quinta-feira, 24 de outubro de 2024

A espada e o machado


“... Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Lc 3;9

A abordagem de João Batista era bastante incisiva. Invés de uma mensagem caramelizada de aceitação incondicional, segundo o que muitos pregam para agradar aos homens, seu desafio era ao arrependimento; anexava uma ameaça de juízo, de rejeição cabal aos que se recusassem às condições.

Há diferença em anunciar O Evangelho, com seu apelo ao arrependimento, ante “povos não alcançados”, e, aos religiosos rebeldes que supõem conhecer a Divina Vontade, mesmo vivendo de modo adverso a ela.

No primeiro caso, é preciso dar a “Boa Nova”; fazer entender o que significa. No segundo, onde grassa a presunção, sem os devidos frutos, compreensível que se se acene com o “machado” do juízo.

O Senhor também seguiu pelas mesmas pegadas. Sempre era brando com meretrizes, publicanos, samaritanos, sem silenciar o necessário “não peques mais”, aos arrependidos; todavia, era terrível, duro quando tratava com a hipocrisia que grassava.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, fechais aos homens o Reino dos Céus; não entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais que vós.” Mat 23;13 a 15

Imaginemos hoje, chamar aos pretensos expoentes espirituais da sociedade, de “filhos do inferno.” Todos os sectários que se pretendem únicos portadores da mensagem de salvação acabam fechando à porta que deveriam expor, aberta. Uma vez que restringem ao seu modo hipócrita e raso de ver, o ingresso ao Reino, não entram, nem deixam entrar.

Por isso, o ardente zelo do Senhor, contra eles; se O Batista acenara com um machado, O Salvador cortou à hipocrisia com a Espada. Ele mesmo disse: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;” Mat 10;34

Espere! um dos nomes atribuídos ao Senhor, não é “Príncipe da Paz?” Como teria vindo trazer espada? Ele mesmo explicou que Sua Mensagem causaria divisão, porque uns creriam, outros, não. Dado que não alargaria à “porta estreita”, a firmeza inabalável da Sua Doutrina, separa invés de unir. “Porque vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10;35 e 36

Quem presume que se possa abrandar o que é soturno e tem sabor de sal, não serve para pregador do Evangelho. Embora o chamado ao amor deva ser seu motivo, a pureza doutrinária precisa ser seu método, se quiser ser fiel ao Senhor.

A Paz que Cristo promove é diferente da do mundo; Ele mesmo ensinou: “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou-a como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27

Mantermos um ambiente pacífico nas relações interpessoais é desejável; nem sempre, possível. Paulo prescreve: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A Paz que Cristo trouxe obra por desfazer a inimizade do homem pecador, com Deus. Nesse sentido Ele É O Príncipe da Paz. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Embora o amor pelo semelhante deva ser o combustível que anima aos que anunciam à salvação, a forma desse anúncio pode diferir de uma situação para outra; Paulo aconselha: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6 Agradável deve ser entendida como, educada; não, ciosa por validar o modo de vida dos que não estão nem aí para agradar a Deus.

Não existe pregação do Evangelho, aos simples ou, mais cultos, pobres ou abastados, que o prefácio não contenha o necessário, “Arrependei-vos!”

Quem pretender amaciar termos, para não “causar polêmicas”, não passa de um bobo-alegre persuadido que deve agradar aos homens, onde o chamado é para agradar a Deus.

Nos compete fazer tudo ao alcance, para que os pecadores aceitem o Evangelho; mas, não moveremos uma palha do sóbrio teor dele, para que, assim, pareça mais aceitável àqueles que o ouvirem.

O bálsamo do perdão sempre está presente, porque O Médico dos Médicos sabe que Sua Espada deve fazer algumas feridas. Contra os que enrijecem no erro, no seu tempo, o machado fará seu trabalho.
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