domingo, 19 de março de 2023

Migrar para a luz


“O Senhor retribua teu feito; te seja concedido pleno galardão da parte do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.” Rt 2;12

Rute, estrangeira, moabita, a qual fora casada com um judeu que falecera, por amor a Noemi sua sogra, migrara com ela para Israel, onde ouviu a bênção acima, proferida por Boaz, com quem viria a se casar.

Interessante a figura: “... Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.” Embora sua segurança e sustento dependessem, inicialmente, de socorros humanos, em última análise, estava sob proteção do Deus.

“Ele te cobrirá com as Suas penas; debaixo das Suas asas te confiarás; Sua verdade será teu escudo e broquel.” Sal 91;4

A Proteção Divina não deriva de mera situação geográfica; traz consigo um compromisso; sermos escudados na verdade, independentemente de onde estejamos.

Quando, falando com uma samaritana, o tema foi o devido lugar de culto, O Salvador pontuou como importante a essência, não o lugar; “Em espírito e verdade”, disse. Tanto fazia ser em Jerusalém ou Samaria. Afinal, O Deus de Israel vai “um pouco” além dos limites do povo escolhido: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz o Senhor. Porventura não encho os céus e a terra? diz o Senhor.” Jr 23;24

Se O Eterno protegesse aos que vivem na mentira negaria a Si mesmo. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13 “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, homicidas, idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15 Suas “asas” que nos escudam, pois, são verdade e justiça.

O Salvador também evocou a imagem das asas protetoras para figurar Sua rejeição pelo Seu povo. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis ajuntar teus filhos, como a galinha seus pintos debaixo das asas e não quiseste?” Luc 13;34

Se, a migração da virtuosa Rute rumo a Israel fora uma escolha livre de sua vontade, também, a rejeição ao Salvador e Seus cuidados derivou da vontade livre dos judeus. “... não quiseste.”

Não se tratou de não terem entendido Sua mensagem; antes, de terem preferido seguir como estavam, optando pelo comodismo suicida, invés da luz que liberta. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Quando a aprovação no erro é tida como mais importante que a salvação, como estarão, no além, esses “aprovados”?

Os calvinistas defendem a prévia eleição dos salvos; admitam ou não, negam o exercício da livre escolha por parte dos homens. Quando O Senhor altercou com os judeus dizendo: “Mas vós não credes porque não sois das Minhas ovelhas, como já vos tenho dito.” Jo 10;26 Isso não prova que existia uma escolha à priori, como esposam alguns. Antes, as escolhas que estavam sendo feitas naquele momento, patenteavam o ser deles. Não desejavam à luz; portanto, não eram ovelhas do Senhor.

Assim como Zaqueu, constrangido por seus erros na presença do Salvador escolheu mudar de vida; restituir bens mal havidos e socorrer aos pobres, invés de se manter apegado à avareza; vendo-o disposto a isso, O Salvador o colocou na devida prateleira: “Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.” Luc 19;9

O que ele era foi definido depois da sua escolha; essa o aquilatou. “De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gál 3;9

A intrepidez de Rute em deixar tudo para trás, nação, parentes, e adotar como seu Deus, O Eterno, é um exemplo mui eloquente; “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque onde quer que tu fores irei, e onde quer que pousares, ali pousarei; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;” Rt 1;16

Jesus requereu entrega semelhante de quem O quisesse seguir; “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Luc 14;33

Infelizmente, muitos, malgrado a inefável demonstração de amor de Jesus Cristo, na cruz, parecem ter interesses demais em “Moabe” de modo que, não se atrevem deixar tudo isso e se colocar sob as asas protetoras do Salvador.

A eternidade é visível apenas aos olhos da fé. Cogitarmos dos valores de lá, mas vivermos apegados aos daqui nos empobrece. Fruiremos culposos aos deleites efêmeros, cientes que, a culpa é a denúncia que estamos desperdiçando os eternos. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

sábado, 18 de março de 2023

Idoloração



“Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e perante ti; não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.” Luc 15;18 e 19

O pedido de um filho ao pai, transportado para o reino espiritual tipifica nossas orações. “Pai nosso que estás nos Céus...”

Nesse prisma temos algo a aprender com o pródigo, que, não raro é usado só como exemplo do que não devemos imitar. Embora tenha sido precipitado, inconsequente, amante dos prazeres, no fundo, lhe restava algo de valor; o senso de proporção das iniquidades cometidas, a popular noção. “... não sou digno...”

