sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Livra-nos do mal


“... Com quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço tua presunção, a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja. Então disse Davi: Que fiz eu agora? Porventura não há razão para isso?” I Sam 17;28 e 29

Eliabe passando um corretivo no garoto, que fizera algumas perguntas sobre a peleja prestes a se desencadear. Ele “vira” presunção e maldade no coração do jovem, o que, o desenrolar dos fatos se ocupou de mostrar diferente.

Ao se dispor a pelejar contra o gigante Golias no zelo do Senhor, Davi mostrou fidelidade e coragem.

Desde a queda, onde a culpa fora transferida de um para outro, que a facilidade de ver erros no outro e não os encontrar em si, grassa no meio dos seres humanos. Quando oramos, “livra-nos do mal”, normalmente pensamos no que os outros nos possam fazer. O homem prudente deve buscar livramento contra o mal que ele pode fazer; aprender justiça, isonomia, empatia, são coisas úteis nesse caso. Não há melhor fonte que A Palavra de Deus: “Com minha alma te desejei de noite, com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo Teus Juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Ao homem foi dada a mordomia da própria alma; ele descuida disso, enquanto, tenta usar suas “habilidades administrativas” para cuidar de outros. “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12 Não que não haja maldade nos outros, mas a que me diz respeito tenta florescer em mim. Além de não regar, se possível, devo erradicar.

Os que se “intrometem” nas vidas alheias, mediante ensino da Palavra do Senhor, são apenas instrumentos Dele, visando a edificação. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus...” Ef 4;11 a 13

Então, aquele embate se arrastava por quarenta dias já, sem que nenhum soldado de Saul ousasse duelar contra o gigante. “Porventura não há razão para isso?” Perguntou Davi. Sendo Eliabe o primogênito, posar de covarde diante do irmão mais novo, certamente o incomodava. Invés de lidar com seus próprios incômodos, porém, preferiu colar alguns rótulos; presunçoso, maldoso!

O Agir Divino geralmente se dá assim: Deixa que se esgotem as possibilidades humanas, para que fique patente que foi O Eterno Quem Operou. Na iminência da morte de Lázaro, O Salvador esperou quatro dias, antes de “despertá-lo”.

Quando chamou Gideão, ante mais de trinta mil homens, mandou que fossem para casa os tímidos e covardes; alguns milhares de soldados a menos. Depois, os provou junto às águas e escolheu apenas trezentos, contra um exército inumerável de midianitas.

Se Deus desse a vitória com um exército razoável, ainda que muito menor que o adversário, eles folgariam em suas presunções e usurpariam a glória para si.

A presunção e a maldade geralmente habitam sítios diversos, do que pensara, Eliabe. O zelo e a ousadia de Davi eram já frutos do Espírito de Deus a impulsioná-lo na direção da Divina Vontade.

Assim, tomar um garoto, armado com uma funda apenas, contra um campeão de estatura gigantesca, era uma desproporcionalidade tal, que, em caso de vitória ficaria evidente a Mão do Senhor; como ficou.

Por isso lemos sobre essa “lógica” Divina: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;27 a 29

Isso era o que mais incomodava ao “filósofo” Nietzsche; invés dos sábios segundo o mundo, os pensadores como ele, Deus usava aos “fracos e falhados” como disse em seu livro, “O Anticristo”.

Eliabe vira presunção e maldade, onde O Espírito Santo atuava; a Ação de Deus escapa aos olhos míopes do homem caído. “Senhor, a tua mão está exaltada, mas nem por isso a veem...” Is 26;11 Pois, na dimensão espiritual, não contam córneas, retinas... “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Todos temos que tratar com certo gigante; a incredulidade. Crer não se trata duma escolha seletiva que concorda com as coisas boas que Deus disse. Essas mostram habilidades do Médico; as más a nosso respeito são Seu diagnóstico. Ninguém será curado sem antes admitir que está enfermo. “... Não necessitam de médico os sãos, mas, os doentes.” Mat 9;12

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