sábado, 5 de outubro de 2024

O inferno


“... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12; 4 e 5

Os que negam a existência do inferno como local de juízo para a impiedade, usam como argumento que, a melhor tradução para a palavra que tem sido vertida pelo tal, seria sepultura. O “inferno” onde deixariam de existir os maus. Para algumas crenças, os justos apenas serão ressuscitados, os demais “condenados” à inexistência.

Se não houvesse uma “recompensa” para o mal, como argumentou Paulo, estariam certos os que apostam todas as fichas nessa vida apenas. “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” No mesmo contexto, porém, foi taxativo sobre a necessária espera de um porvir, tanto para justos, quanto, injustos; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Como não sou versado em grego nem hebraico, não me atreverei a discutir sobre qual seria a melhor tradução para “Sheol”. Mas, a boa hermenêutica vai além do conhecimento dos originais. Ela dispõe de outras ferramentas, que também são úteis para entender a verdade.

Pelo menos três argumentos me ocorrem que fazem necessária a existência do inferno, como revelado. a) Jesus falou mais sobre o risco de se acabar nele, que, sobre as venturas do Céu em Seus ensinos. Se, fosse mero sepulcro, de onde ninguém consegue escapar, qual o sentido de tamanha ênfase?

b) O inferno não tinha o homem como destinatário. “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” Mat 25;41

Sendo aqueles entes, espíritos, qual sentido de uma sepultura para os tais? Essas são necessárias à decomposição de corpos. Jesus ensinou que na ressurreição dos justos, eles não se dão em casamento; antes, serão como os anjos de Deus; os que recusam a receber o Evangelho da Graça, serão como os anjos do Diabo, herdando a sorte que foi destinada àqueles.

c) Se, devemos temer a Deus porque, além de matar tem poder para lançar no inferno, isso torna necessário que, o inferno seja um castigo além da morte. Algo que O faz mais temível que a própria morte. Se fosse mera sepultura, não seria necessário um poder superior para lançar alguém nela; qualquer orangotango poderia arrastar um corpo morto à cova. Assim, tanto as inúmeras advertências para se evitar a esse lugar de infortúnio, quanto a estrutura do texto que analisamos tornam necessária, a existência do inferno; exatamente nos termos que As Escrituras relatam.

Se nós, imperfeitos, ao vermos tantos patifes impunes, nos indignamos com isso, pela decepção coletiva; a impunidade que grassa faz parecer que o crime compensa, que a virtude é estupidez, como veria isso O Juiz dos vivos e dos mortos? Deixaria por isso mesmo, resignado, pois, a “vida é assim?” Abraão responde: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de Ti. Não faria justiça o Juiz de toda terra?” Gn 18;25

Isaías descreveu o lugar de tormento: “... seu verme nunca morrerá, nem seu fogo se apagará...” Is 66;24 Cristo citou a Isaías e foi registrado pelos escritores do Evangelho. Mc 9;44 a 48 Mat 3;12 Luc 3;17 etc.

O que pode ser discutido é qual seria a natureza de tal “fogo”, uma vez que afligirá seres espirituais. Talvez, dado que, o bicho nunca morre, os mesmos desejos da alma pecadora que no corpo foram saciados pelos vícios daqui, persistam lá, sem a possibilidade de serem saciados, pela ausência de meios. A eterna abstinência seria um “fogo” a devorar quem preferiu os tais à paz com Deus e Sua Bendita comunhão. Não estou afirmando que será assim; não tenho elementos para tanto; mas, assim penso.

Estabelecida a existência desse lugar de punição e tormentos contra os adeptos da maldade, por que, viveríamos de maneira relapsa, reservando um assento no nefasto teatro?

O Eterno enfatiza Seu prazer em salvar; requer dos avessos seus motivos, dizendo: “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11

Por fim, a rejeição de algo expresso categórica e reiteradamente na Palavra de Deus, é blasfemo, por atribuir ao Santíssimo, mentiras.

A excelência seria crermos por amor a Deus; contudo, que sejamos salvos pelo medo do inferno, é ainda melhor, que nos perdermos.

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