quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Divirta-se


“Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.” Col 4;5

É comum vermos “cristãos” mostrando incisivas armas, em ditos agressivos contra toda e qualquer aproximação; “Só me dê conselhos quando fores perfeito; pague minhas contas antes de palpitar na minha vida; sua opinião é sua; fique com ela...” coisas dessa estirpe, para deixar patente que não deseja proximidade, interação, muito menos, conselhos. Como uma tartaruga, esconde-se na própria carapaça.

“... cada qual cuida de si, e os outros que se danem...” Cantou Nelson Gonçalves.

Nos alheios a Cristo, ainda sob domínio do ego, embora insana, é compreensível a postura. Mas, os que se dizem cristãos não têm direito de agir assim. Se, pertencem ao Senhor devem ter entendido o “Negue a si mesmo.”

Somos membros de um corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo; assim, vivemos interdependentes. Malgrado, as funções sejam diferentes, todas são necessárias. Paulo explicou: “O olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;” I Cor 12;21 e 22

Vai além da esfera funcional; atinge até mesmo a emocional; “De maneira que, se um membro padece, todos padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos se regozijam com ele.” v 26
Assim, um “cristão” avesso a correção, conselhos, ensinos ainda não entendeu sua posição.

Pois, como vimos no texto que encabeça essa reflexão, até com os que estão fora devemos interagir, interessadamente; “Andai com sabedoria para com os que estão de fora... vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6

Prudência no falar; nuance da prescrita sabedoria; e, claro! como disse Pedro, termos ciência das razões pelas quais cremos; “santificai ao Senhor Deus em vossos corações; estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós;” I Ped 3;15

Uma pregação mais eloquente que palavras, atitudes; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Embora, fé venha pelo ouvir, ao nos verem atuar diferente nas questões espirituais e morais, isso despertará curiosidade neles, sobre nossos motivos para assim agir; nosso modo de caminhar na vereda da fé deve ser um precursor do Evangelho, como prescreveu Paulo: “calçados os pés na preparação do evangelho da paz;” Ef 6;15 Notemos que nosso andar é uma preparação, não pregação; feito isso O Espírito Santo completará a obra.

Como negar a eloquência da salvação, numa vida que, outrora errava em toda sorte de vícios, perversões, maldades; após ouvir o “vinde a Mim”, pouco a pouco foi sendo transformada num vaso novo; onde habitaram vícios vários, agora a virtude de Cristo faz assento?

O testemunho aos olhos é muito importante. Também capaz de gerar mudanças, como versou o salmista: “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Se, o mau testemunho gera uma reação dos que nos veem, “Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.” Mat 5;13 Eles nos pisariam. 

Eventual bom exemplo, enseja inquietações nas suas mentes; mais que ter algo a contar, fomos chamados a ‘sermos’ testemunhas vivas, por nosso modo de viver; “... ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém quanto em toda Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” Atos 1;8

Como o ensinado na parábola do Bom Samaritano, o próximo é aquele que se importa com a dor alheia, independente da raça, ou da função religiosa que exerça; o mandamento de amarmos ao próximo como a nós mesmos amordaça aquelas malcriações todas, próprias de egoístas, individualistas.

Não que falarmos a coisa certa baste; mas, não falarmos as erradas já é um primeiro passo; o caminhar demanda fazer as coisas que Cristo faria, ou aprovaria.

Fomos figurados como sendo sal e luz; nenhuma dessas coisas existe para si mesma; antes, para servir, ou, O Salvador errou as figuras, ou, muitos de nós inda erramos no entendimento.

Se, alguém descrê porque assim escolheu, paciência; ainda assim, deve ser alvo de nossas orações, para que receba o mesmo perdão regenerador que recebemos. “Para o tolo, cometer desordem é divertimento; mas para o homem entendido, divertimento é ter sabedoria.” Prov 10;23

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Híbridos


“Não semearás tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se degenere o fruto da semente que semeares e a novidade da vinha.” Deut 22;9

Preservar a pureza das espécies, sob pena de degeneração, caso houvesse mistura.

