sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Livra-nos do mal


“... Com quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço tua presunção, a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja. Então disse Davi: Que fiz eu agora? Porventura não há razão para isso?” I Sam 17;28 e 29

Eliabe passando um corretivo no garoto, que fizera algumas perguntas sobre a peleja prestes a se desencadear. Ele “vira” presunção e maldade no coração do jovem, o que, o desenrolar dos fatos se ocupou de mostrar diferente.

Ao se dispor a pelejar contra o gigante Golias no zelo do Senhor, Davi mostrou fidelidade e coragem.

Desde a queda, onde a culpa fora transferida de um para outro, que a facilidade de ver erros no outro e não os encontrar em si, grassa no meio dos seres humanos. Quando oramos, “livra-nos do mal”, normalmente pensamos no que os outros nos possam fazer. O homem prudente deve buscar livramento contra o mal que ele pode fazer; aprender justiça, isonomia, empatia, são coisas úteis nesse caso. Não há melhor fonte que A Palavra de Deus: “Com minha alma te desejei de noite, com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo Teus Juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Ao homem foi dada a mordomia da própria alma; ele descuida disso, enquanto, tenta usar suas “habilidades administrativas” para cuidar de outros. “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12 Não que não haja maldade nos outros, mas a que me diz respeito tenta florescer em mim. Além de não regar, se possível, devo erradicar.

Os que se “intrometem” nas vidas alheias, mediante ensino da Palavra do Senhor, são apenas instrumentos Dele, visando a edificação. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus...” Ef 4;11 a 13

Então, aquele embate se arrastava por quarenta dias já, sem que nenhum soldado de Saul ousasse duelar contra o gigante. “Porventura não há razão para isso?” Perguntou Davi. Sendo Eliabe o primogênito, posar de covarde diante do irmão mais novo, certamente o incomodava. Invés de lidar com seus próprios incômodos, porém, preferiu colar alguns rótulos; presunçoso, maldoso!

O Agir Divino geralmente se dá assim: Deixa que se esgotem as possibilidades humanas, para que fique patente que foi O Eterno Quem Operou. Na iminência da morte de Lázaro, O Salvador esperou quatro dias, antes de “despertá-lo”.

Quando chamou Gideão, ante mais de trinta mil homens, mandou que fossem para casa os tímidos e covardes; alguns milhares de soldados a menos. Depois, os provou junto às águas e escolheu apenas trezentos, contra um exército inumerável de midianitas.

Se Deus desse a vitória com um exército razoável, ainda que muito menor que o adversário, eles folgariam em suas presunções e usurpariam a glória para si.

A presunção e a maldade geralmente habitam sítios diversos, do que pensara, Eliabe. O zelo e a ousadia de Davi eram já frutos do Espírito de Deus a impulsioná-lo na direção da Divina Vontade.

Assim, tomar um garoto, armado com uma funda apenas, contra um campeão de estatura gigantesca, era uma desproporcionalidade tal, que, em caso de vitória ficaria evidente a Mão do Senhor; como ficou.

Por isso lemos sobre essa “lógica” Divina: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;27 a 29

Isso era o que mais incomodava ao “filósofo” Nietzsche; invés dos sábios segundo o mundo, os pensadores como ele, Deus usava aos “fracos e falhados” como disse em seu livro, “O Anticristo”.

Eliabe vira presunção e maldade, onde O Espírito Santo atuava; a Ação de Deus escapa aos olhos míopes do homem caído. “Senhor, a tua mão está exaltada, mas nem por isso a veem...” Is 26;11 Pois, na dimensão espiritual, não contam córneas, retinas... “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Todos temos que tratar com certo gigante; a incredulidade. Crer não se trata duma escolha seletiva que concorda com as coisas boas que Deus disse. Essas mostram habilidades do Médico; as más a nosso respeito são Seu diagnóstico. Ninguém será curado sem antes admitir que está enfermo. “... Não necessitam de médico os sãos, mas, os doentes.” Mat 9;12

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

A morte do Pelé


“A morte não é nada para nós; pois, quando existimos, não existe a morte; e quando existe a morte, não existimos mais.” Epicuro

Segundo o filósofo hedonista, pois, nossa relação com a morte é impossível; pelo menos, com a nossa própria. Embora, possamos ter contato com muitas outras, alheias. 

