quarta-feira, 17 de março de 2021

Atrasos da pressa

“... Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que sucedeu.” Êx 32;1

Esse fragmento poderia ser emoldurado e colocado em realce numa parede, se, alguém desejasse “honrar” devidamente à estupidez humana.

Ilusão sobre as coisas; desconhecimento da história recente; futuro projetado à partir da ignorância. Perece nossos políticos “cuidando” de nós, na pandemia.

“Faze-nos deuses...” O que pode ser feito pela mão do homem, necessariamente será produto desse; portanto, menor que ele.

A fé sempre foi um “recurso” para as coisas transcendentes; as que estão além das nossas possibilidades. Por quê oraria alguém a uma Divindade clamando por algo que está já em seu poder fazer? Ou pior: Rogando a algo feito por ele?

Não pedimos a Deus que faça-nos as coisas cotidianas; antes, que nos Dê saúde, meios para que as façamos. “Faze-nos deuses” pode ser lido, sem nenhuma barra forçada, como, produza enganos para nós; forje-nos ilusões que nos sejam drogas psíquicas.

“Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito...” Ora, embora tenha sido um instrumento, Moisés nunca pretendeu agir por conta própria; disse que Deus o enviara; fez os sinais miraculosos que testificavam disso; as pragas precursoras do livramento, nenhuma poderia ser derivada de mão humana. Sempre se colocou como servo Daquele que o instruía sobre o que fazer/falar e confirmava à Palavra.

Portanto, a história recente do fantástico livramento que receberam já estava maculada por narrativas falaciosas, meias verdades, omissões.

A sofreguidão crente, apressada com que saíram do cativeiro, ao primeiro teste, esperar alguns dias, estava transformando-se em incredulidade. Mesmo tendo visto milagres como jamais se viu na história, em curto período, estavam fazendo vistas grossas àquilo; dispostos a um recomeço autônomo. Não precisavam mais do Deus de Milagres. Fariam seu próprio deus.

Se, Moisés, homem de fé ficou “firme como vendo o invisível”, a incredulidade dos que assediaram Aarão para que fizesse o bezerro de ouro abalou-os, não obstantes, tantos sinais visíveis. Então, a fé apela antes, aos ouvidos espirituais, que aos olhos; “A fé vem pelo ouvir; e ouvir da Palavra de Deus.”

Fé nos “deuses” que se pode fazer, ver, apalpar no fundo, é um testemunho de incredulidade, ignorância espiritual, como denunciou Isaías: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Cap 45;20

Antes, o Próprio Eterno dissera que não permitia que Seus Feitos fossem atribuídos aos simulacros pobres de humana criação; “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Cap 42;8

“... porque (a Moisés) não sabemos o que sucedeu.”
Eis a “base” das novas decisões deles. Deveriam fazer algo, porque não sabiam o que acontecera. Desde quando que o não saber patrocina decisões? Acaso não foram um coluna de fogo à noite e um nuvem de dia que os conduziram em marcha até então? Sempre andaram sabendo em qual direção Deus apontara.

Mas, se de repente O Eterno parar de colocar “sinais de trânsito” como fica? “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Se O Eterno ordenara mediante Moisés que esperassem sua volta com Suas instruções, era só isso que deveriam fazer.

Lembro que congreguei numa igreja onde alguns obreiros eram “pentecostalistas;” adeptos de barulho, línguas, vigílias, campanhas para dar asas aos retetés da vida; outros, entre os quais eu, achavam mais importante o ensino a edificação.

À noite sonhei que marchávamos em fila indiana. O obreiros “avivados” estavam no meio da fila; jogavam-se ao chão falavam línguas profetizavam; deles para trás eram imitados pelas pessoas; eu olhava aquilo e ouvia uma voz que dizia: “Apenas marchem”. Contei o sonho ao Pastor que decidiu como seria, então.

