“Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete sua estultícia.” Prov 26;11
Embora a figura seja um tanto nojenta, seu teor filosófico é profundo. Dizemos que, gato escaldado sente medo de água fria; significando que o bicho, após as dores duma experiência ruim, prefere manter distância, até de algo apenas parecido com aquilo que o feriu; que dizer, se for igual?
Da superioridade “cognitiva” dos bichos a Palavra versa: “O boi conhece seu possuidor, o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, Meu povo não entende.” Is 1;3
A natureza humana não se apresenta prudente como os animais. Para efeitos de teatro somos muito bons em conselhos; quem jamais leu dicas assim: “Fazendo as coisas do mesmo jeito, jamais obterás resultados diferentes.” Ou, “quem se mistura aos porcos, acaba comendo farelo.”
Infelizmente, não significa que, quem diz essas coisas, evitará repetir erros, ou deixará a companhia dos “suínos.” Ter um dito assim na ponta da língua não torna o mesmo, normativo, de modo a pautar por tal padrão, as decisões que serão tomadas, por quem fala assim. Nos provérbios encontramos a “filosofia” do bêbado: “... Espancaram-me e não doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? aí então beberei outra vez.” Prov 23;35
A maioria dos erros que se comete não são por falta de luz; antes, pela resiliência da vontade que, tendo escolhido algo, e deixado patente essa escolha, se os fatos provarem que foi um erro, ainda assim, o fanatismo egoísta de quem se recusa a admitir falhas, fará sua vítima reiterá-lo invés de assumi-lo.
Precisamente isso, o texto bíblico alegoriza comparado ao cão que volta ao vômito. Vomitar, eventualmente, pela incidência duma indisposição estomacal é desventura à qual todos estamos sujeitos. Daí, a...
Enfim, cometer um erro de avaliação, de escolha, apostar num azarão, pode acontecer com qualquer um. Todavia, identificado que foi um ato estúpido, perseverar nele é trair a si mesmo. No entanto, assim fazem os adúlteros, os promíscuos, os viciados, os sectários. Num rasgo de lucidez após os maus atos veem como eles são; depois, retornam aos mesmos na primeira ocasião.
São poucos que conseguem admitir um erro sem carecer uma muleta adversativa que o dilua, ou justifique; eu errei, mas... Se, filosoficamente carecermos de muletas, estaremos demonstrando a quem puder ver, que não nos firmamos bem sobre as pernas.
Deveríamos aprender com Davi, uma confissão honesta sem atenuantes; “Lava-me completamente da minha iniquidade, purifica-me do meu pecado. Porque eu conheço minhas transgressões; o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares e puro quando julgares.” Sal 51;2 a 4
Como disse Paulo: “... sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” Rom 3;4
Natural que, em se tratando da conversão, quem está acostumado a um modo de vida, ser chamado a outro radicalmente oposto, traz o risco de algumas recaídas. Mas, se acontecerem, devem ser confessadas e abandonadas; não retomada a antiga maneira ímpia de viver, de antes de Cristo.
Naquele contexto nada tínhamos a perder. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 Também nada ganhamos agindo daquele modo, como evidencia a pergunta do próximo verso: “Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” V 21
Embora um renascido não pare radicalmente de pecar, (quisera fosse possível) não deve deixar que antigos vícios, aos quais “vomitou” quando se rendeu ao Senhor, ainda tenham comando sobre suas escolhas, sua vontade.
Ainda falhamos, pois; não mais, sem dor, sem culpa como antes. Esse peso na consciência quando erramos, atua a nosso favor; denuncia nosso descaminho pontual para que retornemos à vereda estreita com Jesus.
A uns que creram por um pouco, depois se deixaram seduzir de novo pelos antigos hábitos, Pedro também apreciou com a mesma figura, anexando outra, do mesmo tipo. “Porque melhor lhes seria não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes foi dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22
A rendição a Cristo, quando veraz, opera em nós uma limpeza profunda. Tanto que, malgrado, seguindo os mesmos, não seremos mais os mesmos, pelos valores e dons em nós incutidos. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5;17
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