A exceção, talvez, sejam os poetas; esses ETs que se antecipam à mão do tempo e podem decorar o devir, (ou, seria deir?) como fez Mário Quintana, despedindo-se antecipado, de si e da cidade que amava.

“Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso..."

Depois, com a mesma tinta de inspiração idealizou a morte “desejável”; “A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim...”

Embora essa indesejável visitante apague velas o tempo todo, eventualmente chama a alguém, cujo impacto é muito maior que costuma ser, nas senhas ordinárias, cotidianas.

O mundo se manifesta contrito, ante a partida do Rei do Futebol, Edson Arantes do Nascimento, o “Pelé.”

As pessoas que atingem a excelência em determinada arte, ou esporte, como ele, de certa forma se tornam duas; a personagem que a excelência forjou, e o ser humano, igual aos demais, que quase nem é visto, diante das nuances espetaculosas com as quais, a fama os reveste.

Pelé, estritamente, “morreu” e 1977 quando parou de jogar. Seus feitos ficaram na história, e seguiu o ser humano, com erros, acertos, virtudes, defeitos... grandes feitos não morrem; transcendem ao sono do autor e permanecem. Mas, o ser humano, Edson, era como nós, frágil, imperfeito, finito, mortal.

Teve seus dilemas familiares, relacionais, como os tem, qualquer pessoa.

Ouvindo relatos de alguns da imprensa esportiva, além dos inevitáveis encômios à trajetória brilhante que ele teve, afloraram muitas lágrimas. Osvaldo Pascoal disse: “Eu pensei que estava preparado para isso, mas não estava.”

Aflições que o atingiram, sua dura convalescença, eram de domínio público. Desconfio que a hora de se preocupar com ele, seus amigos, familiares, seria então; embora viver 82 anos atualmente, é um privilégio de poucos. Não deveria causar espanto nenhum, ser o trigo ceifado maduro.

De qualquer forma, na visão cristã não acredito que deva me preparar para a morte de ninguém, exceto, a minha. Será essa, que, quando a hora vier me guindará ao além, onde as escolhas feitas aqui, finalmente, frutificarão.

O ser humano é capaz de trair a si mesmo jurando fidelidade. Chorar pelos próprios medos, transferindo as causas para outros.

O discurso da morte possui uma eloquência única; ouvindo o tal, cada um é desafiado a repensar a própria vida. Isso é de importância imensa; Salomão chegou a considerar um funeral mais proveitoso do que uma festa. “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

Embora, para efeito de “notícias do além” só “retornam” os famosos, (temos cartas “psicografadas” de Dercy Gonçalves, Raul Seixas, Cazuza, Cássia Eller, Getúlio Vargas etc. nenhuma de gente comum) para lá todo iremos, famosos e anônimos.

Benjamin Franklin dizia que devemos consertar o telhado quando o sol está brilhando, não, quando chove. Assim, convém nos prepararmos para o que será no porvir, enquanto desfrutamos vida e capacidade de escolha aqui. “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, (de Deus) não endureçais os vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Quando parte um famoso, como o Pelé, a imprensa repete à exaustão seus maiores feitos; mas, do outro lado, serão os feitos do Edson que contarão.

Igualmente nós; não nossos dons, mas os frutos produzidos serão apreciados. Pouco importa o que fizermos na esfera das realizações humanas.

Os melhores momentos de um que agrada a Deus, invés de levantarem à torcida, podem abaixar nossas cabeças, em sinal de arrependimento, confissão; quiçá, estaremos de joelhos dobrados orando por quem nos fez mal, quando os anjos assistirem ao “jornal” de lá, a mencionar nossa passagem.

