domingo, 16 de fevereiro de 2025

Fracasso de público


“Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8

A luz espiritual quando ela nos foca costuma deixar-nos em maus lençóis. Cristo explicou: “Porque todo aquele que faz o mal odeia à luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 A verdade expõe a quem age mal; e, em dado momento todos agimos.

Como uma loja que coloca seus melhores produtos nas vitrines, e eventuais trastes, coisas ultrapassadas deixa nos fundos, em geral, a alma humana. Deixa visíveis suas presumidas virtudes, e camufla, tanto quanto pode, os defeitos.

Não se importa de ser vista em momentos de exaltação, na verdade deseja; mas quando tropeça nalgum lapso, prefere abafar, esconder.

Deparei com um vídeo onde Caio Modesto, que criticara Deive Leonardo, recebeu uma resposta do “coacheólogo.” A crítica se baseava no fato duma pregação dele ter sido antropocêntrica, não, bíblica. (todas dele são assim)

Ele começou sua “defesa” dizendo ter mais de 40 milhões de seguidores. Ora, se a porta da salvação é estreita, poucos entram, muitos são chamados, mas poucos escolhidos, essa avalanche de aprovação é testemunho a favor, ou, contra ele? Anitta, Pablo Vittar, Filipe Neto etc. também têm seus milhões, e daí? Quem disse que a verdade ancora seu barco na enseada dos números?

Invés de reconhecer que a sua errônea pregação fora corretamente criticada, preferiu atacar seus críticos, dizendo serem pessoas frustradas, sem esperança, cuja teologia seria derivada das suas frustrações.

Ora, só existe um tipo decente de teologia; a que interpreta corretamente a mensagem Divina, o relacionamento de Deus com o homem. Eventuais passagens polêmicas, difíceis, a boa teologia deixa margem para interpretações alternativas; mas no que é claro, não. As que recebem o verniz das experiências particulares não são teologias; antes, “empiriologias.”

Essa história de “Deus como você o concebe”, invés de pintar um “Retrato da Divindade” expõe um grau alarmante de miopia espiritual. “Nada podemos contra a verdade.” Somos criaturas de Deus, não, criadores.

Quem fala estritamente a verdade, não precisa atacar nada, exceto, à mentira. Não carece contorcionismos, diversionismos, números para “testemunhas”. Pode ser lacônico como Pilatos: “... o que escrevi, escrevi.” Jo 19;22

Desgraçadamente, pelo que se tornou a humanidade, após a queda em consórcio com Satanás, a verdade está condenada a ser um fracasso de público.

Assim, quem usa o “sucesso” como argumento, de modo oblíquo admite que é um farsante, um espertalhão amoral preenchendo um “nicho de mercado”.

“Porque virá o tempo em que não suportarão à Sã Doutrina, mas tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme suas próprias concupiscências, desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4 Tais “profetas” são fomentadores desses anseios que, tentam camuflar a impiedade com as vestes rotas da religiosidade vazia.

Quando Jesus Cristo multiplicou pães e peixes, se tornou um sucesso. No dia seguinte uma multidão maior o buscou. Não tendo dado nada, então, ao estômago, mas falado do pão que as almas necessitam para salvação, pouco a pouco viu seu público evadir-se, ficando apenas os doze que escolhera.

Invés de correr após os fugazes prometendo mais pão, interpelou ao seus: “vós também, não quereis ir?” Jo 6;67 se o preço por falar e defender à verdade fosse ficar sozinho, O Senhor ficaria. Mas, Pedro pontuou a falta de opções; “... para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” V 68

Os filósofos gregos consideravam às multidões, bestas acéfalas. Monstrengos sem cérebros. Todavia, esses farsantes usam o apoio das multidões como “argumentos”. Bem disse o filósofo dinamarquês, Sören Kirkegaard: “Para dominar às multidões basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.”

A verdade pode tremular solitária como uma bandeira no cume do Everest; mas, seguirá sendo verdade.

