sábado, 26 de outubro de 2024

Cartas do além


“Envie os dados do seu ente querido, para receber sua carta psicografada; cartas escritas à mão, envio o áudio e a foto da carta.” Anúncio que circula nas redes de um site chamado, “Canto do Céu.”

Resumindo: Basta preenchermos um cadastro, talvez com algum custo, e o “Canto do Céu” se encarregará de trazer um recado do além, com palavras de conforto e esperança.

Embora os espíritas se digam cristãos, sua doutrina é inimiga de Cristo; nega a suficiência do que Ele Fez na cruz, omite o combate ao pecado, esconde a existência do inferno.

O Salvador ensinou sobre um morto que que queria “escrever” aos seus para que evitassem cair na mesma desventura que estava, mas lhe foi negado. O que os vivos careciam, já tinham. “... Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16;27 a 29

O que carecia ser escrito, pois, já havia sido. Foi mostrado ao morto arrependido, que há duas sortes distintas para os que partem. “... está posto um grande abismo entre nós (os salvos) e vós, (os perdidos) de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam; tampouco, os de lá passar para cá.” V 26

Invés de “colônias espirituais”, onde seriam tratados os que partem de modo traumático, ou não estando preparados, A Bíblia apresenta o além como lugar de colheita das escolhas daqui, não havendo mais chance de se cambiar a sorte. “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;8

O que um morto pode “falar” a quem permanece vivo, o faz por ocasião da morte; enseja aos vivos considerarem que também passarão por aquilo, e devem se preparar; “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

O site que se comunicaria com o além se chama “Canto do Céu”; necessário que todos os que forem buscados estejam no céu; sob pena de não serem encontrados.

Infelizmente grassa um utilitarismo hipócrita e desconexo com a realidade; os ímpios presumem que podem manipular ao Todo Poderoso, Onisciente.

No usufruto de saúde e liberdade, fazem o que bem entendem, totalmente alheios ao Senhor, quando não, se opondo abertamente a Ele; mas, basta uma desventura, uma enfermidade ou acidente onde a vida fique em risco, logo se apressam: “Deus no comando!” Ora, em situação diferente eram as drogas, a promiscuidade e toda sorte de vícios que estavam no comando. Agora, “dão uma chance” ao Criador?

Graças à bondade do Santo, Ele pode ser encontrado, mesmo assim. No entanto, os inconsequentes costumam colher o resultado das suas vidas independentes. O Senhor mesmo diz: “... porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão.” Prov 1;24 e 28

Não duvido das boas intenções dos médiuns que pretendem acessar aos mortos. Entretanto, A Palavra de Deus veta que se faça isso; “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” Is 8;19

Há erros graves nas duas vias, em se tratando de vida e morte. Por um lado, o catolicismo ensina orar pelos mortos, para que sejam livres de culpas que levaram daqui; por outro, o espiritismo usaria aqueles para consolar aos vivos através dos médiuns. 

Ainda que vida espiritual esteja ao alcance, o veículo pelo qual acessamos à mesma, é o “Novo Nascimento” em Cristo; a expressão disso deve se dar nos dias dos nossos corpos físicos. “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo; bem, ou mal.” II Cor 5;10

Isso atinente a galardão, recompensa. Para efeito de salvação, não será o que fizemos que definirá, mas nossa relação com o que Cristo fez por nós. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Nosso além está vinculado ao que Cristo nos diz, não ao que suposto ente querido venha a dizer; “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Os suicidas


“... Nós fazemos um grande mal contra nossas almas.” Jr 26;19

Jeremias anunciara dura mensagem no átrio do templo, em Jerusalém. As alternativas eram: Arrependimento e mudança de atitudes, ou, destruição, cativeiro. Qual a reação dos que ouviram? Prenderam-no e o tencionavam matar.

O povo, sacerdotes, príncipes da terra eram contra o mensageiro. Ele não retificou nada; antes, confirmou: “... O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa, contra esta cidade, todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, melhorai vossos caminhos e vossas ações; ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós.” Vs 12 e 13

Não suplicou pela própria vida; apenas explicou as consequências de atentarem contra ela. “Quanto a mim, estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme for bom e reto aos vossos olhos. Sabei, porém, com certeza que, se me matardes, trareis sangue inocente sobre vós, sobre esta cidade e seus habitantes...” vs 14 e 15

Quão mais fácil é desqualificar quem denuncia o erro, que qualificar-se mudando de atitudes! A isso chama-se, arrependimento.

