sábado, 5 de fevereiro de 2022

Senhores das moscas


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! que dizimais hortelã, endro, cominho, e desprezais o mais importante da lei; juízo, misericórdia e fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.” Mat 23; 23 e 24

No afã de desautorizar aos mercenários da praça que usam a Obra de Deus como pretexto para suas cobiças, muitos paladinos dos desigrejados defendem que, o dízimo era coisa do Antigo Pacto, desnecessário agora, dado que os templos somos nós, nem congregações carecemos.

Que cada salvo em particular é “templo do Espírito” ou edificado para “morada de Deus no Espírito” isso é cristalino na Palavra.

Entretanto, a igreja é figurada como um corpo interativo, coeso, onde, membros mais nobres devem honrar aos mais frágeis; todos têm necessidade, uns dos outros.

Daí a exortação para que se mantenha assim segundo o projeto do Cabeça desse corpo, Cristo: “Não deixando nossa congregação, como é costume de alguns, antes, admoestando-nos uns aos outros; tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Heb 10;25

A simples existência de congregações bem como, obreiros de tempo integral, traz certos custos que demandam contrapartida dos membros. O Salvador não vetou o dízimo apenas desfez a inversão de valores. Achavam que fazendo aquilo bastava, ou que era o mais importante. Recolocando cada coisa no seu lugar, dos dízimos disse: “Deveis fazer essas coisas...”

Segundo a metáfora do Senhor, as obrigações materiais com a obra seriam o “mosquito”, o menos valioso; enquanto, o “camelo”, seria negligenciar as coisas mais importantes da Lei; “juízo, misericórdia e fé.”

Logo, entendemos que dízimos e ofertas, embora necessários, são coisas de menor monta, sendo o juízo, pela aversão do Santo ao pecado, a misericórdia, nosso engajamento amoroso com as carências do semelhante, e a fé, nossa confiança irrestrita em Deus e Sua Palavra, valores que devem ocupar espaço principal em nosso serviço.

O problema dos mercadores da Palavra é maior que um mosquito. Se, anunciassem segundo o juízo, condenariam a simonia mediante o fetichismo, invés de estimulá-la; Segundo à misericórdia atentariam primeiro, às necessidades das pessoas, não da igreja; segundo a fé descansariam na suficiência de Deus.

Sendo nossas prioridades o que o Senhor avalia como prioritário, Ele suprirá as coisas menores também. “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Umas somos exortados a buscar, outras, nos são prometidas livremente. É perigoso, como já vimos, espiritualizar a interpretação dizendo que nós somos os templos do Espírito Santo, não carecemos edificar igrejas, e sim edificar pessoas, mediante ensino.

Em parte, isso é verdadeiro, mas não totalmente honesto. Há necessidades reais, com devidos custos de provisão e manutenção. O que tem ocorrido com frequência é que o mosquito tem virado camelo; o material tem preponderado. 

Num caso, quando amamos o dinheiro; sofremos ao fazermos nossa parte, nos vemos a discutir e forçar textos bíblicos, para “provar” que não carecemos mais dizimar;

noutro, quando a igreja faz do dinheiro o tema de suas mensagens constrangendo pessoas, seja, vendendo bênçãos, seja, ameaçando com maldições. Esse segundo caso, como que, ampara ao primeiro. "O amor ao dinheiro é a raiz de espécie de males."

Então ao permitir a “marca da besta” que, de certa forma será o dinheiro do porvir, O Eterno estará separando bodes de ovelhas ainda na terra.

Essa turba mercenária preocupada com ostentação, os “Templos de Salomão” e assemelhados, como escolherá O Senhor quando for “só Ele” sem honra nem conforto acessórios?

Como cada comichão tem defensores; materialistas associam-se aos semelhantes e passam a caçar insetos com rifles.

Verdade seja dita, a maioria dos que são roubados pelos mercenários merecem sê-lo. Sabem o que todo mundo sabe mas, preferem a mensagem fácil do “pare de sofrer” que a Cruz de Cristo.

Traídos pela própria cobiça e ilusão, acreditam que esses “ungidos” tem mesmo acesso a Deus, e podem manipulá-lo ao seu bel-prazer.

Não dói nada ser fiel nos bens do Senhor.
Se as árvores se conhecem pelos frutos, esses que, perturbam trabalhos sérios estabelecidos com seus ensinos parciais que tipos de frutos dão?

Aos mercenários da praça Deus julgará. A tentação mais perigosa nesse contexto é “justificar” nossa avareza, omissão, ou amor ao dinheiro, em nome duma “doutrina” de fundo de quintal. Cuidado!

Na verdade, é mais fácil honrar a Deus com “as primícias de nossa renda”, que com nosso modo de viver. Bebamos, pois, a pura Água da Vida, sem o mosquito e sem o camelo.

"A avareza é um tirano bem cruel; manda ajuntar e proíbe o uso daquilo que se junta; visita o desejo e interdiz o gozo." (Plutarco)

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