quinta-feira, 14 de agosto de 2025

A noite da angústia

“Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia?” sal 10;1

Sendo O Senhor, Onipresente, isso torna estritamente impossível que Ele esteja longe de algo ou alguém. Então, a “distância”, conforme visto na pergunta inicial deve ser entendida como não interferência, ausência de socorro em prol de alguém que se sente em meio à angústia. A questão em apreço é, por quê?

Uma suposição necessária é que esse alguém possui relacionamento com O Senhor; senão, sequer faria sentido sua queixa.

Estar alguém angustiado não é defeito nem credencial; é circunstância. Essa pode advir de razões distintas. É possível alguém se angustiar pela precipitação, por querer as coisas no seu tempo, não no Divino. “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei pela salvação da Sua Face.” Sal 42;5 Se a solução para o abatimento, seria esperar Nele, a pressa pelo livramento, foi a feitora do abatimento de então.

A relação do Eterno com o tempo é ímpar. Nossa sensação de finitude, de que o tempo está passando leva-nos a demandar coisas, quando, muitas vezes a calmaria confiante seria mais “produtiva”. “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7

Pois, tendemos a ver layouts como arte-final. Deus faz com que coisas aparentemente más, contribuam para alvos venturosos, forjando a têmpera que sabe necessária em nós. Assim, angústias de quem teme esse processo, soam ante Ele como manhas de crianças que se recusam a remédios amargos, embora, necessários. “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, e são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

Se, coisas angustiosas agora, resultarão em bem para nós, isso já explicaria porque Deus se “esconde”. Sua Palavra testifica dos efeitos benéficos de sofrer angústias seguindo fiel. “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

Noutro contexto onde via com melhores olhos que uma criança chorando, mercê dos seus mimos infantis, Davi escreveu: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Sal 46;1 Invés de reclamar de suposto esconderijo, O via bem presente, então. Não houve mudanças no Eterno; antes, nos estados emocionais do salmista.

Há ainda angústias que são consequências de escolhas alienadas da Divina vontade. O que o vulgo chama de “lei do retorno.” Num caso assim, seria estúpido clamarmos a Deus por livramento das consequências, se, fizemos ouvidos moucos quando nos advertiu que evitássemos as causas.

Além de Onipresente É Onisciente; sabe onde cada caminho conduz. “Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas no fim são caminhos da morte.” Prov 14;12 Fazermos as coisas à nossa maneira ignorando Seus ensinos, é uma forma segura de irmos ao encontro de angústias.

Então, o conselho: “Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;6 e 7 Afinal, “... maldição sem causa não virá.” Prov 26;2

Resta ainda, o concurso da nossa miopia, que vê problemas alhures, e não os vê quando palpitam em nós. Nossos problemas sempre são os outros, ou as circunstâncias adversas. Não raro, O Eterno precisa nos livrar disso, do egoísmo, mais que de obstáculos alhures.

Uma vez estabelecido o relacionamento com O Eterno, os termos da relação devem ser observados. Quando temos a obediência como coisa que se pode deixar de lado, desejamos apenas O Salvador, não, O Senhor; essa “autonomia” suicida nos colocará em rota de colisão com O Criador.

Não apenas permitirá que angústias nos visitem, como as causará. Com Israel foi assim. “Em toda a angústia deles Ele foi angustiado, e o anjo da Sua presença os salvou; pelo Seu amor; pela Sua compaixão Ele os remiu; e os tomou e conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes, e contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;9 e 10

O Santo Se mostra mui solícito para socorrer aos necessitados; “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50;15 Porém, nos versos seguintes, recusa a petição do que escolhe à impiedade como modo de vida; “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os Meus Estatutos, e em tomar a Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as Minhas Palavras para detrás de ti.” V 16 e 17

Enfim, tempos de angústia para os fiéis são provas de fé. Quem passar sem negar ao Eterno, fruirá a recompensa. “... O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

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