Minha solidariedade aos familiares e amigos do Edson, e o desejo que Deus os conforte nessa hora, sempre difícil, da separação. No que tange a ele, sincera esperança de que tenha reconciliado com Deus antes de partir, e possa conhecer bem de perto e mui venturoso, ao Rei dos Reis, Jesus Cristo.

Se ele fez isso, acredito que tenha feito, fez um gol de placa, que a eternidade há de lembrar.

O que me trai


“A mão do que Me trai está Comigo à mesa.” Luc 22;21

Embora a traição aconteça em consórcio com o tempo, sua essência verte bem antes da ação. Pois, tendo o coração maquinado e aceito à mesma, ela já se deu, de certa forma.

Tiago apresenta o pecado ainda no “útero”. Eventual arrependimento poderia abortá-lo em tempo; senão, nasce e mata. “... havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; (à luz da consciência, entendimento) e o pecado sendo consumado, (praticado) gera a morte.” Tg 1;14

Judas ainda consumaria o que estava disposto a fazer e tinha acordado já; no entanto, O Salvador não disse: O que me trairá, está comigo, à mesa; antes, o que me trai; pois, a resolução do coração já coloca em andamento, o que, o teatro das atitudes descortinará.

Por isso, o conselho para que sejamos zelosos aí; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Embora o arrependimento costume apontar para trás, a própria estrutura da palavra sugere um pendor retroativo, no caso de acalentarmos desejos pecaminosos ainda não consumados, bem podemos nos “arrepender do futuro.” Digo, repensarmos o que pretendíamos fazer.

Uma má atitude aceita no íntimo é uma tentação transando com a concupiscência, para que engravidemos do pecado. Quem possui consciência regenerada no Espírito, sempre ouvirá uma “segunda opinião”, a voz do Espírito Santo que deixará claro o que Deus aprova, e o que não. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Esse tipo de voz se escuta no silêncio; quando ousamos incursionar ao íntimo, onde as coisas são mensuradas por valores eternos, não por interesses efêmeros, rasos.

A Voz de Deus nos é apresentada como espantosa, no prisma do Seu Poder; “A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade. A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Líbano. Ele os faz saltar como um bezerro; ao Líbano e Siriom, como filhotes de bois selvagens. A voz do Senhor separa labaredas do fogo...” Sal 29;4 a 7 Que tremam e temam, os Seus inimigos!

No entanto, com Seus Filhos Deus fala com amor; Seu Anelo não é mostrar poder, antes, Seu Cuidado amoroso; e o amor “Não folga com a injustiça, mas com a verdade;” I Cor 13;6

Assim, se nossa inclinação tiver algum parentesco com a injustiça, mentira, a Voz de Deus tentará nos dissuadir disso; nos iluminará sem forçar; a decisão sobre que caminho seguir será sempre nossa. “Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros, e O Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

Sempre que ousamos numa direção oposta ao Divino aponte, cometemos uma apropriação indébita do volante, (foi sugestão do inimigo que a direção seria nossa) contrário ao que nos foi dado mediante Jeremias: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Embora a inclinação natural sempre se oponha ao Santo, “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 aos que recebem a Cristo, é dada outra, sobrenatural; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Por isso, a necessidade do “Novo Nascimento”, para poder ver e entrar no Reino; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

Notemos que, um renascido “pode” entrar; não significa que entrará necessariamente. Ainda concorrerá com sua salvação a inclinação natural, aquela avessa ao Santo, que deve ser mortificada na cruz; pois, agora, terá a Voz do Espírito consigo, tanto a advertir antes de pecar, quanto, iluminar para arrependimento, após eventuais falhas.

Traição é coisa de chegados, parentes, amigos. Os inimigos são fiéis, sempre nos querem mal.

Cada renascido pode dizer: “A mão do que me trai está comigo, à mesa.” Nossa natureza perversa nos trairá sempre que lhe dermos ouvidos, sonegando à Voz do Espírito.

