segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A casa estável


“Com sabedoria se edifica a casa, e com entendimento ela se estabelece;” Prov 24;3

São coisas distintas edificar e estabelecer. No primeiro caso se constrói, simplesmente; estabelecer é tornar estável, permanente.

Antes dos primeiros atos da edificação, estritamente, é preciso planejar onde investiremos. Quando houve contenda entre os pastores de Abrão e Ló, e decidiram se separar, Abrão deu ao sobrinho o direito de escolha. “Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, partiu para o oriente e apartaram-se um do outro.” Gn 13;11

O que ele viu o convenceu do que lhe seria melhor; aconselhado pelos próprios olhos acabou morando em Sodoma, onde, sua casa e seus bens foram consumidos no juízo que veio àquela cidade.

Quem recebe vida espiritual, é desafiado a confiar na Palavra de Deus, mais que nas informações captadas pelos olhos. “Porque andamos por fé, e não por vista.” II Cor 5;7 “Não atentando nós nas coisas que se vê, mas nas que se não vê; porque as que se vê são temporais e as que se não vê são eternas.” II Cor 4;18

O Salvador também mencionou a um que, encheu-se de patrimônio e foi omisso nas coisas espirituais; no auge da “fartura” lhe foi dito: “... Louco! esta noite pedirão tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Entender que aqui é lugar de peregrinação, e somos chamados a nos preparar para a vida eterna, demanda cuidado prioritário com as coisas espirituais. A “casa” que não sofrer a ação do tempo, é que poderá ser considerada estável.

Logo, invés de escolher um lugar geográfico, devemos priorizar um relacionamento. Ló ficou com verdes campos, entre ímpios; Abrão com pastagens mais módicas, porém com Deus. Isso foi determinante.

Quando Cristo pontuou a diferença entre dois fundamentos, uma casa edificada sobre a areia e outra sobre a rocha, também aludia à casa espiritual; tanto que, a diferença entre uma e outra obra tinha a ver com a reação à Sua Palavra; “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha... aquele que ouve estas Minhas Palavras e não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia;” Mat 7;24 e 26

Então, a sabedoria e o entendimento necessários para que nossas casas sejam edificadas de modo estável, atinam ao nosso compromisso com A Palavra do Senhor. Construir um refúgio contra a chuva e os ventos por aqui, qualquer um consegue a despeito de ter vida espiritual, ou não.

Agora, uma casa espiritual, para habitação do Santo, com estabilidade tal que abarque à eternidade, para essa carecemos o inefável auxílio do Senhor. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...” Sal 127;1

Embora seja O Senhor que edifique, requer a participação do nosso trabalho, na obediência, santificação, observância da Sua Palavra, para que a edificação saia conforme o “projeto”.
Devemos crescer, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;13

Para que não venhamos a nos iludir fazendo a obra com material de má qualidade, O Arquiteto Eterno permite que sejam testadas nossas edificações pelo fogo das provas.

A questão do fundamento é inegociável; não há plano B; “Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3;11

O próprio Senhor dissera: “... ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

No entanto, mesmo sobre esse Nobre Fundamento, ainda pode o construtor insensato usar materiais ordinários. O fogo das provações se encarregará de evidenciar como anda, deveras, nossa casa espiritual.

“Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Sempre que algum material espúrio figurar na nossa obra, por certo derivará de nossa omissão quanto à Palavra do Senhor, e em ouvir a direção do Bendito Espírito Santo.

Somos edificados, mas não tolhidos no arbítrio. Devemos ser cooperadores voluntários da edificação. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5

O peso da mão do tempo é inevitável sobre nossos bens e corpos, a casa espiritual não sofre isso, dada sua natureza eterna. “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Cor 4;16

domingo, 17 de agosto de 2025

Escudo de luz

“Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Ef 6;16

O escudo da fé, se não for devidamente compreendido, poderá dar azo a uma confiança frívola. Que a fé seja entendida como um valor autônomo, ao qual, quem possuir estará protegido.