O sucesso dos pregadores mentirosos, a rigor, é juízo contra os consumidores disso; “Por isso Deus os enviará a operação do erro para que creiam na mentira, para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes, tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2;11 e 12

No sentido estrito, o texto se refere ao surgimento do anticristo, mas, esses são precursores dele, e andam no mesmo espírito.

Não é minha vivência, minhas experiências que determinam como eu devo ler a Divina revelação; antes, essa, como nos foi dada, é apta para moldar nossas vidas, regenerá-las, conforme o propósito Daquele que nos criou.

A conversão deve se dar em nós não no Senhor, que É Perfeito. “De sorte que, fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela Glória do Pai, assim andemos nós, em novidade de vida.” Rom 6;4

A perseverança


“Sereis odiados por todos, por amor do Meu Nome; mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.” Mc 13;13

Se, por amor do Nome de Cristo seremos odiados por todos do mundo, isso já evidencia que O Nome Santo, não tem nada a ver com essa amálgama, insípida, adaptável à impiedade, que muitos “Teólogos liberais” da vez, têm anunciado.

Nem o “Jesus” motivador dos palanques coachs, nem o enriquecedor da “Teologia da Prosperidade”, tampouco, o “inclusivo” do ecumenismo e da sexualidade alternativa, causam mal estar no mundo ímpio, se fazendo alvo de ódio. Tal “desidratação” da doutrina, e omissão da necessária santidade, é uma perversão que o mundo aplaude, até.

A própria Palavra sentencia o porquê, dessa simbiose; “Do mundo são, por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve.” I Jo 4;5 Dos servos do Senhor o apreço é diverso; “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes, Eu vos escolhi dele, por isso o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Os que derivaram por mundanos caminhos, se andaram um dia na senda estreita, por certo, foram omissos na exortação quanto à necessária perseverança; caíram na apostasia. Seu desejo pela aceitação humana se mostrou mais forte que o amor por Deus, e pela verdade.

“A palavra perseverar tem origem no latim, “perseverare”, que por sua vez, deriva de “severus”, que significa severo, ou rígido. O termo foi herdado diretamente do latim, com a ideia de manter-se firme, constante numa determinada ação, ou objetivo. “Per”, totalmente; “severus” sério.” (Origemdapalavra.com.br)

Logo, quem perseverar até o fim, permanecerá totalmente sério na interpretação e no cumprimento da doutrina, isso o fará confrontar o mundo, invés de amoldar-se a ele. Esse confronto de valores atrairá contra os santos, o ódio do ímpio sistema; já acontece. Pois, estão matando cristãos idôneos em muitos lugares; ridicularizando-os, onde a violência inda não estendeu suas garras.

Aqueles que odeiam ouvir de Cristo, como Ele É, presto acusam de “discursos de ódio” às mensagens que confrontam suas ímpias maneiras de viver.

Diferente da doutrina calvinista que coloca como necessária a “perseverança dos salvos”, A Palavra de Deus apresenta como consequência natural, a salvação dos perseverantes. Nesse caso, a ordem dos fatores altera grandemente o produto.

Não há “pré-salvos” que, serão forçados a perseverar; antes, os “eleitos” o foram, Nele, (em Cristo) e para permanecer em Cristo num mundo que O odeia, é necessária a perseverança.

Chesterton disse com certo sarcasmo, que, segundo o calvinismo, Deus julga as pessoas antes de nascer. Faz sentido essa análise.

Quando Paulo fala aos romanos, que Deus endurece a quem quer, está combatendo a ideia do “povo santo” ser alvo exclusivo da Divina Graça; se Deus os quer deixar de lado, por um pouco e abrir a porta aos gentios, que direito têm de reclamar? Ele É Soberano.

Se acreditasse na pré-escolha, não teria escrito o que segue: “... enquanto for apóstolo dos gentios, exalto meu ministério, para ver se, de alguma maneira posso incitar à emulação aos da minha carne e salvar alguns deles.” Rom 11;13 e 14

Se esperava que a emulação, o sentimento de rivalidade, poderia despertar alguns de modo que viessem a crer, para ser salvos, atrelou, necessariamente, a salvação às escolhas humanas, não a uma pré-escolha Divina.