A simples sentença do Criador, que cada ser vivo reproduzisse conforme sua espécie trazia em si o veto aos hibridismos que o ser humano pudesse vir a forjar.

Se, supervisionando a Obra da Criação, “Deus viu que era bom,” cada arranjo em busca de uma espécie diversa implica uma crítica velada ao Criador; como se, algo que Ele aprovou pudesse ser melhorado pela mão humana.

A não observância disso, não se restringiu às coisas plantadas pelo homem; também nas relações afetivas a mistura trouxe degeneração. O profeta denunciou, daí, a mescla de diferentes espécies espirituais: “... porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual Ele ama, e casou com a filha de deus estranho.” Ml 2;11 “... Porque O Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela tua companheira, e a mulher da tua aliança. Não fez Ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? Por quê, somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.” vs 14 e 15

Pior que o divórcio, ainda se casaram com gente que adorava deuses estranhos; aí a degeneração espiritual se tornava inevitável.

Esdras teve que lidar com algo assim, quando o povo retornava do cativeiro.

Ao saber que muitos judeus tinham casado com mulheres estrangeiras orou entristecido; “Tornaremos, pois, agora a violar os Teus Mandamentos e a aparentar-nos com os povos destas abominações? (As abominações eram os deuses dos povos, não as pessoas) Não te indignarias tu assim contra nós até de todo nos consumir, até que não ficasse remanescente nem quem escapasse?” Ed 9;14” “Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres, e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; faça-se conforme a Lei.” Ed 10;3

Um divórcio coletivo foi feito. O Eterno silenciou; pois, o motivo do mesmo foi evitar a degeneração espiritual, não o mero repúdio por razões mesquinhas.

Comparando Seu Povo com uma vinha, O Senhor denunciou a degeneração; a incapacidade de produzir os frutos, por Ele desejados. “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando Eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;4 e 7

Um povo que fora chamado para ser puro e santo estava degenerado; falhava até nas relações comerciais, movidos pela cobiça; “Ai dos que ajuntam casa a casa, campo a campo, até que não haja mais lugar; fiquem como únicos moradores no meio da terra!” Is 5;8 

Naquilo que aumentaram mediante fraude, pelo juízo de Deus seriam diminuídos; “... Em verdade que muitas casas ficarão desertas; as grandes, excelentes, sem moradores.” v 9

Aos do Novo Testamento, outra “Videira” foi dada; “Eu Sou a Videira Verdadeira, Meu Pai é O Lavrador. Toda vara em mim, que não dá fruto, tira; e limpa aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

O risco de degenerar, agora, não é da “Videira”; mas, das varas. Toda sorte de deuses estranhos à Palavra de Deus tem grassado por aí, nas ondas pujantes do ecumenismo; a pureza que O Santo ama, tem sido depreciada como “radicalismo, intolerância, fundamentalismo, discurso de ódio...”

Quem, deveras, nasceu de novo e está em Cristo, não tem direito de macular isso com a mescla entre “diferentes espécies”, sob a mesma pena aquela: Degeneração.

O antídoto contra adesão aos ensinos alternativos é a edificação; se possível, até à Estatura de Cristo, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

Permanecer na Videira, frutificar, requer identificação com a raiz; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

As coisas são relativamente simples ao entendimento, embora, seja complexa a perseverança. 

Ajudados pelo Espírito Santo, podemos viver em Cristo; Sua Pureza nos é imputada para salvação; ou, aceitarmos o coquetel do mundo, bebido sob aplausos humanos, pra depois acordarmos com a ressaca da perdição.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

A Marca da Besta

“Faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.” Apoc 13;16 e 17

À medida que o fim se aproxima, textos de cunho escatológico tendem a ser mais escrutinados, sobretudo esse, que trata da famigerada “Marca da Besta”.

Ouvindo diversos intérpretes percebo que, a maioria deles, pregadores renomados, esposam a ideia que a “marca” é uma identificação ideológica, afinidade espiritual, atual, não uma marca, literalmente.

Estar na mão tipificaria nossos atos, e na testa nosso modo de pensar; Como Deus ordenou um memorial amarrado no braço ou preso entre os olhos.