Essa postura está a anos-luz mais perto de ser aceitável ao Eterno, que as arrogâncias dos que “decretam, determinam, ordenam” coisas em “Nome de Jesus”.

Deparei pela enésima vez com um modelo de “oração forte”, na verdade, “oración fuerte” de uma página intitulada, “Soy católico”. No entanto, não é um erro de católicos estritamente; na verdade os “Evangélicos” são mais profusos nisso.

Seguido desfilam nas redes modelos similares, coisas de gente sem noção, que pensa que O Todo Poderoso seria manipulável por artimanhas humanas.

Não existe em toda a Bíblia o menor indício de uma oração que “force” Deus a fazer o que não deseja.

Como nos Ama, Está sempre pronto a nos ouvir; pelo mesmo motivo, não nos dá o que pedimos, quando nosso equívoco precipitado ora com um horizonte meio confuso; nos lega o que necessitamos, até mesmo, contra nossas vontades desorientadas.

Ademais, Ama também à justiça, de modo a “não escutar” os que recusam a ouvir quando Ele Fala; “... porque clamei e recusastes; estendi Minha mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão. Prov 1;24, 25 e 28

Qual tipo de oração venceria esse impasse? Não raro, acontece de pedirmos a remoção de certas consequências más que nos sobrevêm, e Ele toca nas causas. O pecado. “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

Não que haja um reto, estritamente; mas, os que se submetem a Cristo são justificados Nele, e embora pecadores, imperfeitos, são reputados justos. Geralmente esses conseguem “audiências nos Céus.” “Confessai vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Notemos que os “justos” cujas orações são eficazes também têm culpas a confessar. Sua postura humilde, como a do pródigo diante do Pai, geralmente obtém resultado, enquanto a arrogância é ignorada, como vemos no exemplo do fariseu e o publicano.

Desse modo é necessária a conclusão de que não existe “oração forte”. O que há são vidas que agradam ao Senhor pelas escolhas feitas; a essas Ele aceita ouvir. “... Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei...” Jó 42;8

Não se trata de força, poder; antes, de aceitação. Se às más posturas coubessem respostas favoráveis, implicaria que O Eterno seria cúmplice das mesmas; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a Mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Antes de tratarmos do que pensamos serem as nossas necessidades, Deus Sabe quais são, e as promete suprir, se buscarmos as coisas certas. “buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

A propósito de humildade, bem poderíamos aprender com Mefibosete, ao qual o simples fato de ser aceito à mesa do rei já era o bastante; “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Recebeu o que não merecia; nada mais a reclamar. Assim nós em relação a Cristo. Cabe-nos mais louvar, agradecer que reclamar.

Os que se ocupam em satisfazer aos próprios desejos, antes de, em obediência aprenderem a agradar a Deus, pecam até quando oram. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9

Enfim, por Sua Bondade O Eterno nos dá além do que pedimos ou merecemos; mas, quando a postura humana desafina, e não há arrependimento, confissão, paga na mesma moeda. “Com o benigno, Te mostras benigno; com o homem íntegro Te mostras perfeito. Com o puro Te mostras puro; mas com o perverso Te mostras rígido.” II Sam 22;26 e 27

Castelos de areia


“Todo aquele que escuta Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha.” Mat 7;24

Parábola dos dois fundamentos; um que edificara sobre a areia, e outro, que fundara sobre a rocha.

Numa leitura superficial afirma-se que, A Rocha É Jesus; a ênfase recai sobre isso, como se, o texto pretendesse exaltar a singularidade do Salvador, em detrimento dos credos alternativos; mas, não é isso? Não. Embora isso também esteja patente, “... ninguém vem ao Pai senão, por Mim.” Jo 14;6 A intenção na questão dos fundamentos é separar a religiosidade oca, do relacionamento compromissado com O Senhor.

A diferença entre um e outro “construtor” é que um, apenas ouve A Palavra de Jesus; enquanto, o outro ouve e pratica. Ambos, portanto, orbitam ao Nome do Salvador.

A “areia” em apreço, que não serve de sustentáculo à casa espiritual, é a religiosidade hipócrita, seletiva, que escolhe as porções agradáveis, apenas; apressa-se ao que “está escrito” como fez Satanás ao tentar Jesus, ignorando o que “também está escrito”, conforme suas conveniências doentias. “Não só de pão viverá o homem, mas de toda A Palavra...”

