segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Fés terceirizadas


“Ao terceiro dia, levantou Abraão seus olhos e viu o lugar de longe.” Gn 22;4

Deus ordenara que ele fosse a Moriá, a lá oferecesse seu filho Isaque em holocausto. Impressiona o quão lacônica a narrativa bíblica é; num verso ordena o inusitado e doloroso sacrifício; no seguinte mostra ele agindo, como se nada demais tivesse se passado durante a noite. “Então, levantou Abraão pela manhã, de madrugada, albardou seu jumento, tomou consigo dois dos seus moços, e Isaque, seu filho; cortou lenha para o holocausto, levantou-se e foi ao lugar que Deus lhe dissera.” V 3

Se fosse uma narrativa estritamente humana, a dura e insone noite do velho Abraão daria uns cinco capítulos de novela. Cogitações, altercações, confissões, quiçá, planos alternativos, temores, resmungos poderiam fazer parte de uma noite em claro, de quem colocaria os próprios sentimentos em contraponto à ordem recebida. Não foi assim.

Por certo, grande peso emocional abalou-o; mas fiel como era, levantou cedo e se dispôs a fazer o que fora ordenado. Pior que a dor emocional de sacrificar ao próprio filho, ainda concorria toda uma logística difícil; munir-se dos meios, cortar lenha e caminhar três dias até chegar ao local indicado. Isso, por si só bastaria para que muitos desistissem de um relacionamento com O Altíssimo, por achar duro demais. Nenhuma dificuldade o deteve; no terceiro dia chegou à base do monte, que ainda carecia ser galgado.

Eram homens de outra fibra. Lembro o incidente de Naamã, quando, tendo buscado por Eliseu desejando ser curado da lepra, se decepcionou porque, invés de ser recebido com honras, o profeta apenas enviou-lhe um moço servidor dizendo que ele mergulhasse sete vezes no Jordão, para ser curado.

Tal indiferença de Eliseu ante um militar tão graduado feriu seu orgulho; tencionava voltar para casa. Um dos seus servos, contudo, insistiu: “Se ele tivesse ordenado algo difícil, porventura não o farias?” Então, por que não mergulhar sete vezes, algo tão fácil? Ante a lógica do argumento ele cedeu, fez o que foi ordenado e acabou restabelecido em plena saúde.

Voltando à ideia dos homens de outra têmpera, (os raízes) eles tendiam a recuar ante o que parecia demasiado fácil, ou desonroso; não, diante do difícil. Como citou Dave Hunt, o que nos está preparado no devir é “glorioso demais para ser fácil.” Por isso os fujões ante as dificuldades desagradam a Deus. “O justo viverá pela fé; se ele recuar, a Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

O que foi demandado de Abraão, requeria uma renúncia extraordinária. Certamente sofreu os abalos naturais de uma saga tão pesada; todavia, não recuou. Quando estava prestes a consumar o ato, O Anjo do Senhor o impediu, provendo um cordeiro em lugar do menino. O Eterno não desejava o filho morto; apenas, que Abraão afirmasse sua fé e obediência às últimas consequências.

Muitos tentaram ancorar suas vidas erradas numa espécie de herança espiritual, como se bastasse ser descendente de Abraão, para possuir o valor dele. Jesus disse: “... se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” Jo 8;39 deixando patente que não eram laços de sangue, mas identidade espiritual que contava.

João Batista fora além: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos, temos a Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Luc 3;8

Hoje, os “cristãos” de língua pretendem ancorar todos os seus anseios em “Nome de Jesus”, O Nobre “descendente” de Abraão.

Também não basta o Nome, como ensinou Paulo: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Essa coisa leviana de terceirizar o relacionamento com Deus, tipo, o pastor, o bispo, ou profeta, orará por mim, e tudo ficará bem, é um triste testemunho de uma geração sem valor, apegada ao comodismo reles, onde deveria primar pela honra, pelo valor excelso das coisas em jogo. 

Os “Naamãs” de hoje colocariam de cara sete fotos no “History” felizes por ter sido muito fácil. Apenas não fariam uma marcha da Síria a Israel. Mergulhariam na piscina de casa e mandariam vídeos ao profeta.