Se assim fosse, todos estariam seguros. Uns creem em Deus; outros, em Alah, Buda, Krishna, não poucos confiam em si, em Maria; alguns mais ousados, creem que Deus não existe. Logo, em porções diferentes e alvos distintos, todos têm sua fé.

O Salvador foi preciso; “...credes em Deus, crede também em Mim...” Jo 14;1
Quer dizer que basta crer em Deus e em Jesus? Como prólogo da “Constituição do Reino dos Céus” sim; mas, a plenitude dela traz muitos itens, incisos, “letras miúdas”.

A fé, além de ser o ato de crer, também traz anexo o conteúdo, ao qual devemos atentar. Pelo menos, a fé para salvação. Além de saber em quem se crê é preciso que saibamos, o quê, Esse em quem cremos espera de nós. “A fé sem obras é morta;” ensina Tiago.

Ao teor da nossa crença, alguns teólogos chamam, “fé como corpo de doutrina”.
Os “dardos inflamados do inimigo” não visarão tolher o inalienável direito de crer; antes, buscarão perverter o conteúdo da fé.

Judas escreveu: “Amados, procurando escrever-vos com toda diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus; negam a Deus, Único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

“Batalhar pela fé” não foi posto como lutar pelo direito de crer; antes, pela preservação da doutrina como foi entregue, sem dissolução nenhuma. Sobretudo, que Jesus Cristo é Deus. Logo, o “escudo da fé”, é a firmeza na sã Doutrina; os dardos inflamados do maligno são heresias, perversões do ensino.

Além da fé, carecemos de sabedoria espiritual que O Eterno só dá aos que vivem em retidão; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade” Prov 2;7 E o conhecimento da Palavra do Santo em sua integridade; “Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele.” Prov 30;5

Aos que decidem habitar no Altíssimo, a proteção infalível é oferecida, sempre, segundo a verdade; “Ele te cobrirá com Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás; Sua verdade será teu escudo e broquel.” Sal 91;4

Vemos assim, que, ao “escudo da fé” estão anexos, sabedoria, verdade, Palavra de Deus, sem mistura.

Quem estiver apto para pelejar nessa batalha, mais que um vigoroso, deverá ser alguém iluminado espiritualmente; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Se a luta se trava contra conselhos que se levantam contra o conhecimento de Deus, isso evidencia de modo ímpar a necessidade de sermos versados na Palavra da vida, para essa luta; se, além disso, de iluminar entendimentos devemos ensinar a submissão a Cristo, a retidão do combatente também é um atributo indispensável. Só terá autoridade moral para corrigir, quem exibe a índole servil de obedecer. Por isso, Paulo conclui: “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” V 6

Por essas e outras, pois, o escudo da fé aparece apenas como parte, da necessária armadura do cristão. Além dele o cinto da verdade, nenhum vínculo com a mentira; a couraça da justiça; aversão à injustiça; capacete da salvação; ou a cabeça protegida contra ensinos errôneos; os pés calçados na preparação do Evangelho; testemunho de vida que desperta atenção; por fim, A Espada do Espírito, A Palavra de Deus.

Sendo impossível tolher ao homem de crer, foi formatado para isso, o inimigo atua para deturpar à fé; fomentando escândalos, pervertendo ensinos, criando doutrinas alternativas...

Quem não estiver devidamente edificado na Palavra da vida, corre risco de se desencaminhar, rumo às veredas da perdição.
A fá salvífica, mais que a resolução de crer é a busca e preservação do teor da doutrina na qual se crê.

Bem sabemos que a salvação é pela fé; mas ela deve ter os pés no chão e o coração nos Céus; não corremos risco de nos perdermos por não crer; antes, por não discernir as coisas no âmbito espiritual. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento...” Os 4;6

sábado, 16 de agosto de 2025

O reparo das brechas


“Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do Senhor.” Ez 13;5

São figuras eloquentes para denunciar a mesma situação. A omissão dos profetas de então, quanto ao dever de chamar o povo ao arrependimento. Se, havia brechas, havia falhas. Nesse lapso, eventuais profetas teriam trabalho a fazer.

