sábado, 19 de março de 2022

Internáufragos


“Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13

Se tivéssemos consciência desse fato tentaríamos melhorar nossos atos, invés de melhorar camuflagens, como fazem os hipócritas.

Em geral, as vidas são como nas redes sociais; o que somos se oculta, o que queremos parecer toma as vitrines; a nuvem aceita tudo. A maioria fala de si mesmo; falta conhecimento e intimidade para falar de Deus; buscar a Glória Dele, não a própria.

Às vezes um vídeo/áudio “vaza”; uma gotícula de realidade põe tudo a perder em Fantasiópolis; como recentemente ocorreu com o deputado paulista Arthur do Val, sob risco de cassação pelo vazamento de algumas coisas pouco elogiosas que ele falou.

Se, uma gota faz esse estrago, como será quando a piscina toda for descoberta, por ocasião do Juízo?

Cristo acusou seus oponentes religiosos chamando-os de “sepulcros caiados”, embelezados externa e apodrecidos internamente. Também aqueles “postavam” apenas virtudes e ocultavam o lixo. Porém, “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja?” Jr 23;24

Cada um traz em si fragmentos da Imagem de Deus perdida, a consciência. Ela aquilata as coisas, valora sem interferir. Acusa o erro e silencia ante a ação reta; mas, a decisão sobre fazer ou não determinada coisa é um derivado da vontade, faculdade da alma, não do espírito, como a consciência. Por isso a sentença: “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

Não poucas vezes ouvi gente caminhando resoluta em direção aos vícios dizendo: “Faço mesmo! não quero nem saber.” Esse “não quero saber” era um revide à própria consciência que, em seu labor luminoso fazia saber que a escolha era má. O processo de cauterização, estava ativo; a vontade acossada pelo desejo insano abafava a luz que “incomoda” quem vive no reino da mentira.

Esses meandros da fé, que demandam obedecer à luz interior castram os “direitos” da vontade rebelde; daí ser impossível seguir a Cristo sem o “Negue a si mesmo.”

Podemos, como sementes sobre pedras, ao acúmulo de alguma poeira e umidade até germinar, sem a profundidade necessária para resistir ao sol quando aquece. Gostar de Cristo, Sua promessa de salvação, depois recuar, quando percebermos a realidade envolvida no pacote.

Naqueles que nascem de novo da água e do Espírito, a luz da consciência passa por um upgrade; coisas tidas como normais deixam de sê-lo; as erradas potencializam o erro; um convertido a Cristo não para de pecar; apenas, deixa de fazê-lo “sem culpa” como antes. A luz da consciência mostra a coisa como é, não como a vontade deseja.

Assim, carecemos superar um monte de vontades perversas às quais estávamos acostumados, até chegarmos à Divina; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Ações justas não carecem esconderijo; aliás, deveriam ser perpetuadas, como desejou Jó e foi atendido acerca das suas falas; “Quem me dera agora, que minhas palavras fossem escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! E com pena de ferro, com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha. Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra.” Cap 19;23 a 25

Na pós verdade atual, onde narrativas suplantam fatos, afinidade ideológica prescinde de lisura moral, temos toda liberdade para bajular, mentir; ousemos um reparo mínimo, um conselho, um ensino e presto veremos quanto a sinceridade é mal vista no oceano global dos internáufragos.

Foi fugindo das consciências que os ancestrais desses caíram; “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

Gritamos “urbe et orbe” nossas inconformidades com a insanidade das guerras; depois, no próximo post mostramos nossos assados e bebidas finas, para ostentar, quanto somos felizes. Assomamos do profundo ao raso com a velocidade de um foguete; ou, vivemos ao rés do chão e fingimos profundidade.

“É bem mais difícil julgar a si mesmo do que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti és um verdadeiro sábio.” Há mais do que parece, nessa frase de Saint-Exupérry.

Antes da Ceia do Senhor sempre somos desafiados a isso. “Examine, pois, o homem a si mesmo...” I Cor 11;28

Quem olha inside, honestamente, consegue ver seus tons de cinza, necessariamente será cauteloso para não colocar lábaros multicores nas janelas.