Assim é em nossa caminhada; não precisamos artifícios, incrementos espetaculosos, e doenças afins derivadas das humanas inquietações. Não raro a quietude é o “movimento” mais adequado; “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele Levantará, para Se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A escolha afoita e profana dos que não souberam esperar o retorno de Moisés redundou em milhares de mortes.

Os olhos da fé servem não somente para que creiamos; mas para que possamos ver nuances da Divina perspectiva; pois, “O Senhor não retarda Sua Promessa...” II Ped 3;9

terça-feira, 16 de março de 2021

Orações sem noção


“Se o Meu povo, que se chama pelo Meu Nome, se humilhar, orar, buscar Minha Face e se converter dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, Perdoarei seus pecados e Sararei sua terra.” I Cron 7;14

Tenho deparado com esse verso repetidamente nas redes sociais, como se fosse uma receita para nos evadirmos à pandemia que grassa; alguns publicam essa “receita”; outros “oram” de modo, no mínimo temerário. “Senhor visita aos hospitais, socorre aos que estão com dificuldade de respirar, sara todos; livra-nos da pandemia, amém”.

Anda que tal “piedoso” dissesse palavras melhores, o simples fato de dizer ao público invés de, a Deus, já seria grotesco erro de alvo. Lembra os fariseus que oravam nas esquinas das ruas com o fim de serem vistos pelos homens.

A condição demandada pelo Eterno seria humilhação contrita, busca pela Sua Face e mudança de caminhos mediante conversão; me pergunto em quê, se parece com isso, tais “orações” que invés do prescrito dão ordens expressas sobre o que O Todo Poderoso deve fazer.

Basta um mínimo de noção para reconhecer que Daniel, foi um homem espiritualmente muito melhor que o mais santo dos nossos dias; entretanto, Ele evitava falar arrogantemente com Deus como o fazem os “servos” em apreço.

 Vejamos um fragmento duma oração dele:
“Pecamos, cometemos iniquidades, procedemos impiamente; fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;” Dn 9;5

Alguns confundem relacionamento com religiosidade; essa não passa de um amontoado de desejos humanos envernizado com algumas expressões bíblicas. Como se O Santo olhasse para bajulações mais que para a sinceridade dos corações.

Se, mera oração divorciada de um caráter probo tivesse eficácia estariam certos os que fazem tais coisas;

entretanto, a Bíblia tem instruções precisas sobre isso. Do ímpio diz: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9 Ainda, “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros.” Sal 50;16 a 18

Por outro lado, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Isso aprenderam também os amigos de Jó que tendo falado temerariamente desagradaram O Santo de tal modo, que só a intercessão de Jó foi aceitável. “... oferecei holocaustos por vós, e Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que Eu não vos trate conforme vossa loucura;” Jó 42;8

Entretanto, quando for uma questão de juízo, e até a Santa Paciência Divina se tiver esgotado, mesmo um homem idôneo, aceitável, não terá deferida sua oração.

Por isso algumas vezes O Eterno preveniu a Jeremias que nem tentasse, pois não seria ouvido. “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem Me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Portanto, mais prudente que mantermos nossa impiedade intacta enquanto apresentamos uma listinha de tarefas para Deus cumprir seria, nos humilharmos deveras, reconhecendo nossas misérias, pelas quais o Juízo Divino é justo; feito isso clamarmos a Ele, não à torcida por misericórdia. “... porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo, vos exalte;” I Ped 5;5 e 6

Se a oração de Daniel não nos ensinar, que tal a de Neemias? “Tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque Tu tens agido fielmente e nós temos agido impiamente.” Ne 9;33

Se nem numa dolorosas crise como essa, sequer orar como convém sabemos, isso não deixa de ser um triste retrato do “cristianismo” que vivemos. 

Nossa “fé” em linhas gerais não passa de um pretexto abstrato, nos domínios do qual, fazemos a pose de gente espiritualmente engajada, quando, nada nos importamos em saber sobre Deus e Sua Vontade.

Uma “fé que “joga pra torcida” invés de buscar relacionamento sadio com O Eterno denuncia que, o aplauso humano nos é mais caro que a aprovação Divina.