Quando O Eterno estabeleceu Jeremias como Seu mensageiro, disse: “Porque hoje te ponho por cidade forte, coluna de ferro, muros de bronze...” Jr 1;18 A própria Palavra interpreta as figuras que apresenta.

Um muro carecendo de reparos, com rachaduras, atinava a uma situação de apostasia, desvio dos ensinos do Senhor; discernir essas coisas, e se colocar solícito ante O Eterno para denunciar tais erros, seria a entrada esperável de um profeta idôneo.

Adiante, pelo mesmo Ezequiel, O Eterno evidenciou a falta de intercessor naquela ocasião; “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante Mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” Ez 22;30 Pelo seu escolhido de então, Ezequiel, O Senhor já não esperava concerto; anunciava o juízo.

Embora um profeta devesse receber instruções da parte do Senhor, no sentido clássico, a Lei de Deus e suas demandas eram conhecidas. Mesmo não sendo chamado, estritamente, um fiel que discernisse os desvios, teria autoridade moral e espiritual para denunciar; chamar ao arrependimento. 

Poderia ser até mesmo um sacerdote. “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2;7

Eli fora sacerdote; sua omissão em disciplinar aos próprios filhos, contaminou ao povo e foi fatal, naqueles dias.

Esposar aquilo que O Eterno falou, no devido contexto, faz de qualquer um, eventualmente, um profeta; “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou O Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 3;8

Os “profetas” atuais não são como os de então; temos A Palavra de Deus em sua plenitude. Devemos identificar desvios que acontecem e exortar ao arrependimento, sem carecer de novas revelações. Onde alguma heresia grassa, ou uma desobediência assola, o ministro idôneo identifica a brecha e deve se colocar solícito ao Espírito Santo que o anima, para o devido reparo.

De igual calibre ou, ainda pior que a omissão silenciosa perante os descaminhos, é o ativismo oco, que enseja novas expectativas, fechando os olhos aos lapsos gritantes do que deveria ser reparado, antes de qualquer coisa.

Além de omissos, atinente a essas falhas, produziam falsidades, como se, o lapso de obediência e correção pudesse ser preenchido com futilidades, desde que atribuídas ao Todo Poderoso. “Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor não os enviou; fazem que se espere o cumprimento da palavra.” Ez 13;6

A doença mais pujante do que nunca, de camuflar desobediência com ativismo vem desde antigas eras. Nos dias de Saul quando O Eterno mandou varrer a Amaleque da terra, sem poupar nada, eles viram os viçosos rebanhos daqueles ladrões, e decidiram poupá-los, para “oferecer ao Senhor.” Essa “astúcia” custou o reino a Saul.

O Eterno que sonda os coração não pode ser manipulado. E se pudesse, aquele que O Ama, deveras, se recusaria a tentar.

Os mensageiros de futilidades que viçam quais ervas daninhas ao calor da primavera, não dão a mínima para a vontade de Deus. A rigor, desconhecem; senão, não agiriam de modo tão temerário.

O ministro idôneo sempre atuará nas brechas; isso enseja confronto, antipatias.

Aqueles como querem aceitação das suas plateias mais que de Deus, precisam caramelizar todas as suas patifarias espirituais, para que a ausência de substância seja diluída pela doçura ao paladar.

Vício antigo também; “Dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós, enganos.” Is 30;10

Quando ouço um “profeta” se dizendo amigo de todos, não polêmico, apenas pregoeiro do amor, sinto o mau cheiro de longe.

Estamos alistados numa batalha eterna; perderíamos tempo e mentiríamos em demanda dos aplausos humanos? Desculpem, mas nosso alvo é infinitamente mais alto que isso. “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar Àquele que o alistou para a guerra.” II Tim 2;4

Se, nosso alvo é agradar ao Senhor, qual sentido de bajularmos à impiedade que Ele odeia?