Certo é que, sem O Espírito Santo não podemos fazer essa escolha; mas, mesmo com Sua persuasão e iluminação, ainda podemos resistir. “Homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo...” Atos 7;51

Essa balela de que, resistiram porque não eram eleitos, inverte o lugar de causa e consequência; e como dizia Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

Embora a salvação seja pela fé, não, pelas obras, a fé sadia produz as obras que testificam da mesma, e encomenda as recompensas de cada um, segundo a fé que demonstraram mediante atitudes. “Não erreis, Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6;7 e 8

A alegoria da casa edificada sobre a rocha, tipifica a perseverança; as intempéries que a assolam, as perversões doutrinárias, as perseguições que colocam nossa fé em xeque.

A suposta defesa da soberania Divina esposada pelos calvinistas, a rigor, é a defesa da soberania, da idiossincrasia de Calvino.

Deus não carece ser defendido; mas deseja ser amado, compreendido, correspondido. Não direciona esse desejo a um grupo restrito, antes, “quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade.” I Tim 2;4

sábado, 15 de fevereiro de 2025

A venturosa riqueza


“Bem aventurado o homem que acha a sabedoria, homem que adquire o conhecimento... é árvore de vida, para os que dela tomam, são bem aventurados todos que a retêm.” Prov 3;13 e 18

Interessante a figura: A sabedoria como árvore de vida. Quando instruiu ao primeiro casal, O Criador vetou que eles comessem da árvore do conhecimento, porém, colocou a Árvore da Vida no meio do jardim e nada disse sobre ela.

Portanto, a conclusão necessária é que era permitido comer da mesma. Se não fosse, O Eterno teria vetado também; mas não o fez.

Por que as coisas proibidas excitam mais o homem, que as permitidas? Haveria um espírito com essa inclinação por trás? Sabemos que há; o mesmo que patrocinou a desobediência no Éden. É dessa fonte que fervilha o “algo mais” a perverter aquilo que é menos. Ouçamos seu discurso nos lábios da mulher adúltera: “As águas roubadas são doces, o pão tomado às escondidas é agradável.” Prov 9;17

Depois de expor como fala aquela, o sábio sentencia: “Mas não sabem que ali estão os mortos; seus convidados estão nas profundezas do inferno.” V 18

Desde então, pelo consórcio do homem caído com o canhoto, é uma tendência humana, minimizar aos bens que possui, e maximizar, aos que espera possuir, mesmo sem ter certeza que as coisas que anela são mesmo, boas.

De onde verteu o dito; “Eu era feliz e não sabia,” senão, dessa doentia percepção, que leva a desprezar uma situação estável, tranquila, até que, tendo decaído dela, se possa ver melhor, e enfim, apreciar os bens que ela continha? “Mais vale um pássaro na mão que milhares voando” dizem, nos botecos da vida, enquanto, entre uma bebida e outra, devaneiam com “aves” proibidas.

Imaginemos alguém em paz, com alimento e saúde; de repente assomam inquietações na alma, cuja causa não detectou. Bem pode nosso hipotético inquieto, invés de orar grato pelo que tem, e buscar luz sobre as causas que o assolam, sair reclamando bravo do “tédio” de “não ter nada para fazer”.

Nos momentos seguintes, acusar sinais de enfermidade física, mal estar, sentir febre, ânsias... logo nosso “entediado” diria: “Eu era feliz e não sabia.” Tudo daria para volver ao “tédio” anterior. Um pequeno lapso, não identificado pela falta de sabedoria, dera azo a um grande descontentamento; por isso Sophia é tão preciosa. Permite-nos ver o que está bem, e extrair cirurgicamente, apenas o mal.

Muitas vezes, nossas inquietações derivam de nossa lentidão espiritual, em atender ao Espírito Santo que nos chama a fazer algo, ou, desfazer, mediante arrependimento e mudança de postura.

