terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Coma enquanto podes


“... nomeia magistrados e juízes, que julguem todo o povo que está dalém do rio, a todos que sabem as leis do teu Deus; ao que não sabe, lhe ensinarás.” Ed 7;25

O persa Artaxerxes, enviando Esdras pra restabelecer o culto em Jerusalém e organizar a sociedade; tendo como princípio normativo a Lei de Deus; os juízes seriam, preferencialmente, os que a soubessem; caso contrário, deveriam aprender.

Amarga ironia; foram para o cativeiro, justamente pela desobediência ao Mandado Divino; então, eram libertos sob a condição de terem como norma, a Lei; isso, vindo de um gentio.

Para os que pretendiam ser “povo santo” ficou essa lição; ampliada nos dias de João Batista. “Não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai Abraão; porque vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Mat 3;9

A Palavra nunca teve trânsito fácil, por causa da fraude que se tornou o homem, após a queda. Preferiu o novo “profeta” que, descompromissado com justiça e verdade, lastreou seu acesso ao coração humano pelas facilidades, prazeres.

Invés de aquilatar as coisas segundo a justiça, o homem valorou pelo sabor; o agradável sobrepujou ao verdadeiro; o alienado do Criador, morto, começou a atuar como se, o chamado à vida fosse uma ameaça, a morte, refúgio. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Se o critério para a reprovação é a consciência do mal, a história de autonomia, que o homem mesmo decidiria sobre bem e mal se revelou crassa mentira, o próprio íntimo humano testifica.

Paulo mencionou essa dubiedade nociva; onde o homem, escravo do mal, tem ciência do bem, sem força para praticar; “Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” Rom 7;20 e 21

A primeira providência do Salvador, no tocante aos que O Recebem, é “turbiná-los” para que possam agir conforme a ciência do bem, do justo. “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus...” Jo 1;12

Essa insanidade da rejeição ao Santo recrudesce cada vez mais; em determinado tempo o homem se mascarava na hipocrisia, até tomando porções da Santa Palavra sem cumprir; esse “nicho de mercado” deu azo ao labor dos falsos mestres; depois, “progrediu” para um estágio onde não mais queria ouvir; a apostasia potencializou a busca por credos “alternativos”.

A derrocada continuou rumo ao descrédito agressivo contra A Palavra da Vida; nesse viés, ganharam evidência muitos pensadores ateístas; suas falácias foram promovidas nos meios midiáticos, como se, a cegueira fosse sinônimo de filosofia.

Agora, se parte para o enfrentamento da Palavra; é proibida em mais de duas dezenas de países; a China, maior produtor de Bíblias para exportação, veta que se publique por lá, porções das Escrituras nas redes sociais. Altera ao bel prazer do Partido Comunista, partes “incômodas”. Isso figura certas “teologias” que grassam; a Bíblia seria boa para se ganhar dinheiro apenas, não para alimentar espiritualmente.

Em alguns casos o enfretamento à Palavra é disfarçado; pregadores liberais falam em “atualizá-la;” a essência é a mesma, dizem, mas a forma não deve ser “rígida”; pretendem abrir as portas para alterações ao gosto do mundo, “adequando” O Texto Sagrado às perversidades vulgares de ímpios. O líder dessa temeridade suicida atende pela alcunha de Papa Francisco. Contudo, há muitos “pastores evangélicos” na avenida.

Breve teremos a criminalização da fé, porque, a sadia recusará o balaio de gatos em gestação, o ecumenismo. O mundo já treina a narrativa com a qual rotulará a resiliência dos remanescentes fiéis; “discursos de ódio.”

Logo, os “defensores do amor” se ocuparão em calar nossa voz, tolher o Livro Sagrado, considerando todos os credos igualmente válidos, por contraditórios que sejam; nova versão do “vós mesmos sabereis o bem e o mal”. O “bem” será concordar com tudo; o “mal”, seguir fiel ao Deus Vivo.

Será juízo vindo Dele. “... não receberam o amor da verdade para se salvar. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro...” II Tess 2;10 e 11 “Irão errantes de um mar até outro, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando A Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

Quem não tiver dentro de si, “O Livro de Eli”, não achará mais. Então, “... não sejas rebelde como a casa rebelde; abre tua boca e come o que Te dou.” Ez 2;8

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A dor necessária


“... fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.” II Cor 7;9

Paulo enviara uma dura carta aos coríntios, determinando a exclusão de um que cometia pecado grave; “... há entre vós fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai. Estais ensoberbecidos, nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem fez isso. Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus." I Cor 5;1 a 5

“Entregue a Satanás” significava excluir ao tal da Igreja; melhor seria estar morto fora, que dentro. Talvez, sofrendo as consequências das suas ações impuras, antes de morrer ainda encontrasse lugar de arrependimento.