Pois, O Deus Santo e o mundo ímpio são coisas excludentes; carecemos abdicar de um para termos o outro; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

segunda-feira, 15 de março de 2021

O poder que não pode


“... De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos: Não falas a mim? Não sabes que tenho poder para te crucificar e para te soltar?” Jo 19;9 e 10

Nem sempre devemos responder porque alguém nos perguntou. Às vezes o silêncio é a melhor resposta. Pilatos achara que seu poder como regente o fazia mui digno de atenção; tudo que desejasse se lhe deveria responder. Jesus silenciou.

Quanto ao poder que jactou-se de ter, o qual pensava derivar de César, O Salvador sabia que a origem era mais elevada. “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” V 11

Os postos altos na Terra são ocupados por permissão ou Vontade Divina. “Ele muda tempos e estações; remove reis e estabelece reis; Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.” Dn 2;21

Embora o escopo humano atinasse a quem teria mais poder, o Salvador observava quem tinha maior culpa. “Quem me entregou a ti maior pecado tem.”

Duas nuances da natureza humana caída que sempre assomam nas vicissitudes da vida. Todo homem deseja ter poder, mesmo sendo indigno para o exercício; raramente assume ter culpa, mesmo o discurso dos fatos sendo tonitruante em demonstrar isso. Quem pensou no príncipe dos ladrões evocou um bom exemplo, pois.

O poder em mãos indignas geralmente acaba mal; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O “poder” eventual de Pilatos sobre Cristo não foi exercido para honra ou de alguma forma meritória. Como todo o político carreirista que atua mais para a torcida que, para valores da consciência; ele jactara-se de ter poder tanto para condenar, quanto para absolver; e invés de uma decisão cabal sobre isso se deixou levar “democraticamente” soltando um ladrão e entregando um inocente.

Depois lavou as mãos cinicamente, alegando inocência ante o crime em curso; sujou a alma tendo dito categoricamente que nada pesava contra o réu, permitiu que a vontade do sinédrio nos lábios dos seus fantoches prevalecesse.

Quem é investido de poder no âmbito humano deveria fazer outra leitura; uma vez que esse é delegado, no fundo é um dever de atuar de modo condigno com o anseio de quem delegou.

Por isso no Velho Testamento além dos Sacerdotes os reis deveriam ter um exemplar da Lei, para atuar conforme a Vontade do Reis dos Reis, que delegara o trono. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar teu caminho, e serás bem sucedido.” Js 1;8

Embora o vulgo veja nas Leis Divinas certa castração, restrição de “direitos”, o texto que prescreveu sua observância apontou como consequência, prosperar, ser bem sucedido.

Todavia, essa “Teologia da Prosperidade” que demanda obediência à Palavra, não é ensinada. Antes, outra que requer oferendas, votos, dinheiro; quando um homem fala a outro, pretextando fazê-lo em Nome de Deus, mesmo que o faça divorciado da Palavra Dele, se, lograr ser obedecido, não passa do exercício do poder de um homem sobre outro;

O Nome do Eterno é apenas blasfemado; não participa das coisas espúrias à Sua Vontade. “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram. Mas, se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras...” Jr 23;21 e 22

Ora, o poder que a Sabedoria Eterna nos tenciona dar visa capacitar-nos a um modo de vida que nos assemelhe ao Pai; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Pois, embora vulgarmente qualquer um diga: “Também sou filho de Deus; Deus é Pai e não padrasto.” Na verdade a coisa não é bem assim.

O homem natural não pode obedecer às coisas do Reino; sequer pode vê-las sem o nascimento espiritual; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Afinal, o nascimento carnal nos lança na esfera da desobediência “natural”, fazemos isso sem esforço nenhum; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e, nem pode ser.” Rom 8;7

Enfim, se o “poderoso” Pilatos se achou, tendo autoridade sobre Jesus, aos pequenos que tomam Seu Jugo e O Seguem, Jesus dá poder sobre a própria má inclinação, para invés de lavarem as mãos justificando-se, deixem que O Senhor Justiça Nossa lave às almas, regenerando-as.

domingo, 14 de março de 2021

Obras e juízo


“O Senhor é conhecido pelo juízo que fez; enlaçado foi o ímpio nas obras das suas mãos.” Sal 9;16

A origem do juízo é do Senhor; a “dosimetria” da pena deriva dos próprios feitos do réu; “enlaçado nas obras das suas mãos.”