Os que não se alinharem com o sistema global em gestação, serão excluídos; essa exclusão equivaleria a tolher de mercadejarem no mundo globalizado.

Quem costuma ler o que escrevo sabe que minha levada não é prioritariamente escatológica; movo-me mais na área da edificação que na de intérprete das últimas coisas. Há tantos mais aptos por aí; todavia, agora me atrevo.

E, atrevido, ouso discordar desses renomados que defendem que a “marca” não será literal, e que, muitos, por afinidade com o “admirável mundo novo” inda embrionário, já estariam marcados.

Primeiro; a ordem de se trazer consigo uma lembrança foi entendida e praticada literalmente, pelos judeus; “As atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.” Deut 6;8 Assim, embora o teor fosse espiritual, o “veículo” para ter o mesmo na memória era físico, literal.

Logo, o argumento da imitação faria o inimigo ser de mais acuidade e percepção espiritual que O Criador; pois, Esse, ordenou-o, literalmente; mas, para a oposição bastaria mera afinidade espiritual; assim, com o devido respeito, o argumento da contrafação é pueril.

Segundo; quem tem algum discernimento, e consegue ir além das narrativas fajutas da mídia prostituta sabe que o “zelo com saúde” que restringe uma série de coisas e requer diversas vacinas para o mesmo mal, tem a ver com controle de massa, rebanho; saúde nunca foi preocupação dessa gentalha que pretende governar o mundo.

O tal “Passaporte sanitário” tencionado em várias partes, eventualmente imposto, agora, rejeitado em países da América do Norte e Europa foi um ensaio, para quando a marca de “Cidadão do Mundo” for obrigatória. 

Se, o “ensaio” requeria um documento comprobatório de submissão ao sistema, por quê, quando for à vera seria meramente ideológico?

Terceiro; se a “Marca” fosse afinidade espiritual e ideológica com o sistema mundano, por quê e como, poderia ser de três maneiras diferentes? Pode ser “O sinal, o nome, ou o número do seu nome...”

A tecnologia possibilita inúmeras formas de identificação; digitais, íris, voz, reconhecimento facial, identidade digital... Sendo, como acredito, um sistema ancorado na tecnologia, as possibilidades de identificação excedem em muito a três; parece que o sistema e seu príncipe escolherão três modos distintos com a mesma funcionalidade.

Em tempos de criptomoedas e adjacências, ninguém precisa ser gênio, ou profeta para saber que breve o dinheiro físico desaparecerá; no império tecnocrático, quem não “andar na linha” traçada pelo Capiroto será excluído; alijado do sistema. Não tendo acesso ao mundo virtual, óbvio que não poderá comprar nem vender, como vaticina A Palavra de Deus.

Todos os documentos se fundirão numa identidade digital, sem a qual, nada feito.

Temos ainda os Adventistas com sua ideia fixa do “Decreto Dominical” por darem ao sábado, um peso maior que A Bíblia dá. Todas as leis do reino fugaz do capeta serão contrárias À Lei de Deus por completo. A inversão de valores que grassa já é amostra do pano. A Palavra que inda pregamos com apenas sinais de perseguição será vetada completamente.

Pouco importa qual dia será escolhido pela fé ecumênica concomitante ao reino; será um motim contra O Ungido, Jesus Cristo, não, contra os mandamentos dados mediante Moisés. Ver salmo segundo.

O que faz desnecessário O Eterno marcar literalmente os Seus, senão com O Selo do Espírito Santo é Sua Onisciência, capaz de ler o Espírito do Homem; “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo interior até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27

O que tornará obrigatório a marcação literal dos servos do inimigo é sua limitação de criatura, privado de Onisciência e Onipresença. Sua “ubiquidade” possível virá pela árvore da ciência, pois à da Vida ele não tem acesso.

Claro que, afinidade espiritual com O Santo é imprescindível, e com a oposição será letal. Porém, Deus regenera filhos, o inimigo arrebanha gado; natural e lógico, pois, seu “ferro em brasa.”