Uma das características dos “tempos difíceis” que viriam nos últimos dias é que, os homens “terão aparência de piedade negando a eficácia dela.” II Tim 3;5

A Prática da Palavra, que fundaria nossas casas sobre A Rocha, fatalmente saltaria aos olhos pelos frutos que ensejaria. “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;15 e 16 Meu cristianismo deve glorificar a Deus, não a mim.

Ao edificar minha casa sobre Cristo, torno-me luz, exemplo para os que me observam, quiçá, um desafio para que também façam igual. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos... muitos o verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3 Se, a fé vem pelo ouvir, o bom testemunho deixa “ver” Cristo.

Em que momento nosso cristianismo deveria chamar mais atenção? Quando nossa casa espiritual é sujeita aos testes; “Desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mat 7;25

Não é quando tudo dá certo, triunfamos em nossos projetos rasos, ou “provamos nosso valor” aos eventuais desafetos. Antes, quando submetidos aos mais duros testes, enfermidades, calúnias, desprezo, incompreensões... quando trevas nos cercam, nada disso abala nossa fé, nem nos faz recuar; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus." Is 50;10

Um vitorioso na fé, bem pode parecer derrotado aos olhos naturais, afinal, “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Infelizmente uma súcia de mercenários autointitulados pregadores, bispos, reverendos, apóstolos, tem feito estragos na Mensagem de Salvação, reduzindo-a a mero manual de sucesso; pensamento positivo para fomentar conquistas terrenas.

Os “vencedores” que seguem aos tais, têm carros novos, casas, empresas até, como prova que “Cristo” mudou suas vidas. Fácil ver que, a areia desses faz pose de ouro.

Os vencedores com O Senhor não triunfam na esfera das “coisas velhas”; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Tendo Nele, “nascido de novo”, o novo homem é direcionado por melhores valores, promessas, objetivos; o “Tesouro nos Céus” é sua riqueza, não, eventuais conquistas terrenas que se pode obter impiamente, sem aval do Salvador.

Invés de “conquistas” suas para apresentar, não raro, os renascidos trazem chagas, cicatrizes; o preço por terem sido conquistados pelo Senhor. “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Gál 6;17

O “Evangelho” que desafia ao sucesso, invés da santificação, propõe estratégias de conquistas, invés de denunciar pecados, acena com areia onde deveria estar A Rocha. Invés da obediência às Palavras do Mestre, traz a perversão das mesmas, para moldar o que é Santo, às rasteiras conveniências ímpias.

Muitos que se perdem nesse Saara espiritual, acreditam piamente que servem ao Senhor porque profanam Seu Nome, descobrirão tarde demais, que os “oásis” propostos são reles miragens, alucinações dos que andejam demais sobre a areia, e sob ardente calor das cobiças carnais.

“Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo se perder a sua alma?” Mc 8;36

sexta-feira, 17 de março de 2023

Suborno


“Também suborno não tomarás; porque o suborno cega os que têm vista e perverte as palavras dos justos.” Ex 23;8

Essa coisa tão moderna, o suborno, foi vetado ao povo de Deus. Porque produz duas alterações na alma dos seus envolvidos. Cega e perverte as falas.

As faculdades nobres de ver e falar, são colocadas à venda nesses casos. Quem nisso erra, já não tem a própria alma.

Quem o compra decide o que ele pode ver e falar desde então. Como toda injustiça e mentira têm pai bem definido, quem se entrega ao suborno, literalmente, vende sua alma ao Diabo.

Contudo, a coisa pode ser mais sutil e perniciosa que, simplesmente se vender por dinheiro; a pessoa descuidada pode ser subornada em si mesmo, “negociando” diretamente com o Capeta. Sem necessidade do corruptor humano.

Quando, a alma padece falta de valores nobres, virtudes segundo Deus, tende a barganhar aceitação em troca de lisonjas; temendo desagradar por ser verdadeiro, o bajulador torce a própria fala e limita sua visão, de modo a negar o que está patente; produz o “preço” que supõe suficiente para ser aceito.

Dessa matéria-prima, os falsos profetas, a maioria dos políticos, e muitos “mestres”.