Embora essa geração sentimentalóide chame de “amor” à condescendência cúmplice com os errados de espírito, frouxidão moral, o vero amor atina aonde determinados caminhos conduzem, e veta os que levam à perdição. “Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que a guardam contendem com eles.” Prov 28;4

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Vergonha; o juízo


“Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11;29

Paulo alistando seus sofrimentos; colocou entre eles, a vergonha pelos escândalos que, eventualmente, aconteciam no seio da igreja. Bons tempos!! Não me refiro à incidência de escândalos; mas, ao fato de um cristão veraz, saber que aquilo o atinge. Que, fazendo parte do mesmo corpo, deve sofrer junto quando sinais de enfermidade surgem.

Vivemos um tempo de “Supercrentes”; não, porque poderosos, capazes de fazer acontecer o que “declaram”, como denunciou outrora, o pastor Paulo Romeiro. Mas, porque perfeitos, santos, de tal modo que seus ajuntamentos devem ser dedetizados. Qualquer inseto de pecado que ousar voejar entre os tais, será fulminado pela santidade que permeia os ares que esses respiram.

“O meio religioso é podre! Por isso saí”. Declara um; “O sistema cobra pedágio, estou fora!” Assegura outro. Cada um desses constrói seus microssistemas, onde falam às suas plateias, convencidos de serem depositários de uma visão mais aguçada; uma santidade superior. A rigor, não passam de covardes.

Não ignoramos os escândalos que acontecem, infelizmente. Ora é um psicopata se dizendo bispo e falando como o Capeta; outra, um “Pastor pegador” fazendo programas com piriguetes; agora o “Bispo” de calcinhas... o arsenal de escândalos é imenso.

Qual deve ser nossa postura? Sairmos do meio porque somos mais santos? Não!! A Palavra ensina: “Saiamos, pois, a Ele (Cristo) fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Ele está sendo profanado, envergonhado; nós que lhe pertencemos devemos suportar, juntamente. Essas coisas vergonhosas, vindo à luz, já são derivadas do juízo do Senhor, que, tendo falado muitas vezes aos errados, e não sendo ouvido, restou apenas a exposição deles, para sua vergonha e punição.

A Palavra ensina: “Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;4 e 5

Cada vez que um escândalo assim é exposto, uma partícula do “Corpo de Cristo” está sendo depurada. Eu me afastaria? Deixaria de crer porque alguns deixaram de obedecer?

O pretexto de santidade superior dos que se afastam, é seu excesso de amor-próprio, usando máscaras. Invés de assumirem suas misérias e sofrerem as coisas atinentes ao “opróbrio de Cristo”, como Pilatos “lavam suas mãos” e saem. Gente inútil e excessivamente melindrosa. Fazem mais dano, tais hipócritas que, os escandalosos. Esses causam e sofrem, uma vergonha pontual, e saem de cena; os farsantes seguem disseminando seu presunçoso veneno, atingindo a muitos.

Claro que, todo aquele que fala da parte do Senhor, deve separar, em seus ensinos o que é santo, do que é profano; “... se apartares o precioso do vil, serás como a Minha Boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Jr 15;19

Porém, um mestre ensina justiça, sabendo que atua entre injustos; se não vigiar corre risco de tropeçar nas mesmas pedras contra as quais adverte.

Sobre a inevitabilidade dos escândalos O Salvador advertiu: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” Mat 18;7 Como temos “prioridade” no juízo, essas coisas acabam vindo à luz; é necessário que assim seja. “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; se começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao Evangelho de Deus?” I Ped 4;17

Enfim, esses que, tendo saído do nosso meio pelo seu excesso de santidade, agora, invés de pregadores do Evangelho se fizeram paladinos combatentes do “sistema” acusadores da “religiosidade” servem a quem? “Queres conhecer a identidade espiritual de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.” Apud. Pe. Paulo Ricardo.

