quinta-feira, 10 de março de 2022

Caminho de volta


“Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

Diferente dos sistemas coletivistas, onde, impõem uma ideologia, um líder, uma bandeira, palavras de ordem, o relacionamento com Deus proposto em Cristo prima pela liberdade de escolha do indivíduo; “Se alguém quiser...”

Nossos opositores chamam aos cristãos conservadores de ‘gado’; faz enorme diferença pertencer espontaneamente a um rebanho, por identidade, ou, ser coagido a fazer parte de outro, porque uma liderança nos impôs no berro, o que seria melhor para nós.

Circula nas redes uma frase atribuída a José Saramago, que o verdadeiro heroísmo seria o homem não pertencer a nenhum rebanho.

Duas objeções, inicialmente; primeira: O vero heroísmo é acidental; uma circunstância desafiadora demanda, e alguém se arrisca, mais por solicitude, que por algum anseio heroico. Assim, acontece quando e onde quer; não é algo que deva ser buscado por alguém psicologicamente sadio.

Segunda: Um herói só é visto assim diante da opinião pública. Essa, querendo ou não, é um rebanho. Dada a interatividade da vida moderna, ninguém conseguiria isolar-se totalmente; então, tal “heroísmo” acaba impossível, incoerente. Os que citam à referida frase se identificando com ela, formam o rebanho dos que não pertencem a rebanho nenhum. (??)

Deus não nos ensina enfrentarmos nossos semelhantes; antes, a nós mesmos; somos atores no teatro da vida. Cada um com seu “script” que deve interpretar oportunamente.

Não que nossos movimentos sejam “friamente calculados”, monótonos; mas, via de regra, seguem certo padrão; a esse chamamos de caráter.

São nossos “escritos interiores” que planejam ações, os pensamentos; derivam de aprendizados de valores via educação, atavismo, vivências de exemplos que, nos circunstanciam e acabam influindo nas escolhas.

Esse depósito de nossas mentes/almas, no aspecto do conteúdo, chamamos, conhecimento; na identidade moral, escala de valores; dessa derivam nossas aprovações ou reprovações.

A ruptura com O Criador trouxe a autonomia suicida; o ego; a afirmação de si mesmo, em detrimento da Vontade Divina. O primeiro passo rumo à reconciliação, naturalmente deve ser inverso ao que afastou.

O traidor disse: “Afirme a si mesmo, faça do seu jeito, liberte-se", aos que se reconhecem insuficientes, e ousam crer na Palavra do Senhor, o chamado é: “Negue a si mesmo...”

Não poderemos mudar nossas ações se continuarmos com o mesmo modo de pensar. Logo, a primeira renúncia necessária é do nosso rasteiro pensamento; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

O si mesmo que devo negar não será morto; antes continuará existindo e tentando me atrair às inclinações costumeiras; daí o segundo passo: “Tome sua cruz...” O si mesmo deve ser mortificado, tratado como se, morto; embora, exista e palpite ainda. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

“Siga-me”
; até onde? Ele mesmo responde: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus... que... humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;5 e 8

Pertencer a Cristo não significa não mais pecar; a carne segue existindo, “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Cada vez que sou tentado a algo segundo a carne, inimiga de Deus, e digo não! mortifico-a; trato-a como se estivesse morta; nego a mim mesmo, o eu natural, para que Cristo se expresse em mim, o eu regenerado, espiritual.

Não nos desafia a essa renúncia num vácuo; antes, capacita-nos a agir como Ele; “a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Rom 1;12

Muitos, por amor a Cristo fazem coisas heroicas, como perder a vida terrena e não negar Seu Nome. 

Nosso alvo não é sermos heróis; antes, salvos. Os que aprendem a conhecer O Senhor sabem quanto vale à pena. O capítulo 11 de Hebreus traz um “Rebanho” ao qual, covardes não têm ingresso.

Soa contraditório se entristecer com mortes à distância numa guerra sem sentido, quando, a única vida da qual somos mordomos se perde, e nada fazemos para que seja salva. “Escapa por tua vida!”

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