Em meio a muita balbúrdia e pouco entendimento, ante o risco de trazerem sangue inocente sobre si, refizeram; também, os anciãos do povo advogaram o profeta. “Então disseram os príncipes, e todo o povo aos sacerdotes e aos profetas: Este homem não é réu de morte, porque em Nome do Senhor, nosso Deus, nos falou.” V 16 Eles estavam julgando-o, não às próprias vidas como deveriam, se, convencidos mesmo que Deus estava naquelas palavras.

(Quantos “desigrejados” atualmente! Sempre por culpa de algum irmão, um pastor, o sistema. Eles certamente andaram bem; eis o homem, traidor de si mesmo!)

Foram os anciãos que mais longe viram, sobre as consequências de rejeitarem À Palavra do Senhor: “Nós fazemos um grande mal, às nossas almas.”

Se todos tivessem ciência que, o mal feito, embora atinja ao semelhante, no fundo, é feito contra a própria vida do seu agente, muitos praticantes dele repensariam; talvez o abandonassem. Se, não por amor à virtude, ao menos, por amor-próprio, pelo medo das consequências. Alguém disse: “Se o malandro soubesse a vantagens de ser honesto ele seria, só por malandragem.”

O que o mundo chama de “Lei do retorno”, A Palavra de Deus apresenta como colheita. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gl 6;7

Sobre a incidência última da maldade, Salomão avaliando aos que se ajuntam em quadrilhas para a prática da mesma, desaconselhou, dizendo: “Porque os seus pés correm para o mal, se apressam a derramar sangue. Na verdade, é inútil estender-se a rede ante os olhos de qualquer ave. No entanto, estes armam ciladas contra seu próprio sangue; espreitam suas próprias vidas.” Prov 1;16 a 18

Óbvio que assaltantes, ladrões, vândalos, fazem mal aos semelhantes. Todavia, são mordomos das suas próprias almas, não das alheias. As que deveriam cuidar com zelo, colocam a perder, pela recusa obstinada de enfrentar os problemas onde eles estão.

Essa é uma doença que perpassa toda a humanidade. Denuncie alguém um mau agir, uma escolha errônea, e a maioria, invés de analisar a denúncia, quiçá, se arrependendo e mudando de atitude, parte para o ataque contra o que realça aos maus passos apreciados como tais. Assim foi naqueles dias; invés de emendar seus caminhos, os exortados pretendiam matar ao profeta.

Nesse mundo de aparências, onde a necessidade original do homem criado à Imagem Divina requer a virtude como modo de vida, para devido encaixe no propósito para o qual foi projetado, pela recusa de praticá-la, escolhe-se o caminho mais fácil; a fábrica de máscaras usa como matéria-prima a verossimilhança, e reproduz hipocrisia, como as moscas proliferam em ambientes polutos.

Mal sabem esses decoradores de aparências, que fazem dano às suas próprias almas. Identificado o câncer do pecado que os ameaça matar, recorrem sempre ao “anestésico” da farsa, maquiam os sinais da doença, e seguem alheios aos reclames do Médico dos Médicos, como se estivessem vendendo saúde.

Se, no teatro dos homens, meras aparências virtuosas já bastam, ante Deus a coisa muda; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13 Não importa de qual aparência nos queiramos revestir, Ele diz: “Conheço tuas obras...” Apoc 2;2

Aquele que renuncia ao comodismo das falas caramelizadas, e ousa jogar o sal da verdade, pode não ser o mais agradável de se ouvir. Mas certamente é um portador da medicina celeste, que, com seu potente “desfibrilador”, busca de volta aos mortos em pecados. “O temor do Senhor é fonte de vida, para desviar dos laços da morte.” Prov 14;27

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Pensamentos de Deus


“Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

A confiança irrestrita no Senhor, embora saibamos que é a coisa certa a fazer, para os que creem, nem sempre é muito fácil de ser praticada.

Usamos confiar em nossos parcos entendimentos, deixando a Luz Divina como um ornato de fachada, uma decoração natalina que reluz por fora; no fundo, inda resistimos autônomos.

Tendemos a pensar que vemos bem, mesmo estando no escuro. Quando nossa percepção limitada das coisas toma a dianteira, acabamos desprezando O Divino conselho e abraçando ao da oposição. Sim, foi o Capiroto que sugeriu que poderíamos agir como se fôssemos deuses. Essa mudança de diretriz, por bem intencionada que seja, nos faz incorrer em maldição, por colocarmos a confiança em nós mesmos, nas coisas que deveríamos confiar no Eterno.

“... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

Estamos habituados a confiar em fontes costumeiramente falhas; nossas percepções naturais, da vida. Uma renúncia cabal é necessária, “negue a si mesmo”, para que, pouco a pouco passemos a pensar os pensamentos de Deus, depois de os ter aprendido pela Sua Palavra.

“reconhece-o em todos os teus caminhos...” A expressão reconhecer, traz a ideia de conhecer novamente. Quando aprendemos a aversão Divina para com a mentira, por exemplo, no campo teórico conhecemos essa nuance do Divino pensar; todavia, se nalguma circunstância uma mentira soar vantajosa, ou, ao menos poupar algum desconforto, seremos tentados a incorrer nela. Antes de cometermos esse erro, nossa consciência nos lembrará o que já conhecemos sobre a Vontade do Pai; seremos desafiados a reconhecer; isto é: Conhecer de novo, agora, no teatro das ações, aquilo que já conhecemos no campo teórico, do intelecto.

Afinal, por maiores que sejam as “vantagens” de um agir ímprobo, nenhuma compensará nos indispormos com O Espírito Santo, que, foi dado para nos santificar e ensinar as veredas da vida, segundo Deus.

Devemos conhecer os preceitos Santos na hora do aprendizado; reconhecê-los no momento de escolher caminhos. “Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.”

A conversão é mais radical que concordar com alguns aspectos do Divino propósito, e nos outros seguir à nossa maneira. Mesmo se dispondo a perdoar, o que quer que tenhamos feito de errado, O Senhor demanda uma entrega irrestrita; um abandono de nosso raso modo de pensar, para então, sermos guindados às alturas, pela Divina misericórdia.

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

Os profanos da “Teologia Liberal” que falam em “atualizar” À Palavra de Deus, tratam ao Eterno como se Ele estivesse em fase de aprendizado, observando-nos e aprendendo com nossas escolhas; francamente!!

Paulo foi categórico quanto a alguma dúvida entre os pensares humanos e os Divino: “Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado.” Rom 3;3 e 4

São as vontades humanas e sua punção em nós, que tolhem o conhecimento da Divina; daí, a necessidade de uma ruptura com elas para acessarmos os Santos Pensamentos; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Davi foi chamado de homem “segundo o coração de Deus.” Malgrado, fosse um pecador como nós. Ora, segundo é aquele que vem após o primeiro. Quando Deus fala conosco para que deixemos o nosso modo errado de viver, e adotemos doravante, Suas diretrizes, se assim o fizermos, também agiremos segundo Ele.

Ele se responsabiliza por endireitar nossos caminhos, com a nossa anuência; jamais, contra nossa vontade. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

A espada e o machado


“... Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Lc 3;9

A abordagem de João Batista era bastante incisiva. Invés de uma mensagem caramelizada de aceitação incondicional, segundo o que muitos pregam para agradar aos homens, seu desafio era ao arrependimento; anexava uma ameaça de juízo, de rejeição cabal aos que se recusassem às condições.

Há diferença em anunciar O Evangelho, com seu apelo ao arrependimento, ante “povos não alcançados”, e, aos religiosos rebeldes que supõem conhecer a Divina Vontade, mesmo vivendo de modo adverso a ela.

No primeiro caso, é preciso dar a “Boa Nova”; fazer entender o que significa. No segundo, onde grassa a presunção, sem os devidos frutos, compreensível que se se acene com o “machado” do juízo.

O Senhor também seguiu pelas mesmas pegadas. Sempre era brando com meretrizes, publicanos, samaritanos, sem silenciar o necessário “não peques mais”, aos arrependidos; todavia, era terrível, duro quando tratava com a hipocrisia que grassava.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, fechais aos homens o Reino dos Céus; não entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais que vós.” Mat 23;13 a 15

Imaginemos hoje, chamar aos pretensos expoentes espirituais da sociedade, de “filhos do inferno.” Todos os sectários que se pretendem únicos portadores da mensagem de salvação acabam fechando à porta que deveriam expor, aberta. Uma vez que restringem ao seu modo hipócrita e raso de ver, o ingresso ao Reino, não entram, nem deixam entrar.