A exposição do pecado, da forma veemente como foi, estremeceu à igreja; muitos discursos eclodiram; “Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio.” II Cor 7;11

Quando fizeram vistas grossas ao pecado, Paulo os chamou de ensoberbecidos; depois, tendo tratado à afronta com devido zelo, disse que eles estavam puros.

Aquela onda de zelo no tocante à santidade fez “estragos” no que andava errado e nos que compactuavam, de modo a gerar arrependimento, e consequente perdão. Sabedor disso, o apóstolo reconsiderou. “A quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás; porque não ignoramos seus ardis.” II Cor 2;10 e 11

Tanto é grave a tolerância com o pecado, quanto, a ausência de perdão, quando o culpado exibe sinais de sincero arrependimento e disposição para mudar seu proceder.

Depois daquilo, Paulo discorreu filosoficamente sobre a necessidade de pregações que gerem tristeza, por causa do fruto que produzem; “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7;10

Atualmente grassa uma súcia de “obreiros”, cujo labor visa, produzir bem estar, auto aceitação, motivar ímpios, para que, mesmo seguindo na impiedade sejam levados a crer que está tudo bem; que o Amor Divino supre à falta de caráter. A tal “teologia do coach”, que de teologia não tem nada.

Bastaria lermos o Salmo 50, com alguma honestidade intelectual, para constatarmos duas coisas: Uma: Os que recusam a correção de Deus não têm autorização nem para mencionarem Sua Palavra; “Mas ao ímpio Diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus Estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças Minhas Palavras para detrás de ti?” Vs 16 e 17

Duas: O silêncio Divino deriva de Sua Longanimidade, não significa aprovação. “Estas coisas tens feito, e Me Calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te Arguirei, as Porei por ordem diante dos teus olhos.” v 21

E quando Deus Fala repetidamente ao errado de espírito, para que esse emende seus caminhos, caso persista no erro, uma hora, a Santa Paciência acabará; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Os consumidores de lisonjas estão haurindo veneno, apenas porque gostam do sabor doce. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5 Essa mesma verdade é ampliada noutras palavras: “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” Prov 27;6

Se, essa doença humana já foi cantada em prosa e verso; “mente pra mim, mas diz coisas bonitas...” (Agnaldo Timóteo) Os que pretendem servir a Deus são desafiados a coisas melhores; “Deus É Espírito; importa que os que O adoram, adorem em espírito e verdade.” Jo 4;24

Tem circulado bastante aquele ensino que, homens fracos fazem tempos difíceis; e tempos difíceis fazem homens fortes;

pois, podemos, de certa forma, parafrasear sob o prisma espiritual: Homens espiritualmente fracos, aduladores, fazem uma igreja doente; homens probos, comprometidos com a verdade e seus devidos frutos, são indispensáveis, para que, mediante eles, O Espírito Santo nos traga a cura. 

Urge que entristeçamos os ímpios invés de adulá-los; “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende...”

domingo, 22 de janeiro de 2023

Inabalável


“... Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus? Depois disse Faraó a José: Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.” Gn 41;38 e 39

Faraó a José, após esse ter interpretado seus sonhos. O prisioneiro dissera ao soberano, que a capacidade para interpretar não estava nele; não era própria dele, antes, vinha do alto; “Deus dará resposta de paz a Faraó.”

Ainda não tinha ouvido o sonho, o que demonstrava absoluta confiança no Altíssimo, de que Nele, não seria envergonhado.

Fora injustiçado; quando vendido pelos irmãos; caluniado pela esposa infiel de Potifar; finalmente, desprezado pelo copeiro do rei, que, após ser ajudado por José, o esquecera.

Para uma pessoa superficial, imediatista, José teria várias razões para duvidar da Bondade Divina. Afinal, toda aquela sequência de infortúnios.