“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Atletas de Cristo


"Aproximando-se dele um jovem disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?” Mat 19;16

“... que bem farei...”
O ser humano normalmente se dispõe a grandes sacrifícios, desde que, depois seja honrado, aplaudido por isso. Basta ver os atletas olímpicos, por exemplo; que carga de exercícios, abstinências, renúncias levam sonhando com uma medalha de ouro!

O prazer de obtê-la, ouvir o Hino Nacional no mais alto do pódio compensa todos os sacrifícios, segundo os próprios avaliam.

O “problema” da salvação é justamente esse. A glória por ela pertence a Outro; Ao Salvador que Deu Sua Vida Imaculada por nós.

O homem fora colocado numa posição gloriosa. Regente de todo o planeta. “... Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e todo animal que se move sobre a terra.” Gn 1;28

Entretanto, pela sedução do inimigo fora convencido que isso era pouco; que deveria buscar autonomia, ser “como Deus.” O custo da insanidade aceita foi tal, que forçou ao Próprio Deus a se fazer como homem, para reaver o domínio perdido.

Embora o homem caído anseie por glória, sua necessidade urgente é de vida. A queda o lançou nos domínios da morte. “O ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir; Eu Vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu Sou O Bom Pastor; O Bom Pastor Dá Sua Vida pelas ovelhas.” Io 10;10 e 11

Então, embora haja algo a ser feito, a única “medalha” possível é a vida; a glória já tem Legítimo Dono: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Por isso, quando, n’outra ocasião alguns também se dispuseram a fazer algo, O Senhor os desafiou a confiarem no que Ele Fazia; “... Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu: A Obra de Deus é esta: Que creiais Naquele que Ele Enviou.” Jo 6;28 e 29

Claro que, como na carreira de um atleta, também há uma série de renúncias necessárias na vereda da salvação. A diferença é que aqueles fazem isso por um “troféu” efêmero; os salvos recebem outro, de caráter eterno.
Invés do reconhecimento, da auto afirmação anelada por um competidor natural, um “atleta” de Cristo labora pela Glória Dele, não pela própria; no tocante a si mesmo busca total anulação; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me".

Paulo usou essa figura de modo bem didático: “Não sabeis que, os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;24 a 27

“Subjugo meu corpo...”
Conexão clara com o ensino do Mestre: “Tomai sobre vós o Meu Jugo...” Isso demanda o sacrifício das vontades naturais para alcançar um modo de vida segundo Deus, que o mesmo Paulo explicou: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Enfim, embora a salvação não seja pelas boas obras, os salvos devem praticá-las, para agradarem ao Salvador que as deseja; “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Um treinador de futebol argentino dizia: “Para ganar hay que tener hambre de glória”. (Para vencer é preciso ter fome de glória) isso, falando do seu esporte.

Em Cristo, para vencer precisamos sofrer “Fome e sede de justiça”. Primeiramente, no tocante às nossas injustiças; fome que nos fará buscar Perdão; isso demanda a cobertura da Justiça de Cristo, em nosso favor. “... este será Seu Nome, com qual Deus O Chamará: O Senhor Justiça Nossa.” Jr 23;6

As dores que sofrermos pela maldade alheia serão recompensadas. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos;” Mat 5;6

“Que bem farei para herdar a vida?”
Receberei agradecido o imensurável bem que Cristo Fez em meu favor, O seguirei submisso, agradecido, imitando Seus Passos. “Aquele que diz que está Nele, deve andar como Ele Andou.” I Jo 2;6

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

A única garantia


“Estas palavras não são de endemoninhado. Pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?” Jo 10;21

Jesus, que curara um cego de nascença afirmara poder ter poder para dar ou, retomar Sua Vida. À essas palavras, foi tido por alguns, por endemoninhado. Então, se ouviu a objeção: “... pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?”

É comum esse reducionismo falaz; quando não se concorda com alguém porque alguma faceta do ser ou agir desse, incomoda, basta que se acuse ao tal de possesso; se a narrativa colar, tudo o que se intentar contra, invés de agressão indevida, será tido como cuidado necessário, zelo espiritual.

