quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A alegria superior


“Tornaste meu pranto em folguedo; desataste meu pano de saco e me cingiste de alegria.” Sal 30;11

O trânsito dum estado emocional soturno, a outro, jubiloso, figurado na troca de vestes. De panos de saco, sinais de humilhação, para ornatos festivos de celebração.

Isaías usou linguagem semelhante aludindo às transformações ensejadas pelo Salvador. Ele viria, entre outras coisas, para “Ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado...” Is 61;3

Nem sempre nossas respostas emocionais são coerentes com o que acontece no mundo espiritual. Não porque as vitórias nesse âmbito não sejam alegres. Antes, porque eventualmente nos pesa o preço das conquistas, mais do que, as discernimos, pela nossa prisão às informações sensoriais; pelo distorcido sentido que damos ao que vemos, ignorando coisas que, mesmo não vendo poderíamos saber.

Quando da maior vitória de todos os tempos, a de Cristo, por não ver as coisas como eram no âmbito espiritual, os discípulos do Senhor dispersaram-se aborrecidos.

Ajuntando-se a dois deles pelo caminho, sem se revelar, O Senhor ressuscitado os censurou por aquela tristeza desnecessária, como sendo derivada da lentidão intelectual e espiritual, para entender o que estava em curso; “... Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na Sua Glória?” Luc 24;25 e 26

As coisas tinham acontecido precisamente como as Escrituras vaticinavam; e eles estavam “derrotados”. O risco de colocarmos nossos afetos adiante da vontade de Deus revelada, é que, aqueles tolhem a sadia compreensão dessa.

Tanto um bobo alegre pode comemorar derrotas, tipo os que se entusiasmam com falsos profetas e suas lisonjas, quanto, um salvo, lamentar vitórias, pela lentidão em discerni-las.

As mulheres que levaram especiarias ao sepulcro se entristeceram por não encontrarem o corpo morto. Entretanto, O Salvador estava vivo. Muitas tristezas derivam da falta de luz, mais que, da falta de motivos para gozo.

A alegria da salvação, da comunhão restaurada com O Eterno é um patrimônio íntimo dado a cada um dos salvos. Pelo alto preço dos nossos pecados demandou uma grande tristeza e ímpar humilhação, como as que foram impingidas ao Salvador. Também requer a nossa, na conversão, em arrependimento.

O resultado da cruz, foi a regeneração dos crentes, motivo de eterna alegria para quem acessa à dimensão espiritual.

Essa, aliás, pode ocorrer a despeito do concurso de privações exteriores, até. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rom 14;17 Se deixarmos nossa natureza ler e reportar as coisas como lhe parecem, tendemos a dar mais importância ao casulo que às asas.

Assim como, os que não podem ouvir a música não entendem o motivo dos que estão dançando, eventualmente, os que não têm vida espiritual também desconhecem as razões dos que nasceram de novo. Por quê? Porque “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Assim como se diz que, o coração tem razões que a própria razão desconhece, também o espírito regenerado, frui alegrias que os escravos dos sentidos ignoram.

A alegria dos naturais, está vinculada a circunstâncias venturosas, coisas palpáveis. A espiritual é patrimônio íntimo dos que conhecem ao Senhor.

Davi versou, comparando isso aos que se alegravam por uma vultosa colheita; “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram trigo e vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só Tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.” Sal 4;7 e 8

Alegria no coração; paz de espirito; sono tranquilo; segurança; tais coisas lhe eram melhores que uma farta colheita.

Elementar que cada um priorize aquilo que lhe parece mais importante. O homem natural cuidará, zeloso, do seu corpo e posses materiais; não que seja um problema; é um testemunho das suas prioridades. Paulo ensina qual deve ser a nossa; “... ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Cor 4;16

A Timóteo aconselhou: “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;8

Não precisamos fingir quando dolorosos males assolam. Porém, quem renasceu em Cristo, sabe que as tristezas necessárias pela fidelidade, são sementes, que no devido tempo serão segadas em júbilo. “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo seus molhos.” Sal 126;6

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