O que temos, em geral, é melhor que o que esperamos ter, senão, pela essência, ao menos, pela incidência. O que esperamos ter é um devaneio, nem sempre comprovadamente sadio; o que temos é um fato. Considerando essas coisas, o mesmo sábio escreveu: “Melhor é a vista dos olhos, que o vaguear da cobiça; também isso é vaidade e aflição de espírito.” Ecl; 6;9

Se, o vaguear da cobiça é um derivado da vaidade e aflição de espírito, é para esses males que um sábio deverá buscar a cura. Enquanto o cobiçoso olha, para quem possui mais do que ele, desejando ter as mesmas coisas, quiçá, superá-lo, outrem que tem menos, talvez olhe para ele, com o mesmo olhar. Ambos os casos são enfermiços. Duas almas que recusam a se contentar com os “nichos” que lhes são próprios.

A saúde espiritual independe de posses; mesmo de saúde física, como disse Paulo: “... porque já aprendi contentar-me com o que tenho; sei estar abatido, e também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto a ter fome, tanto a ter abundância, quanto a padecer necessidade; posso todas as coisas em Cristo, que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Sabemos que evoluir, prosperar é uma tendência sadia, da alma humana. Quando, a referência é a própria alma. Não estamos competindo com o semelhante; antes, convivendo. Devemos superar a nós mesmos, em aprendizado, melhoria espiritual, de caráter, posses até, por que não? Mas, não devemos inverter os valores, colocando as coisas efêmeras, como se mais valiosas que as eternas.

As coisas circunstanciais não devem suplantar às essenciais; “No dia da prosperidade, goza do bem, no dia da adversidade, considera; porque também Deus fez este em oposição àquele...” Ecl 7;14

Se, posses oscilam por essas variações, a sabedoria não precisa traçar os mesmos caminhos. Podemos crescer nela, mesmo quando os bens diminuem.

Todos somos pobres nesse aspecto, mas desejando de coração, seremos enriquecidos; “Se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente...” Tg 1;5

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Corações bilíngues


“Do homem são as preparações do coração; mas do Senhor, a resposta da língua.” Prov 16;1

As preparações do coração, uma forma prolixa de dizer, planos. Do homem os planos, do Senhor a resposta; favorável, ou não. Quem se coloca na condição de servo, mormente aquele que tem uma vocação ministerial, deve ter em mente mais vívido, que o cristão comum, que a liberdade de desejar certas coisas, concedida pelo Senhor, não é sinônimo, necessariamente, de que aquelas coisas têm a Divina aprovação, e lhe serão dadas.

Entendo por cristão comum, o que não tem um ministério especial, que o faça se locomover ou atuar, de modo distinto dos demais; podendo cuidar das suas coisas enquanto serve ao Senhor; não significa que haja dois tipos de cristãos, estritamente. Mas os dons e incumbências do Eterno, eventualmente, diferenciam uns e outros, quanto ao serviço que devem prestar.

Ouvi um pregador dizendo que, se Deus permitiu que eu veja e deseje alguma coisa, certamente é porque o desejo já foi gerado em meu coração por Ele, que, no seu tempo me vai dar aquilo.
Confundir anseios do coração, com revelações ou propósitos do Espírito Santo, é o embrião de onde nascem os falsos profetas e ministros réprobos.

Nos dias de Jeremias, alguns corações assim, eivados de pretensões espirituais tentavam se opor a Ele, que era um escolhido. “Assim diz O Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não, da Boca do Senhor.” Jr 23;16

Quando Jeremias advertiu do cativeiro de setenta anos, foi enfrentado por um “profeta” do coração, Hanani, que disse que não passaria de dois anos. Lógico que seria mais agradável ouvir a esse; mas os fatos mostraram que era mentira. No final, foram mesmo sete décadas. A primeira nuance de um profeta idôneo é que ele não se preocupa mais, em ser agradável, que, verdadeiro.

Pelo mesmo profeta, O Senhor valorara nosso coração; “Enganoso é o coração mais que todas as coisas e perverso, quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, supor alguém, que as coisas mais veementemente acariciadas, nos corações, serão as que O Senhor nos dará, necessariamente, é desconhecer, tanto O Senhor, quanto, o próprio coração.