No fundo, nossas ostentações frívolas são autocríticas; o que sabemos que deveríamos ser, e apenas encenamos. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17

sexta-feira, 18 de março de 2022

Guias cegos


“Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas; elas ouvirão Minha Voz, haverá um rebanho e Um Pastor.” Jo 10;16

Deparei com um “estudo” onde um líder adventista ensinava, “baseado” nesse texto, que Jesus tem duas igrejas. Uma visível, o citado “aprisco”, outra invisível, espiritual; composta dos salvos entre todas as denominações.

Segundo sua interpretação a Igreja Adventista é o “Aprisco do Senhor”; “Os que guardam a Lei do Senhor e têm o testemunho de Jesus”; as ovelhas desgarradas que O Sumo Pastor buscaria para formar um só rebanho, são os sinceros de outras denominações, que estariam sendo agregadas ao adventismo.

A concessão de que haja salvos entre outras denominações é um progresso; normalmente, “só tem tantã; certos aqui, apenas eu e você.”

Vero que, nem tudo o que frequenta uma igreja é salvo. Morar numa garagem não transformaria ninguém em carro; frequentar assíduo uma igreja cristã não transforma ninguém em cristão, necessariamente.

Existem duas igrejas sim. A Palavra de Deus chama de joio e trigo, numa figura; noutra, palha e trigo; fazendo diferença entre o vero e o falso cristão.

É válido mencionar as duas igrejas, se, com isso pretendermos que uma seja a totalidade do pacote contendo palha e trigo; outra, apenas os grãos. João Batista ensinou: “Em sua mão (Cristo) tem a pá, e limpará Sua eira; recolherá no celeiro Seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” Mat 3;12

No entanto, o que O Salvador pretendeu dizer, nem de longe se assemelha à interpretação que o proponente do adventismo ensinou.

O “Aprisco” em questão era a nação de Israel; os que dentre eles creram, era o alvo primeiro da Sua Obra, como ordenou: “... Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Mat 15;24

A inclusão dos gentios no projeto de salvação que era o fato novo. Tanto que, isso deu azo a um concílio apostólico para decidir como agir, quando Deus decidiu derramar O Espírito Santo sobre eles.

Após Pedro ter testemunhado o Agir Divino junto aos gentios, O veredicto final veio mediante Tiago; “Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para Seu Nome. Com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto voltarei, reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantarei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais Meu Nome é invocado, Diz o Senhor, que faz todas estas coisas”. Atos 15;14 a 17

A própria Palavra de Deus ensina quais eram as ovelhas de fora do aprisco, que O Senhor pretendia congregar também, para fazer um só rebanho; os gentios.

Em Cristo não haveria mais separação, como ensinou Paulo: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos (judeus e gentios) fez um; derrubando a parede de separação que estava no meio.” Ef 2;14

O Adventismo existe desde meados do século 18; como poderia ser o “Aprisco” destacado pelo Senhor no ano trinta e poucos?

Sua ênfase doentia em ser os únicos a “guardar à Lei do Senhor” porque se diferenciam no que tange ao sábado, não seria assim tão febril, se ousassem ler sem óculos distorcidos o que está escrito: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.” Rom 14;5 “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova, ou dos sábados.” Col 2;16 “Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.” Mat 12;8

A “Lei do Senhor foi reduzida a dois mandamentos por Ele mesmo; amar a Deus sobre tudo, e ao próximo como a si mesmo; “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22;40

Claro que amar a Deus implica obediência à Sua Vontade! Mas, essa demanda separação do mundo, não adequação ritual a algo superado; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2

Ufanarem-se que são os únicos que cumprem à Lei, ignorando que a mesma condena falso testemunho e mentira é falta de noção; Tiago ensina: “Porque qualquer que guardar toda Lei, se tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” Cap 2;10

Com a aludida noção, teriam entendido que em Cristo as coisas mudaram; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

As denominações várias O Eterno suporta; mas, de ser adorado em Espírito e Verdade não abre mão.

domingo, 13 de março de 2022

Fontes sem água


“Derrubarão, a ti e teus filhos que dentro de ti estiverem; não deixarão em ti pedra sobre pedra; pois, não conheceste o tempo da tua visitação.” Luc 19;44

O Salvador chorando sobre Jerusalém, fadada à destruição, porque não conhecera seu tempo.