Por isso, o ardente zelo do Senhor, contra eles; se O Batista acenara com um machado, O Salvador cortou à hipocrisia com a Espada. Ele mesmo disse: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;” Mat 10;34

Espere! um dos nomes atribuídos ao Senhor, não é “Príncipe da Paz?” Como teria vindo trazer espada? Ele mesmo explicou que Sua Mensagem causaria divisão, porque uns creriam, outros, não. Dado que não alargaria à “porta estreita”, a firmeza inabalável da Sua Doutrina, separa invés de unir. “Porque vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10;35 e 36

Quem presume que se possa abrandar o que é soturno e tem sabor de sal, não serve para pregador do Evangelho. Embora o chamado ao amor deva ser seu motivo, a pureza doutrinária precisa ser seu método, se quiser ser fiel ao Senhor.

A Paz que Cristo promove é diferente da do mundo; Ele mesmo ensinou: “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou-a como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27

Mantermos um ambiente pacífico nas relações interpessoais é desejável; nem sempre, possível. Paulo prescreve: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A Paz que Cristo trouxe obra por desfazer a inimizade do homem pecador, com Deus. Nesse sentido Ele É O Príncipe da Paz. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Embora o amor pelo semelhante deva ser o combustível que anima aos que anunciam à salvação, a forma desse anúncio pode diferir de uma situação para outra; Paulo aconselha: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6 Agradável deve ser entendida como, educada; não, ciosa por validar o modo de vida dos que não estão nem aí para agradar a Deus.

Não existe pregação do Evangelho, aos simples ou, mais cultos, pobres ou abastados, que o prefácio não contenha o necessário, “Arrependei-vos!”

Quem pretender amaciar termos, para não “causar polêmicas”, não passa de um bobo-alegre persuadido que deve agradar aos homens, onde o chamado é para agradar a Deus.

Nos compete fazer tudo ao alcance, para que os pecadores aceitem o Evangelho; mas, não moveremos uma palha do sóbrio teor dele, para que, assim, pareça mais aceitável àqueles que o ouvirem.

O bálsamo do perdão sempre está presente, porque O Médico dos Médicos sabe que Sua Espada deve fazer algumas feridas. Contra os que enrijecem no erro, no seu tempo, o machado fará seu trabalho.
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terça-feira, 22 de outubro de 2024

A humildade


“Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se Eu te não lavar, não tens parte comigo.” Jo 13;8

O Senhor estava dando uma demonstração prática de humildade e serviço. Para isso, resolveu lavar os pés dos discípulos.

Pedro se mostrou “humilde” ao extremo, de sorte que não permitiria tal humilhação. Quando a humildade se mostra mui ciosa da própria existência e do desejo de se preservar, pode que nem esteja mais em casa. O orgulho mora de parede e meia com ela, e costuma furtar suas roupas; podendo se apresenta como se aquela fosse.

O Senhor não fez aquilo ante as multidões, ou as câmeras de TV como fazem certos “humildes” modernos. Àqueles que eram seus chegados, visto que, não tendo entendido bem a natureza do chamado, eventualmente disputavam, sobre quem deles seria o maior, desejou dar uma lição especial, longe da multidão. O maior é o que serve.

De Si Mesmo não carecia provar nada; o simples fato de se ter esvaziado da Sua Glória por amor dos pecadores, basta para não deixar dúvida nenhuma. Porém, Pedro errou a mão pensando que se recusar a fazer parte daquela lição seria humildade. Desobediência do tipo que poria tudo a perder. “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

Qualquer um de nós, que se mostrar igualmente “humilde”, a ponto de rejeitar à vontade do Senhor, por nos parecer que, Ele “desce” demais, corre o risco de ouvir a mesma repreensão; “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

Devemos buscar o esvaziamento, negação do ego em submissão ao Senhor, até que a humildade se nos torne natural. Fazermos a coisa certa sem carecer medalhas, aplausos; apenas porque é o que deve ser feito. É um caminho fácil? Não.

Tendemos ao egoísmo, amor próprio desmedido, querer tudo do nosso jeito. Vencermos os maus hábitos nos quais nos exercitamos é um processo lento, mas necessário; a santificação.

