quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Coisas de loucos


“Livrará até ao que não é inocente; porque será libertado pela pureza de tuas mãos.” Jó 22;30

Elifaz, um dos “amigos” de Jó, depois de acusá-lo de “nazista, fascista, genocida,” digo, lançar ao vento palavras sem nexo com a realidade. “Não deste ao cansado, água a beber, ao faminto retiveste o pão. Mas para o poderoso era a terra; homem tido em respeito habitava nela. As viúvas despediste vazias, os braços dos órfãos foram quebrados.” vs 7 a 9

Após dessas inverdades contra aquele que Deus Testificara ser justo, reto, temente, que se desviava do mal, exortou-o: “Apega-te, pois, a Ele, e tem paz; assim te sobrevirá o bem. Aceita, peço-te, a Lei da Sua Boca e põe Suas Palavras no teu coração. Se te voltares ao Todo-Poderoso, serás edificado; se afastares a iniquidade da tua tenda.” vs 21 a 23

Palavras verdadeiras se, enviadas ao devido endereço. “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Spurgeon

Assim, uma exortação à obediência, contra uma pessoa que já teme a Deus e observa Seus mandamentos. “Sabendo isto, que a Lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, ímpios e pecadores, profanos, irreligiosos, parricidas, matricidas, para os homicidas.” I Tim 1;9

Depois das acusações infundadas e exortação desnecessária, expôs uma conclusão verdadeira; que, ao que Deus aceita, sua intercessão tem eficácia. “livrará até ao que não é inocente; será libertado pela pureza das tuas mãos.”

Não sabia, o loquaz conselheiro, que o culpado a ser remido mediante a intercessão de Jó seria ele mesmo, junto aos seus companheiros; “Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros; ide ao Meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós; Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele Aceitarei, para que não vos Trate conforme vossa loucura; porque vós não falastes de Mim o que era reto como Meu servo Jó.” Cap 42;8

Normalmente se considera louco, alguém que fale coisas desconexas, mostre lapsos cognitivos e interpretativos da realidade, faça coisas desalinhadas à ética dos “normais”.

No prisma espiritual a regra se mantém; com a ressalva que agora a “realidade” a ser apreciada está nos domínios do espírito, não no enganoso campo dos fenômenos. As coisas como são, não como parecem, vistas por pessoas espirituais; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Luz espiritual parece loucura aos cegos, a cegueira de não ousar adentrar nos domínios do Espírito é a insanidade deles; pois, sabedoria espiritual não tem como antônimo a ignorância. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7

As palavras certas contra o alvo errado, como falou Elifaz, testificam certo conhecimento acerca dos Valores Divinos, e total ignorância, quanto à aplicação.

A “loucura” de se entregar irrestrito ao Senhor, faculta que nossos olhos sejam abertos por Ele, para nos livrar da demência de sermos sábios aos próprios olhos. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Nisso repousa a sutil ironia de Paulo: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;21 e 25

A aceitação da intercessão de um justo, em favor de outrem que não é inocente é a base da nossa salvação. Nenhum de nós é justo; mas, todos os que se submeterem a Cristo, O Salvador, serão aceitos, por causa da Inocência Dele a rogar em nosso favor. “a todos quantos O receberam, Deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Jó não era inocente ao ponto de entrar no Céu por méritos; mas, vivia em seu contexto, de um modo aceitável ante O Eterno. Quando o permitido infortúnio o visitou, até os bem piores sentiram-se melhores que ele. A leitura que o sofrimento seja necessariamente, consequência de pecados, deve ser feita no inferno.

Aqui se premia ao vício e se desonra à virtude, de modo geral. O exercício duro de um soldado não deriva de suas culpas; antes, do seu alvo.

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