Depois de alistar aos heróis da fé que deram suas vidas por amor a Deus, o texto bíblico afirma: “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

A Divina Graça pagou o que não podíamos; a necessária santificação requer que renunciemos o que podemos, capacitados pelo Espírito Santo.

Também foi provido um Cordeiro para nos poupar a vida; mas só a obediência irrestrita deixa evidentes os filhos de Abraão.

O tempo de Deus

“A Glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, chamou a Moisés do meio da nuvem.” Ex 24;16 Antes, dissera: “Sobe a Mim ao monte e fica lá; dar-te-ei as tábuas de pedra, a Lei...” v 12

A subida de Moisés não fora de sua iniciativa; antes, Deus ordenara que ele o fizesse. Natural à perspectiva humana, precipitada, considerar que Deus o estaria esperando; que lá chegando, O Eterno presto se poria a falar, sobre as instruções necessárias. Entretanto, o texto informa que, durante seis dias, apenas a nuvem o cobriu; somente ao sétimo dia, O Senhor o chamou.

Há uma diferença de tempo, entre o homem finito e O Eterno. Aquilo que nos parece moroso, para Ele não é. Quem tenciona se aproximar do Santo deve aprender, que isso só é possível nos Seus termos.

Por razões da Sua Sabedoria, O Altíssimo manifesta predileção pelo número sete. Quem ler o Apocalipse com atenção verá sobejas provas disso. Se Aquele que fez o mundo em seis dias e descansou ao sétimo, decidiu “assinar” assim Suas obras, mesmo o relacionamento com o povo eleito, quem poderia questionar Seus motivos?

Moisés viera da cultura egípcia onde crescera em meio ao politeísmo idólatra. Que mal havia se, O Criador desejara pintar naquele encontro, ainda, algumas nuances atinentes à criação?

Antes de receber a Lei, propriamente, o homem deve receber a noção de que as coisas atinentes a Deus, obedecem ao tempo Dele, não aos anseios nossos. “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes em teu próprio entendimento.” Prov 3;5

Além de marcar a necessária distância entre criatura e Criador, isso mostra que, mesmo a perfeita intimidade em obediência, ainda deve ser humilde, reverente, submissa.

Na maioria das vezes Ele que espera por nós, não obstante, isso. Não porque sejamos importantes; antes, porque Ele estabelece soberanamente, condições que, se não preenchidas tolhem que nos abençoe. De um desencontro assim, disse certa vez: “Dores de parto lhe sobrevirão, (a Efraim) ele é um filho insensato, porque é tempo, e não está no lugar em que deve vir à luz.” Os 13;13 Mesmo sendo chegado o tempo, Deus esperaria que o povo tomasse necessária posição, antes de o iluminar.

Não poucas vezes O Eterno espera pela mudança de atitude dos errados de espírito, pelo arrependimento dos que agem impiamente; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem à Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15 Angústias seriam poupadas, se tivéssemos melhor noção das coisas relativas ao Senhor.

Por Isaías, disse: “Por isso, O Senhor esperará para ter misericórdia de vós; por isso se levantará para se compadecer de vós porque O Senhor É um Deus de equidade, bem aventurados todos, os que Nele esperam.” Is 30;18

Agora temos uma espera mútua. O Senhor espera para ter misericórdia daqueles que, Nele esperam. Digamos que Ele dá tempo para a maturação da nossa fé. Se os resultados de crer fossem imediatos, nem mesmo fé seria; mas mera troca comercial. “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das que se não vê.” Heb 11;1

O salmista contou um evento em que “madurou” seu crer em meio a um lamaçal, do qual, uma vez testada e aprovada sua fé, foi liberto enfim. “Esperei com paciência no Senhor, Ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos; e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40 1 a 3

Então, mesmo se, tendo feito tudo certo, em obediência aos Divinos mandados, ainda assim, parecer que Deus está distante, que não quer falar conosco, nos mantenhamos confiantes. No tempo que julgar oportuno Ele o fará. Como disse a Habacuque, “se tardar, espera.”