A Justiça Divina permite que cada plantio frutifique fielmente: “Dizei ao justo que bem lhe irá; porque comerá do fruto das suas obras. Ai do ímpio! Mal lhe irá; porque se lhe fará o que suas mãos fizeram.” Is 3;10 e 11

O Salvador ensinou a isonomia como modo de viver; pois, esse seria o alvo de toda Palavra dada, até então. “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Quem, nesse escopo cogita salvação mediante obras mostra ignorância bíblica, ou má vontade. A retribuição aos feitos de cada um atina à justiça; a Salvação, deriva do Amor Divino; estritamente da Graça mediante a fé em Cristo.

Sempre oportuno realçar: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Num contexto em que se apresentou como O Pão do Céu que dá Vida, aos que se “voluntariaram” para obras Jesus demandou fé; “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Bons atos do justo hão de contar para efeito de galardão; bem como os maus do ímpio, justificarão sua perdição; assim cumpre-se a sentença “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;8

E as boas obras dos maus? Digo; que nem sejam maus no sentido humano, (ante Deus não há um justo sequer) os que creem em doutrinas espúrias, humanismo, espiritismo etc. e de acordo com seus credos socorrem desvalidos, como ficam?

Como O Eterno Ama à justiça, jamais chamaria a uma boa obra de má. Entretanto, como “Deus não é Deus de mortos”, antes das coisas 
periféricas trata da vida. Por isso O Senhor disse aos “voluntários” aqueles que A Obra de Deus demandava crer Nele. As obras herdam a condição dos “obreiros.”

“... não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas...” Heb 6;1 “... O Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

A Palavra não entra no mérito da qualidade das obras; de serem boas ou más; antes, denuncia sua condição de mortas enquanto seu agente ainda não é regenerado em Cristo.

Acontece que não crer não é uma coisa de pouca monta, como se, fruto de uma dúvida honesta. Uma vez que O Eterno se revelou em Sua Santa Palavra, se expôs ao ridículo e à violência na “loucura da cruz” o descrer abarca uma decisão moral, cuja consequência é blasfema; “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porque não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

Desse modo uma boa ação divorciada da relação com Deus mediante Sua Palavra acaba patenteando um atuar no princípio satânico; foi ele que disse que o homem poderia, autônomo, decidir por si mesmo sobre bem e mal.

É ilusória a valoração de alguém estritamente pelas obras; fulano é ateu, outrem é espírita, mas só fazem o bem.

Quem disse que é bem aquilo que O Eterno conceituou como mal? Do que não crê, malgrado a revelação da Palavra e das obras Divinas diz: “... Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Dos que, invés da ressurreição e salvação mediante O Sangue Remidor, devaneiam com ilusórias reencarnações purgatórias, acreditam em obscuros médiuns mais que na Palavra, também ela versa: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-ão aos mortos? À lei e ao testemunho! Se não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8;19 e 20

Enfim, façamos boas obras; Deus deseja; o semelhante necessita. Só não devaneemos em encontrar O Senhor da Vida, onde Ele não está. “... Por que buscais O Vivente entre os mortos?” Luc 24;5

sábado, 13 de março de 2021

Escolhe por tua vida


“Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Isso atinge a todos indistintamente. Quando se diz que certa medida de tempo está “determinada” para tais coisas, óbvio que há um Ser Inteligente, Proposital por detrás que a determina. O Criador.

Entretanto, isso nem de longe corrobora a visão fatalista que as coisas acontecem, (sobretudo, mortes) de gente que atua imprudentemente, porque “chegou sua hora”.