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Os grandes vazios


“Irei aos grandes e falarei com eles; eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Jr 5;5

Na iminência de um juízo severo, o profeta recebera ordem de procurar algum sujeito decente; “Dai voltas às ruas de Jerusalém, informai-vos, buscai pelas suas praças, pra ver se achais alguém; se há um homem que pratique a justiça, busque a verdade; Eu lhe Perdoarei.” v 1

Esse ditoso, caso existisse, seria poupado do julgamento vindouro.

Triste decadência! A nação que fora chamada para ser “Reino sacerdotal, povo santo”, sendo investigada em minúcias para ver se nela se encontraria um justo.

Religiosos eram, porém, hipócritas; “Ainda que digam: Vive O Senhor, de certo, falsamente juram.” v 2

Apesar do COVID da época o povo não mudava; não emendava seus caminhos segundo Deus. “Ah Senhor, porventura não atentam Teus olhos para a verdade? Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os e não quiseram receber correção; endureceram suas faces mais que uma rocha; não quiseram voltar.” v 3

Óbvio que Deus enviara enfermidades, juízos mediante a natureza, e nada; nenhum sinal de mudança, arrependimento.

A breve oração de Jeremias evidencia que sua busca por um justo se revelara fracassada. Então, decidiu aprofundar a “pesquisa;” “Eu, porém, disse: Deveras estes são pobres, loucos; não sabem o Caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem...” vs 4 e 5

Talvez, pensou o infeliz investigador, a questão nem seja tanto por maldade, mas ignorância; esses são a ralé. Vou aos grandes, aos entendidos, lá acharei. Triste ingenuidade. “...estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” v 5

A condição social elevada nunca foi sinônimo de moral mais alta; geralmente é o contrário, como cantou Elis Regina: “tá cada vez mais down the high society”. (cada vez mais baixa a alta sociedade) “... o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Observando nosso STF, e o Congresso, salvas três ou quatro honrosas exceções, não precisamos vistas mui apuradas para constatar o cumprimento cabal da profecia citada.

Nos Seus dias, Cristo ensinou todos, pequenos e grandes; mas, a rejeição mais ferrenha foi dos da elite religiosa; Falando com esses, O Salvador colocou os pingos nos is: “... Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes, mas os publicanos e as meretrizes creram...” Mat 21;31 e 32

O cerne da questão era ouvir, crer e se arrepender, a despeito da condição social.

Essa balela rapino-ideológica de “inclusão social, preferência pelos pobres” nunca foi ensino das Escrituras. Deus busca aos fiéis, malgrado, seus bens. “Os Meus Olhos buscarão aos fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Riqueza não é agravante, nem pobreza, atenuante; justiça e direito contam. “...numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Ex 23;2 e 3

Como, normalmente os “grandes” se mostram orgulhosos, cheios de justiça própria, e a humilhação é o juízo predito para o orgulho, Deus chama aos pequenos, por duas razões: a possibilidade deles ouvirem é maior; os que ouvem e mudam servem, quando exaltados, de juízo e confusão aos “grandes” presunçosos.

“Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;27 a 29

Antes de pensarmos iludidos que somos melhores que os ímpios dos dias de Jeremias, algumas considerações são necessárias: Acaso a pandemia que grassa logrou reacender das cinzas a chama do temor esquecido? Aumentaram conversões de gente que, à amostra grátis do juízo porvir decidiu arrepender-se?

A fúria da natureza, enchentes, furacões, tufões, tsunamis teve algum contraponto em mudança de vida para melhor??? De novo, como naqueles dias, se verifica o mesmo; “... Feriste-os, não lhes doeu; consumiste-os, não quiseram receber correção; endureceram suas faces mais que uma rocha; não quiseram voltar.”

Os apelos do amor se revelando insuficientes, só sobra ao Eterno a necessária justiça. “Deixaria Eu, de castigar por estas coisas, diz O Senhor, ou não se vingaria a Minha Alma de uma nação como esta?” Jr 5;9

Ainda, o Amor lança derradeiros brados; breve será o juízo, sem apelação. “O que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Excesso de bagagem


“Todo homem, a quem Deus deu riquezas, bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar sua porção, gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.” Ou;

“Um homem a quem Deus deu riquezas, bens, honra; nada lhe falta de tudo quanto deseja; Deus não lhe dá poder para daí comer; antes, o estranho o come; também, isto é vaidade, e má enfermidade.” Ecl 5;19 e 6;2

Temos nesses versos a exposição de duas situações semelhantes: Pessoas abastadas, porém, com predicados diferentes. Uma pode usufruir suas posses, a outra, não.

