segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O Espírito em nós


“Em todo o tempo sejam alvas tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

“Em todo o tempo...”
Hoje tudo é fragmentário, se pode fazer “cortes” selecionando as partes prediletas disso ou daquilo; aumenta o risco de ancorarmos nosso cristianismo em performances pontuais, invés de vivermos a probidade integral, como convém.

Um filtro para remover uma imperfeição aqui, um ajuste ali, e fácil se pode fazer boa figura no reino das aparências. Somos de outro Reino.

O Espírito Santo é nossa “plateia” perene; Ele vê nosso desempenho. Artifícios pontuais que maquiam problemas invés de os solver, pioram nossa situação ante Ele, que está sempre pronto a ajudar, se decidirmos pelas veredas da justiça.

Ter problemas, todos os têm. O que se torna vital é como lidamos com eles. Não é possível fazermos “cortes” em nossas almas, priorizando apenas os bons momentos. Ante Deus, somos como somos, em todo o tempo.

Via arrependimento e mudança de atitude, quem identifica seus maus passos pode mudar; esquecer as coisas que para trás ficam, podemos abraçar a novidade de vida em Cristo. Carecemos honestidade ante a voz interior, que valora corretamente nossas escolhas.

Nossa caminhada deve ser dirigida por Deus, não pelos semelhantes. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

“... sejam alvas tuas vestes...”
não se trata de outrem escolher a cor das roupas para nós. Antes, de uma figura de linguagem; as vestes limpas tipificam atitudes retas, vida em harmonia com o semelhante, no que depender de nós, e em harmonia com Deus.

Até nos ditos populares, as desavenças são tidas como sujeiras, donde verteu o dito: “Roupa suja se lava em casa.” Significando que essas coisas não devem ser tratadas em público. Mesmo na Palavra de Deus, roupas excelentes apontam para caracteres excelentes, alinhados à Justiça Divina. “Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” Apoc 19;8

Assim, quando alguém torna impura sua alma, por más escolhas que faz, figuradamente se diz que o tal “manchou as vestes.” Mesmo a infidelidade conjugal é valorada sob essa figura; aquele que assim o faz, mancha o próprio leito; daí, o preceito: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus julgará.” Heb 13;4

“... nunca falte o óleo...”
uma vez mais, não devemos entender literalmente a linguagem poética. Óleo era usado para unção de reis, profetas e sacerdotes na Antiga Aliança. Depois desse rito, O Espírito de Deus atuava junto àqueles tentando conduzi-los segundo O Divino Querer. Não significa que um ungido não errava; mas quando fazia isso, certamente deixava de escutar ao Espírito que o animava, agindo de moto próprio.

Na Nova Aliança em Cristo, O Espírito Santo é dado a todos os que se convertem; independente de um ritual com óleo; os que creem são “selados” pelo Espírito Santo, recebem Sua unção. “Vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas.” I Jo 2;20

Como os da Antiga Aliança, os da Nova também erram após a unção; pelo mesmo motivo. Um atuar independente da direção que recebem. Por isso a certeza de “inocência plena” apenas é dada aos que se submetem integralmente às diretrizes espirituais. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

Os submissos ao Espírito em todo o tempo, deles, figuradamente se diz que “andam no óleo.”

“... sobre a tua cabeça.” Embora eventualmente se chame ao núcleo da personalidade, o centro das decisões e afetos humanos de “coração”, sabemos que esse coração tem muito de cabeça, entendimento. Todos os membros do corpo devem submissão às diretrizes da cabeça. Tanto, que a Igreja é chamada de “Corpo de Cristo”, sendo Ele a Cabeça, a origem de todas as diretrizes que convêm ao nosso andar.

Assim, termos o “Óleo” sobre nossas cabeças significa, entendermos que os rumos que nós devemos abraçar, precisam passar antes pelo crivo do Espírito Santo.

Invés de sobre a cabeça, alguns agem como se O tivessem à mão; pudessem ordenar isso, decretar aquilo, profetizar, e deixar a Ele o papel de obedecer. Blasfema e suicida atitude!

Não foi O Espírito Santo que nos foi dado; nós fomos dados a Ele como habitats, e servos. “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Cor 3;16

Logo, integralmente andemos em retidão, e jamais coloquemos nossos anseios onde convém atentar à diretriz do Espírito Santo.

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