Muito do nosso agir acontece em desacordo com o tempo ideal, por nossa precipitação, imprudência, egoísmo, miopia, etc.

Mesmo o falar, muitas vezes perde sua preciosidade eficaz, por acontecer antes do que deveria. Por isso a observação: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo.” Prov 25;11

Cada espécie criada, para reproduzir-se demanda certo tempo; dias, meses, mais de ano, até; nada pode alterar isso. Faz parte do projeto original.

O determinismo biológico deriva da Sabedoria de Quem tudo criou; “reproduza conforme sua espécie”; não pode nem precisa ser alterado. Cumpre fielmente o propósito para o qual foi estabelecido.

Entretanto, homens e anjos foram criados arbitrários. Se, os demais aspectos da natureza atendem à necessidade, neles concorre a possibilidade; a arte de fazer escolhas.

Essas, necessariamente serão consequentes. Pois, pesa certo “determinismo” sobre eles também. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

Sabedor das punções de nossa natureza caída, O Eterno, invés de uma ceifa imediata dos nossos plantios destrambelhados traz à baila Sua Longanimidade. Antes das consequências dos nossos erros visita-nos com um desafio ao arrependimento; mudança de rumos, que, uma vez atendido cancela a “colheita” da má semeadura por “decreto” do perdão.

Alguém disse: “Primeiro você faz escolhas; depois, as escolhas fazem você.” Na nossa prerrogativa de arbitrários as fazemos; na visita das consequências, elas nos fazem colher do que plantamos.

Não poucas vezes ouvi o questionamento: Por quê O Criador colocou no Paraíso certa árvore proibida? Isso com algum ressentimento auto indulgente, como se, a culpa por nossas escolhas fosse Dele.

Ora a própria descrição do “projeto”, “Façamos o homem à Nossa Imagem, conforme Nossa Semelhança”; já demonstra o porquê daquilo. Fomos criados livres, não robôs. Necessária a possibilidade de desobediência, para que a obediência derivasse de escolha, não da falta de opções. Não façamos do Senhor da Vida, mero programador de sistemas.

Por quê a salvação derivaria do Evangelho, se fosse de outra forma? Bastaria determinar quem seria salvo e quem não e estaria feito.

Contudo O Senhor do Universo preferiu “Enlouquecer” em Seu amor pela liberdade, que decretar as coisas à revelia das vontades livres. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte do que eles.” I Cor 1;21 e 25

Dentre as coisas com tempo determinado debaixo do céu, está uma preciosa; nossa vida. Dado o concurso das fatalidades várias, consequências do mal disseminado num mundo regido per certo príncipe espúrio, a incerteza concorre também, quanto ao tempo de duração.

Por isso a mensagem de reconciliação sempre é apresentada com urgência; a ser recebida de modo imediato para pôr em segurança nosso bem mais precioso, a vida. “... Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2

Tiago cotejando nossos breves dias com a eternidade foi meio “pessimista”; “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois desvanece.” Tg 4;14

Aos que creem está reservada uma sorte que extrapola os limites “debaixo do céu”. O teatro de existência terrena, “espetáculo” que dura menos de um século nos mais longevos tem um propósito eterno em seu bojo; a redoma de tempo espaço foi dada, “Para que buscassem ao Senhor...” Atos 17;27

O que dificulta nosso encontro é que estamos “no lugar” Dele. Como se não houvessem restrições; todos os desejos francos, os atos inconsequentes, afinal seríamos “como Deus”.

A Fonte da Água da Vida está logo ali, acessível a todos que ousarem enfrentar a miragem voluntária proposta pelo traidor. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

Assim fazendo “Tomam posse da vida eterna”; por ser dessa estirpe em Cristo, não prende-se mais às limitações de tempo e ocorrências meramente terrenas. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo, o juízo.” Ecl 8;5

quinta-feira, 11 de março de 2021

A força é fraca


“Assim seguiram seu caminho os filhos de Dã; Mica, vendo que eram mais fortes que ele voltou à sua casa.” Jz 18;26

Uma disputa entre a tribo de Dã e Mica pela posse de certos deuses; na verdade, ídolos que ele possuía e os danitas desejaram. Como ambos queriam a mesma coisa, a força foi o “voto de Minerva” que decidiu o pleito.