Ela não foi apresentada como uma possibilidade, uma alternativa; antes, indispensável se quisermos ver a Face do Santo. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

Paulo esmiúça: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, morte de cruz.” Fp 2;5 a 8

Alguns confundem humildade com desarranjo estético, mau gosto, ignorância... se o sujeito fala ou escreve errado o faz porque é humilde; não. Age assim porque tem limitações na área da comunicação. O que se veste mal, por falta de uma roupa melhor, em geral, por causa da pobreza; nada a ver com humildade.
A humildade é um estado de alma, não uma condição social. Há pessoas que não têm onde cair mortas e se acham intocáveis; “Pra cima de mim não! Eu sou mais eu!” Quem jamais viu algo assim?

Salomão viu algumas inversões. Uns que, a condição social se recusava a alinhar-se com a posição das suas almas. Pode acontecer a qualquer um; disse: “Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;7

Se a humildade não fosse tão importante, O Salvador não teria feito uma demonstração prática para ensiná-la aos Seus discípulos. Não existe didática mais eloquente que o exemplo.

Afinal, como reconheceríamos nossos erros, e deles nos arrependeríamos, sem a humildade de admitir que os cometemos, que O Senhor está certo em requerer que nos arrependamos e os abandonemos? Assim, mais que uma “ferramenta de serviço”, a humildade “carimba o ingresso” dos que aceitam o chamado pra passar da morte pra vida.

A Palavra nos ensina que, “diante da honra vai a humildade”; atrevo a dizer que vai diante da vida também.

Mais que os pés, nossas almas carecem de uma lavagem que regenera, como ensinou Paulo. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3;5

Eventualmente, quando alguém abdica de pensar, e de modo idólatra e fanático se apega a algo ou alguém, se diz que sofreu uma lavagem cerebral. Embora a ideia seja correta, a expressão talvez seja imprecisa. Manipulados assim passam por uma obstrução cerebral, da qual se fazem cúmplices.

O que carece ser lavado em nós é o que suja, não o que entende; diante Deus, sujamo-nos quando pecamos. O dito a Pedro cabe a cada um de nós, pois. “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Loucos voluntários


“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

A loucura deriva de algum lapso biológico; uma enzima qualquer, uma vitamina, necessária ao equilíbrio cerebral se mostra ausente, ensejando uma atuação desconexa com a realidade, nos que são tidos por loucos. Claro que essa é uma suposição grosseira, cujo fim é situar à loucura, comum, junto a algum déficit biológico, sem pretensão de explicar (o que eu não poderia) à rigor, em quê, ela consiste.

Contudo, há outra loucura derivada da alma, com teor moral, espiritual, que é forjada pelo agir inconsequente de quem, por erro de avalição, superestima de potencial, minimiza consequências, ignora riscos, ousa além do saudável.

Desse viés, os que, “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Se, os primeiros “saem da casinha”, por não conseguir ver a diferença entre ela e a vida “outdoor”, esses saem resolutos, por acreditar que a casinha é pequena demais para eles, que mereceriam um palácio. Sua loucura eleva seus supostos potenciais ao superlativo.

A queda de Satanás, embora irônico, se deu pela beleza do mesmo, apreciada por uma lupa enlouquecida. Invés de gratidão por ter sido criado formoso, presumiu que mereceria um lugar mais alto que o ocupado então.

“Elevou-se teu coração por causa da tua formosura, corrompeste tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.” Ez 28;17

Felizes os que sabem muito e continuam a aprender! No entanto, se nossa sapiência desviar o foco das nossas limitações, sonegar que aprendemos pela Divina misericórdia, corremos o risco que, nossa luz se torne em trevas. “... Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23 O caso do querubim formoso que, se tornou o príncipe das trevas.

Os que se dizendo sábios se tornaram loucos, negaram-se a ver a Glória de Deus através das Suas Obras; preferiram criar cultos alternativos; dando às criaturas a honra que deveria ser tributada ao Criador.

Não são pessoas limitadas intelectualmente que cometem loucuras assim. Não raro, de QI elevado, com vasta bagagem cultural, de repente se tornam expoentes de ensinos que contrariam À Palavra de Deus.

Sempre que alguém se atreve assim, aceita requentada, com uns seis milênios de atraso, a velha mentira do Éden; “Desobedecendo sereis como Deus; podereis decidir por vós mesmo acerca do bem e do mal.”