Lógico que, coisas diferentes entre si serão tratadas como tais; a separação final, entre o que serve a Deus e o que não, será feita em tempo. “Mandará o Filho do homem os seus anjos; eles colherão do Seu Reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniquidade. Lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mat 13;41 e 42

Os que comemoram cada escândalo como uma “prova” de que eles estão certos, pela doentia necessidade de se justificar, deixam evidente que não descansam na justificação de Cristo.

Por enquanto estamos numa mescla de gente que se santifica com outros que fazem teatro. Malgrado isso, nos cabe sofrer a vergonha inevitável, e permanecer fiéis.

Até há uma qualidade medicinal nisso; vendo quão ruim é a vergonha, maiores devem ser nossos esforços para não darmos azo ao surgimento dela. “Observando aos erros alheios, o homem prudente corrige aos seus.” Oswaldo Cruz.

Andar em espírito


“Não há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que praticam iniquidade.” Jó 34;22

A impossibilidade de se esconder, restrita aos iníquos, não significa que os demais o poderiam; pois, esses não necessitariam.

Carecer esconder é testificar que algo é mau. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

O primeiro a tentar essa inglória empresa foi Adão, quando, após pecar, invés da amizade costumeira com O Criador, sentiu medo. “... Ouvi Tua Voz soar no jardim, temi, porque estava nu e escondi-me.” Gn 3;10

Aquele que anda retamente, invés de se esconder deseja ser visto. “Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;21

Apenas pelo viés psicológico, sem o conhecimento da Palavra de Deus, todo o homem já tem luz acerca do que, O Eterno aprova e do que rejeita.

Se determinada atitude precisar ser oculta, essa “necessidade” já traz embutida a íntima denúncia que é má. Se puder ser praticada diante de todos, por certo é idônea.
Alguém versou assim: “Queres saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia.” Zeferino Rossa.

Paulo aludiu ao testemunho da consciência, naqueles, que não ouviram acerca da Lei de Deus; “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; eles mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2;14 e 15

Moisés sentiu desejo de matar a um egípcio que feria a um hebreu; foi advertido pela consciência que era errado. O que fez? “Olhou a um e outro lado e, vendo que não havia ninguém ali, matou ao egípcio e escondeu-o na areia.” Ex 2;12

Invés de escutar a voz que advertira que aquilo estava errado, ignorou; apenas certificou-se que seria possível esconder. Não adiantou; seu feito veio à luz, pelo próprio que ele defendera.

Vivendo em consórcio com a iniquidade, o homem desacostumou-se a ouvir essa íntima voz com suas sentenças sempre precisas. Ela não interfere na decisão que é uma prerrogativa da vontade; apenas valora a intentada ação vetando-a, ou, silenciando, em caso de aprovação.

A falta de uso prolongada dessa faculdade atrofia à mesma de tal forma que é como se nem existisse; cauteriza-a. Paulo ensinou que o concurso de doutrinas de demônios no meio do cristianismo viria, “Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a própria consciência;” I Tim 4;2

O grande perigo de silenciarmos a essa Divina mensageira, é que passaremos a ouvir demônios, onde deveríamos ouvir a Deus.

Por isso, O Sacrifício de Cristo é infinitamente superior aos de animais, feitos na Antiga Aliança; a “purificação” obrada por aqueles era meramente cerimonial, externa. A operada pelo Senhor lava consciências.
“Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9;13 e 14

Os que contrapõem a era da Lei, à da Graça, fazendo parecer que agora o pecado está liberado que a tolerância é maior, ainda não entenderam nada.

O tempo para arrependimento é maior; o Sacrifício Perfeito basta. Porém, a seriedade deve ser infinitamente maior. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar O Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Aquele que nasceu de novo em Cristo, teve sua consciência purificada, quanto aos erros passados, pelo perdão; e vivificada para as escolhas presentes, atinentes à necessária santificação.

Antes era possível pecar sem dor, sem objeções íntimas por estar a consciência obtusa, depois de vivificada, não mais.

