domingo, 20 de outubro de 2024

A dor do próximo


“Por causa da violência feita ao teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, serás exterminado para sempre.” Ob v 10

Juízo contra Edom, um povo de pequena expressão que, pelas próprias forças não se atrevera enfrentar Israel numa peleja. Contudo, quando outras nações o fizeram, por permissão Divina contra Seu povo, os edomitas participaram com júbilo da destruição dos vizinhos.

“... no dia em que estranhos levaram cativo seu exército, os estrangeiros entravam pelas suas portas e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu eras também como um deles. Mas tu não devias olhar com prazer para o dia de teu irmão, no dia do seu infortúnio; nem te alegrar sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem alargar tua boca, no dia da angústia;” vs 11 e 12

Quantas vezes acontece assim! Os que não se atreveriam a enfrentar abertamente a um que lhes causa inveja, temor, vendo algum infortúnio tocar a esse comemoram, como se aquilo fosse uma vitória deles. A Palavra de Deus aconselha: “Quando cair teu inimigo, não te alegres, nem se regozije teu coração quando ele tropeçar; para que, vendo-o O Senhor, seja isso mau aos Seus olhos e desvie dele Sua ira.” Prov 24;17 e 18 Se a dor alheia te causa júbilo Deus a remove, para que não piores inda mais tua situação.

Há dois motivos pelos quais não devemos jubilar com as desgraças alheias, mesmo de eventuais desafetos. O primeiro é o plantio; o ensino que devemos fazer ao semelhante o gostaríamos que ele nos fizesse; “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhe também, porque esta é a Lei e os profetas.” Mat 7;12

O segundo é a colheita; a Justiça Divina nos fará ceifar aquilo que semearmos. Se, a dor alheia nos alegra, eventualmente teremos nossa própria dor, para que a alegria esteja mais perto da sua fonte. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

Jó era um dos grandes no oriente; rico em gado, terras, um próspero gerador de empregos; ainda, um conselheiro sábio entre seus concidadãos. “Ouviam-me e esperavam, em silêncio atendiam ao meu conselho. Havendo eu falado, não replicavam, minhas razões destilavam sobre eles; porque me esperavam, como à chuva; abriam a sua boca, como à chuva tardia. Se eu ria para eles, não o criam, a luz do meu rosto não faziam abater; eu escolhia seu caminho, assentava-me como chefe, habitava como rei entre suas tropas; como aquele que consola os que pranteiam.” Jó 29;21 a 25

Entretanto, bastou o infortúnio tocar na vida do patriarca, e os admiradores, os “seguidores” sumiram; ou, passaram para o outro lado. “Agora, porém, se riem de mim os de menos idade que eu, cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.” Cap 30;1

Aqueles que outrora não se atreveriam a falar na presença de Jó, então, estavam a rir dele. O Eterno permite que conheçamos os dois lados, carência e fartura, honra e desonra, para que sejamos exercitados em ambos. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

No caso daquela ralé, os que riram da dor de Jó, nem careciam de um juízo mais incisivo; nada tinham a perder. Mas quando O Eterno restituiu as riquezas e a honra do Patriarca em dobro, àqueles restou se refugiarem nos covis da própria insignificância; quiçá, arranjar outros, com o dobro da distância, para não sofrerem com a dignidade alheia.

A violência não se restringe à imposição física, como pode parecer ao mais descuidado. Mesmo com palavras se pode ser mui violento. “A boca do justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos perversos.” Prov 10;11

Sempre existe possibilidade de alguém que errou se arrepender e buscar perdão em tempo. Porém, quando assim não faz, é inevitável que a violência semeada frutifique; é bom que assim seja, para que haja cura. “O homem de grande violência deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19;19

Um homem avisado se mantém a uma distância segura das precipitações emocionais, derivadas do giro da roda da fortuna. O surfista, pela peculiaridade do seu esporte necessita se pautar pelas ondas; não é essa a diretriz do que carece dos frutos do mar.

As desgraças alheias podem ser lições de vida, se as olharmos do mirante mais sábio. Como disse o sanitarista Oswaldo Cruz: “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.”

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