Entretanto, sua fé seguira inabalável. Sofrer tamanhos revezes e persistir confiante é algo raramente encontrável; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a Voz do Seu Servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Até alguém alienado do Eterno conseguiu “ver” em José o Espírito de Deus; porque ele mantinha estreita intimidade e confiança no Santo, malgrado, o que sofrera.

Muito ouvi, pregadores realçando a saga de José como sendo ele uma espécie de conquistador, como se ele tivesse sonhado grandes coisas, e por elas perseverado até as fruir.

Aquele tipo de sonho, homem nenhum pode produzir; depois, se a perseverança dele fosse mercenária, interesseira, Deus que sonda os corações teria visto; invés de premiar à esperteza, teria denunciado como falsa uma “fé” que até Satanás aprovaria. “Porventura Tu não Cercaste de sebe, ele e sua casa, e tudo quanto tem? A obra de suas mãos Abençoaste, e seu gado se tem aumentado na terra.” Jó 1;10
Uma “fé” que fosse um “bom negócio” como insinuou o acusador sobre a de Jó, até ele entenderia.

Todavia, a verdadeira fidelidade não precisa um segundo motivo; o primeiro, agradar Àquele em Quem crê, já basta. “Sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

A índole do fiel eleva seus motivos para além de si; isso honra ao Eterno que Se agrada em “pagar na mesma moeda”; “... porque aos que Me honram Honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

José, mesmo padecendo diversas adversidades, em momento nenhum duvidou da Bondade Divina, tampouco, deixou de crer. As coisas me estão dando erradas? Tudo bem; Deus sempre Está certo; Deve Ter Seus Motivos.

Muitos equacionam a fé com uma força, poder que faria as coisas acontecerem aos nossos anseios; não. É uma confiança inabalável, que permanece assim, mesmo que tudo nos aconteça ao reverso do que desejamos.

Quando Paulo disse que podia todas as coisas em Cristo, referia-se a isso: Invés do vulgar, posso fazer acontecer as coisas que desejo estando em Cristo, o que ele tencionou dizer, foi: Posso permanecer fiel a Ele, mesmo que todas as coisas ruins me aconteçam. Vejamos: “... aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e também ter abundância; em toda maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Pois José viveu “antes de Cristo”, da manifestação Dele em carne; no entanto, não consigo imaginar melhor exemplo de fé, de confiança inabalável, que o vivido por ele.

Não importa qual lugar O Senhor nos tem reservado; estar em Cristo já é uma honraria bastante, como disse Spurgeon: “Não trocamos de lugar com reis em seus tronos, a menos que esses também conheçam a Jesus Cristo.”

Paulo, homem extremamente culto jogou tudo no lixo, pela “Pérola de Grande Valor”; “Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas; as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” Fp 3;8

Depois que conhecemos a Ele mais de perto, as demais coisas empalidecem, perdem seu apelo, seu brilho. “Para que os seus corações sejam consolados, estejam unidos em amor e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus Pai e de Cristo, em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Com 2;2 e 3

O que aconteceu a José, depois, foi um trabalho honroso; mas sua glória foi mostrar a Luz de Deus em meio às trevas.

sábado, 21 de janeiro de 2023

Os escolhidos


“... O Senhor seja contigo; prospera, edifica a casa do Senhor teu Deus, como Ele disse de ti. O Senhor te Dê tão-somente prudência e entendimento, te instrua... isso para guardar a Lei do Senhor teu Deus.” I Cron 22;11 e 12

Davi comissionando Salomão, para a edificação do Templo. Houve um tempo em que O Senhor Escolhia os servos específicos para Sua Obra. “... como Ele disse de ti.” Hoje, infelizmente, muitos, mal aprendem alguns cacoetes, já se arvoram pastores, bispos; fundam seus “ministérios”, cujos frutos, nem sempre são de alguma utilidade. A maioria escandaliza, mais do que estimula à conversão.

A facilidade, não raro, leva a lugares baixos. Perante O Altíssimo, algumas credenciais e certo preço são inevitáveis. Aqueles que “baixam a régua demais” não se comprometem com O Santo; “... Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cron 13;9

“Convém que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda modéstia (Porque, se alguém não sabe governar sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora...” I Tim 3;2 a 7

Se fizéssemos um “revalida” com todos que estão ministrando por aí, à luz desse padrão, teríamos uma debandada como a que houve na convocação de Gideão; de trinta e dois mil, restaram trezentos.

