é um câncer: Faz mal a quem possui. Quando perdoamos, além da boa graça que legamos a quem fora alvo de nossa mágoa, fazemos imenso bem a nós mesmos, livrando-nos de algo que nos corroía, furtava nossa paz e fechava portas ao Perdão Divino.

Como o inocente José esquecido, muitas vezes esquecemos das dores injustas sofridas em nosso favor; e dos ensinos legados pelo Bendito Salvador.

Tendemos a ter em mais alta conta, coisas que nos faltam, que as que possuímos; é doentio cotejarmos nossa situação com a do semelhante que, eventualmente parece mais afortunado.

Cada um se move num estágio diferente da caminhada. A comparação mais prudente que podemos fazer é conosco mesmos, com nossos dias pretéritos, nos quais, errávamos sem Deus; Ele Diz: “Eu te Conheci no deserto, na terra muito seca.” Os 13;5 

Essa verdade no que tange a Israel se aplica a qualquer um de nós.

Diferente do “amor” do mundo que se achega ao que acena com beleza, prazeres, ascensão, facilidades, O Amor Divino buscou quem nada tinha para oferecer. “Deus prova Seu Amor para conosco, em que Cristo Morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;8

Uma vez guindados a um lugar mais alto, não raro repetimos os erros daqueles de antanho; logo o lapso de memória da ingratidão assoma: “Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso se esqueceram de Mim.” Os 13;6

Eventualmente Deus permite que sejamos esquecidos, desprezados até, por aqueles aos quais ajudamos, para que isso nos seja didático. Tendemos a querer nos identificar com O Senhor apenas nas coisas alegres promissoras, mas somos chamados à identificação nas dores também. “Se sofrermos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos Negará;” II Tim 2;12

Nós, efêmeros, falhos e indignos, não gostamos de ser esquecidos; por que O Eterno, Perfeito e Santo, gostaria? Ele se dispõe a esquecer nossos pecados, uma vez que nós lembremos deles, confessemos e os deixemos.

Se não fizermos isso em horas de calmaria, poderá ser que as circunstâncias sejam nossas mensageiras, como o foram ao pródigo que, só lembrou da casa paterna quando a fome o visitou.

Não há na Bíblia o ensino de que, quem não vier por amor virá pela dor; embora muitos digam isso inadvertidamente. Tem muitos que, nem mesmo a dor logra erradicar à amargura nem remover a incredulidade.

Quando os esquecidos agradam ao Senhor pelas suas posturas, como José, em tempo, O Próprio Senhor os coloca no nicho adequado, que Ele Preparou. No caso de José, um trono.

Não há tronos para todos; cada um tem sua saga particular; mas, de José podemos aprender que, perseverança e fidelidade, mesmo em meio ao império das injustiças, não passarão despercebidas aos Olhos Daquele que Enche os Céus e a Terra.

“Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

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