A Moisés dissera: “Sobe a Mim ao monte e fica lá...” até que uma nova instrução fosse dada, essa bastaria. Nele somos chamados à vida eterna. Porque sucumbiríamos aos açodos dos que têm pouco tempo? Para Ele, ensina Pedro, mil anos são como um dia, e um dia como mil anos. Se resolveu, como a Moisés, deixar a humanidade sob a “nuvem” por seis dias, já vislumbramos a aurora do sétimo, onde claramente falará.

Outrora, o fez para dar Sua Lei; breve o fará para tornar manifesto o Seu Juízo. “Então voltareis e vereis, a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serva Deus e o que não o serve.” Ml 3;18

domingo, 22 de dezembro de 2024

Falsos árbitros


“... Deus fez o homem reto; mas eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29 Algumas traduções alternam para, “buscaram muitas invenções”. Logo, temos o que O Criador fez, e o que o homem buscou.

A perfeição não comporta melhoramentos. Esses são lidos como “aperfeiçoamentos”, o que requer uma subida rumo à perfeição que lhes falta.

Quem galgou ao cume do Everest, já não pode subir mais; caso decida marchar, terá que fazê-lo para baixo. Assim, as coisas perfeitas, se sofrerem alteração serão avarias, não, melhorias. O homem foi criado reto significando, moral e espiritualmente perfeito; não carecendo nem podendo sofrer melhorias. A mudança tornou necessária, a queda, a perda da vida espiritual.

A sabedoria possui excelência tanto cognitiva, quanto essencial; a astúcia é um simulacro amoral, quando não, imoral. Permite tomar atalhos, forjar engenhos rumo a um fim, sem valorar, necessariamente, esse fim; apenas porque o deseja atingir. A astúcia pode urdir o como fazer? a sabedoria, além disso, considera o porquê. A nobreza de propósito, ou a falta dela, diferem uma coisa da outra.

É a ordem natural dos seres inteligentes, buscar às coisas que lhes falta, ou, que acreditam faltar. Se, mesmo tendo sido criado pleno, o homem ainda buscou algo mais, por certo, uma força interna ou externa o convenceu que precisava; senão, não buscaria.

Conhecemos a história da lábia do “profeta” do Éden, que fez o incauto homem crer que poderia ser melhor do que era, equiparando-se ao próprio Criador. Se, não tivesse sido convencido que isso era verdade, certamente, não teria buscado tal “upgrade”. Qual fato novo ensejou esse movimento para baixo?

As falácias do inimigo geraram dúvida; a promessa acendeu uma esperança, ainda que falsa; invés de ter A Palavra do Criador como norte, sentimentos e impressões gerados no coração humano tomaram para si a tarefa de decidir. “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, comeu, deu também ao seu marido e ele comeu com ela.” Gn 3;6

Por um momento, sob a batuta do maestro do engano, a morte se vestiu de adjetivos como, boa, agradável, desejável. Diferente das invenções práticas que produzem mediante técnica, algum aparato útil, as invenções meramente verbais, produzem, num primeiro momento, mentira; depois as consequências que podem levar à morte até.

Tiago esmiúça o processo da morte buscada; “Cada um é tentado quando é atraído e engodado pela sua própria concupiscência; depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado gera a morte.” Tg 1;14 e 15

Quando ouço algum pregador dizendo: “Só faça o que sentires no coração”, por cristão que se pretenda, o tal, não passa de uma extensão do “profeta aquele”, que arrostou À Palavra do Criador, colocando os móveis e manipuláveis sentimentos humanos, no lugar. “Enganoso é o coração, mais todas as coisas, e perverso, quem o conhecerá? Eu, O Senhor esquadrinho o coração...” Jr 17;9 e 10

Quem toma os sentimentos como aferidores onde deveria tomar A Palavra de Deus, abdica da luz, preferindo caminhar no escuro. “Lâmpada para meus pés é A Tua Palavra, e luz para meu caminho.” Sal 119;105

Enfim, quando o Senhor condiciona os que desejarem segui-lo ao soturno, “negue a si mesmo”, invés de nos tolher um direito como pode soar ao mais desavisado, nos está ordenando o despejar de um traidor; dar um pé na bunda daquele que, pela herança maldita em que o pecado o lançou, se tornou refém de uma madrasta que é inimiga do Criador. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

No estado de perfeita comunhão do homem reto com O Criador, tudo era permitido a ele, exceto, uma coisa, para manter patente que seu domínio era em submissão. Desviando-se da Palavra de Deus e escutando à oposição, deu no que deu; agora, como derivado da queda, tudo se fez impuro, maldito, exceto as coisas feitas em submissão a Cristo. “Sem Mim, nada podeis fazer.”