Não se conclua dessas palavras, porém, que defendo o clericalismo, onde apenas uma “elite” espiritual teria acesso às coisas santas. Esse sistema, ainda que, de aparente conhecimento e prudência, mantém as escolhas em patamares humanos; por esse prisma, Samuel se equivocou antes os robustos filhos de Jessé. “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o Tenho rejeitado; porque o Senhor vê não como o homem; o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Inevitável que um coração probo aos Olhos Divinos, enseje a produção de frutos, conforme a fonte; “Sobre tudo que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Certa vez ouvi de um pregador, que, um pastor não deve separar obreiros para que venham a ser; antes, porque já o são. Pelos frutos que produzem onde congregam, deixam evidente que O Eterno já os fez aptos a determinadas funções. Assim, o homem espiritual, com oração, temor e discernimento, apenas confirma o que O Senhor já fez.

A separação, embora honrosa, não é uma subida no quesito, poder ministerial; antes, uma responsabilidade maior no prisma do dever, da obediência; “O Senhor te Dê tão-somente prudência e entendimento, te Instrua... para guardar a Lei do Senhor teu Deus.”

Se, algumas coisas para essa função, pedimos a Deus, prudência, entendimento, instrução; guardar a Lei do Senhor ainda será uma tarefa humana. Uma escolha arbitrária, que podemos fazer ou não.

Um líder espiritual aprovado não é alguém que ensina como os outros devem agir; antes, outrem que mostra mediante seu exemplo; “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” I Ped 5;2 e 3

A edificação do Templo, nos dias de Salomão era literal; para isso Davi provera os meios necessários doando de seus bens e estimulando o povo a fazer o mesmo. O mencionado exemplo.

Para a edificação dos templos espirituais, que somos nós, O Rei dos Reis Proveu tudo que é necessário e nos Deu, em Sua Palavra; “Visto como Seu Divino Poder nos Deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela Sua Glória e Virtude;” II Ped 1;3

Entretanto, de nada valerá todo “material” disponível, se nossos corações seguirem endurecidos, indolentes, alheios. “... edifica a Casa do teu Deus.” “Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; Viremos para ele e Faremos nele morada.” Jo 14;23

Vemos que a “planta do templo” traz duas credenciais iniciais necessárias: Amor e obediência; “Se alguém Me Ama guardará Minha Palavra.”

Em Seu amor Infinito O Eterno chama todos; os que correspondem ao Seu Amor, a esses, escolhe. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mat 22;14

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Presença de Deus


“Minha alma anseia pelo Senhor, mais que os guardas pela manhã...” Sal 130;6

O que significa a chegada da manhã, para guardas que vigiam a noite inteira? Fim da jornada, missão cumprida, descanso. Mais do que isso, segundo Davi, sua alma esperava por Deus; ansiava por Ele.

Há uma diferença muito grande entre esperar pelo Senhor, e esperar do Senhor; digo, desejar Sua Pessoa Bendita, ou, apenas desejar receber coisas Dele. Pois, uns desejam a bênção do Senhor; outros, a Presença.

Muitos pregadores exaltam Jacó, quando, em Peniel, lutou com O Anjo do Senhor; insistiu até o fim, nesses termos: “Não te deixarei ir, se não me abençoares.” Gn 32;26

Óbvio que se trata de figura de linguagem. Jacó não poderia reter o Anjo; “não te deixarei ir” deve ser entendido como expressão da mais íntima vontade do Patriarca; não irás, me deixando contente sem antes fazeres isso. Não significa que Jacó tivesse poder superior, e condicionasse o Anjo a fazer algo para ser livre.

No entanto, permanece o fato que ele lutou pela bênção. Para os que acham esse episódio um modelo, ensinando que devemos “lutar com Deus” até obtermos o que desejamos, a Palavra traz um incidente mais inspirador ainda; Moisés.

“... Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui.” Ex 33;15

Vimos que, Jacó desejou com toda sua alma, as bênçãos de Deus; a Moisés, bastava a Presença. Qual das duas posturas seria mais agradável diante do Eterno? A Palavra ensina: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele Existe, e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Quem O tiver consigo, terá como Ele É; ser galardoador, abençoador, é parte do Divino Ser. Se, buscarmos a coisa certa, até as não buscadas virão. Se tivermos conosco a Santa Presença, certamente teremos também, a bênção.