Alguns desses que pregam a doentia sonhologia, ensinam que, José sonhou coisas grandes, por isso realizou, virando primeiro ministro de Faraó; Não. Ele não sonhou nada, no sentido de desejar coisas grandes, como fazem parecer esses “intérpretes” das próprias cobiças invés da Palavra.

O Senhor revelou a ele em sonhos, o que lhe faria em dias futuros; ele não entendeu aquilo, contou a quem nem deveria e sofreu as consequências. No tempo oportuno, a fidelidade Divina fez cumprir o que mostrara a José desde sua juventude. Foi um vaso escolhido, não, um sonhador competente.

Se fôssemos chamados para devanear com grandezas, nem poderíamos entrar pela vereda do Evangelho. O convite aponta a uma porta estreita, que se abre no início de um caminho apertado, para o qual, a bagagem do ego, com seus anelos de grandezas não deve ser levada; “Negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.”

Então, antes de estendermos as verdes lonas da esperança, ancorando-as nas estacas que nossos próprios desejos cravam, convém lembrarmos que O Eterno não se responsabiliza pelos nossos anseios, mas pela Sua Palavra.
Devemos reter a “esperança proposta” Heb 6;18, não o devaneio acariciado.

Nosso coração é permeável como uma esponja; se não filtrarmos o que acolheremos nele, correremos o risco de desejar coisas indevidas, impuras até, esperando para isso, a “bênção” do Senhor. Por isso, oportuno lembrar certa advertência: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Disse mais o mesmo conselheiro: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5

Tendemos ao egoísmo, por causa do concurso na natureza carnal em nós; e um coração não disciplinado segundo a Palavra da Vida, facilmente trai a si mesmo, tentando “culpar” a Deus pelo que ele deseja.

Não que não seja permitido fazermos planos, acalentarmos desejos; mas, antes de os levarmos a efeito, consultemos a Deus, abertos ao que Ele responder. Sem tentar fazer dos nossos anseios, fiadores do que O Santo não tencionou para nós. Não esqueçamos, pois, que, “Do homem são as preparações do coração; mas, do Senhor, a resposta da boca.”

Na parábola do Semeador, o coração que figura a boa terra, é o que muito frutifica, não, o que devaneia com as coisas dessa vida. Nada valerá balirmos quais ovelhas, se nosso coração “bilíngue” ainda falar o dialeto dos lobos.

Errando o caminho


“Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão; filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça.” II Ped 2;15

“... deixando o caminho direito...”
O que leva alguém a deixar um caminho no qual, tinha um bom andar? Tendemos a sentir certo alívio nas mudanças, ainda que, estejamos mudando para pior. Sabedores dessa doença, os políticos tripudiam. Se, não estão no poder bradam aos quatro ventos sobre a “necessidade de mudança;” quando já estão governando, pleiteiam sua permanência, para “continuar mudando”. Logo, mude ou não, sempre “muda”.

Lucas relata essa nuance, esse anelo por algo novo, justamente, no berço da filosofia; em Atenas. “Pois todos os atenienses, estrangeiros e residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer ou ouvir alguma novidade.” Atos 17;21

Uma novidade é uma mudança, mesmo que incida apenas no aspecto intelectual. A mesmice costuma deixar um quê do seu peso, sobre as almofadas dos fatos novos. Sabemos que, sempre que alguém “deixa um caminho”, não fica num vácuo, numa neutralidade ímpar; antes, opta por outro que, por alguma razão, lhe parece melhor. Antes de mudarmos, seria prudente responder duas perguntas: Para onde? Por quê?

O “caminho direito” em se tratando das coisas espirituais, é a Doutrina do Senhor. Sempre que surge algo “novo”, onde a necessidade é de perseverança, não, de novidade, temos um desvio com potencial para nos afastar do rumo certo.

