domingo, 26 de março de 2023

Os pastores


“Porque os pastores se embruteceram, não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram; todos seus rebanhos se espalharam.” Jr 10;21

“O mercenário que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; o lobo as arrebata e dispersa. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, não tem cuidado das ovelhas.” Jo 10;12 e 13

Dois cenários: Um, onde as ovelhas se dispersam, por causa dos maus pastores; outro, onde os maus pastores fogem e abandonam-nas. Os dois são preocupantes, pois, em se tratando de nossas vidas, sempre é um risco colocarmos nossa confiança em guias desleais.

Se tivesse que escolher o menos grave, optaria pelo que, as ovelhas fogem vendo a ruindade dos “pastores”. Pois, no outro, elas são abandonadas pelos líderes, ficam à deriva.

Nos dias de Jeremias a dispersão era literal, espalhavam-se mesmo, por causa do sacerdócio corrupto, e das mensagens de falsos profetas, (hoje muita dispersão ocorre velada, por abandono da sã doutrina, seguem agrupados, mas distantes de Deus) houve um período que aqueles preferiram ser enganados pelos farsantes; “Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto?” Cap 5;31

Então, entre se dispersar por não compactuar com a maldade, ou, seguir maus obreiros, traindo a si mesmo, a primeira escolha parece a menos ruim. Tal dispersão é uma fuga da aridez espiritual, em busca, quiçá, de melhores águas e pastagens.

“Maldito aquele que fizer a Obra do Senhor fraudulosamente; e maldito aquele que retém sua espada do sangue.” Jr 48;10

No contexto do Velho Testamento, pela conquista da terra, a espada era literal. Fazer a Obra do Senhor, em muitos casos, demandava se dispor para o combate.

Débora desprezou alguns que fugiram da luta. Os que ficaram filosofando sobre agruras da guerra, enquanto o pau quebrava; “Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração.” Jz 5;16 e os que se recusaram decididamente a pelejar. “Amaldiçoai a Meroz, diz o anjo do Senhor, acremente amaldiçoai aos seus moradores; porquanto não vieram ao socorro do Senhor, ao socorro do Senhor com os valorosos.” Jz 5;23

Vemos que, fugir da luta necessária implicava em maldição.

Na Nova Aliança, já não é a conquista da terra, mas, do céu que está em jogo. A parte que nos era impossível, O Salvador já fez por nós; a que podemos, devemos; porém, “... não temos que lutar contra a carne e sangue, mas, contra os principados, potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Ef 6;12

Então, “Revesti-vos de toda armadura de Deus... também o capacete da salvação, e a Espada do Espírito, que é A Palavra de Deus;” Ef 6;11 e 17 

O combate se dá no âmbito do entendimento; qualquer perversão da verdade semeada aí, deve ser desfeita pelos que podem ver na dimensão espiritual. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

A oposição faz seus ataques aí; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Sendo esse combate com a “Espada do Espírito” a Palavra de Deus, essa, necessariamente, apontará para a cruz de Cristo e Seu Sangue Imaculado, nela derramado por nós. Qualquer mensagem pretensamente salvífica, que, não tenha a redenção de Cristo como fator central, é só o derivado do engano, de um falso pastor, que, no afã de agradar, entreter, fabrica alternativas espúrias, retirando sua espada do sangue. Isto é: Deixando de tributar a Cristo nossa salvação.

Paulo denunciou-os desde seus dias já; “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles; só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3;18 e 19

A importância de pastores idôneos não pode ser exagerada. Nenhum homem prudente se atreveria sem O Divino Chamado; “... porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas...” Heb 13;17

Se me perder pela influência de um mau líder, perdemos os dois. Porém, mestres fiéis terão galardão eterno. “... os que a muitos ensinam a justiça, resplandecerão como estrelas sempre, eternamente.” Dn 12;3

sábado, 25 de março de 2023

Os que voltam atrás


“Lembra-te de onde caíste e arrepende-te; pratica as primeiras obras; senão, brevemente a ti virei, tirarei do seu lugar teu castiçal, se não te arrependeres.” Apoc 2;5

Embora o pecado se disfarce com prazeres, sensação de liberdade, triunfos, a única coisa que ele opera necessariamente, é a queda dos que a ele se entregam. “lembra-te de onde caíste...”