Os Milagres e a Mensagem de Cristo eram extremamente incômodos aos religiosos da época. Se, colassem Nele a pecha de possuído, a reputação de todos estaria salva; afinal, quem se importaria com as palavras de um doido assim?

Entretanto, a rejeição não ocorria por algum lapso no Salvador, antes, naqueles que O rejeitavam. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

O Salvador não os acusou de endemoninhados, estritamente; antes, de filhos do capeta, por alimentarem desejos semelhantes; “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer aos desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade...” Jo 8;44

O Senhor vislumbrara ameaças de morte pelo ar, um desejo maligno que alimentavam os que O rejeitavam.

Se, ambas as partes poderiam atribuir, uma à outra, laços com o Capeta, como se poderia resolver a questão?

Heráclito disse mais ou menos o seguinte: “Quando dois sistemas filosóficos conflitarem, a nenhum caberá o direito de dizer: Minha visão está correta porque a oposta é errada; pois, a outra parte poderia dizer o mesmo, arrastando a peleja ao infinito. O falso deve ser demonstrado como tal, em si mesmo; não por ser oposto ao presumido verdadeiro.”

O Senhor ensinara que os frutos testificariam acerca das árvores. As lideranças religiosas de então cercavam-no espumando raiva, desejos hostis; “... quereis satisfazer os desejos de vosso pai que foi homicida desde o princípio...” um cheiro de morte assomava nos semblantes irritados, com o bem que O Senhor Fazia.

Nele não se vislumbrava esse tipo de desejo; antes, Sua Luta era persuadir ao arrependimento para salvar; além disso, “Pode um demônio abrir os olhos a um cego?” Seus feitos eram tais, que as próprias pessoas adjacentes notavam que as acusações não faziam sentido; era falsidade demonstrável em si mesma.

Por levar a liberdade de expressão às últimas consequências, O Eterno permite blasfêmias, calúnias, oposições várias... “... para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2;35

Atualmente a Mensagem Santa é atacada; “Discurso de ódio!” muitos já falam em reescrever A Palavra; alterar porções indesejáveis.

Num tempo em que a verdade é rejeitada como “Fake News”, ditadura é tida por democracia, violadores das leis são reputados juristas, desejos por transparência são aquilatados como atos golpistas, natural que a imperfeição se atreva a “aprimorar” ao que é perfeito.

Um demônio não pode curar cegueira, embora seja expert em “prodígios da mentira;” no entanto, obra por produzir cegueira nos entendimentos dos que descreem; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Quem crê não vê necessidade, nem aceita violações À Palavra; “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada tirar; isto Faz Deus para que haja temor diante Dele.” Ecl 3;14 E quem duvida ainda está cego. Alteraria o quê?

Se, são os frutos que testificam das árvores, e os pretensos “reformadores” da Palavra de Deus são ímpios, devassos, depravados, de novo, como na parábola de Jotão, teríamos uvas e azeitonas desprezadas, para abrir caminho ao reinado do espinheiro.

O Senhor continua O Mesmo; Santo, Veraz, Salvador. Entretanto, não cura cegueira contra vontade dos cegos. A vontade sem noção é o obstáculo a ser removido.

Não é como certos produtos que garantem a “satisfação dos clientes, ou, o dinheiro de volta”. Jesus Garante “apenas” salvação, nos Seus Termos; conversão, mudança de vida. Aos que vacilarem, recaírem, se arrependerem do arrependimento, apenas terão suas mortes de volta; “... quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus...” Heb 6;6

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Beijo salgado


“Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar?” Luc 14;34

Sal era o elemento conservante mais eficaz. Os alimentos não tinham a possibilidade atual de serem guardados em temperaturas adequadas. Então, era indispensável o uso do mesmo; exigido pelo Senhor nas oferendas apresentadas.

“Todas tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2;13

Usando essa verdade prática como figura, O Salvador Disse aos discípulos. “Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora; ser pisado pelos homens.” Mat 5;13

Sobriedade no falar e agir, diversa da maneira usual do mundo, deve ser a marca dos que pertencem a Cristo; Paulo ampliou: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder cada um.” Col 4;6

“agradável,” deve ser entendido como educado, de maneira respeitosa; nada a ver com lisonjas, bajulações, coisas que a verdade detesta. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5 Assim, sejam oportunos, educados, verdadeiros; é o conselho.