Salomão teve oportunidade de pedir o que quisesse; pediu sabedoria para fazer justiça, ao julgar o povo. Eis a resposta! “... Porquanto pediste isso, não pediste para ti muitos dias, nem riquezas, nem a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; eis que Fiz segundo tuas palavras; te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará. Também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos teus dias.” I Rs 3;11 a 13

Salomão pediu algo que agradou ao Eterno, e recebeu mui acima do que rogou.

Devemos ser prudentes quando lemos as Promessas de Cristo, “Tudo quanto pedirdes em Meu Nome Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.” Jo 14;13 Esse “tudo” deve se enquadrar nas Palavras que Ele ensinou: “Buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Tudo o que buscaria alguém espiritual, identificado com Cristo; quanto aos meros mercadores de bênçãos, Tiago adverte: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” Tg 4;3 e 4

Não confundamos, “em Nome de Jesus” como sendo mera fórmula infalível para ter orações atendidas. Primeiro, arrependidos após ouvirmos A Palavra da Vida, devemos nos identificar com O Salvador, ritualmente, pelo batismo; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Então, nos identificar espiritualmente, pela santificação; “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor Conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Se, Nele nascemos de novo, aprendemos andar em novidade de vida, como pediríamos ainda, coisas do velho homem? “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

A Divina presença em nosso mundo não deve ser desejada como uma epifania, uma visão extraordinária. Quando Seus atributos, comunicáveis, verdade, justiça, integridade, pureza, mansidão, amor, forem motrizes de nossas ações, de certa forma estaremos na Santa Presença. Quem presume amar a Deus, que aprenda a amar Seus atributos.

Davi conseguia ver a Divina Face na justiça, e já queria ser parecido com ela; “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça; e me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Tesouro de tolos


“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos... Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1, 2 e 5

Não é erro o amor próprio; na devida medida é tido como referencial do amor devido ao semelhante; “Ama ao teu próximo como (amas) a ti mesmo”.

Quando Paulo denunciou os tempos difíceis, no qual, os homens seriam “amantes de si mesmos” aludiu ao egoísmo doentio de nossos dias; onde, o amor devido ao próximo é sonegado, e doentiamente carreado para si mesmo. Quando alguém faz algo na área da caridade, tira fotos, filma e coloca nas redes sociais; exibe-se, para que todos vejam. Amou a admiração humana e já teve sua recompensa; nada depositou para o “Tesouro nos Céus.”

Se, o próximo é alvo do meu amor, as necessidades dele, em certo grau, são minhas também. “As necessidades materiais do teu próximo, são as tuas necessidades espirituais.” Como disse Israel de Salant.

Sendo ele mero expectador de meu amor próprio desmedido, vira observador de minha “bondade”, alguém que deve me admirar, invés de outrem que, eu devo amar. Para conseguir isso, preciso parecer “bem na foto” aos olhos dele, por isso capricho na “aparência de piedade”. Notemos que, as raízes da hipocrisia são alimentadas pelos “sais minerais” do orgulho e do egoísmo.

A piedade verdadeira me faria preocupado, solícito; a mera aparência é só o doentio desejo de aplausos. Por honrarias humanas, o homem hipócrita consegue fazer sacrifícios até. Contudo, “Ainda que distribuísse toda minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Por que alguém faria tais coisas se não tivesse o amor altruísta como motivo? Pelos motivos vistos acima. Desejo doentio de celebrizar seu nome, invés de, desinteressadamente, partilhar, socorrer.

A prioridade ao semelhante antes de nós, foi defendida por Cristo; “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mat 12;7

A Parábola do Fariseu e do publicano ilustra; nela vemos dois homens, um cheio de sacrifícios, jejuns, religiosidade... enfim, cheio de si. Outro, sem nenhum mérito, apenas, sincero e arrependido. Esse foi justificado, aquele, não.

A misericórdia coloca meus dons, afetivos, espirituais, materiais, a serviço das necessidades alheias; o sacrifício pode ser patrocinado pelo fanatismo, orgulho, egoísmo, buscando coisas exclusivamente para mim.