A verdade costuma indispor seus agentes, principalmente, numa sociedade consumidora da mentira como a atual. “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. A verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado...” Is 59;14 e 15

O conflito entre a aceitação horizontal, (humana) e vertical, (Divina) diariamente se estabelece nas nossas almas, nas vicissitudes do dia a dia. A melhor escolha sempre pareceu óbvia: “... Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós que a Deus;” Atos 4;19

Sempre que tentados a produzir falsidades agradáveis a quem as ouve, o homem de Deus ouvirá uma “segunda opinião” que apontará para verdade e justiça, independentemente das consequências; “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21 Felizes os que, ouvindo, se deixam persuadir!

O homem prudente, além de manter distância das ações corruptoras dos semelhantes, não dará ouvidos ao corrupto mor que tentará seduzir sua alma apagando à própria luz em troca de aplausos vãos.

Atualmente a verdade sofre a pecha de “discurso de ódio”, proveniente daqueles que a odeiam. Ora, se esses são tão refratários ao ódio assim, por que ainda o albergam em suas almas doentias?

Porque na escolha entre a luz que compromete, mas, depois liberta ao que se deixa iluminar, e o escuro que patrocina os pecados diletos sem considerar as consequências futuras, as almas acostumadas ao escuro não têm dificuldade de escolher. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Nesses casos, o suborno recebido é o comodismo de seguir dando asas às próprias vontades, ignorando O Divino Querer.

Por isso, pois, precisamos uma série de rupturas comportamentais e de valores, antes de experimentarmos deveras a Justiça Divina em nossos passos e ações; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O inimigo usará todos os meios para nos corromper. Se ele conseguir isso sem necessidade de um agente externo, menos trabalho para si.

Mas, sempre que possível perverterá nossas mentes de forma sutil, fazendo parecer que seus conselhos, na verdade, são nossos pensamentos. "As armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Conhecimento e obediência; essas duas coisas são complementares. Que adianta conhecermos à Divina Vontade sem a disposição para obedecer? Nosso conhecimento apenas acentuará nossas culpas. “... Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso vosso pecado permanece.” Jo 9;41

Por causa da queda, sempre haverá dentro de nós uma dubiedade, onde, uma parte quer obedecer a Deus, outra, ao comodismo natural. A mais difícil sempre será a escolha correta. Somos chamados à obediência não às facilidades. “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Jo 8;14

sábado, 11 de março de 2023

Justiça espiritual

 


“Disse aos que estavam com ele: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas... Pois, Eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado.” Luc 19;24 a 26

Fragmento da “Parábola dos Talentos”, na verdade, uma alegoria. Cada um recebera certa quantia com a qual deveria negociar em nome de seu Senhor. Os que receberam mais fizeram isso ciosamente; o que recebera um talento apenas, escondeu. Quando da prestação de contas, teve a repreensão, e o juízo que vimos acima, onde o talento escondido foi dado ao que, tendo recebido cinco, os transformara em dez.

"A qualquer que tiver, ser-lhe-á dado..." não parece isso uma “injustiça social”, para usar uma falácia da moda? “Ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado”, isso não soa contraditório, além de injusto?

A Palavra de Deus desde sempre preceitua o cuidado com pobres, viúvas, estrangeiros... Todavia, jamais patrocina esse tipo de “justiça”, onde uma cambada de indigentes laborais, gente avessa ao trabalho, saia pleiteando seus “direitos” às custas dos esforços alheios.

Quando diz: “Ao que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado”, embora pareça contraditório, basta atentar ao contexto para entender. O que não tinha, era um lapso produtivo, fruto da sua negligência em multiplicar. O que tinha, refere-se aos bens, recebidos.

Enquanto a “justiça” dos homens atenta à necessidade de coisas, a Divina costuma galardoar ao mérito, à diligência. Aos Olhos Divinos, o rico não é culpado por ser rico, tampouco, a pobreza é um mérito. O status quo material é uma circunstância, talvez, uma consequência; não, um aferidor de caráter.

O rico pode ser honesto, ter herdado ou gerado bens a partir de trabalho sério; o pobre, em muitos casos pode ser um derivado da negligência, irresponsabilidade ante às oportunidades que lhe sorriram. Daí, o conselho: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Ex 23;2 e 3

Por irônico que pareça, tem mais facilidade para trabalhar, aquele que menos necessita; enquanto, outrem que carece desesperadamente, nem sempre põe o peito n’água.

Essa balela que “Jesus foi o primeiro socialista”, porque repartiu o pão não resiste a uma análise superficial. Repartiu milagrosamente, multiplicando segundo a necessidade, não invadindo a uma propriedade alheia, “improdutiva” tirando o direito de um, para estabelecer o de outro.