Isso, embora permita-nos interação social, eventual, demanda uma separação radical em questão de valores, fontes espirituais, maneira de caminhar; “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita dia e noite.” Sal 1;1 e 2

Aqui, nesse quesito de seguirmos fiéis à Lei do Senhor, a maioria dos cristãos escorrega. Cristo Foi Categórico: “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

Permanecer na Palavra Dele, não raro, nos indispõe com o mundo, amigos, familiares até. Em muitas situações, vivemos o “dilema de Pilatos”, “O que farei de Jesus, chamado O Cristo?” Digo, como seguirmos sendo “legais” com nossas companhias sem noção, sem desprezarmos ao Senhor? Lavamos as mãos, ou colocamos a necessária pitada de sal? De outro modo: Adotamos os modos mundanos ou seguimos fiéis a Cristo?

Quem me acompanha jamais me viu enviando votos de “Feliz Natal” pelas redes sociais. Por quê? Porque, mesmo gostando das pessoas que interagem comigo, querendo o melhor para elas, isso não é um ensino da Palavra do Senhor. Apenas um costume do mundo; uma miscelânea, de Saturnálias, Calendas, tradições, costumes pagãos, que, em nada disso honram ao Salvador.

A pregação de Cristo na igreja primitiva era rejeitada, entre outras coisas, porque rompia com os costumes correntes; “Nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.” Atos 16;21

Ser de Cisto é ser signatário da Verdade que Ele É; isso não tem livre trânsito num mundo que ama e cultua a mentira como esse. “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar.” Is 59;14

Colocar um gorrinho vermelho, adornar árvores e expor luzes nas fachadas, qualquer um faz, sem nenhum compromisso com nada; apenas, para andar segundo o espírito desse mundo que, assim anda, morto e feliz.

Embora muitos defendam que não tem mal nenhum em se comemorar o Natal, como, a exortação Do Senhor (não do Menino Jesus) é que permaneçamos em Sua Palavra, que ensina e ordena a Santa Ceia, comemoração de Sua Morte, não creio que preciso ir além.

Mero rito religioso desprovido de essência é sal degenerado, inútil. O Salvador denunciou: “Ai de vós que edificais os sepulcros dos profetas, que vossos pais mataram. Bem testificais que consentis nas obras de vossos pais; porque eles mataram e vós edificais seus sepulcros.” Luc 11;47 e 48

Em suma, alguns mais “sociáveis” que eu, acham normais essas coisas, essa miscelânea cultural onde, Noel brilha, e Jesus até entra de penetra, eventualmente.

Embora os respeite, prefiro seguir “apenas” com Cristo, Seu Espírito Bendito em mim, Seus Ensinos que regeneram, sem nenhuma necessidade de diluir o sal que Ele me deu, em panetones e chocolates. Recebi alguns; faz parte.

Meu medo assoma pensando nessas coisas: Se, até em seduções frágeis como essas, nossa fé já capitula, como será quando apontar no horizonte global o sedutor mor, com seus prodígios e eloquência?

Sei que textos assim, que questionam, discordam, desafiam a repensar escolhas, valores, não têm trânsito fácil. A verdade nunca teve. Todavia, vale mais que um “feliz natal” de plástico, um beijo dela. “Procurou o pregador achar palavras agradáveis; escreveu-as com retidão, palavras de verdade.” Ecl 12;10

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

O Sentido do Natal


“Agora, Senhor, despedes em paz Teu servo, segundo Tua Palavra; pois, já meus olhos viram Tua Salvação,” Luc 2;29 e 30

Simeão, com Jesus, de oito dias de idade, nos braços, proferiu essas palavras. Fora-lhe revelado que não morreria antes de ver O Ungido; vendo-O por ocasião da Sua apresentação no templo considerou cumprida a promessa. “... meus olhos viram Tua Salvação.”