Tal apostasia lança seus agentes sob maldição: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

Todo aquele que tencionar saber alguma coisa, comece aprendendo que “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” Tg 3;17

O saber que serve para fomento do orgulho, da arrogância, atuando como alimento do egoísmo se faz combustível dos partidarismos de toda ordem, não procede do alto; não vai além dos anseios da alma doentia; é de espúria origem. “se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” Tg 2;14 e 15

O verdadeiro sábio não se diz o tal; antes, age consoante ao saber que tem. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” Tg 2;13

Antes de voarmos nas asas de suposta sabedoria, devemos atentar para qual direção ela aponta; uma vez que, no apreço do mais sábio dos homens, “Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Ele não condicionou a salvação à posse de intelectos privilegiados; antes, tornou bem simples, acessível a todos. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Assim, a preservação da simplicidade no temor de Deus, se faz mais preciosa que os saberes vastos de gigantes intelectuais, cujos frutos portentosos separam do Eterno, fomentam presunção, invés de ensejar submissão. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, também sejam de alguma sorte corrompidos vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Nada valerá enxergarmos longe, coisas de relevância duvidosa, se outras vitais, bem perto, não podemos ver. Assim a vista apurada veria alvos pequenos, e se omitiria ante os grandes; coando mosquitos e engolindo camelos.

domingo, 20 de outubro de 2024

A urgência da salvação

“Vós, todos os que tendes sede, vinde às águas; os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro, sem preço, vinho e leite.” Is 55;1

Estranho coquetel! Águas, vinho e leite. O Salvador figurou Sua Doutrina como água. Ver João 4;14 Bastante pra saciedade da alma daqueles que a bebem.

No último livro da Bíblia O Senhor reitera o convite: “O Espírito e a esposa dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da Água da Vida.” Apoc 22;17

Vinho tipifica O Sangue, como Jesus mesmo ensinou no ritual da ceia. “... Este cálice é o Novo Testamento no Meu Sangue, que é derramado por vós.” Luc 22;20 Bebermos da Água da Vida é aprendermos Sua Doutrina; Seu “Sangue” requer uma identificação até à morte. “... Meu Sangue verdadeiramente é bebida.” Jo 6;55

Escrevendo aos Romanos Paulo pergunta: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua Morte?” Rom 6;3 Tal identificação, às últimas consequências significa bebermos do “vinho”.

Quanto ao leite, o alimento muda quando muda quem está à mesa. Dieta para iniciantes que dão os primeiros passos no aprendizado espiritual. A epístola aos hebreus traz: “... vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;12 Isso a uns que, tenho conhecido a Palavra havia tempo bastante para que crescessem, por omissos ficaram presos aos rudimentos, invés de uma alimentação mais adulta. 

Pedro usou a mesma figura atinente aos novos convertidos; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

A Palavra, numa abordagem abrangente é a Água da Vida; se tratando de neófitos pode ser leite.

“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” V 6

Tanto, desconhecemos a duração das nossas vidas, chama que pode apagar a qualquer momento, quanto, ignoramos o dia da volta do Senhor, que encerrará o tempo da Graça. Por isso o sentido de urgência de buscarmos refúgio, salvação, enquanto é possível. Dias virão que não será mais; “irão errantes de um mar até outro, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando a Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” V 7

Conversão não é uma adaptação, uma mescla das nossas escolhas e algumas coisas com as quais concordamos, que podem levar um rótulo espiritual; antes, é uma ruptura com nossa maneira rasa de ver, adotando como diretriz, os pensamentos de Deus. Jeremias disse: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 

Mais que nossos caminhos; nossas vidas foram compradas com sangue e pertencem ao Senhor. Como disse acerca de certo vinhateiro, “Não é lícito fazer o que quiser do que é meu? Mat 20;15

Pois a conversão é uma entrega voluntária; o abdicar dos nossos pensamentos, pelos Divinos, por uma razão que O Senhor mesmo expõe; “Porque os Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus; diz O Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” V 8 e 9

Se, no ponto-de-vista natural a conversão nos desafia a renunciarmos uma porção de coisas, “negue a si mesmo”, no espiritual nos assenta em lugares altos, permitindo aprendermos e pensarmos segundo os pensamentos Divinos. “... As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam. Mas Deus nos revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” I Cor 2;9 e 10

A intimidade com O Eterno é facultada a quem O obedecer. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Enfim, podemos fazer ouvidos moucos ao Divino chamado, e gastar nossas vidas e dons, correndo atrás das sombras, se assim o desejarmos. 

O Eterno respeita as nossas escolhas, mesmo que essas O excluam; apenas, busca entender a nossa “lógica;” “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom; a vossa alma se deleite com a gordura.” Is 55;2