Paulo adverte: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” I Cor 10;12

O pecador pode fruir por um pouco, os píncaros da glória, a sedução dos prazeres, comodidade, desconhecer restrições; todavia, se não se arrepender em tempo, não passa de um morto-vivo, futuro hóspede do inferno aguardando na antessala; traidor de si mesmo, perdulário com seu mais precioso bem, a vida.

Nosso pecador em apreço conheceu ao Senhor, viveu nele por certo tempo e retrocedeu; isso fica subentendido na exortação: “... pratica as primeiras obras...” restava a encenação religiosa, sem devido compromisso com O Senhor.

Mais: O chamado ao arrependimento trazia junto a ameaça de se remover seu brinquedo favorito. “... tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.”

A carta fora endereçada ao anjo de certa igreja, (pastor) o castiçal significava a igreja. “... os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” Apoc 1;20 Assim, o não arrependimento do líder abalaria toda a coletividade a ele ligada e poria a perder seu ministério.

Normalmente pensamos, ante uma chamada ao arrependimento, que alguém deve parar de praticar determinadas coisas que ofendem a Deus. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13 O arrependimento é uma mudança de mente, que, necessariamente terá reflexos no agir.

Entretanto, em se tratando de apostasia, a abordagem é diferente. Invés de exortarmos alguém a parar de fazer algo, devemos exortá-lo a parar de não fazer, de ser omisso; “... pratica as primeiras obras...” Isso implica que, o alvo da correção andara bem, e pouco a pouco mudara seu proceder.

Desgraçadamente, alguns, invés de se arrependerem dos pecados, se arrependem de os ter abandonado. Sentem saudades do “Egito”, como muitos no êxodo. A isso se chama apostasia, retroceder, voltar atrás. A Palavra de Deus é categórica: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Embora nem sempre ousemos pensar nisso, O Eterno deseja ter prazer conosco. Como no ato conjugal, a excelência está em ser o prazer partilhado por ambos os cônjuges, também na relação espiritual, O Criador deseja ter prazer conosco.

Primeiro nos abençoa sem termos méritos, depois espera que correspondamos ao Seu Amor, escolhendo às coisas que O aprazem. Ele denunciou ao povo do Antigo Pacto: “Também Eu escolherei suas calamidades, farei vir sobre eles seus temores; porquanto clamei e ninguém respondeu, falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos Meus olhos; escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

A ênfase exagerada no Amor Divino muitas vezes serve como “camuflagem” cretina, dos que se recusam a abandonar seus pecados prediletos. Ora, todo amor anseia ser correspondido. No caso do amor de Deus, tal correspondência requer nossa renúncia das vontades carnais, e obediência ao Divino querer. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14;23

Quem supõe que a Graça ampliou uma porta que a Lei estreitara, ainda não entendeu as funções de uma e outra. A Lei colocou os “sinais de trânsito” para nosso andar na estrada da vida; como dirigimos muito mal, estávamos com estrondoso excesso de “pontos na carteira” e multas impagávei, O Salvador veio e com Sua Graça nos “anistiou”, para que, então, deixemos que Ele dirija nossas vidas; abandonamos nosso “carro” suicida da autonomia, e entramos para um coletivo, (igreja) onde seremos guiados pelo mais hábil condutor, se, apenas seguirmos Suas diretrizes. “... as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua voz.”

A Lei não foi dada para salvar; antes, para deixar patente nossa necessidade do Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

A caminhada com Ele, num mundo que se lhe opõe não é uma jornada fácil.

