“... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai, para uma terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1
Nada poderia ser mais simples, desafiador e didático, que a chamada de Abrão, o qual, depois tornou-se Abraão.
Não foi emoldurada por um projeto rebuscado, campanha de marketing visando convencer ao velho patriarca a mudar sua vida; tampouco, havia fotografias de vales com verdes pastos e águas cristalinas, para motivar a busca, nada; apenas foi oferecido a ele um “plano B”; sai daí, vem comigo. Quantos de nós, tendo um padrão de vida estabelecido, estando relativamente prósperos e bem situados, ousariam numa empresa assim?
A chamada de Cristo a cada um, tem nuances semelhantes; um “Deixa tudo e me segue,” fiado “apenas” na Palavra, que requer o contraponto da fé; pois, as grandezas prometidas também estão fora do alcance das vistas. Então, a uma “terra que te mostrarei”; agora, a um Reino, que, no devido tempo nos será mostrado.
Se parecer simples demais, a algum gosto mais rebuscado, convém entender que A Palavra de Deus faz questão de desfilar assim. Se desejasse sofisticação, pompa e circunstância, Deus teria feito Seu Filho entrar garboso, numa vistosa carruagem dourada, puxada por alvos garanhões, invés de ter nascido numa reles manjedoura.
Tanto a entrada do Messias entre nós foi de extrema simplicidade, quanto, o cumprimento da Sua missão o foi; igual, deve ser a difusão da Sua mensagem.
Infelizmente, o humano paladar gosta de ser enganado com condimentos vários, que em nada melhoram o teor do “prato”; invés de servir somente A Palavra de Deus, muitos velhacos caçadores de incautos enchem de acessórios vários, como se, a fidelidade Divina não fosse suficiente.
Abarrotam templos de parafernálias, luzes, fumaça, “cortinas musicais”, coreografias, danças, e toda uma pantomima; acrescentam à Palavra uma série de facilidades que a Escritura não embasa; “profecias, revelações” incondicionais, como se, O Todo Poderoso, Sua Palavra imutável, e O Bendito Espírito Santo, que convence do pecado, da justiça e do juízo não fossem suficientes.
A Árvore da Vida não é “Árvore de Natal”; sua excelência está no que produz; vida. Na outra, por ser morta e apelar apenas aos olhos, qualquer porcaria reluzente pendurada, estará valendo. Assim, A Palavra de Deus, versus os aparatos humanos.
Ora, para aqueles que A Palavra e O Espírito não bastarem, nenhum artifício os suplementará; apenas produzirá engano, patrocinará adesão sem conversão, crença sem ciência, gerará membros para congregações, seguidores de um sistema, invés de outros, regenerados, para o Corpo de Cristo.
Paulo advertiu contra essas comichões, daqueles para os quais a simplicidade não basta; “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3
O que tem de desafiador nossa chamada tão simples, pois, além da ousadia de confiarmos integralmente na Divina Palavra, é a prudência de nada acrescentarmos a ela; sob pretexto nenhum. “Toda A Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele; nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6
“Assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia...” lembrou Paulo, seria o modus operandi da mesma, contra nós. Ela reinterpretou À Palavra do Criador; maximizou a restrição, fazendo a obediência parecer mais difícil do que era; invés de manutenção da comunhão, passou a “significar” a castração de um direito, do crescimento espiritual, de Eva; e minimizou as consequências, negando que era veraz, a advertência do Eterno.
Há muitos serpentinos que, em nome do “Amor de Deus” também fazem as mesmas coisas. Servem o mesmo veneno em embalagens mais vistosas, e produzem o mesmo resultado.
O aspecto didático da chamada do “Pai da Fé”, pois, é que ele foi após A Palavra do Senhor. Confiou no que ouviu e andou, mesmo “no escuro.” “Pela fé, Abraão, sendo chamado obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança, e saiu, sem saber para onde ia.” Heb 11;8
A “Fé” do toma-lá-dá-cá, tão ao gosto de muitas pregações da moda, é justamente a negação da mesma. Quem precisa ver algum “sinal” de que Deus o chama, é porque não crê no que ouviu. A excelência da fé, é estar firmado nela, justamente, quando nenhuma circunstância a ajuda; “... Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10
Os doentios desse sistema saem “tomando posse, disso, daquilo, em nome da fé.” Os que creem deveras, abrem mão de si, em nome da Integridade do Senhor, no qual creem.