quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Médicos falidos



“Como tornar a mensagem mais relevante para a nova geração?” Essa pergunta foi feita ao pastor Douglas Gonçalves, que, trocando em miúdos sua resposta, basicamente disse que as pessoas precisam de alguém que seja melhor pastor, que pregador.
Alguém que saiba mais, agrupar, aconselhar, motivar do que ensinar. Mais que aprender, as pessoas precisariam se enturmar, encontrar seus nichos.

A pergunta está errada, assim como, a resposta.

A Palavra de Deus não pode ser tornada naquilo que já é; relevante. “Porque A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir, os pensamentos e intenções do coração.” Heb 4;12 Qual receita humana conseguiria melhorar isto?

O que faz a Mensagem falhar, é a irrelevância dos mensageiros descompromissados com o cumprimento dela. O que a mente ímpia usa chamar de relevante, é o que enseja a ideia de sucesso, de adesão massiva. Como a eficácia da Palavra é para dar vida, apenas onde isso acontece, não importa com quantas pessoas, o objetivo do Evangelho se cumpre. No mais, os vistosos efervesceres da religiosidade, não passam de movimentos vãos, sem vida espiritual.

Independentemente, de quais traços psicológicos sejam mais encontráveis no pregador, se é mestre ou, um aglutinador; um traço, é indispensável, se esse pretende ser um representante do Senhor; “... requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4;2 Deles foi dito: “Que os homens nos considerem como despenseiros dos mistérios de Deus.” I Cor 4;1 Quando se perde a fidelidade, a mensagem perde a relevância, pela companhia deletéria da hipocrisia, onde deve ser assento exclusivo da verdade.

Benjamin Scott, autor do livro “As Catacumbas de Roma”, ilustrou de uma forma bem didática, o vilipêndio do Evangelho, já naqueles dias. Lembro a ideia, não farei uma citação “ipsis litteris”.

“Um Grande Médico nos visitou, e, condoído com a enfermidade mortal que atingia todo o ser humano, trouxe uma receita milagrosa que, devidamente ministrada curaria o mal, e todos seus efeitos colaterais. Ministrou exemplarmente em seus dias, e curou aos que o buscaram. Precisando ausentar-se, treinou uma equipe de médicos para que, seguisse ministrando sua receita, e a transmitisse às gerações futuras.
Assim foi feito e seguiu o bálsamo, curando. Porém, com o passar do tempo, como alguns achavam à fórmula meio delicada, carecendo certas ervas de remoto acesso, foram trocando uns componentes por outros que julgaram ter eficácia similar. As alterações “progrediram” tanto no decurso do tempo, que já não eram encontráveis mais, os componentes originais, de tal modo, que se podia dizer com acerto, que o remédio não era mais o mesmo; não estranhável, pois, que tenha deixado de curar”.

A receita, O Evangelho da Salvação; os ingredientes, a Doutrina de Cristo. Os médicos, os pregadores. As renúncias necessárias, o viver probo, as “ervas” de difícil acesso, que pouco a pouco foram abandonadas. Assim, a Mensagem apta a discernir pensamentos e intenções dos corações, se tornou mero simulacro, sem eficácia, pela omissão dos que se recusaram à necessária obediência.

O que necessitamos, para que o remédio volte a curar? Para que O Evangelho deixe patente sua relevância? Paulo adverte: “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

A simplicidade da verdade que confronta, foi substituída por artifícios que entorpecem; o “bem estar” do médico, se tornou mais importante que a cura dos pacientes, a eficácia passou a ser mensurada pelo número de mortos que tomam o placebo, não pelas vidas que são regeneradas; alguns, os materialistas, ainda falam do céu, com muito custo, para disfarçar as pesadas correntes que os atraem pra terra;

Os coachs, com seus métodos artificiais, fazem parecer que é possível crucificar às dores, onde devem ser mortificadas as inclinações insanas; o feminismo com sua rebelião “libertária”, transformou as adjutoras em competidoras dos homens, para perda de ambos os gêneros.

Na verdade, a Palavra da Vida nada perdeu, segue estritamente a mesma. Os que fazem seus contorcionismos para que ela “diga” o que os ímpios anseiam ouvir, são, como os conselheiros de Jó, “médicos que não valem nada.” Jó 13;4

Oferecer uma turba, engajar nela um eventual desgarrado, ignorando que ele carece desesperadamente, nascer de novo, sonegando o ensino da Palavra, é como legar uma serpente a quem procura por peixes.

A Palavra nada perdeu da sua eficácia, reitero; apenas, uma leva de veterinários disfarçados de médicos, pretende ensinar a viver melhor, aqueles a quem deveria ensinar a morrer melhor. “Negue a si mesmo.”

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