Disputas assim, e o “ministério” dos que a elas se associam derivam de fatores espúrios. Até corrupção, aceitação de favores rasteiros invés de consagração como seria se, fosse ao Senhor. “Purificai-vos, os que levai os Vasos do Senhor!”

Ao estabelecimento do falso, é necessário o desterro do verdadeiro. De outro modo; cultuar ídolos demanda a rejeição do Deus Vivo.

“Não lançastes vós fora os sacerdotes do Senhor, os filhos de Arão, e os levitas, e fizestes para vós sacerdotes, como os povos das outras terras? Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II cr 13;9 As “Credenciais” da falsidade são ofertas de bens, não santificação de vida; como ensinam muitos da moda.

Assim, tanto para a disputa por algo, quanto pela imposição de um culto sobre o outro, a força acaba sendo o recurso dos que não possuem o poder de persuasão do Espírito, como O Eterno. Só Ele Pode dizer: “... Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” Zac 4;6

O mesmo Zacarias vaticinou os termos da conclamação do Salvador; pleitos espontâneos, arbitrários; “... Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário; se não, deixai-o. E pesaram Meu salário, trinta moedas de prata.” Zac 11;12

Mas, que “salário” O Salvador esperava receber quando da Sua vinda? Quando na euforia, um dia após O Senhor ter multiplicado pães e peixes as pessoas de olho em mais do mesmo pareceram voluntariar-se: “Que faremos para executar as Obras de Deus?” A resposta foi: “A Obra de Deus é esta: “Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29 Por isso a questão: “Quem deu crédito à nossa pregação?”

Quando entendemos que homens ímpios prevalecem pela força e Deus persuade pelo Espírito, não se conclua com isso que o homem usa recursos igualmente válidos, ou que os meios Divinos sejam mais fracos.

Assim como Adão, antes do Sopro do Espírito era só barro moldado, toda obra humana privada do Espírito de Deus resultará vã. “Porque os egípcios são homens, não Deus; seus cavalos, carne, não espírito; quando O Senhor estender Sua Mão, tanto tropeçará o auxiliador, quanto cairá o ajudado; todos juntamente serão consumidos.” Is 31;3 Isso a um povo que rejeitara ao Senhor e confiara no socorro dos egípcios.

A rejeição ao Santo fora patenteada no veto ao ministério dos Seus enviados. “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, que não querem ouvir a Lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.” Is 30;9 a 11

Não que a força seja algo mau; mas, se nossa confiança estiver nela, se tornará um ídolo; “... Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que Eu Sou O Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jr 9;23 e 24

A isso ecoa o preceito de Paulo aos efésios; “... fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder.” Ef 6;10

Quando desencoraja a força, pois, não o faz na força estritamente; mas na origem da mesma; o “fortalecido” em si mesmo, o no Senhor. “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12;10

Os que tentam se impor à força sobre semelhantes, sabem das suas fraquezas e cientes delas precisam tolher aos homens livres; desse modo toda a ditadura é um produto de covardes, que desprovidos de meios persuasivos para atrair a si, usam de violência, para, com o acessório do medo, dominar.

Deus não precisa disso, não força ninguém a crer; apenas deixa claro onde cada caminho leva; a escolha sempre será nossa.

Então, os da fé sadia, muitas vezes não devem fazer nada; antes aguardar confiantes o socorro de Quem faz, Deus. “No estarem quietos será a sua força.” Is 30;7

domingo, 7 de março de 2021

Andar no escuro


“Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A identificação do Profeta comissionado, com O Senhor que o comissiona é notória. Conexo com o desafio de temer ao Senhor, temos o ouvir a voz do Seu Servo; coisas contíguas, sinônimas.