Contudo, dificuldades vistas da perspectiva correta devem nos aproximar mais, invés de nos afastar. Alguns retrocedem; outros, no entanto, mesmo com lutas, se esforçam para fazer ainda melhor; “... tuas últimas obras são mais do que as primeiras.” Apoc 2;19

Como águas paradas se corrompem, assim a vida espiritual estagnada. O comodismo estacionário não apenas nos tolhe de crescermos; canta canções de ninar, enquanto embala o leito da morte espiritual.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Nossa paz


“Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti.” Is 26;3

Isaías apresenta a paz como uma consequência. “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Cap 32;17

Perseverarmos firmes em Deus, quando a justiça nos sorri, não é uma tarefa difícil.

Mas, “dona Justa” nem sempre nos convida à sua mesa. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5;6 Prometeu O Salvador. Devemos seguir fiéis, mesmo quando não fruímos nossos direitos.

Fartura para os que têm fome e sede de justiça será realidade no porvir. No lugar das devidas recompensas, segundo O Divino Juízo. “Porque o Filho do homem virá na glória de Seu Pai, com Seus anjos; então dará a cada um segundo suas obras.” Mat 16;27

Qual o sentido de ajuntarmos tesouro nos céus, se as recompensas fossem todas aqui? Paulo ensina: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cro 15;19

Uma mente firmada no Eterno, necessariamente, terá vigoroso componente de fé; pois, vendo e padecendo injustiças, aflições de toda sorte, o venturoso perseverante continua “vendo” a certeza das promessas, firmado na Integridade Divina, não nas circunstâncias.
“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das que se não veem.” Heb 11;1

O homem natural pode estranhar a paz do que é espiritual, bem como, sua firmeza mesmo em face a eventuais decepções. Ouçamos Paulo outra vez: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

O fato de o Criador conservar alguém em paz, refere-se, sobretudo, ao relacionamento consigo. Pois, “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Tal paz é um patrimônio interior, portanto, não depende do que ocorre nas relações interpessoais.

Quando O Eterno nos ordena algo, a rigor está construindo uma cerca ao nosso redor; se O obedecermos de modo a preservar nossa paz com Ele, assim será; porém, nem sempre estaremos também em paz com quem nos rodeia.

De nossa iniciativa devemos ser promotores da paz. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14 O convívio com semelhantes nem sempre é pacífico, não por nosso desejo, mas, porque, algumas vezes não é possível. “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

Fazermos ouvidos moucos quando O Eterno fala, também é uma forma de jogar fora esse bem, precioso, nossa paz. O Santo lamentou, no tocante a Israel: “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos, então seria tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar!” Is 48;18

De novo, encontramos justiça e paz de mãos dadas. Sendo o outro lado da moeda, dos injustos em atritos, igualmente verdadeiro: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Nos provérbios encontramos breve apreço da mulher adúltera, como alguém errante e sem paz; “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, ia espreitando por todos os cantos;” Prov 7;11 e 12

Quando alguém “procura” algo que sequer sabe o que é, no fundo, foge e disfarça sua fuga apenas. “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

A consciência foi colocada em nós como um aferidor moral. Adverte antes de maus passos, e traz seu peso, depois que os damos. Samuel Bolton definiu assim: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

O homem que confia em Deus, necessariamente O obedece; tendo puxado o freio no tempo certo, nenhum açoite resta a roubar-lhe a paz.

Pregadores lisonjeiros, que acenam com Divinas promessas, sonegando o necessário compromisso, apenas traem aos inimigos de Deus, invés de promover a paz mediante reconciliação. “Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Jr 6;14

Que o mundo siga exaltando ímpios, glamourizado devassidões, promovendo injustiças, legitimando pecados... nossa paz não está pela impiedade adjacente; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

quarta-feira, 22 de março de 2023

Intolerância?