Depois, quando a turba voltou a Ele por razões rasteiras como comer de graça, Ele não repetiu a dose; antes, exortou à busca por valores eternos; “... Na verdade, na verdade vos digo que Me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a Este o Pai, Deus, Selou.” Jo 6;26 e 27

Prioridades, a busca de valores na devida ordem deveria ser nosso alvo. “De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; (materiais) Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;32 e 33

Deus não atenta para quantidade, mas para princípios. Quem é fiel, apenas é; não importa se, com um, ou dez talentos. “Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.” Luc 16;10

Quando tirou um do negligente e deu ao que já tinha dez, O Senhor premiou à fidelidade, sem atentar à quantidade. Os “zangões sociais”, os vagabundos avessos ao trabalho que parasitam ao labor alheio são desprezíveis perante O Eterno. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para seus caminhos e sê sábio.” Prov 6;6

Embora seja piedoso olhar com empatia aos desfavorecidos, isso deve ser feito dentro do escopo dos nossos bens; não, usar isso como desculpa para perpetrar violações contra a propriedade alheia em nome de suposta “justiça social.” Direito à propriedade é sagrado: “Não furtarás!”

O mundo segue governado pelos maus, gente baixa está posta em lugares altos. “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Porém, no devido tempo, O Senhor recolocará as coisas nos devidos lugares. Embora nossa salvação não derive de nossas obras, mas da Obra de Cristo, o que cada um fez terá justa recompensa.

“Ninguém jamais foi honrado por aquilo que recebeu. Honra é a recompensa por aquilo que damos.” Calvin Coolidge

sábado, 4 de março de 2023

Força camuflada


“Guardai todos os mandamentos que vos ordeno hoje, para que sejais fortes, entreis e ocupeis a terra que passais a possuir;” Deut 11;8

A ideia vulgar sobre a obediência é uma triste necessidade dos que são mais fracos... derivaria de certa coação, imposta aos dominados a despeito de suas vontades.
“Manda quem pode, obedece quem precisa.”

O Eterno quando demandou obediência dos Seus, ofereceu como recompensa a força; “Guardai Meus Mandamentos para que sejais fortes...”

Ante uma ordem tenho duas alternativas: Obedecer ou não. Ao ignorar, “enfrento” quem me ordenou. Se decido obedecer, enfrento a mim mesmo; à má inclinação que palpita em mim, tentando tolher-me a sujeição. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Gostando ou não, todos cumprimos ordens. Cada um escolhe a quem obedecer. Obedecer a Deus, ou, a si próprio. Muitos que fazem a escolha autônoma, avessos ao Senhor, podem se gabar em suas almas baças que são “senhores de si mesmos”, uma vez que seguem apenas aos próprios desejos.

Sugestão do Capeta; “Vós mesmos sabereis o em e o mal”.

Entretanto, em vez de um senhorio a obediência determina uma servidão; “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Como a desobediência teve um mentor, todos que a seguem, filiam-se a ele; “Vós tendes por pai ao diabo; quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele.” Jo 8;44

Invés de neutralidade quem andar segundo os próprios anseios, escolhas, se coloca em oposição ao Senhor. “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

“não verá quando vem o bem...”
a primeira consequência do servo de si é cegueira espiritual. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Dada a ordem e as “Leis” estabelecidas, a obediência é uma necessidade de todos. O “Problema” do Criador é que O Maior Ser que Conhece É Ele mesmo. “Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por Si mesmo.” Heb 6;13

A fidelidade que requer dos Seus, requer de Si mesmo, zelando pelas coisas que Fala; “... Viste bem; porque velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

A única obediência a si mesmo, saudável, dado o Si, em apreço; não ancorada em algo volúvel, como a alma humana, sujeita às paixões, inconstante; “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a si mesmo.” II Tim 2;13

Quando nos desafia à obediência, oferecendo a força como recompensa, prontifica Sua proteção; Estando Ele satisfeito com nosso proceder, nos guarda; “... porque a alegria do Senhor é a vossa força.” Ne 8;10

Paulo que, com carta branca do Sinédrio impunha na marra as restrições contra a igreja infante, depois de salvo finalmente entendeu o lado luminoso da força; “Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12;10

Se, nosso amor a Cristo dá azo a perseguições, injúrias, angústias, esse é um testemunho oblíquo, um “recibo” assinado pelo mundo, a testificar que andamos bem. Quando estamos fracos, negando as “soluções” fugidias da carne, certamente estamos em obediência ao Santo, somos fortalecidos Nele.