O homem que foi criado reto entortou em todos os sentidos. Por isso a regeneração em Cristo precisa atingir também, todos os aspectos da nossa vida; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Nossos sentimentos não são árbitros confiáveis; a quem nasceu de novo, foi dada a luz do Espírito Santo, para entender À Palavra que mostra o caminho.

Retidão foi um dom, e se perdeu; agora deve ser fruto de uma escolha; “... o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

O Reino dos Céus


“Arrependei-vos porque é chegado o Reino dos Céus!” Mat 3;2 Falas do arauto do Rei, João Batista.

Normalmente, uma mudança de reino ocorria após uma guerra. Determinado poder dominava, vinha outro superior e o derrotava; submetia os derrotados que restassem vivos, ao domínio do novo rei.

Assim, quando os caldeus derrotaram aos judeus levando-os cativos; quando foram derrotados pelos medos e persas, que por sua vez caíram para os gregos, etc. Sempre um novo reino surgia, conquistado em batalha. Em alguns casos, se evitava mortes inúteis; o reconhecidamente superior impunha-se, fazendo tributários os mais fracos.

Pois, O Reino de Deus, pela sua singularidade, “... O Meu Reino não é deste mundo...” Jo 18;36 busca por indivíduos, não por territórios, nem poder político; desafia cada um em particular, a deixar o domínio do “Príncipe deste mundo”, para pertencer ao Rei dos Reis. Vivendo ainda aqui, mas com valores procedentes dos Céus.

Não requer aptidão marcial, imposição bélica contra o semelhante; antes, rendição voluntária ao Rei. Como O Novo Reino firma-se em valores mui acima das melhores disposições dos melhores seres humanos, o primeiro passo para o ingresso nele é reconhecer nossa inépcia, nossa indignidade; “Arrependei-vos!”

“Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor; que se compadecerá dele; torne-se para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55;7

O Rei desse venturoso Reino, não quer meros súditos que o sirvam em troca de pão, ou movidos pelo medo. Ama e quer ser amado; requer dos Seus, que se assemelhem a Ele nos valores, no caráter. “... Amai aos vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz com que Seu sol se levante sobre maus e bons, a chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Ele deseja filhos, que se esforcem em parecer consigo, não, meros servos. Para tanto, carecem eles aprender os pensamentos do Rei, que em muito excedem às noções rasas, terrenas; “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são os Meus caminhos mais altos que os vossos, e Meus pensamentos, mais altos que os vossos;” Is 55;9 ensina O Rei.

Tentara desde dias idos estabelecer Seu Reino mediante Israel; “Vós me sereis reino sacerdotal e povo santo...” Ex 19;6 ordenara. Por razões que não abordaremos agora, o ideal Divino ficou mui longe de ser atingido.

Mediante Isaías, disse: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercessem juízo, eis aqui, opressão; justiça, eis aqui o clamor!” Is 5;7 Comparara Seu Reino a uma vinha; as ações, a frutos.

O pretendido reino se tornara uma videira degenerada, que dera frutos indesejáveis. Invés de um suplemento àquele que falira, O Rei em pessoa trouxe algo novo; “Eu Sou A Videira Verdadeira, e Meu Pai é O Agricultor...” Jo 15;1 Afinal, o “arrependei-vos” foi apregoado aos do “Povo Eleito”, num primeiro momento.

Natural que os descendentes daquele projeto que falhara, vissem no pregoeiro do novo Reino, uma espécie de concorrência, rivalizando com eles. O Senhor do Reino não escondeu isso. Ensinou que Seus súditos deveriam superar em muito, aos que fracassaram em cumprir o intento Divino; “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 5;20

Na Parábola dos lavradores maus, vaticinou Sua rejeição e morte, e consequente transferência do Reino, não mais tendo como critério laços de sangue com os patriarcas, antes, frutos espirituais, segundo O Divino propósito. “Portanto, Eu vos digo que O Reino dos Céus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê seus frutos.” Mat 21;43

Atualmente não está diferente do que foi. Muitos que se dizem cristãos, caíram no mesmo erro de mera profissão verbal, sem os frutos que O Rei dos Reis deseja. Nossas ações testificam quem somos, não nossas falas; “não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça.” Rom 6;16

Alguns tentam maquiar desobediências pretendendo “editar” aos decretos do Reino, sem ter sido comissionados pelo Rei para isso.

