sábado, 11 de março de 2023

Justiça espiritual

 


“Disse aos que estavam com ele: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas... Pois, Eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado.” Luc 19;24 a 26

Fragmento da “Parábola dos Talentos”, na verdade, uma alegoria. Cada um recebera certa quantia com a qual deveria negociar em nome de seu Senhor. Os que receberam mais fizeram isso ciosamente; o que recebera um talento apenas, escondeu. Quando da prestação de contas, teve a repreensão, e o juízo que vimos acima, onde o talento escondido foi dado ao que, tendo recebido cinco, os transformara em dez.

"A qualquer que tiver, ser-lhe-á dado..." não parece isso uma “injustiça social”, para usar uma falácia da moda? “Ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado”, isso não soa contraditório, além de injusto?

A Palavra de Deus desde sempre preceitua o cuidado com pobres, viúvas, estrangeiros... Todavia, jamais patrocina esse tipo de “justiça”, onde uma cambada de indigentes laborais, gente avessa ao trabalho, saia pleiteando seus “direitos” às custas dos esforços alheios.

Quando diz: “Ao que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado”, embora pareça contraditório, basta atentar ao contexto para entender. O que não tinha, era um lapso produtivo, fruto da sua negligência em multiplicar. O que tinha, refere-se aos bens, recebidos.

Enquanto a “justiça” dos homens atenta à necessidade de coisas, a Divina costuma galardoar ao mérito, à diligência. Aos Olhos Divinos, o rico não é culpado por ser rico, tampouco, a pobreza é um mérito. O status quo material é uma circunstância, talvez, uma consequência; não, um aferidor de caráter.

O rico pode ser honesto, ter herdado ou gerado bens a partir de trabalho sério; o pobre, em muitos casos pode ser um derivado da negligência, irresponsabilidade ante às oportunidades que lhe sorriram. Daí, o conselho: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Ex 23;2 e 3

Por irônico que pareça, tem mais facilidade para trabalhar, aquele que menos necessita; enquanto, outrem que carece desesperadamente, nem sempre põe o peito n’água.

Essa balela que “Jesus foi o primeiro socialista”, porque repartiu o pão não resiste a uma análise superficial. Repartiu milagrosamente, multiplicando segundo a necessidade, não invadindo a uma propriedade alheia, “improdutiva” tirando o direito de um, para estabelecer o de outro.

Depois, quando a turba voltou a Ele por razões rasteiras como comer de graça, Ele não repetiu a dose; antes, exortou à busca por valores eternos; “... Na verdade, na verdade vos digo que Me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a Este o Pai, Deus, Selou.” Jo 6;26 e 27

Prioridades, a busca de valores na devida ordem deveria ser nosso alvo. “De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; (materiais) Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;32 e 33

Deus não atenta para quantidade, mas para princípios. Quem é fiel, apenas é; não importa se, com um, ou dez talentos. “Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.” Luc 16;10

Quando tirou um do negligente e deu ao que já tinha dez, O Senhor premiou à fidelidade, sem atentar à quantidade. Os “zangões sociais”, os vagabundos avessos ao trabalho que parasitam ao labor alheio são desprezíveis perante O Eterno. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para seus caminhos e sê sábio.” Prov 6;6

Embora seja piedoso olhar com empatia aos desfavorecidos, isso deve ser feito dentro do escopo dos nossos bens; não, usar isso como desculpa para perpetrar violações contra a propriedade alheia em nome de suposta “justiça social.” Direito à propriedade é sagrado: “Não furtarás!”

O mundo segue governado pelos maus, gente baixa está posta em lugares altos. “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Porém, no devido tempo, O Senhor recolocará as coisas nos devidos lugares. Embora nossa salvação não derive de nossas obras, mas da Obra de Cristo, o que cada um fez terá justa recompensa.

“Ninguém jamais foi honrado por aquilo que recebeu. Honra é a recompensa por aquilo que damos.” Calvin Coolidge

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