Ouvirmos à voz da consciência antes das nossas decisões é chamado de “andar em espírito”. É ali que O Espírito fala; apenas para os que assim agem, a salvação é segura. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito.” Rom 8;1

A conservação da consciência, por ouvirmos quando ela fala, é vital. Paulo aconselha: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1;19

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

A noite da angústia

“Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia?” sal 10;1

Sendo O Senhor, Onipresente, isso torna estritamente impossível que Ele esteja longe de algo ou alguém. Então, a “distância”, conforme visto na pergunta inicial deve ser entendida como não interferência, ausência de socorro em prol de alguém que se sente em meio à angústia. A questão em apreço é, por quê?

Uma suposição necessária é que esse alguém possui relacionamento com O Senhor; senão, sequer faria sentido sua queixa.

Estar alguém angustiado não é defeito nem credencial; é circunstância. Essa pode advir de razões distintas. É possível alguém se angustiar pela precipitação, por querer as coisas no seu tempo, não no Divino. “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei pela salvação da Sua Face.” Sal 42;5 Se a solução para o abatimento, seria esperar Nele, a pressa pelo livramento, foi a feitora do abatimento de então.

A relação do Eterno com o tempo é ímpar. Nossa sensação de finitude, de que o tempo está passando leva-nos a demandar coisas, quando, muitas vezes a calmaria confiante seria mais “produtiva”. “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7

Pois, tendemos a ver layouts como arte-final. Deus faz com que coisas aparentemente más, contribuam para alvos venturosos, forjando a têmpera que sabe necessária em nós. Assim, angústias de quem teme esse processo, soam ante Ele como manhas de crianças que se recusam a remédios amargos, embora, necessários. “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, e são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

Se, coisas angustiosas agora, resultarão em bem para nós, isso já explicaria porque Deus se “esconde”. Sua Palavra testifica dos efeitos benéficos de sofrer angústias seguindo fiel. “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

Noutro contexto onde via com melhores olhos que uma criança chorando, mercê dos seus mimos infantis, Davi escreveu: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Sal 46;1 Invés de reclamar de suposto esconderijo, O via bem presente, então. Não houve mudanças no Eterno; antes, nos estados emocionais do salmista.

Há ainda angústias que são consequências de escolhas alienadas da Divina vontade. O que o vulgo chama de “lei do retorno.” Num caso assim, seria estúpido clamarmos a Deus por livramento das consequências, se, fizemos ouvidos moucos quando nos advertiu que evitássemos as causas.

Além de Onipresente É Onisciente; sabe onde cada caminho conduz. “Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas no fim são caminhos da morte.” Prov 14;12 Fazermos as coisas à nossa maneira ignorando Seus ensinos, é uma forma segura de irmos ao encontro de angústias.

Então, o conselho: “Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;6 e 7 Afinal, “... maldição sem causa não virá.” Prov 26;2

Resta ainda, o concurso da nossa miopia, que vê problemas alhures, e não os vê quando palpitam em nós. Nossos problemas sempre são os outros, ou as circunstâncias adversas. Não raro, O Eterno precisa nos livrar disso, do egoísmo, mais que de obstáculos alhures.

Uma vez estabelecido o relacionamento com O Eterno, os termos da relação devem ser observados. Quando temos a obediência como coisa que se pode deixar de lado, desejamos apenas O Salvador, não, O Senhor; essa “autonomia” suicida nos colocará em rota de colisão com O Criador.

Não apenas permitirá que angústias nos visitem, como as causará. Com Israel foi assim. “Em toda a angústia deles Ele foi angustiado, e o anjo da Sua presença os salvou; pelo Seu amor; pela Sua compaixão Ele os remiu; e os tomou e conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes, e contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;9 e 10

O Santo Se mostra mui solícito para socorrer aos necessitados; “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50;15 Porém, nos versos seguintes, recusa a petição do que escolhe à impiedade como modo de vida; “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os Meus Estatutos, e em tomar a Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as Minhas Palavras para detrás de ti.” V 16 e 17

Enfim, tempos de angústia para os fiéis são provas de fé. Quem passar sem negar ao Eterno, fruirá a recompensa. “... O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Casas restauradas


“Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, não a podendo acabar, todos os que a virem comecem escarnecer dele dizendo: Este homem começou edificar e não pôde acabar.” Luc 14;29 e 30

Vendo o contexto entendemos que não se trata de edificação, estritamente; antes, do discipulado ao Senhor, e as renúncias requeridas para o mesmo.