Ora, se o direito à propriedade é sagrado em qualquer regime democrático, por que alguém não pode usufruir o que possui? Acontece que essa restrição não reside nas leis humanas; antes, na alma de tal “rico”. Para o que pode, o dinheiro é um meio; para o outro, um fim. Aquele, do que possui faz sua vida regalada; esse, do que ainda não tem, o alvo da sua cobiça.

Assim foi com Acabe, por exemplo; mesmo com as regalias do palácio real, sofria por não ter a vinha de Nabote. A megera rainha Jezabel maquinou como possuí-la a preço de fraude e sangue; isso lhe custou a vida.

Então, quando Deus “dá poder” para usufruir, devemos entender com isso uma alma iluminada quanto ao papel dos bens forjando um coração liberal, altruísta. “Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também, isto é vaidade, aflição de espírito.” 6;9

Muitos católicos que fazem peregrinações, como a de Santiago de Compostela na Espanha, por exemplo, dizem que o primeiro aprendizado é que devem descartar tudo o que for supérfluo para que a bagagem seja um socorro essencial, não, um peso.

Se sabemos que a vida terrena é mera peregrinação, posto que mais extensa que aquela, por que nos sobrecarregarmos de bagagens mui pesadas que não poderemos levar além? “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas, a fartura do rico não o deixa dormir.” 5;12 Algumas nuances do “não poder” desse ser, materialmente apegado.

Desgraçadamente, muitos que se dizem evangélicos, ao invés de viver e ensinar o vero sentido de nossa peregrinação, cujo alvo é ser sal e luz aos semelhantes e ajuntar Tesouros no Céu para si, ensinam a cobiça mundana, como se, âncora e asas fossem sinônimos.

Ora, o Salvador denunciou que, do que o coração está pleno, a boca fala. Lógico e natural que seja assim. Como apresentaria eu, a outrem, como desejável, aquilo que não for desejável para mim? Assim foi o pecado original. Satanás propôs como alvo ao primeiro casal algo que era seu sonho; ser como Deus.

Então, quando um pilantra qualquer acena ainda que pisoteando textos bíblicos, com a busca de mais bagagem mediante a fé, obscenamente expõe seu avarento coração; e sua mensagem só ecoa noutro igual. Assim, tais igrejas vivem sua “simbiose”; incauto e mercenário completam-se, numa versão gospel de otário e vigarista.

Claro que em casos de privação alheia, os bens são a primeira “oração” que devemos fazer em socorro de um necessitado qualquer; não se trata de omitir o óbvio. 

A ideia é uma profilaxia para evitar que a mosca dourada da cobiça nos possa inocular seu vírus. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” 5;10

Não alude aos bens em si; antes, a um sentimento deslocado que faz amar coisas, bens, quando deveria fazê-lo em relação a pessoas. Paulo amplia isso: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;10

O livro de Atos traz o exemplo de Ananias e Safira que, por amor ao dinheiro mentiram solenemente perante Deus; isso lhes custou mais que dores; a vida.

Conheço pessoas de bem poucos bens que vivem felizes; e outras de muitas posses, que sofrem; todos conhecem! Certo que é saudável certa emulação ao vermos a prosperidade de nossos semelhantes, que nos faz trabalharmos também, em busca de melhorias das nossas condições de vida. 

Entretanto, é insano e destrutivo dar asas à cobiça desenfreada; pois, além de não apreciarmos devidamente o que temos, podemos incorrer em ilícitos almejando o que sequer carecemos. Façamos nossa a oração de Agur.

“Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, …ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o Nome de Deus em vão.” Prov 30; 8 e 9

O sábio e o louco


“Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia sua loucura.” Prov 13;16

Seguidamente deparo com uma frase onde alguém diz gostar de ver um sábio fingindo ser tolo, observando ao tolo que finge ser sábio.