“Todos fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, gregos, servos, livres, todos temos bebido de um Espírito.” I Cor 12;13

Se, todos os que foram batizados formam o Corpo de Cristo, a Igreja Dele, óbvio que se refere a todos os que foram batizados Nele.

Se alguém o foi nalgum credo alternativo, não isso não o inclui. O “Bom Pastor” só Tem ovelhas; outros bichos não. E, “quando tira para fora Suas ovelhas, vai adiante delas; as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua Voz.” Jo 10;4

Nada mais inclusivo que O Evangelho de Cristo. "Ide por todo o mundo e pregai O Evangelho a toda criatura.” Mc 16;15. Ninguém há, tão mau, que não deva ser buscado, tampouco, bom, ao ponto de salvar-se sozinho.

Quando a busca for seletiva, ainda assim, os “selecionáveis” estarão por toda a terra. A qualidade buscada será espiritual, não, um vínculo nacional, racial, ritual, etc. “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Quando nos acusam de intolerância, na verdade estão pervertendo o significado da referida palavra. Os que servem ao Senhor o fazem nos termos Dele. “Com que purificará o jovem (o homem) seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

O Senhor mandou que anunciássemos Seu Amor e Seus termos, a toda a criatura, patente está, o quão inclusivo o Amor Divino é, embora, responsabilize quem deseja abraçá-lo.

A diversidade de credos é imensa, e mesmo entre os que tomam O Nome do Senhor como Fiador há tantas variáveis, muitos imitadores profanos, outros, inchados na carne, mercenários que mercadejam com A Palavra, malgrado, isso tudo, o caminho para a salvação segue estreito, exclusivo, singular; “... Eu Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

A deturpação de “tolerar”, estraga-a de dois modos. Primeiro, transforma tolerância, necessariamente, em qualidade; perante Deus não é bem assim. Tolerarmos o que Deus detesta é um erro, não uma virtude. “Tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar Meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.” Apoc 2;20

Muitos falsários, refratários à verdade chamam de “juízes” aos que apresentam os termos Divinos; eles só conhecem o “amor”. Ora, “o amor... não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;” I Cor 13;4 e 6 Quem prega e vive a verdade, ama.

Depois, equacionam maliciosamente, a correção de rumos proposta pelo Salvador, com rejeição às pessoas que andam errado. Nada mais distante da verdade. Sem a devida conversão, nenhum de nós seria “aceitável” perante O Santo. “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3;10

Quem não aceita convívio com o pecado É Deus; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que aos teus companheiros.” Sal 45;7 Afinal, “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13

A Palavra de Deus em momento algum propõe alianças religiosas com credos contraditórios em nome do “bem comum”, como está sendo gestado por Francisco, e asseclas; o famigerado ecumenismo. Essa balela de que, “todos estão certos, cada um à sua maneira, cada um tem sua verdade”, está a anos-luz da verdade. Quem disse isso, “vós seres como Deus, sabereis o bem e o mal” foi o Pai da mentira.

Essa doutrinação relativista, engenhosamente pensada, onde alguém desenha um número no chão que visto de um lado é nove, do outro, é seis, pretendendo dizer que ambas as leituras estão certas, errada é a disputa, é balela para boi dormir.

Raramente um número aparece solto, sozinho; tendo outro, ao lado a leitura correta fica fácil. Em casos que, a ambiguidade pode aparecer, se previne a mesma com um traço na parte inferior, ou, o auxílio de uma cor, como ocorre nas bolas de bilhar.

Assim, só se confunde quem quer. E quem defende o que quer, a despeito do que O Criador afirmou Querer, fatalmente acabará colhendo o que não deseja. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Breve os caçadores da intolerância ficarão nus, não tolerando mais nossa fé. Adão e Eva estavam nus e não se envergonhavam por falta de culpa; esses será pela falta de vergonha.