O Único Sacrifício verdadeiramente altruísta, que se deu inteiramente pelas carências alheias, foi o de Cristo; a maior demonstração possível, de amor; “Ninguém tem maior amor que este, de dar alguém sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13

Então, foi por urgente necessidade nossa. A impostura de Satanás escravizara o homem, apenas um Resgate como O de Jesus Cristo, redimiria; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, Separado dos pecadores, e feito mais Sublime do que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Ele disse que Daria Sua Vida pelos Seus amigos; porém, condicionou essa amizade a certa maneira de ser; “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que vos Mando... Isto vos Mando: Que ameis uns aos outros.” Jo 15;14 e 17

Mas, voltando ao início, como é possível negar a eficácia da piedade? Antes, devemos ver em quê, ela consiste. “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;8

Nas duas esferas, a presente e a eterna, a piedade traz proveito; o apego excessivo às coisas materiais, busca por honrarias na terra dos homens, mostra alguém que, mesmo aparentando ter, não usufrui a eficácia dessa qualidade.

Há um mineral chamado pirita de ferro, que, pela cor confunde incautos, por se parecer com ouro. Vulgarmente a chamam, por isso, de ouro de tolos. Pois, a vida espiritual também possui sua “pirita”, a hipocrisia; essa faz um estardalhaço áureo/religioso, mas nada valerá diante do Divino Ourives;

“Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes Direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

“A aparência das virtudes é muito mais sedutora que as próprias virtudes; quem se vangloria de as possuir tem grande vantagem sobre quem realmente possui.” Madame de Ricobboni

Porém, “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” Jo 7;24

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

O bom combate


“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.” Heb 10;32

Invés da migração de um lugar a outro, iniciação ritual em determinado credo, ou, adesão a um conjunto de regras, normas, a salvação é figurada como sendo o raiar de uma luz. “... depois de serdes iluminados...”

Nossas almas eram ambientes escuros, dentro dos quais, a vinda de Cristo, O Salvador, acendeu uma luz que permitir vermos o que nos estava oculto.

Há uma migração, mas não envolve endereços que identifiquem um percurso; antes, duas condições, uma escura, outra, iluminada. “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da Glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” II Cor 4;6 “... Eu Sou a Luz do mundo; quem Me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida.” Jo 8;12 etc.

Iluminação, refere-se a abertura do entendimento; A Palavra de Deus deixa ver isso, quando alude ao trabalho da oposição; “Mas, se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

É obra estrita da Graça Divina; “vós sois a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para Sua Maravilhosa Luz;” I Ped 2;9

Esse “iluminar” em nossos espíritos mostra-nos as coisas como são e nos desafia a andarmos conforme; “Esta é a mensagem que Dele ouvimos e vos anunciamos: que Deus é luz, não há Nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;5 a 7

Conversão não é mero desafio a mudar de vida; antes, um chamado para receber vida, àqueles que, em si mesmos estavam mortos; “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que ouvirem viverão.” o 5;24 e 25

Essa luz opera muito mais que o mero possibilitar ver; “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.” Jo 1;4

Enquanto errarmos em trevas, a oposição não se importará muito conosco; entretanto ao ouvirmos o Chamado de Cristo, as trevas passarão a resistir; “... depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.”

O inimigo não gasta seu latim para dissuadir a quem já está morto em delitos e pecados. Ele “deu corda” a toda maldade do mundo e deixa a mesma “no piloto automático”. A própria natureza humana caída trabalha para ele; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Seus esforços visam cegar, barrar o caminho daqueles que aprendem de Cristo.

Muito se fala alhures, em batalha espiritual; poucos, contudo, percebem que a mesma tem como objetivo a conquista das mentes, pois, segundo as diretrizes dessas, as ações humanas são decididas.

Por isso, quando Paulo menciona nuances da batalha, alude a isso; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Desse modo, a derrota do nosso inimigo tem a ver com nossos entendimentos aprimorados em Cristo, não com exorcismo, como parecem crer, alguns. As armaduras figuradas em Efésios capítulo seis, têm a ver com caráter transformado, justiça, verdade, fé, salvação, Evangelho; e a “arma” que faz a operação disso tudo; A Palavra de Deus.

Num mundo que, em nome de evitar polêmicas se “canoniza” tolerância, inclusão e similares, o menor desafio a seguir a Luz de Deus é tachado como “discurso de ódio”, os que desejam manter sua fidelidade a Ele precisam estabelecer prioridades. As coisas periféricas eventuais, combates da oposição, são o preço a pagar.

É compreensível que os “bichos” de hábitos noturnos tenham aversão à luz. Não sejamos dos tais; “Viu Deus que era boa a luz; e Fez separação entre a luz e as trevas.” Gn 1;4