Algumas “sabedorias”, dessas diluídas por coladores de banners que se sentem filósofos; não passam de jogos de palavras, cujo sentido, se for devidamente escrutinado traz algumas varáveis que escapam ao “jogo.”

Poderíamos dizer que, ambos, o sábio e o tolo, pretendem parecer o que não são. Ora, a simples difusão de ideias alugadas, por quem se recusa a pensar por preguiça mental, ou sei lá o motivo, já traz em si certa pretensão de possuir uma luz ausente. Fazer cortesia com chapéu alheio, como se diz. Assim, temos um tolo pretendendo-se sábio, e denunciando aos que isso fazem.

“Pensar é o trabalho mais duro que há; essa, talvez, seja a razão pela qual tão poucos se ocupam disso.” Henry Ford

Segundo a Bíblia, dito por aquele que foi o mais sábio dos homens, Salomão, o melhor disfarce para um tolo se esconder é o silêncio; “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28 Como poderia “se disfarçar de sábio” sem “matéria-prima” para isso?

Pois, as facilidades da tecnologia interativa são tentadoras demais, para que alguém ainda use esse disfarce, o silêncio; “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia sua loucura.” Prov 13;16

Como uma lata rolando vazia tende a fazer mais barulho que outra, cheia, assim, mais fala quem precisaria ouvir.

O silêncio do sábio não visa escondê-lo; como, sua fala também não tem necessidade de aparecer; se, é de fato sábio, já fez seu assento acima dos aplausos e das vaias circunstantes.

Seu silêncio é consorte da sua leitura da vida; sua fala uma tentativa de difundir um feixe de luz. Há um provérbio hindu que diz: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio”. Temendo que sua fala possa não ser assim, muitas vezes se cala.

Quando digo sábio, porém, não pretendo identificar um manancial de conhecimento, com sapiência para dar e vender; antes, um que, por ciente das suas ignorâncias tenta aprender; enriquecer sua alma com o mais precioso dos bens; “Pobreza e afronta virão ao que rejeita a instrução, mas o que guarda a repreensão será honrado.” Prov 13;18

Sua “Sabedoria” consiste em identificar a sede de conhecimento, e beber na Fonte certa; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Notemos que os opostos ao sábio, nem são por razões intelectuais; ignorância. Antes, por insanidade que os indispõe à sabedoria; são loucos.

Embora o sábio possa ter em seus depósitos coisas pra dividir é uma alma sempre disposta à aquisição de mais, das riquezas que, deveras, contam; “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;8 e 9

Esse, pois, não se finge de tolo, age com prudência; sabe das suas tolices contra as quais luta diuturnamente, na arena da instrução. Não vive desnudo exibindo seus “músculos” tatuados; sua intervenção é pontual, quando julga oportuno. Prudência caminha com ele.

Infelizmente são os números que valoram bens nessa sociedade consumista, não a essência das coisas. Daí, “influencers” cujos seguidores são muitos, malgrado, sua influência seja pífia, inútil, deletéria até, estão “bombando”; pois, a galera quer “Causar” não mergulhar nas profundezas em busca das pérolas do saber.

De novo, Salomão: “Melhor é a sabedoria que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e suas palavras não foram ouvidas. As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais que o clamor do que domina entre os tolos.” Ecl 9;16 e 17

Desnecessário perguntar se a geração atual prefere ler bons textos, ou rir de “memes” jocosos, e expor frases breves sobre as quais nem se ocupa em pensar. Vivem “colando” alheios pensares e sentem-se descolados.

Todos já ouviram versar, ensinam até, que a verdade liberta; pacífica sentença. Todavia, quando a Verdade diz que meu algoz sou eu mesmo, que preciso negar-me em submissão a Cristo para ser livre desse verdugo inclemente, o desejo pecaminoso, logo a brincadeira perde a graça. Os “influencers” ensinam que devo ser eu mesmo...