Diferem, saber e conhecer. Por exemplo: Sei que a capital da Noruega é Oslo; porém, não conheço, nunca estive lá. Saber é possuir informação; conhecer demanda intimidade, aproximação.

O Senhor disse que Jerusalém não O conhecera; não, que não sabia o tempo em que seria visitada.

As Escrituras eram precisas sobre o tempo. “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas e sessenta e duas semanas...” Dn 9;25 Sete mais sessenta e duas somadas dão sessenta e nove semanas de anos, ou seja: 483 anos, a partir da ordem para restaurar Jerusalém. Não era difícil para os mestres saberem o tempo.

Eles tinham essa informação, tanto que, quando foram a João Batista, pensaram ser ele; “Estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria O Cristo...” Luc 3;15

João fez questão de dizer que era apenas “amigo do Noivo” que viria após ele. Logo, informações sobre a identidade e o tempo da vinda do Príncipe, não faltavam.

Por que não O conheceram, então? Nossa natureza caída está sempre pronta aos aplausos de quem nos cerca, como se fôssemos todos, arte-final; coisas acabadas com esmero, não, caídos imperfeitos.

As redes sociais retratam isso. Ousemos discordar de uma postagem qualquer, acrescentar uma observação de um detalhe que faltou, e presto as armas dos porcos-espinhos assomam. Mesmo os que se dizem ovelhas.

Recebemos uma resposta atrevida, agressiva, quando não, somos excluídos pela falta de bom senso de não elogiar a vitrine alheia.

O Salvador, mesmo vindo no tempo certo ao lugar prometido, ousou não dizer as “coisas certas”. Invés de tributar elogios às “postagens” do “establishment” religioso de então, ousou dizer que sua pretensa honra a Deus era coisa vazia, brotada dos lábios, não do coração.

Pior; em dado momento chamou-os de sepulcros caiados, bonitos por fora e podres por dentro; quem suportaria um comentário desses sem excluir ao “atrevido comentarista”?

Malaquias fora usado para advertir que Sua vinda seria insuportável à falsidade, e à hipocrisia. “... de repente virá ao Seu Templo O Senhor, a quem vós buscais; O Mensageiro da Aliança, a Quem vós desejais, eis que Ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque Será como fogo do ourives, como sabão dos lavandeiros.” Mal 3;1 e 2

O erro de então, derivado do egoísmo sem noção, dos que, carecendo desesperadamente perdão e regeneração, desejam aplausos, é atual.

Porque aprenderam colar banners de alheia autoria, todo mundo se sente mestre, fonte de sabedoria, que tem para dar e vender, não carece aprender mais nada.

Danem-se a dedicação e esforços dos que, a serviço do Eterno, tentam ser condutores de gotículas da Água da Vida!

Suas “purezas” derivam da cegueira egoísta, pois, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4 Então, “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Como aqueles mentores da cruz, sabiam, mas não conheceram; também esses, estão plenos de informações, sem a menor intimidade, sem conhecimento do Senhor, sobre O Qual falam como papagaios.

Não temos a mesma precisão para Sua volta, quanto, tinham aqueles para Sua Vinda; todavia, os sinais falam de apostasia, progresso tecnológico, governo global, imposição de uma fé ecumênica, esfriamento do amor, multiplicação da iniquidade... coisas que saltam aos olhos sem o olharmos mui distante.

O santo e o profano andam de mãos dadas nas coisas que se publicam; ora, uma advertência sobre a Volta do Messias; outra, uma postagem pornográfica, uma música chula;

uma diatribe contra as guerras em “solidariedade” aos ucranianos; depois, uma foto bebendo champanha perto de uma churrasqueira mostrando o quanto é feliz... Cáspita!! Que gente mais amoral, indiferente, vazia de cérebros, cheia de pretensão!!

Em dois milênios de clamor Divino mediante O Evangelho ainda O recusamos conhecer, O Eterno começa a desistir; enquanto apostatamos, dará nova chance a Jerusalém; “Porque eis que as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e Sua glória se verá sobre ti.” Is 60;2

Infelizmente, uma parte triste da história se repetirá. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

sábado, 12 de março de 2022

Cuidado com a febre!