Aos que tinham se perdido por atalhos alternativos, nos dias de Jeremias foi dito: “Assim diz O Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele, achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

“... erraram seguindo o caminho de Balaão...”
não há originalidade possível, no âmbito comportamental, depois de todos os precedentes deixados por bilhões de pessoas, no decurso de alguns milênios. “O que foi, isso é o que há de ser; o que se fez, isso se fará; de modo que, nada há de novo, debaixo do sol.” Ecl 1;9

Malgrado alguém pretenda “pensar por si” seguir “sem imitar ninguém”, forçosamente, estará imitando a muitos que já tropeçaram na mesma pedra. Os denunciados por Pedro que erraram deixando o caminho direito, acharam atrativos com mais apelos nos caminhos de Balaão, o profeta mercenário, que tropeçou nos dias do Êxodo.

Mas, o que fez ele? “... amou o prêmio da injustiça.”

Para quem erra desde sempre, se mudar um dia, o fará em demanda de caminhos melhores. Porém, quem conheceu ao caminho direito, precisa de algum “incentivo” mui pujante da oposição em consórcio com a própria carne, para trocar a higiene espiritual, pela imundícia.

Pedro os aprecia: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado, pior que o primeiro; porque melhor seria, não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o se desviarem do santo mandamento que lhes fora dado; desse modo sobreveio-lhes, o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Amar ao prêmio da injustiça é o suprassumo do egoísmo. Se algo me traz vantagem, pouco importa que prejudique a terceiros, se é justo ou não, eu quero. Assim pensam os seguidores de Balaão, que, em troca do ouro de Balaque se dispunha a amaldiçoar solenemente ao povo do Senhor.

Se O Eterno usou o recurso extremo de fazer uma jumenta falar, para corrigir os rumos do mercenário, o fez para ensinar algo mais ao ganancioso profeta.

Estava disposto a vender o que não possuía; o poder de danar ou abençoar ao caminho de um povo. Balaque havia colocado sobre ele esse “poder”; “...porque eu sei que, a quem tu abençoares, será abençoado; e a quem tu amaldiçoares, será amaldiçoado.” Nm 22;6

A bem da verdade, as coisas não eram assim; e quando a jumenta lhe “devolveu o microfone” precisou admitir isso: “... Como amaldiçoarei ao que Deus não amaldiçoa?” Nm 23;8

Sem Deus, qualquer homem, profeta ou não está em pé de igualdade a um jumento. “Disse eu no meu coração, quanto à condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria para que assim pudessem ver que, são em si mesmos, como os animais.” Ecl 3;18

Quem está no “caminho direito” não anda em si mesmo; está em Cristo. E, se, depois de conhecer ao Senhor Justiça Nossa, ainda vê atrativos na injustiça, não é digno do Senhor. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo." II Cor 5;17

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

As escolhas



“Convidarás Jessé ao sacrifício; Eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem Eu te disser.” I Sam 1;3

Instruções a Samuel, depois que Saul desobedecera, e O Senhor o rejeitara como rei. O Eterno ordenara o juízo contra Amaleque, a ser executado por Saul; dada a desobediência dele, que fez a coisa parcial e relaxadamente, os Olhos do Eterno se voltaram para a casa de Jessé, de onde escolheria um novo monarca.

A nomeação de um rei imitando às nações vizinhas, fora rebeldia do povo, não, iniciativa Divina. “Dei-te um rei na minha ira, e tirei-o, no Meu furor.” Os 13;11 Tanto no início, quanto, no fim do reinado de Saul, houve desobediência.

Interessante a forma do Senhor conduzir aos que Nele confiam; mostra apenas o necessário; quando esses andam no caminho da obediência, O Altíssimo acrescenta informações; “... Eu te farei saber o que hás de fazer...” Tivesse Samuel permanecido em casa esperando mais detalhes, e teria sido um desobediente a mais. Ele não fez assim; confiou no Senhor e foi.

Desse modo, a chamada de Abraão; “... sai da tua terra, dentre tua parentela, para uma terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1 Foi convidado a sair “no escuro” confiando na Palavra de Deus.