Quem está em Cristo não precisa acordos inter-religiosos; para quem não está, tanto faz. Estamos?

domingo, 19 de março de 2023

Migrar para a luz


“O Senhor retribua teu feito; te seja concedido pleno galardão da parte do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.” Rt 2;12

Rute, estrangeira, moabita, a qual fora casada com um judeu que falecera, por amor a Noemi sua sogra, migrara com ela para Israel, onde ouviu a bênção acima, proferida por Boaz, com quem viria a se casar.

Interessante a figura: “... Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.” Embora sua segurança e sustento dependessem, inicialmente, de socorros humanos, em última análise, estava sob proteção do Deus.

“Ele te cobrirá com as Suas penas; debaixo das Suas asas te confiarás; Sua verdade será teu escudo e broquel.” Sal 91;4

A Proteção Divina não deriva de mera situação geográfica; traz consigo um compromisso; sermos escudados na verdade, independentemente de onde estejamos.

Quando, falando com uma samaritana, o tema foi o devido lugar de culto, O Salvador pontuou como importante a essência, não o lugar; “Em espírito e verdade”, disse. Tanto fazia ser em Jerusalém ou Samaria. Afinal, O Deus de Israel vai “um pouco” além dos limites do povo escolhido: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz o Senhor. Porventura não encho os céus e a terra? diz o Senhor.” Jr 23;24

Se O Eterno protegesse aos que vivem na mentira negaria a Si mesmo. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13 “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, homicidas, idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15 Suas “asas” que nos escudam, pois, são verdade e justiça.

O Salvador também evocou a imagem das asas protetoras para figurar Sua rejeição pelo Seu povo. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis ajuntar teus filhos, como a galinha seus pintos debaixo das asas e não quiseste?” Luc 13;34

Se, a migração da virtuosa Rute rumo a Israel fora uma escolha livre de sua vontade, também, a rejeição ao Salvador e Seus cuidados derivou da vontade livre dos judeus. “... não quiseste.”

Não se tratou de não terem entendido Sua mensagem; antes, de terem preferido seguir como estavam, optando pelo comodismo suicida, invés da luz que liberta. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Quando a aprovação no erro é tida como mais importante que a salvação, como estarão, no além, esses “aprovados”?

Os calvinistas defendem a prévia eleição dos salvos; admitam ou não, negam o exercício da livre escolha por parte dos homens. Quando O Senhor altercou com os judeus dizendo: “Mas vós não credes porque não sois das Minhas ovelhas, como já vos tenho dito.” Jo 10;26 Isso não prova que existia uma escolha à priori, como esposam alguns. Antes, as escolhas que estavam sendo feitas naquele momento, patenteavam o ser deles. Não desejavam à luz; portanto, não eram ovelhas do Senhor.

Assim como Zaqueu, constrangido por seus erros na presença do Salvador escolheu mudar de vida; restituir bens mal havidos e socorrer aos pobres, invés de se manter apegado à avareza; vendo-o disposto a isso, O Salvador o colocou na devida prateleira: “Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.” Luc 19;9

O que ele era foi definido depois da sua escolha; essa o aquilatou. “De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gál 3;9

A intrepidez de Rute em deixar tudo para trás, nação, parentes, e adotar como seu Deus, O Eterno, é um exemplo mui eloquente; “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque onde quer que tu fores irei, e onde quer que pousares, ali pousarei; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;” Rt 1;16

Jesus requereu entrega semelhante de quem O quisesse seguir; “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Luc 14;33

Infelizmente, muitos, malgrado a inefável demonstração de amor de Jesus Cristo, na cruz, parecem ter interesses demais em “Moabe” de modo que, não se atrevem deixar tudo isso e se colocar sob as asas protetoras do Salvador.

A eternidade é visível apenas aos olhos da fé. Cogitarmos dos valores de lá, mas vivermos apegados aos daqui nos empobrece. Fruiremos culposos aos deleites efêmeros, cientes que, a culpa é a denúncia que estamos desperdiçando os eternos. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

sábado, 18 de março de 2023

Idoloração



“Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e perante ti; não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.” Luc 15;18 e 19

O pedido de um filho ao pai, transportado para o reino espiritual tipifica nossas orações. “Pai nosso que estás nos Céus...”