Os que se orgulham de seguir a si mesmos, seguem para onde?

Caso anseiem salvação, devem aceitar o desafio do Salvador, de renunciarem a esse feitor suicida, crucificando às suas tendências vãs. “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Quem falhava no Antigo Testamento oferecia um sacrifício como sinal de arrependimento; a vítima imolada “obedecia” em lugar do ofertante.

A Excelência seria privar-se de um mau desejo, sem privar uma vida inocente de viver. O Último Sacrifício aceitável a Deus É Cristo. Por Ele devemos renunciar às más inclinações, pois, “... obedecer é melhor do que sacrificar...” I Sam 15;22

sexta-feira, 3 de março de 2023

Inclusão onde?



"... vindo o inimigo como uma corrente de águas, O Espírito do Senhor arvorará contra ele Sua Bandeira.” Is 59;19

Quando se pensa em inimigo de Deus, certamente Satanás é o primeiro. Contudo, não é o único. A rebeldia do homem também o coloca em inimizade; mesmo, os que andaram com Ele, por um pouco, como O povo de Israel. Isaías denunciou: “Eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Se, a desobediência do “povo eleito” já patrocinava a inimizade contra O Criador, que dizer dos outros que andam segundo suas paixões, alienados do Eterno? A Palavra ensina: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Tiago amplia: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou pensais que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4;4 e 5

A rebelião humana em relação a Deus é um mal global, infelizmente. “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;3

Aliás, a Palavra Evangelho é o aportuguesamento de boa notícia. Essa boa nova, foi ordenado se contasse em toda a Terra, quando O Salvador Comissionou: “... Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura.” Mc 16;15

Em que consiste a boa nova, que devemos difundir? Que não precisamos permanecer em inimizade com O Criador. “... Deus nos reconciliou Consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;18 e 19

Notemos que, a reconciliação possível tem seus termos próprios: “A Palavra da reconciliação.”
O Salvador Deixou claro que se trata de algo exclusivo, único, insubstituível, excludente: “... Eu Sou O Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6
“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5

Acontece que, a humanidade imbuída do acordo em não discordar, em nome de suposta “fraternidade universal”, e da inclusão de todos, sutilmente vai excluindo o direito dos mensageiros da reconciliação, em Cristo, de seguirem.

Há poucos dias se inaugurou em Dubai, a “Casa da Família Abraãmica”, nome pomposo que dão ao embrião ecumênico, lá gestado; em três prédios similares; uma mesquita, uma sinagoga e uma igreja. Segundo quem assistiu na íntegra à cerimônia inaugural, O Nome de Jesus Cristo sequer foi citado. Isso, porque poderia ofender aos judeus e islâmicos, por suas formas particulares de crer.

Quando essa peste grassar por todo o planeta, o que breve se dará, já está em curso, nosso direito de anunciar ao Evangelho será castrado. Uma “fraternidade humana,” um balaio de gatos onde todos os credos estarão “certos”, por antagônicos que sejam, tomará à força, o lugar do Reino de Deus.

Os inimigos do Eterno, mercê do inimigo mor, que, como um criador de porcos, trata bem para depois matar, recrudescerão em sua inimizade de tal maneira, que vetarão o anúncio da mensagem de reconciliação. Isso já é feito onde imperam comunismo e islamismo, sobretudo.

Em nosso meio, o avanço ecumênico já poluiu o seio protestante enchendo de “teólogos” liberais, desidratando, quando não, tolhendo a mensagem da Cruz, o arrependimento; o catolicismo adota abertamente, na “Campanha da Fraternidade”, bandeiras comunistas.

A apostasia se faz imenso oceano; a fidelidade ainda apresenta algumas ilhotas.

Embora a mensagem cristã sadia tenha a necessária veemência, em momento algum traz ódio dirigido ao ser humano. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3;16

A Entrega de Cristo não foi apenas uma demonstração de amor; mas, a maior possível. “Ninguém tem maior amor que este, de dar alguém sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13

O que Deus odeia é o pecado; de par com esse, ninguém chegará na Santa Presença. “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7

Quem tem algo a esconder, algo que preza mais que a salvação, morrerá agarrado a isso, avesso à luz: “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

“Trágico não é a criança com medo do escuro, mas, o adulto com medo da luz.” Platão.
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