Na ordem dada a Samuel, lhe foi dito que fosse até à casa de Jessé, em Belém. Pois, dentre os filhos dele, um seria ungido pelo mesmo, para que viesse a ser rei. Eram essas as informações que ele tinha; e lhe bastaram para que fosse aonde O Eterno o enviara. Quando nos ordena algo, Deus mostra apenas o que precisamos saber, para trilharmos em obediência; feito isso, oportunamente acrescenta o que mais carecermos.

“... ungir-me-ás a quem Eu te disser.” Bons tempos aqueles em que, quem ungia tinha comunhão com Deus, era obediente de modo a fazer exatamente o que O Santo determinasse.
Mesmo podendo ir direto ao ponto, dizendo ao profeta que escolhera ao menor da casa, Davi, O Senhor permitiu que Samuel “tateasse”, chamado aos filhos de Jessé, um a um, para que, além de atuar como instrumento Divino, Samuel também aprendesse uma lição, quanto às qualidades que O Santo aprecia.

Nós, facilmente escolhemos os belos, inteligentes, loquazes, talentosos...
Ante os apessoados e robustos filhos mais velhos de Jessé, o profeta imaginou ter encontrado o termo de sua missão; deve ser esse “sarado”, o escolhido do Senhor, pensou, quando viu a Eliabe; “Porém, O Senhor disse a Samuel: Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque O Senhor não vê como vê o homem; pois, o homem vê o que está diante dos olhos, porém, O Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Para humanas escolhas, além das qualidades e carismas aparentes, contam também laços de sangue, favorecimentos aos da casa de quem escolhe, em detrimento da Divina prerrogativa de escolher quem lhe aprouver.

São “normais” as acomodações politiqueiras, onde homens sem uma sadia comunhão com O Eterno, como tinha Samuel, em determinados períodos, distribuem seus “cargos”, tentando acariciar às carnais comichões de uns e outros, invés de orar para conhecer às Divinas escolhas. “... ungir-me-ás a quem Eu te disser.”

Como um abismo chama outro, essas escolhas que brotam da terra, sem a Divina chancela, acabam formando um círculo vicioso, onde, os ineptos, hoje escolhidos, acabarão sendo agentes de novas escolhas, amanhã. Não é pequeno o estrago de estarem os homens errados nos lugares errados, sobretudo, quando esses lugares pertencem à Obra de Deus.

Em geral, um conjunto de normas terrenas, muitas vezes, eivados de doutrinas de homens, não, o testemunho digno, o caráter ilibado, a aptidão ministerial, contam, quando as escolhas derivam dos apontes do dedo humano.

Davi não estava nem aí, para ser rei; cuidava ovelhas, compunha salmos e tocava harpa. Mas Deus o quis, e no momento que julgou oportuno, enviou Samuel ao encontro do jovem.

Passados três mil anos, aproximadamente, daquele incidente, ainda não aprendemos que, as escolhas pertinentes às coisas do Senhor, são de exclusiva competência Dele. Os melhores obreiros não são os que se assanham em busca de reconhecimento, antes, os que mantêm um sadio relacionamento com O Senhor, e nele perseveram, por amor a Cristo, não por amor a cargos.

Tanto erra o “Samuel” que impõe precipitadamente as mãos recomendando ao ministério gente não aprovada ainda, quanto, os que ignoram por motivos rasos, os dons e o testemunho que O Senhor fez notórios nalgumas vidas que O Temem.

Belém, significa “Casa do pão” em hebraico. De lá O Eterno escolheu um rei. Infelizmente, há muitos que são escolhidos na “casa de carne” em nossos dias.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Más conversações


“Não vos enganeis; as más conversações corrompem os bons costumes.” I Cor 15;33

Se, tivermos que optar entre palavras e atos, simplesmente, não parece uma escolha difícil. A Palavra de Deus já prescreve o melhor, valorando a isso; “Por que O Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.” I Cor 4;20

Entretanto, não podemos ignorar a eficácia das palavras, tanto para o bem, quanto, para o mal. Se, como vimos acima, as más conversações corrompem os bons costumes, temos uma amostra do potencial deletério das palavras más. Assim como, a boa Palavra do Senhor pode convencer aos maus rumo ao arrependimento e mudança de vida, para salvação.