Nesse prisma temos algo a aprender com o pródigo, que, não raro é usado só como exemplo do que não devemos imitar. Embora tenha sido precipitado, inconsequente, amante dos prazeres, no fundo, lhe restava algo de valor; o senso de proporção das iniquidades cometidas, a popular noção. “... não sou digno...”

Essa postura está a anos-luz mais perto de ser aceitável ao Eterno, que as arrogâncias dos que “decretam, determinam, ordenam” coisas em “Nome de Jesus”.

Deparei pela enésima vez com um modelo de “oração forte”, na verdade, “oración fuerte” de uma página intitulada, “Soy católico”. No entanto, não é um erro de católicos estritamente; na verdade os “Evangélicos” são mais profusos nisso.

Seguido desfilam nas redes modelos similares, coisas de gente sem noção, que pensa que O Todo Poderoso seria manipulável por artimanhas humanas.

Não existe em toda a Bíblia o menor indício de uma oração que “force” Deus a fazer o que não deseja.

Como nos Ama, Está sempre pronto a nos ouvir; pelo mesmo motivo, não nos dá o que pedimos, quando nosso equívoco precipitado ora com um horizonte meio confuso; nos lega o que necessitamos, até mesmo, contra nossas vontades desorientadas.

Ademais, Ama também à justiça, de modo a “não escutar” os que recusam a ouvir quando Ele Fala; “... porque clamei e recusastes; estendi Minha mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão. Prov 1;24, 25 e 28

Qual tipo de oração venceria esse impasse? Não raro, acontece de pedirmos a remoção de certas consequências más que nos sobrevêm, e Ele toca nas causas. O pecado. “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

Não que haja um reto, estritamente; mas, os que se submetem a Cristo são justificados Nele, e embora pecadores, imperfeitos, são reputados justos. Geralmente esses conseguem “audiências nos Céus.” “Confessai vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Notemos que os “justos” cujas orações são eficazes também têm culpas a confessar. Sua postura humilde, como a do pródigo diante do Pai, geralmente obtém resultado, enquanto a arrogância é ignorada, como vemos no exemplo do fariseu e o publicano.

Desse modo é necessária a conclusão de que não existe “oração forte”. O que há são vidas que agradam ao Senhor pelas escolhas feitas; a essas Ele aceita ouvir. “... Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei...” Jó 42;8

Não se trata de força, poder; antes, de aceitação. Se às más posturas coubessem respostas favoráveis, implicaria que O Eterno seria cúmplice das mesmas; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a Mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Antes de tratarmos do que pensamos serem as nossas necessidades, Deus Sabe quais são, e as promete suprir, se buscarmos as coisas certas. “buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

A propósito de humildade, bem poderíamos aprender com Mefibosete, ao qual o simples fato de ser aceito à mesa do rei já era o bastante; “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Recebeu o que não merecia; nada mais a reclamar. Assim nós em relação a Cristo. Cabe-nos mais louvar, agradecer que reclamar.

Os que se ocupam em satisfazer aos próprios desejos, antes de, em obediência aprenderem a agradar a Deus, pecam até quando oram. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9

Enfim, por Sua Bondade O Eterno nos dá além do que pedimos ou merecemos; mas, quando a postura humana desafina, e não há arrependimento, confissão, paga na mesma moeda. “Com o benigno, Te mostras benigno; com o homem íntegro Te mostras perfeito. Com o puro Te mostras puro; mas com o perverso Te mostras rígido.” II Sam 22;26 e 27

Castelos de areia


“Todo aquele que escuta Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha.” Mat 7;24

Parábola dos dois fundamentos; um que edificara sobre a areia, e outro, que fundara sobre a rocha.