“O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para seus passos.” Prov 14;15

Esse “simples”, em oposição ao prudente deve ser entendido não como detentor de simplicidade sadia; antes, como néscio, um tolo que facilmente se deixa enganar; o complemento da sentença expõe: “dá crédito a cada palavra”.

Como diz no “Pequeno Príncipe”, “A linguagem é uma fonte de mal entendidos.” Por quê? Porque muitas vezes, invés de comunicar uma ideia, reportar um fato, usamos a linguagem como meio de transporte de mera opinião; marqueteira de pretensão; difusora da maldade alheia, quando reverberamos o que ouvimos sem o cuidado de averiguar primeiro.

A opinião não passa de uma deficiência visual tateando; podemos tocar numa raposa e pensar que é um cão; quer saber quão confiáveis são essas? Veja quantas pessoas apostam na loteria esportiva e quantas acertam.

A pretensão é uma medida de si mesmo, pior; usando a régua errada. “Aquele que fala de si mesmo busca sua própria glória”. Ensinou Jesus Cristo.

Me ocorre uma fábula de Gibran: “Uma raposa saiu pela manhã procurar alimento; subiu numa duna, viu sua imensa sombra e pensou: Nossa! Preciso de um camelo pro almoço. Passou toda a manhã procurando camelos e nada. Ao meio dia, sol a pino, olhou de novo pra sombra e refez: pensando bem, um rato bastará”. 

Assim a pretensão usa se medir às sombras do engano, onde nos vemos muito maiores que somos e tendemos a buscar o que não precisamos.

A difusão da maldade alheia, vulga fofoca, precisa ser peneirada na “peneira de Sócrates”. Precisamos ponderar se aquilo que diremos foi presenciado, ou ouvido; se é bondoso e necessário repartir; senão, pode ser lançado no lixo. 

Mas que, de mal entendidos, a linguagem acaba sendo fonte de mal falados.

No reino das palavras todo mundo é rei. Entretanto, o exército dos fatos costuma destronar mentirosos, que, presto maquiarão sua derrota e sairão construindo novos “palácios” e ostentando ainda mais vistosas “coroas”.

O Salvador ensinou que pelos frutos se conhece a árvore, não pelas folhas. Como a única adoração que O Eterno aceita é em “espírito e verdade”, o que ficar aquém disso, por frondoso que pareça será uma árvore morta. A vida espiritual não desfila em carro alegórico; está na harmonia entre palavras e ações.

Escrevendo a Tito Paulo denunciou muitos, em cujas sinas, havia esse desencontro; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Inevitável lembrar do proverbial, “O que és fala tão alto, que não consigo ouvir o que dizes.”

Tiago, por sua vez, esposou as ações coerentes como pregoeiras da fé; “... mostra-me tua fé sem tuas obras, e te mostrarei minha fé pelas minhas obras.” Tg 2;18

Esse doentio cristianismo de palco que grassa, precisa ser lembrado que seu palco é o mundo; os devidos atos são muito mais eloquentes que a lábia; “Não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;15 e 16 Nossa atuação: Diante dos homens; a repercussão: Diante de Deus.

Mais que bons pregadores, pois, urge que sejamos bons servos. As palavras correm risco de febre, enquanto os atos geralmente gozam de boa saúde; de outro modo: As palavras mostram como eu quero ser visto; minhas atitudes revelam quem sou.

Dada a perda da modéstia dos idiotas, o mundo tem vozes demais e virtudes de menos. Como naqueles eventos internacionais onde chefes de Estado recebem tradutor simultâneo para entender as falas dos pares, homens espirituais recebem também seu “tradutor” e podem entender o idioma que se oculta por detrás das palavras. “O que é espiritual discerne bem tudo, e, de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

Deprimente quando alguém se desnuda diante de nós, não obstante, traje a “alta costura” das falas ensaiadas.