Se, naqueles dias, dos ingressandos era requerido que excedessem aos religiosos de então, em justiça, atualmente, a situação se repete. Logo, a mensagem também carece ser repetida, justamente dentro dos locais que supostamente já pertencem ao Reino; “Arrependei-vos, pois, breve se fecham as portas, para O Reino dos Céus.”

sábado, 21 de dezembro de 2024

Liberdade de Cristo


“A todos que O receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Muito se discute se existe mesmo livre arbítrio; se o homem pode fazer escolhas, ou está fadado a responder aos estímulos externos inexoravelmente.

Schopenhauer defendia sua inexistência; “dado o motivo e a índole, a ação resulta necessária, inevitável”; dizia.

O Apóstolo Paulo foi mais estrito quanto a isso. Invés de apresentar ao homem como autômato, o fez, como um ser dividido, capaz de apreciar aos bons valores, e incapaz de os praticar mercê da escravidão a um feitor mais forte. “O que faço não aprovo, o que quero não faço; o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei que é boa; de maneira que, agora, já não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

O arbítrio preso tinha intenção de agir segundo a justiça, “consinto coma Lei que é boa”; mas as coisas aprovadas na esfera dos valores, não eram as mesmas que assomavam no teatro das ações. Essa balela de Rousseau, de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, debate-se no berço da falta de fundamento; é plenamente órfã, de filiação bíblica.

O filósofo suíço que oscilou entre calvinismo e catolicismo, deveria ter levado mais a sério a Palavra de Deus. Ela não coloca panos quentes, tampouco, doura à pílula da verdade. Apresenta-a nua e crua. Não há um justo sequer; todos pecaram, se fizeram inúteis, ninguém busca a Deus. “A estultícia está ligada ao coração da criança; mas a vara da correção a afugentará dela” Prov 22;15

Se, a criança carece de um fator externo, a correção, ensino dos pais, para não errar o caminho, isso por si só anula a ideia de bondade inata que seria estragada pela sociedade. Na verdade à maldade, inclina-se a criança, desde tenra idade.

Se, as circunstâncias têm o poder de moldar o agir humano, porque não moldaram a Judas? Cercado pelos demais discípulos e ensinado pelo Mestre?

Isaías dissera: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão pratica a iniquidade, e não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

O que a sociedade é ou faz, não altera o que cada um é em particular, embora, eventualmente, influencie.

Da negação do livre arbítrio nascem excrescências doutrinárias como o calvinismo, por exemplo. Dado que o homem por si não pode escolher e praticar o que é justo, Deus “escolheu” de antemão aos que queria salvar, elegeu soberanamente a esses, em detrimento dos demais.

Ora, a incapacidade humana para ver as coisas como são no âmbito espiritual e poder agir segundo Deus, foi suprida pelo advento do Espírito Santo. Dele O Salvador disse: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

Quando A Palavra é pregada, Ele coopera; capacita a entender o necessário, e faculta escolhermos segundo Deus, sem forçar o homem a nada. Os que escolhem concordar com Ele se rendendo a Cristo, são guindados a uma esfera de liberdade espiritual, acima do feitor aquele. Nascem de novo. Então, já podem agir como filhos de Deus, caso o queiram. “A todos que o receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus.” Após isso, passam a ter livre arbítrio.

Ainda pecam motivados pela natureza carnal que permanece, mas não são mais escravos dos desejos dela. Tendo recebido vida espiritual, não precisam mais atuar forçados segundo a índole natural. A carne segue em sua escravidão, incapaz de escolhas probas; “Porquanto, a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

Para ela vale a sentença de Schopenhauer; não há arbítrio, apenas uma inclinação automática às circunstâncias.

