sábado, 19 de fevereiro de 2022

O sábio e o louco


“Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia sua loucura.” Prov 13;16

Seguidamente deparo com uma frase onde alguém diz gostar de ver um sábio fingindo ser tolo, observando ao tolo que finge ser sábio.

Algumas “sabedorias”, dessas diluídas por coladores de banners que se sentem filósofos; não passam de jogos de palavras, cujo sentido, se for devidamente escrutinado traz algumas varáveis que escapam ao “jogo.”

Poderíamos dizer que, ambos, o sábio e o tolo, pretendem parecer o que não são. Ora, a simples difusão de ideias alugadas, por quem se recusa a pensar por preguiça mental, ou sei lá o motivo, já traz em si certa pretensão de possuir uma luz ausente. Fazer cortesia com chapéu alheio, como se diz. Assim, temos um tolo pretendendo-se sábio, e denunciando aos que isso fazem.

“Pensar é o trabalho mais duro que há; essa, talvez, seja a razão pela qual tão poucos se ocupam disso.” Henry Ford

Segundo a Bíblia, dito por aquele que foi o mais sábio dos homens, Salomão, o melhor disfarce para um tolo se esconder é o silêncio; “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28 Como poderia “se disfarçar de sábio” sem “matéria-prima” para isso?

Pois, as facilidades da tecnologia interativa são tentadoras demais, para que alguém ainda use esse disfarce, o silêncio; “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia sua loucura.” Prov 13;16

Como uma lata rolando vazia tende a fazer mais barulho que outra, cheia, assim, mais fala quem precisaria ouvir.

O silêncio do sábio não visa escondê-lo; como, sua fala também não tem necessidade de aparecer; se, é de fato sábio, já fez seu assento acima dos aplausos e das vaias circunstantes.

Seu silêncio é consorte da sua leitura da vida; sua fala uma tentativa de difundir um feixe de luz. Há um provérbio hindu que diz: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio”. Temendo que sua fala possa não ser assim, muitas vezes se cala.

Quando digo sábio, porém, não pretendo identificar um manancial de conhecimento, com sapiência para dar e vender; antes, um que, por ciente das suas ignorâncias tenta aprender; enriquecer sua alma com o mais precioso dos bens; “Pobreza e afronta virão ao que rejeita a instrução, mas o que guarda a repreensão será honrado.” Prov 13;18

Sua “Sabedoria” consiste em identificar a sede de conhecimento, e beber na Fonte certa; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Notemos que os opostos ao sábio, nem são por razões intelectuais; ignorância. Antes, por insanidade que os indispõe à sabedoria; são loucos.

Embora o sábio possa ter em seus depósitos coisas pra dividir é uma alma sempre disposta à aquisição de mais, das riquezas que, deveras, contam; “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;8 e 9

Esse, pois, não se finge de tolo, age com prudência; sabe das suas tolices contra as quais luta diuturnamente, na arena da instrução. Não vive desnudo exibindo seus “músculos” tatuados; sua intervenção é pontual, quando julga oportuno. Prudência caminha com ele.

Infelizmente são os números que valoram bens nessa sociedade consumista, não a essência das coisas. Daí, “influencers” cujos seguidores são muitos, malgrado, sua influência seja pífia, inútil, deletéria até, estão “bombando”; pois, a galera quer “Causar” não mergulhar nas profundezas em busca das pérolas do saber.

De novo, Salomão: “Melhor é a sabedoria que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e suas palavras não foram ouvidas. As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais que o clamor do que domina entre os tolos.” Ecl 9;16 e 17

Desnecessário perguntar se a geração atual prefere ler bons textos, ou rir de “memes” jocosos, e expor frases breves sobre as quais nem se ocupa em pensar. Vivem “colando” alheios pensares e sentem-se descolados.

Todos já ouviram versar, ensinam até, que a verdade liberta; pacífica sentença. Todavia, quando a Verdade diz que meu algoz sou eu mesmo, que preciso negar-me em submissão a Cristo para ser livre desse verdugo inclemente, o desejo pecaminoso, logo a brincadeira perde a graça. Os “influencers” ensinam que devo ser eu mesmo...

Por isso o oposto do sábio é o louco. Suicida-se em nome do comodismo, enquanto aquele, nega-se por amor à vida. Assim, o sábio parece “morto” por amar à vida; e o tolo camufla de curtir a vida, os andrajos da sua morte.

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