Seremos julgados pelas nossas palavras. Se tivéssemos a devida consciência disso seríamos parcimoniosos, invés de paroleiros. “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12;36 e 37

Então, “Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus Está nos Céus, tu estás sobre a terra; assim sejam poucas tuas palavras.” Ecl 5;2 “Nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.” Tg 3;8 Psssiiiiu!

sexta-feira, 11 de março de 2022

Cura do coração


“O coração conhece sua própria amargura; o estranho não participará no íntimo da sua alegria.” Prov 14;10

Seja amargura, seja alegria, pois, só quem está sentindo conhece a real intensidade emotiva que incide sobre si.

Quem olha de fora vê aparências; mas, quem vive sabe como as coisas são. Oportuno o conselho para não tentar mitigar dores com falas vazias. “O que canta canções para o coração aflito é como aquele que se despe num dia de frio, ou como o vinagre sobre salitre.” Prov 25;20 A aflição da alma é funda demais para poder ser removida com verniz.

Os amigos de Jó falaram muitas inverdades quando opinaram sobre a sina do infeliz; porém, sabiam disso. Quando o encontraram no auge da dor, limitaram-se a lhe fazer companhia; esperaram que ele rompesse o silêncio, mesmo demorando uma semana. “Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Jó 2;13

Não obstante, esse promissor começo, quando falaram caíram na vala comum da acusação; de tal modo, que o sofredor desejou se ver livre das suas molestas palavras; “Vós sois inventores de mentiras; vós todos, médicos que não valem nada! Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Cap 13;4 e 5

A sabedoria do silêncio, esposada depois, por Salomão: “Até o tolo, quando se cala é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Diretamente proporcional ao aumento da iniquidade, concorre o aumento das inquietações; a incapacidade de se calar, olhando, cada um para dentro de si: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Nesses tempos líquidos e velozes, em que a conquista célere da ciência facilita meios, enquanto o desleixo com valores apodrece fins, as pessoas já não têm tempo para essas coisas introspectas e demoradas; desligar as parafernálias da ilusão e olharem dentro de si tentando entender, cada um, as próprias escolhas.

Um breve tratado como esse é desprezado sob a pecha de “textão”. Não pelo conteúdo que a maioria se recusa a conhecer, mas, pelos intermináveis parágrafos que demandariam uns cinco minutos para ler, imaginem! Quem teria tanto tempo a perder? Os mesmos que perdem partes grandes de alguns meses, acompanhando, torcendo, e votando no BBB e similares.

Os adeptos do “poder da mente”, iogues, e afins, quando decidem se entrincheiram em si mesmos, como um quelônio na carapaça, imaginando determinada cor, cenário, dizendo coisas auto motivadoras, cujo pensamento positivo ajudaria a conquistar; ora, se a cura para as angústias está dentro de cada um, quem precisaria de médico? Deus, por exemplo?

Tentar elevar-se sobre as aflições baseado na matéria prima encontrável em si mesmo, equivale a tentar levitar puxando os próprios cabelos.

Urge entendermos que somos pacientes espirituais. Jesus Cristo é O Médico dos Médicos; em Sua Palavra deixou a Receita que nos pode curar. Assim, quem quiser meditar de modo proveitoso, não o faça no vácuo; tenha conteúdo a meditação.

O venturoso cantado no Salmo Primeiro é um que, “Tem seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita de dia e de noite.” v 2

Embora as “veredas antigas”, A Palavra Do Eterno, soe com jurássica a essa geração descolada, moderninha, somente nela as angústias da alma encontram lenitivo, em todas as idades; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Facilmente vemos as injustiças alhures, depreciamos a violência nefasta das guerras; todavia, nada vale “combatermos” males distantes e ignorarmos os que nos habitam. Cada um de nós abriga em seu íntimo suas “guerras” particulares que podem perder a própria alma.

Mas, quem ousaria encarar a isso? “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Infelizmente, muito do que desfila como “Cristianismo” é mera encenação de palco; como aqueles teatrinhos da “Semana Santa”. Depois, cada um segue à sua maneira. Já gritou ao microfone suas “convicções”, encenou, cantou sobre elas; depois, no teatro da vida prossegue atuando segundo seu ímpio coração.

Enquanto esse doidivanas não reconhecer que sua resiliente má inclinação é que o angustia; pior, encomenda sua alma a angústias eternas, seguirá traindo a si mesmo, encenando ter uma luz que não possui.