Ora, um costume, nada mais é que um modo de agir rotineiro; não é um fato pontual; antes, uma sucessão de fatos que se repete no decurso do tempo.

Se até algo “estabelecido” assim, pode ser corrompido pelas palavras, essas obreiras da persuasão não são nada inocentes. Mesmo pessoas de boa índole, quando falam demais tendem a transgredir, ir além do que é justo. “Porque na multidão dos sonhos há vaidades; também, nas muitas palavras; mas tu, teme a Deus.” Ecl 5;7

No Éden, O Senhor visitava a Adão pela viração do dia e com ele conversava. Isso se tornara um costume entre o primeiro homem, e O Criador. Porém, num nefasto dia, surgiu alguém “bom de papo” para uma nova conversação; como consequência da aceitação dos conselhos do novo “amigo”, que sugerira romper com Deus, aquele costume não existiu mais. O homem que sempre recebera ao Criador com alegria, então, sentiu medo e foi à moita. Tinha participado de uma má conversação, e começava a colher os frutos dela.

Todo aquele que precisa se esconder, ou esconder algo, traz, nos próprios passos o testemunho que, em determinado momento abraçou o mal; seja pelo conselho externo, ou mesmo por anseios que palpitaram no íntimo; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 O medo da reprovação exterior é o efeito colateral da reprovação já conhecida, no íntimo.

O contexto no qual Paulo escreveu o verso em apreço, foi o da preservação da Doutrina do Senhor. Alguns estavam negando a ressurreição dos mortos, e ele depois de argumentar evocando o senso lógico dos ouvintes, chamou aquilo de má conversação.

Nessa área, que tenta se opor ao conhecimento de Deus, o pai das conversações fajutas atua como em nenhuma outra; como o homem caído deixou de ser apenas vítima, e pelo consórcio com o canhoto se fez coautor das falácias, devemos estar vigilantes, contra toda e qualquer conversa, cujo alvo seja obscurecer o conhecimento do Santo.

Fomos armados para combater nessa esfera; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas, destruindo conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento, à obediência de Cristo.” II Cor 10;4 e 5

O que é um falso profeta, ou doutor, senão, um hábil na arte da conversação, com consciência cauterizada, caçando incautos para os levar a perder, segundo anelo do seu mentor, o capeta? Pode usar vigorosas porções da Palavra de Deus, mencionar O Santo Nome quantas vezes lhe aprouver; uma má conversação, em seu propósito, não se torna boa, apenas porque seu arquiteto pendurou na fachada algumas coisas vistosas.

O Salvador ensinou a conhecermos as árvores pelos seus frutos, não, pelas folhas. “Nem todo o que me diz, Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos Céus; mas aquele que faz a vontade do Meu Pai, que está nos Céus.” Mat 7;21

Vivemos numa geração extremamente suscetível, incapaz de lidar com a seriedade necessária da vida, sem exibir um vitimismo doentio. Os pregadores que pretendem agradar aos doentes, invés de curá-los, também escolhem palavras açucaradas, dourando a pílula, onde deveriam servir a amarga mensagem de arrependimento, como ela é.

Nesse caso, a conversação também é má; pois, o costume dos pais da Igreja, imitadores de João Batista e Jesus Cristo, era, abordarem aos pecadores com um sisudo, arrependei-vos! Esses que tentam temperar carne com açúcar estragam aos dois elementos; geram uma leva de drogados psicológicos, que querem ser agradados no erro, quando sua mais urgente necessidade é serem transformados pela Sã Doutrina de Cristo.

Quando alguém carece condimentar o que vai dizer, sonega a verdade, tendo como objetivo a própria aceitação; evidencia que, suas comichões lhe são mais importantes que o Reino de Deus. Quem fala em submissão a Deus, não agrada ao homem, mas também não engana. “Se alguém falar, fale segundo as Palavras de Deus...” I Ped 4;11
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