Voltemos a Rousseau que disse: “Nunca acreditei que a liberdade do homem consiste em fazer o que quer; mas sim em nunca fazer o que fazer o que não quer. Foi essa liberdade que sempre reclamei.” Se, era mesmo um cristão, como dizia, estava chorando de barriga cheia. Não é justamente essa a liberdade que Cristo oferece? “... se vós permanecerdes nas Minhas Palavras, verdadeiramente sereis Meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Nosso arbítrio não atina apenas às escolhas pontuais; antes, a capitular aos desejos da carne, ou seguir Deus, andando em espírito.

Nos renascidos, quando a carne estiver no comando, teremos uma escravidão voluntária. “Portanto, agora, nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O mal em nós


“Embora não achassem nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que Ele fosse morto.” Atos 13;28

Maldade trans. Nasceu má, alienada de Deus; invés de assumir sua miserável condição e receber, em Cristo, a necessária medicina, se “identifica” como sendo do bem; mesmo quando age segundo a sua essência perversa.

Há uma “mentoria” por trás, associada aos erros que disseminou; “O deus desse século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Invés de simplesmente assassinarem àquele que lhes incomodava, fizeram um teatro para que parecesse o julgamento de um réu; no fundo, era sua aversão à justiça, seu pavor ante à verdade.

Se alguém pensar no nosso atual sistema, achará um belo exemplo de maldade travestida, onde, o poder sempre se mostra servil aos maus, e furta rótulos probos como patrocinadores das improbidades que, cada dia implementa.

Atropelam ritos, usurpam competências, sonegam direitos, vetam transparência, libertam bandidos, prendem gente honesta; e sempre se pretendem, baluartes da justiça, “defensores da democracia”. Herdeiros morais daqueles que “processaram” a Jesus Cristo. 

Esses também identificam o “culpado” de todos os males do país; falta criarem o crime e a ocasião favorável para se livrar dele. O Sumo Sacerdote “Privadus de Morais” já decidiu que precisa livrar-nos de tamanho mal.

Pilatos, apesar de não ser um primor, (pois, permitiu a injustiça) ao menos foi honesto no julgamento; “... não acho nele crime algum.” Jo 18;38 “... O trago fora para que saibais que não acho nele crime algum.” Jo 19;4 “... Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu, nenhum crime acho Nele.” V 6 Três vezes, inocentou ao Salvador. Porém, deu carta branca para que aqueles que o odiavam seguissem.

Não era uma questão de justiça; antes, uma vingança por todos os maus lençóis que a Doutrina de Cristo colocara sobre todos os hipócritas de então, principalmente as lideranças espirituais.

“Testemunhas” para “justificar” ao assassinato, arranjavam aos montes, como ainda acontece. Homens de alta patente que, outrora fizeram nobres juramentos estão à venda; malgrado, o prometido e as honrosas fardas que vestem. Almas que têm preço o diabo compra; as que têm valor, em geral, aprendem de Cristo para ser salvas.

Como é fácil tratar à “maldade” do lado de fora, quando ela está no outro. Esse foi o maior “crime” do Salvador, aliás. Colocando o espelho, fez com que cada um visse a si mesmo. Quem ficaria confortável diante de uma imagem tão ruim?

Como o daltônico tem dificuldade de discernir às cores, assim o hipócrita aos desvios de caráter; basta a esse a encenação à plateia, como que, adormecido esquece que tudo está visível Ao Eterno. “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes, aos Olhos daquele com quem temos que tratar.” Heb 4;13

No episódio da mulher adúltera, todos ardiam em zelo para punir à culpada. Já estavam cada um com sua pedra em punho, quando, O Senhor condicionou que atirasse a primeira, que desse início aos trabalhos punitivos, aquele que estivesse sem pecados; forçou, assim, cada um a olhar para dentro de si. Um monte de sapos saltitou sobre o trono de cada “Faraó”; o julgamento acabou.

Essa “violação dos direitos” incomoda. Tudo ia tão bem, no escuro; por que acender a luz? O mesmo Senhor dissera: “... a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más; porque todo aquele que faz o mal odeia à luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas; mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

O simples carecer esconder os passos, já é um juízo que o hipócrita aplica a si mesmo. No fundo reconhece que age mal, embora, prefira seguir atuando assim, se possível, sem ser incomodado. 