Por isso o oposto do sábio é o louco. Suicida-se em nome do comodismo, enquanto aquele, nega-se por amor à vida. Assim, o sábio parece “morto” por amar à vida; e o tolo camufla de curtir a vida, os andrajos da sua morte.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

A Ira Divina


“Não se desviará a Ira do Senhor, até que execute e cumpra os desígnios do Seu Coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.” Jr 23;20

Certa vez um pastor perguntou: “De quê, Jesus Cristo nos salva?” Alguma hesitação reinou no ambiente, dado o inusitado da questão; então, um respondeu; do inferno; outro, da perdição; um terceiro, da morte; ... dos pecados, do juízo... finalmente, um, para deleite do pastor disse: Ele nos salva da ira porvir.

“Todas as respostas têm uma parcela válida; mas, essas coisas citadas são nuances da expressão da Ira do Senhor.” - ensinou.

Com isso concordam os textos bíblicos; aos religiosos ímpios que descansavam à sombra da própria religiosidade João Batista questionou: “... Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?” Mat 3;7

Aos que recusam a mudar seu modo de vida a ameaça da Ira permanece. “Mas, segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5

Contudo, parece que a Ira Divina, mesmo se expressando, eventualmente, não é entendida como tal; por isso, “... nos últimos dias entendereis isso claramente.”

Geralmente as manifestações pontuais da Ira Divina são diluídas como fatalidades, ou, “força da natureza.”

Nos dias de Ageu, como os “sinais naturais” não bastaram para deixar patente o descontentamento Divino, O Eterno enviou o profeta como um que deixa claro o que, deveria ser óbvio; “Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vesti-vos, porém ninguém se aquece; o que recebe salário, recebe-o num saco furado... Por causa da Minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso retém os céus sobre vós o orvalho; a terra detém seus frutos.” Cap 1; v 6, 9 e 10

Sempre a “ciência” tem uma explicação aparentemente satisfatória para as grandes catástrofes naturais; a ideia dessas coisas serem manifestações da Ira Divina em pequenos “adiantamentos”, como apelos do Pai para que emendemos nossas vidas, soaria como coisa ridícula, devaneios “negacionistas” dos que descreem da “ciência.” Pois é.

A Palavra de Deus é categórica: “A terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

Maldições por causa da impiedade.

O cenário porvir será demasiado trágico; lá, essas “explicações científicas” é que cairão no ridículo quando, a Ira Divina se expressar de forma diáfana.

Será tão clara que seus alvos clamarão pedindo um “plano B”, mesmo que suicida, para tentar fugir dela. “Diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, escondei-nos do rosto Daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira; quem poderá subsistir?” Apoc 6;16 e 17

Embora, para o catolicismo existam sete “pecados capitais”, sendo um deles, a ira, a Bíblia jamais apresenta assim. Essa, por um motivo justo é uma reação esperável; malgrado, seja uma má conselheira e não devamos atuar movidos por seu calor, se nos concede esse direito; “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira.” Ef 4;26

Se ela fosse pecado, Deus, que não pode ser atraído pelo mal, não a sentiria; “Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.” Salm 7;11

A segurança dos salvos em Cristo, pois, está no fato que, além da mudança cabal da vida aqui, Ele nos livra das consequências da ira, lá; quando, ao seu tempo, se manifestar. Além de adorar ao Salvador, agradecidos, estamos a “Esperar dos céus a Seu Filho, (de Deus) a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.” I Tess 1;10

E aos que se sentem seguros em suas idiossincrasias, achando que, vivendo cada um da sua maneira tudo está bem, é um direito que lhes assiste, a mesma pergunta feita por João Batista cabe: “Quem vos ensinou a fugir da Ira futura?”

Diferente da ideia que O Relojoeiro criou um “relógio automático” e deixou-o à sorte para que funcione sozinho, esse planeta será chamado a prestar contas dos seus atos, pelo seu Criador.

As alternativas são duas, claras; lutar contra Deus, o refazer a paz com Ele. “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim, na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Que se apodere da Minha Força, e faça paz Comigo; sim, que faça paz Comigo.” Is 26;4 e 5

Paz com Deus requer negar a si mesmo, submisso a Cristo; então, “O efeito da justiça será paz...” Is 32;17