“Bem aventurado o homem que acha a sabedoria, homem que adquire o conhecimento... é árvore de vida, para os que dela tomam, são bem aventurados todos que a retêm.” Prov 3;13 e 18
Interessante a figura: A sabedoria como árvore de vida. Quando instruiu ao primeiro casal, O Criador vetou que eles comessem da árvore do conhecimento, porém, colocou a Árvore da Vida no meio do jardim e nada disse sobre ela.
Portanto, a conclusão necessária é que era permitido comer da mesma. Se não fosse, O Eterno teria vetado também; mas não o fez.
Por que as coisas proibidas excitam mais o homem, que as permitidas? Haveria um espírito com essa inclinação por trás? Sabemos que há; o mesmo que patrocinou a desobediência no Éden. É dessa fonte que fervilha o “algo mais” a perverter aquilo que é menos. Ouçamos seu discurso nos lábios da mulher adúltera: “As águas roubadas são doces, o pão tomado às escondidas é agradável.” Prov 9;17
Depois de expor como fala aquela, o sábio sentencia: “Mas não sabem que ali estão os mortos; seus convidados estão nas profundezas do inferno.” V 18
Desde então, pelo consórcio do homem caído com o canhoto, é uma tendência humana, minimizar aos bens que possui, e maximizar, aos que espera possuir, mesmo sem ter certeza que as coisas que anela são mesmo, boas.
De onde verteu o dito; “Eu era feliz e não sabia,” senão, dessa doentia percepção, que leva a desprezar uma situação estável, tranquila, até que, tendo decaído dela, se possa ver melhor, e enfim, apreciar os bens que ela continha? “Mais vale um pássaro na mão que milhares voando” dizem, nos botecos da vida, enquanto, entre uma bebida e outra, devaneiam com “aves” proibidas.
Imaginemos alguém em paz, com alimento e saúde; de repente assomam inquietações na alma, cuja causa não detectou. Bem pode nosso hipotético inquieto, invés de orar grato pelo que tem, e buscar luz sobre as causas que o assolam, sair reclamando bravo do “tédio” de “não ter nada para fazer”.
Nos momentos seguintes, acusar sinais de enfermidade física, mal estar, sentir febre, ânsias... logo nosso “entediado” diria: “Eu era feliz e não sabia.” Tudo daria para volver ao “tédio” anterior. Um pequeno lapso, não identificado pela falta de sabedoria, dera azo a um grande descontentamento; por isso Sophia é tão preciosa. Permite-nos ver o que está bem, e extrair cirurgicamente, apenas o mal.
Muitas vezes, nossas inquietações derivam de nossa lentidão espiritual, em atender ao Espírito Santo que nos chama a fazer algo, ou, desfazer, mediante arrependimento e mudança de postura.
O que temos, em geral, é melhor que o que esperamos ter, senão, pela essência, ao menos, pela incidência. O que esperamos ter é um devaneio, nem sempre comprovadamente sadio; o que temos é um fato. Considerando essas coisas, o mesmo sábio escreveu: “Melhor é a vista dos olhos, que o vaguear da cobiça; também isso é vaidade e aflição de espírito.” Ecl; 6;9
Se, o vaguear da cobiça é um derivado da vaidade e aflição de espírito, é para esses males que um sábio deverá buscar a cura. Enquanto o cobiçoso olha, para quem possui mais do que ele, desejando ter as mesmas coisas, quiçá, superá-lo, outrem que tem menos, talvez olhe para ele, com o mesmo olhar. Ambos os casos são enfermiços. Duas almas que recusam a se contentar com os “nichos” que lhes são próprios.
A saúde espiritual independe de posses; mesmo de saúde física, como disse Paulo: “... porque já aprendi contentar-me com o que tenho; sei estar abatido, e também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto a ter fome, tanto a ter abundância, quanto a padecer necessidade; posso todas as coisas em Cristo, que me fortalece.” Fp 4;11 a 13
Sabemos que evoluir, prosperar é uma tendência sadia, da alma humana. Quando, a referência é a própria alma. Não estamos competindo com o semelhante; antes, convivendo. Devemos superar a nós mesmos, em aprendizado, melhoria espiritual, de caráter, posses até, por que não? Mas, não devemos inverter os valores, colocando as coisas efêmeras, como se mais valiosas que as eternas.
As coisas circunstanciais não devem suplantar às essenciais; “No dia da prosperidade, goza do bem, no dia da adversidade, considera; porque também Deus fez este em oposição àquele...” Ecl 7;14
Se, posses oscilam por essas variações, a sabedoria não precisa traçar os mesmos caminhos. Podemos crescer nela, mesmo quando os bens diminuem.
Todos somos pobres nesse aspecto, mas desejando de coração, seremos enriquecidos; “Se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente...” Tg 1;5
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