Aquele que não entendesse e aceitasse que, carecia renunciar tudo pelo Senhor, correria risco de abandonar a obra pela metade, motivando escárnios.

O “cristão” que começa a caminhada na vereda da fé, e abandona-a antes do término, se encaixa nessa triste definição.

Quando se trata duma morada para nós, fica fácil entender quando a mesma acaba, tornando-se habitável. Porém, nossas vidas devem receber a outros “Inquilinos”. Pedro ensina: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5
Não, edificadores; somos edificados. Ouçamos Paulo: “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura e edifício, de Deus.” I Cor 3;9

O Salvador pontuou: “... Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra; Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Como o “material de construção” requerido são renúncias, entendemos que se trata duma edificação peculiar.

Certas casas são literalmente “esculpidas” nas rochas; de certa forma, o somos também. Os espaços necessários para os Nobilíssimos habitantes são “negativos”; digo, se revelam pela remoção de entulhos, material excedente, não pela edificação de paredes segundo as técnicas de alvenaria.

Amiúde, é a restauração duma obra que foi perfeita na origem, e acabou danificada pela intrusão de gente de maus hábitos; habitantes indignos, nossos instintos desordenados que sempre fizeram o que bem lhes parecia, danando a obra original. Quem assiste vídeos de recuperação de velharias, armas, motos, bicicletas, carros, etc. tem uma ideia aproximada do processo.

A nova “edificação” é mais uma limpeza profunda com alguns reparos pontuais, que outra construção, estritamente. O primeiro a ser banido da construção, deve ser o “mestre da obra” bagunçada de antes; o ego. “Negue a si mesmo.”

Removido esse, o novo Mestre, Espírito Santo assumirá a obra de regeneração, e nos contratará como seus cooperadores. A Palavra do Sumo Arquiteto é o projeto ao qual somos submetidos, pelo qual, seremos regenerados.

Quando a obra redentora sofre percalços, o que sempre acontece, tem a ver com nossa cooperação precária, às vezes, relapsa. O Mestre não se cansa, nem desiste. “Tendo por certo isto mesmo, que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

Ele usa alguns encarregados de áreas específicas, para que a execução do projeto seja fiel; tais, são capacitados pelo Arquiteto da redenção, Jesus Cristo; “Ele mesmo deu uns para apóstolos, profetas, evangelistas, outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Cada um é edificado em particular; o conjunto dos redimidos é chamado de Corpo de Cristo. Os que começam e param antes de acabar, não deixam suas obras extáticas, num ponto de onde as poderão retomar; antes, por serem obras vivas, o parar significa retroceder.

Isso é uma escolha perigosa pelo que espera no fim da linha. “Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;39

Por que as pessoas escarnecem dos que, tendo começado bem e perseverado por algum tempo, depois, se retiram para a perdição? Porque escarnecem mesmo sem motivos dado o espírito invejoso que as anima.

Pois, quando andamos bem, “fazemos mal” aos que não ousam nos imitar na corajosa escolha. Não dando motivos, nos apedrejam como se, fosse diferente; se os dermos, então sentir-se-ão “vingados” de todo o desconforto que lhes causamos quando nosso andar era firme.

Caso permaneçamos inabaláveis mesmo nas provas, os caluniadores estarão glorificando a Deus em nós, quando nos desprezarem e atribuírem males que não fizemos. “... para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.” I Ped 2;12

Quando alguém pertencente às trevas fala mal da luz, de modo oblíquo testifica da idoneidade daquela. O escárnio dos maus acaba glorificando nosso Redentor. Testificando do Sua Obra Bendita em nós; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

A rigor, nossa luz não é nossa; é O Senhor em nós. “Se O Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...” Sal 127;1