“Porém, onde se achará a sabedoria, onde está o lugar da inteligência?” Jó 28;12
Antes de pensarmos onde encontrar esses bens, cabe considerar o valor deles, para entender se vale à pena empreender esforços pelos tais. Por acostumados a avaliarmos coisas tangíveis apenas, essas que escapam ao toque, tendem a receber uma valoração ínfima, como se fossem coisas comuns. “O homem não conhece o seu valor; nem ela se acha na terra dos viventes.” V 13
Lugares remotos, amplos, se apressam a dizer que não a conhecem, que não habita com eles; “O abismo diz: Não está em mim; o mar fala: Ela não está comigo.” V 14
Entretanto, seu valor não é superficial como pode parecer aos mais desavisados; “Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em troca dela. Não se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira. Com ela não se pode comparar o ouro nem o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.” Vs 15 a 17
Quanto mais nossa investigação avança, mais compreendemos seu valor, e menos vislumbramos seu lugar.
“Não se fará menção de coral nem de pérolas; porque o valor da sabedoria é melhor que o dos rubis. Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode avaliar por ouro puro.” Vs 18 e 19
Ela própria, nos lábios de Salomão, com quem viveu, disse: “Aceitai minha correção, não a prata; o conhecimento, mais que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8;10 e 11
Valendo isso tudo, por que tão poucos se esforçam por encontrá-la? Por estar atrelada a bens de valor eterno, e ser o homem caído um refém do pecado, ter o entendimento obtuso pela ação do canhoto, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo...” II Cor 4;4 acaba esse cego agindo como reles jumentos, para os quais, a palha vale mais que o ouro.
As “riquezas” terrenas, no fundo apenas permitem comprar mais palha, o que emoldurará a morte dos ímpios com nuances de comodismo, conforto terreno, não indo um centímetro além daí.
O engano das riquezas, que O Salvador equacionou a espinhos, na Parábola do Semeador, foi também denunciado pelo poeta: “Engana-se quem pensa que os cofres dos bancos possuem riquezas, - disse – eles têm apenas dinheiro.” Carlos Drummond de Andrade
A vera riqueza não tem efeitos colaterais, como a enganosa que qualquer ladrão a pode dilapidar num momento. “A bênção do Senhor é que enriquece e não traz consigo dores.” Prov 10;22
A um que estava assentado sobre muitas posses terrenas, sem nenhum depósito no banco celeste foi dito: “... Louco! esta noite pedirão a tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20
Não somos capazes de valorar devidamente uma alma; porém, Aquele que É, disse: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” Mat 16;26
Se, preciosidades materiais como ouro, prata, rubis, topázio, empalidecem ante o valor da sabedoria, é porque essa “compra” coisas que aquelas não conseguem. “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12
O valor da vida torna ínfimos os outros bens. Até o vulgo sabe disso, quando filosofa nos botecos da existência; “vão-se os anéis, ficam os dedos;” diz. A problema é que os “dedos” na visão do tal, é a mera existência terrena; aos Olhos Divinos o valor inestimável está na vida eterna. “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele.” Sal 49;6 e 7
Então, voltando à nossa investigação inicial, a saga de Jó ilustra de modo exemplar, a postura de quem conhece a vera riqueza. Ele perdeu tudo; bens, família, saúde; resiliente, mal aconselhado, acusado até; porém, se recusou a perder sua comunhão com Deus. “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19;25
Esse, pois, tinha moral para versar sobre a verdadeira sabedoria; ele a conhecia, e fez isso notório com seu agir; não sem antes, desenhar o mapa, para que também a possamos encontrar, caso a desejemos; “... Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.” Jó 28;28
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