Quando da chamada do servo em questão, Isaías, houve uma pluralidade celeste a questionar: “Quem há de ir por nós.” Cap 6;8

Elohim é forma plural do Deus que É Triuno; porém, atrevo-me a dizer que o “nós” aquele incluía o próprio enviado como consorte da obra; pois, adiante, quando pelo Espírito cogitou das consequências da mensagem messiânica perguntou: “Quem deu crédito à ‘nossa’ pregação?

Se, por um lado o convertido nega-se, por outro, em certo grau se faz partícipe da Natureza e Propósito Divinos. Por isso, quando ao “si mesmo” tudo falta; “está em trevas, não vê luz nenhuma.” Os olhos da fé vêm um Nome que ilumina o necessário para prosseguir. “Firme-se sobre seu Deus”.

A ideia de firmar-se no escuro é estranha ao homem natural. Dizem a torto e a direito que aparências enganam, mas as pessoas se posicionam em face às vicissitudes cotidianas, após o acessório dessas enganadoras.

Tanto que, se alguém ousar determinada empresa que nos pareça temerária normalmente dizemos: “Não vejo como isso poderá dar certo.” Assim, o que “vemos” costuma preceder-nos nas escolhas.

Todavia, os que são guindados ao sobrenatural mediante Cristo precisam de outra “bússola” para encontrarem seus nortes; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Ela não é cega como dizem opositores e incautos. Alcança profundezas onde os cegos não podem ver; “Pela fé (Moisés) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Igual um que, forçado a andar por um labirinto escuro deixa atrás de si um cordão para servir de referência do curso pretérito, a fé tem um “cordão” invertido rumo ao futuro que mostra por onde caminhar, “no escuro”. “Lâmpada para meus pés é Tua Palavra; luz para meu caminho.” Sal 119;105

Há tantas “Teologias” supostamente derivadas da fé; uma que faria Deus me “abençoar” fartando de casulos onde pretende dar asas; a “Prosperidade”; outra, que desafia o “status quo” revolta-se contra as estruturas sociais, instituições, valores, para, incluir nas benesses da ceifa, os que se omitem do labor no plantio; a “Libertação.”

Todavia, a única teologia decente, é a que encara o relacionamento Deus/homem, segundo Ele revela ser Seu propósito; Sua Palavra interpretada hígida e honestamente. Não é dessa ou daquela propensão; de Deus.

As parcialidades e inclinações naturais de um e outro são faíscas espúrias de humana feitura, frutos da fricção de gente auto enganada, que não se atreve no “escuro” e socorre-se em busca de fogo estranho. “Eis que todos vós, que acendeis fogo, vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, em tormentos jazereis.” Is 50;11

O Fogo que importa deveras para a separação e purificação dos elementos foi aceso pelo Salvador; é Santo; sem parcialidades, acepções. “Vim lançar fogo na terra; que mais quero, se já está aceso?” Luc 12;49

Depois da separação inicial, entre os que creem e os que resistem, outra chama testa nossa fé, evidenciando com quais insumos edificamos; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Por isso O Salvador foi figurado como um agricultor que padeja, limpa os grãos e incinera à palha; “Em sua mão tem a pá; limpará Sua eira e recolherá no celeiro o Seu trigo; e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” Mat 3;12

Então, o ministro idôneo não tem opiniões, inclinações à priori, parcialidades; “teologias” de estimação. Antes, é uma vida identificada com Deus, cuja voz empresta ao Espírito para atuar Segundo Ele.

Se, por razões da Suprema Sabedoria tiver que passar pelo “Vale da sombra da morte” ou dizer estupefato, como Ele: “Deus Meu, Deus Meu, por quê me desamparastes?”, mesmo nesse escuro, ante à morte até, o fiel saberá que o “desamparo” não é cabal; num rasgo de luz derradeiro ainda dirá como Ele: “Em Tuas Mãos Entrego Meu Espírito”.

“Porque para mim o viver é Cristo, e morrer é ganho.” Fp;1;21