Numa leitura superficial afirma-se que, A Rocha É Jesus; a ênfase recai sobre isso, como se, o texto pretendesse exaltar a singularidade do Salvador, em detrimento dos credos alternativos; mas, não é isso? Não. Embora isso também esteja patente, “... ninguém vem ao Pai senão, por Mim.” Jo 14;6 A intenção na questão dos fundamentos é separar a religiosidade oca, do relacionamento compromissado com O Senhor.

A diferença entre um e outro “construtor” é que um, apenas ouve A Palavra de Jesus; enquanto, o outro ouve e pratica. Ambos, portanto, orbitam ao Nome do Salvador.

A “areia” em apreço, que não serve de sustentáculo à casa espiritual, é a religiosidade hipócrita, seletiva, que escolhe as porções agradáveis, apenas; apressa-se ao que “está escrito” como fez Satanás ao tentar Jesus, ignorando o que “também está escrito”, conforme suas conveniências doentias. “Não só de pão viverá o homem, mas de toda A Palavra...”

Uma das características dos “tempos difíceis” que viriam nos últimos dias é que, os homens “terão aparência de piedade negando a eficácia dela.” II Tim 3;5

A Prática da Palavra, que fundaria nossas casas sobre A Rocha, fatalmente saltaria aos olhos pelos frutos que ensejaria. “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;15 e 16 Meu cristianismo deve glorificar a Deus, não a mim.

Ao edificar minha casa sobre Cristo, torno-me luz, exemplo para os que me observam, quiçá, um desafio para que também façam igual. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos... muitos o verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3 Se, a fé vem pelo ouvir, o bom testemunho deixa “ver” Cristo.

Em que momento nosso cristianismo deveria chamar mais atenção? Quando nossa casa espiritual é sujeita aos testes; “Desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mat 7;25

Não é quando tudo dá certo, triunfamos em nossos projetos rasos, ou “provamos nosso valor” aos eventuais desafetos. Antes, quando submetidos aos mais duros testes, enfermidades, calúnias, desprezo, incompreensões... quando trevas nos cercam, nada disso abala nossa fé, nem nos faz recuar; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus." Is 50;10

Um vitorioso na fé, bem pode parecer derrotado aos olhos naturais, afinal, “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Infelizmente uma súcia de mercenários autointitulados pregadores, bispos, reverendos, apóstolos, tem feito estragos na Mensagem de Salvação, reduzindo-a a mero manual de sucesso; pensamento positivo para fomentar conquistas terrenas.

Os “vencedores” que seguem aos tais, têm carros novos, casas, empresas até, como prova que “Cristo” mudou suas vidas. Fácil ver que, a areia desses faz pose de ouro.

Os vencedores com O Senhor não triunfam na esfera das “coisas velhas”; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Tendo Nele, “nascido de novo”, o novo homem é direcionado por melhores valores, promessas, objetivos; o “Tesouro nos Céus” é sua riqueza, não, eventuais conquistas terrenas que se pode obter impiamente, sem aval do Salvador.

Invés de “conquistas” suas para apresentar, não raro, os renascidos trazem chagas, cicatrizes; o preço por terem sido conquistados pelo Senhor. “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Gál 6;17

O “Evangelho” que desafia ao sucesso, invés da santificação, propõe estratégias de conquistas, invés de denunciar pecados, acena com areia onde deveria estar A Rocha. Invés da obediência às Palavras do Mestre, traz a perversão das mesmas, para moldar o que é Santo, às rasteiras conveniências ímpias.

Muitos que se perdem nesse Saara espiritual, acreditam piamente que servem ao Senhor porque profanam Seu Nome, descobrirão tarde demais, que os “oásis” propostos são reles miragens, alucinações dos que andejam demais sobre a areia, e sob ardente calor das cobiças carnais.

“Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo se perder a sua alma?” Mc 8;36