O que ele vira estritamente fora uma criança frágil, inda incapaz de andar. No entanto, confiava na Palavra de Deus. Só os que agem assim, conseguem “ver”. “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1 Apenas para tais ouvintes, a mensagem traz proveito; “... a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que ouviram.” Heb 4;2

Nunca se foi tão refratário À Palavra de Deus como agora. Seus ensinos sábios, desafiadores, regeneradores, agora, não são tão pacíficos assim. Sofrem pechas de fundamentalismo, radicalismo, discurso de ódio... não poucos falam em “atualizar” À Palavra, que teria se perdido no tempo, será? “Eu sei que tudo quanto Deus Faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, nada se lhe deve tirar; isto Faz Deus para que haja temor diante Dele.” Ecl 3;14

Malgrado, a resistência Ao Eterno, nessa época do ano, os “cristãos” cobrem o mundo de luzes decorativas, canções monótonas, enfeites, decorações; muitos patrocinam grotescas hipocrisias, segundo eles, movidos pelo “Espírito do Natal”. Ora, segundo A Palavra, Quem Trouxe O Salvador foi O Espírito Santo. “... não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo;” Mat 1;20

Passar um ano inteiro usando todos os meios, ilícitos também, para prosperar, e nesse tempo entrar em vilarejos pobres ridiculamente fantasiado, sacudindo uma sineta e jogando caramelos às crianças é uma tentativa inglória de compensar os lapsos da alma, coisa que Deus não aprovaria. Tampouco, O Espírito Santo patrocinaria.

Onde vivo, se fez pomposa “festa de Natal” na praça; shows, bebedeiras, músicas profanas, foguetórios... a maioria, gente que vive cada um à sua maneira, totalmente alheios a Deus.

Portanto, o espírito que patrocina essas coisas, ao encontro dos desejos do homem natural, tendo como pano de fundo o interesse comercial, é do mundo, não O Espírito Santo.

Os cristãos são chamados a renunciarem suas vontades particulares em prol da Divina; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Isso nos torna “estrangeiros”, muitas vezes odiados, aqui; “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos Escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Estranham quando deparam com um que, não enfeita suas fachadas com luzes pisca-pisca, não decora árvores, nem coloca guirlandas. Quem esse pensa ser? Pensa ser de Cristo, andar na Sua Luz; essa não brilha para decorar ambientes; antes, fulge no interior, para purificar das más inclinações; O Espírito Santo em nós, capacita.

Daí, invés de comemorar um nascimento extático, no tempo, tentamos viver um relacionamento em tempo integral, cientes que estamos perante O Senhor dos Senhores, Rei dos Reis, não de um menino indefeso que precisa colo.

É compreensível, embora suicida, o barulho religioso do mundo alienado de Deus; nessas horas o silêncio seria muito agressivo. Os ouvintes de Estêvão provaram isso um dia; “... eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. Expulsando-o da cidade, o apedrejavam.” Atos 7;57 e 58

Ele não falara nada mais que a verdade; os incomodados com ela fizeram um barulhão para não escutar. O “Natal” atualmente faz a mesma coisa. Um estardalhaço estratégica e hipocritamente calculado para abafar à Voz de Jesus; em muitos casos, apenas o Noel aparece.

Os que tentam “contextualizar” fazendo as mesmas encenações, mas ressalvando o “sentido do Natal” perdem uma chance de denunciarem a insensatez do mundo, quiçá, despertar alguns adormecidos.

Imaginemos essas pessoas em silêncio ouvindo às próprias consciências por alguns minutos... melhor não; “Feliz Natal!” Oh, Oh, Oh. “Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto Deus o Pôs sobre ele.” Lam 3;28

Simeão com Jesus nos braços não vira uma criança; antes, “Tua Salvação”, disse. Essa foi consumada na cruz. Isso explica porque tantos não conseguem se afastar do presépio; sabem onde culmina e não querem. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e repito chorando, que são inimigos da cruz de Cristo...” Fp 3;18