Prefere seguir morto, a ser desafiado a mudar pela vida, como O Salvador fez; “Na verdade, na verdade vos digo que, quem ouve a Minha Palavra e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte pra vida.” Jo 5;24

As renúncias necessárias nos identificam com a morte Dele; “Não sabei que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos na Sua Morte?” Rom 6;3 transformações decorrentes, hão de identificar com a vida; “... fomos sepultados com Ele, pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

O Caminho


“Faz-me saber os Teus caminhos, Senhor; ensina-me as Tuas veredas.” Sal 25;4

Jeremias disse: “Eu sei ó Senhor, que não é do homem seu caminho, nem daquele que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

Na contramão disso o traíra dissera: “Vós sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal.” Defendera a autonomia do homem; independência em relação ao Criador. Tal iniciativa “libertária” foi posta em prática. O resultado, conhecemos.

Alguém disse que estamos “condenados à liberdade”, no sentido que, decisões que dizem respeito às nossas vidas não nos serão impostas, apenas, propostas. Sobre elas nos caberá decidir, seja, acatando, seja, rejeitando. Essa “liberdade”, entretanto, sofre a sabotagem de uma prisioneira que foi “institucionalizada” pelo tempo de cárcere; prefere a reclusão, ao preço de ser livre, a carne.

Mesmo sabendo que seu “direito de escolha” acaba sempre em opções deletérias, viciosas, aprisionantes, ela prefere assim, ao descanso em Cristo. Paulo expõe o motivo: “Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Estamos “dormindo com a inimiga”, alienados da vida, andando sem Cristo. Paulo exorta: “Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14 Notemos que, invés de romper algemas, abrir grades, O Libertador esclarece. A prisão retém almas, entendimentos, ao alvitre da oposição que as cega. “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

A oração que pede a Deus luz sobre os caminhos Dele, não é encontrável onde a carne reina, em seu soberbo trono, ostentando enferrujada coroa de latão e presumindo-se livre.

Foi justamente em contraponto à falsa liberdade que O Salvador ensinou: “... se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32 Ora, a primeira coisa que a verdade expôs foi que, carecemos todos de libertação, pois, somos escravos. Adiante, esmiuçou: “... todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” V 34

Escrevendo aos romanos Paulo também pontuou que nossa maneira de agir evidencia a quem pertencemos, não, nosso modo de falar; “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis? Ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Mais que saber Seus caminhos, aos que O recebem, O Senhor capacita a andar por eles, malgrado, a oposição da rebelde aquela, a carne; “A todos que O receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Continuamos tendo que fazer escolhas, entre obedecer ou nos rebelarmos. Mas, após receber Cristo, as coisas que antes estiveram no escuro são trazidas à luz. Não pecamos mais como um “direito”, antes, nossos erros se mostram como de fato, são, aos Divinos Olhos.

Seguir segundo Ele nos revelou, é chamado de andar na luz; e só assim, a eficácia do que Ele fez em nosso favor se verificará. A salvação é de graça, no sentido que nada fizemos para merecê-la; mas requer obediência dos agraciados; “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

Deus É Espírito; Seus Caminhos não são geográficos, mas espirituais. As placas que norteiam a caminhada que nos convém estão todas na Sua Doutrina. Pois, O Caminho do Senhor, não é um traçado, antes, uma Pessoa, que traçou já uma rota à qual seguindo nossa chegada será certa. “Eu Sou, O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Certamente os caminhos da rainha inconsequente aquela, a carne, se mostram mais fáceis, prazerosos, convenientes; todavia, o valor de um caminho não está no percurso, estritamente; antes, aonde ele conduz; “Há um caminho que ao homem parece direito; mas no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Malgrado almas “modernizantes” desgostem de algumas asperezas da vereda proposta, e pretendam forjar certos atalhos “editando” ao “Mapa”, O Senhor não reconhece nenhuma facilitação de espúria origem, pois, sabe que não passa de disfarce dos descaminhos daquele que cega.
“Assim diz O Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele, achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

Aliás, O Próprio Caminho disse o mesmo: “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11;29