O coração conhece sua angústia; precisa reconhecer que suas escolhas doentias lhe dão ocasião; senão, seguirá como certos antros cujos fachadas pintam com luzes no Natal; pretensa alusão à virtude, enquanto “trabalham”, e ganham o pão, servindo vícios.

“Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem.” Samuel Beckett

quinta-feira, 10 de março de 2022

Caminho de volta


“Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

Diferente dos sistemas coletivistas, onde, impõem uma ideologia, um líder, uma bandeira, palavras de ordem, o relacionamento com Deus proposto em Cristo prima pela liberdade de escolha do indivíduo; “Se alguém quiser...”

Nossos opositores chamam aos cristãos conservadores de ‘gado’; faz enorme diferença pertencer espontaneamente a um rebanho, por identidade, ou, ser coagido a fazer parte de outro, porque uma liderança nos impôs no berro, o que seria melhor para nós.

Circula nas redes uma frase atribuída a José Saramago, que o verdadeiro heroísmo seria o homem não pertencer a nenhum rebanho.

Duas objeções, inicialmente; primeira: O vero heroísmo é acidental; uma circunstância desafiadora demanda, e alguém se arrisca, mais por solicitude, que por algum anseio heroico. Assim, acontece quando e onde quer; não é algo que deva ser buscado por alguém psicologicamente sadio.

Segunda: Um herói só é visto assim diante da opinião pública. Essa, querendo ou não, é um rebanho. Dada a interatividade da vida moderna, ninguém conseguiria isolar-se totalmente; então, tal “heroísmo” acaba impossível, incoerente. Os que citam à referida frase se identificando com ela, formam o rebanho dos que não pertencem a rebanho nenhum. (??)

Deus não nos ensina enfrentarmos nossos semelhantes; antes, a nós mesmos; somos atores no teatro da vida. Cada um com seu “script” que deve interpretar oportunamente.

Não que nossos movimentos sejam “friamente calculados”, monótonos; mas, via de regra, seguem certo padrão; a esse chamamos de caráter.

São nossos “escritos interiores” que planejam ações, os pensamentos; derivam de aprendizados de valores via educação, atavismo, vivências de exemplos que, nos circunstanciam e acabam influindo nas escolhas.

Esse depósito de nossas mentes/almas, no aspecto do conteúdo, chamamos, conhecimento; na identidade moral, escala de valores; dessa derivam nossas aprovações ou reprovações.

A ruptura com O Criador trouxe a autonomia suicida; o ego; a afirmação de si mesmo, em detrimento da Vontade Divina. O primeiro passo rumo à reconciliação, naturalmente deve ser inverso ao que afastou.

O traidor disse: “Afirme a si mesmo, faça do seu jeito, liberte-se", aos que se reconhecem insuficientes, e ousam crer na Palavra do Senhor, o chamado é: “Negue a si mesmo...”

Não poderemos mudar nossas ações se continuarmos com o mesmo modo de pensar. Logo, a primeira renúncia necessária é do nosso rasteiro pensamento; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

O si mesmo que devo negar não será morto; antes continuará existindo e tentando me atrair às inclinações costumeiras; daí o segundo passo: “Tome sua cruz...” O si mesmo deve ser mortificado, tratado como se, morto; embora, exista e palpite ainda. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

“Siga-me”
; até onde? Ele mesmo responde: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus... que... humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;5 e 8

Pertencer a Cristo não significa não mais pecar; a carne segue existindo, “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Cada vez que sou tentado a algo segundo a carne, inimiga de Deus, e digo não! mortifico-a; trato-a como se estivesse morta; nego a mim mesmo, o eu natural, para que Cristo se expresse em mim, o eu regenerado, espiritual.

Não nos desafia a essa renúncia num vácuo; antes, capacita-nos a agir como Ele; “a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Rom 1;12

Muitos, por amor a Cristo fazem coisas heroicas, como perder a vida terrena e não negar Seu Nome. 

Nosso alvo não é sermos heróis; antes, salvos. Os que aprendem a conhecer O Senhor sabem quanto vale à pena. O capítulo 11 de Hebreus traz um “Rebanho” ao qual, covardes não têm ingresso.

