sábado, 18 de março de 2023

Idoloração



“Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e perante ti; não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.” Luc 15;18 e 19

O pedido de um filho ao pai, transportado para o reino espiritual tipifica nossas orações. “Pai nosso que estás nos Céus...”

Nesse prisma temos algo a aprender com o pródigo, que, não raro é usado só como exemplo do que não devemos imitar. Embora tenha sido precipitado, inconsequente, amante dos prazeres, no fundo, lhe restava algo de valor; o senso de proporção das iniquidades cometidas, a popular noção. “... não sou digno...”

Essa postura está a anos-luz mais perto de ser aceitável ao Eterno, que as arrogâncias dos que “decretam, determinam, ordenam” coisas em “Nome de Jesus”.

Deparei pela enésima vez com um modelo de “oração forte”, na verdade, “oración fuerte” de uma página intitulada, “Soy católico”. No entanto, não é um erro de católicos estritamente; na verdade os “Evangélicos” são mais profusos nisso.

Seguido desfilam nas redes modelos similares, coisas de gente sem noção, que pensa que O Todo Poderoso seria manipulável por artimanhas humanas.

Não existe em toda a Bíblia o menor indício de uma oração que “force” Deus a fazer o que não deseja.

Como nos Ama, Está sempre pronto a nos ouvir; pelo mesmo motivo, não nos dá o que pedimos, quando nosso equívoco precipitado ora com um horizonte meio confuso; nos lega o que necessitamos, até mesmo, contra nossas vontades desorientadas.

Ademais, Ama também à justiça, de modo a “não escutar” os que recusam a ouvir quando Ele Fala; “... porque clamei e recusastes; estendi Minha mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão. Prov 1;24, 25 e 28

Qual tipo de oração venceria esse impasse? Não raro, acontece de pedirmos a remoção de certas consequências más que nos sobrevêm, e Ele toca nas causas. O pecado. “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

Não que haja um reto, estritamente; mas, os que se submetem a Cristo são justificados Nele, e embora pecadores, imperfeitos, são reputados justos. Geralmente esses conseguem “audiências nos Céus.” “Confessai vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Notemos que os “justos” cujas orações são eficazes também têm culpas a confessar. Sua postura humilde, como a do pródigo diante do Pai, geralmente obtém resultado, enquanto a arrogância é ignorada, como vemos no exemplo do fariseu e o publicano.

Desse modo é necessária a conclusão de que não existe “oração forte”. O que há são vidas que agradam ao Senhor pelas escolhas feitas; a essas Ele aceita ouvir. “... Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei...” Jó 42;8

Não se trata de força, poder; antes, de aceitação. Se às más posturas coubessem respostas favoráveis, implicaria que O Eterno seria cúmplice das mesmas; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a Mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Antes de tratarmos do que pensamos serem as nossas necessidades, Deus Sabe quais são, e as promete suprir, se buscarmos as coisas certas. “buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

A propósito de humildade, bem poderíamos aprender com Mefibosete, ao qual o simples fato de ser aceito à mesa do rei já era o bastante; “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Recebeu o que não merecia; nada mais a reclamar. Assim nós em relação a Cristo. Cabe-nos mais louvar, agradecer que reclamar.

Os que se ocupam em satisfazer aos próprios desejos, antes de, em obediência aprenderem a agradar a Deus, pecam até quando oram. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9

Enfim, por Sua Bondade O Eterno nos dá além do que pedimos ou merecemos; mas, quando a postura humana desafina, e não há arrependimento, confissão, paga na mesma moeda. “Com o benigno, Te mostras benigno; com o homem íntegro Te mostras perfeito. Com o puro Te mostras puro; mas com o perverso Te mostras rígido.” II Sam 22;26 e 27

Nenhum comentário:

Postar um comentário