Soa contraditório se entristecer com mortes à distância numa guerra sem sentido, quando, a única vida da qual somos mordomos se perde, e nada fazemos para que seja salva. “Escapa por tua vida!”

segunda-feira, 7 de março de 2022

A guerra


“De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” Tg 4;1

Rússia e Ucrânia digladiam-se numa guerra de repercussão mundial; muitos opinam sobre a culpa de A, ou B; até mesmo o Presidente Bolsonaro teria culpa; ouvi de um que foi graças à sua passagem por lá que explodiu o conflito. Francamente!

Pipocam postagens mostrando que, quem morre e quem faz as guerras, não são as mesmas pessoas.

Como tenho preguiça de ter preguiça de pensar, recuso-me ao comodismo pré-fabricado do lugar comum, da clonagem travestida de consciência, na trilha fácil da colagem dos alheios ditos.

Dado o peso da opinião púbica, para todas as guerras, por mais mesquinhos que sejam os motivos, sempre haverá certo pretexto plausível, quando não, nobre.

Vaticinando a guerra de uma confederação de nações que virão do norte, (de Israel) a Bíblia também apresenta a leitura dos motivos, malgrado, eventuais pretextos “nobres.” ao líder dessa confederação avisa: “... Dirás: Subirei contra a terra das aldeias não muradas; virei contra os que estão em repouso, habitam seguros; todos eles habitam sem muro; não têm ferrolhos nem portas; a fim de tomar o despojo, arrebatar a presa; tornar tua mão contra as terras desertas que agora se acham habitadas, contra o povo que se congregou dentre as nações, o qual adquiriu gado e bens...” Ez 38;11 e 12

Pretextos, danem-se!! O motivo é a velha pilhagem das riquezas alheias. “...a fim de tomar o despojo...”

“Especialistas” pipocam de todo lado aventando motivos “culturais, estratégicos, geopolíticos”, para fazer parecer que a pirataria tem matiz diferente; outro nome mais palatável. Estou tossindo e andando, para essas “explicações” envernizadas.

O bicho é tão feio quanto parece! Vidas inocentes são coisificadas, descartadas de modo vil, pela velha sede de poder e bens.

Malgrado, a brevidade da vida, muitos portam-se como se fossem viver eternamente; semeiam violência esperando que colherão flores. Em Jó, livro escrito aproximadamente, 1700 antes de Cristo, já se denunciava isso; “Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? E não são seus dias como os do jornaleiro?” Cap 7;1

Infelizmente, muitas guerras foram necessárias, rumo à terra prometida.

Mas, O Eterno não mandou lutar contra inocentes; antes, expôs os motivos: “Não chegarás à mulher durante a separação da sua menstruação, para descobrir sua nudez; não te deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela. Da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; não profanarás o Nome do teu Deus. Eu Sou O Senhor. Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é. Com nenhuma destas coisas vos contamineis; ‘porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que Expulso de diante de vós. Por isso a terra está contaminada; Eu visito sua iniquidade e a terra vomita seus moradores’.” Lev 18;19 a 25

Mais que uma guerra, estritamente; tratava-se de juízo. Ainda haverá uma outra semelhante, onde o motim Global previsto no salmo segundo ousará, contra o povo do Senhor.

Claro que, das guerras ordenadas pelo Senhor também resultaram despojos! embora, nunca fosse a posse desses, o motivo primeiro; mas, mero “efeito colateral”.

O Criador diz: “Meu é todo animal da selva, o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não te diria; Meu é o mundo e sua plenitude.” Sal 50;10 a 12 Disse mais: “Minha é a prata, Meu é o ouro...” Ag 2;8

Não são coisas, mas valores espirituais, os motivos pelos quais, O Eterno peleja. Qualquer conselho, ensino que desafine das coisas aprovadas por Ele devem ser alvo do “bombardeio” dos que conhecem à verdade.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Notemos que os “despojos" do pleito são o entendimento; da oposição se diz: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo...” II Cor 4;4

É triste ver inocentes morrendo; como, infelizmente, vemos todos os dias. Mas, os que acham tiranos “democratas”, descriminação das drogas, atitude desejável, aborto, um direito, não têm direito de se alarmar com violência; deveriam ter vergonha na cara, berrar suas diatribes, diante do espelho.