“Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas; é segurança para vós.” Fp 3;1
Estranhas alegrias, até quando a vida insiste em semear razões para tristezas. O Salvador preveniu: “No mundo tereis aflições...”
Então, alguém se regozijar parece improvável; contudo, é desse modo. Assim como há dois tipos de tristeza, uma segundo Deus, outra segundo o mundo, ver II Cor 7;10, há também dois tipos de alegria, conforme as mesmas fontes.
Muitas coisas que trazem um peso pela sua incidência, ensejam leveza pelas consequências espirituais, em quem as pode avaliar corretamente. Pedro ensina: “Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da Sua Glória vos regozijeis e alegreis.” I Ped 4;13
Gozo pode verter desde a esperança, antes mesmo de se fruir na plenitude. “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” Rom 12;12
No auge das aflições O Senhor preveniu aos Seus sobre a tristeza, que daria espaço a uma alegria permanente; “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e vosso coração se alegrará, a vossa alegria ninguém tirará.” Jo 16;21 e 22 Alegria de sabermos que Ele venceu à morte e nos fará vencedores com Ele, quem poderá tirar?
O regozijo espiritual podemos fruir mesmo quando todas as circunstâncias insistem em falar de tristeza. Se, as alegrias mundanas têm a ver com coisas tangíveis, conquistas, que acabam em bebedices e portentosos banquetes, as espirituais prescindem dessas coisas; “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rm 14;17
“... as mesmas coisas...” alguém definiu a celeridade com que as coisas mudam, pela tecnologia avançada, e “valores” voláteis, como “mundo líquido”. Raul Seixas já cantava: “Se hoje sou estrela amanhã já se apagou...” essa metamorfose que soou atrevida naqueles dias, agora reflete a realidade.
A resiliência dos poucos, refratários a mudanças de cunho espiritual, moral, soa como um radicalismo, saudosismo jurássico, uma resistência indevida, às modernidades “necessárias” do novo mundo que se descortina. Para Deus, inversão de valores; “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo, doce, e do doce, amargo!” Is 5;20
O Senhor foi bastante “primitivo” em Sua pretensão; disse: “Passará o Céu e a Terra, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Luc 21;33
Figurou a prática dos Seus Ensinos, com “edificar a casa na rocha”, apta a resistir as fúrias líquidas que a testariam. “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha; desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mat 7;24 e 25
As mesmas coisas faladas há dois milênios, não serem biodegradáveis evidenciam que sua origem é eterna. Nossa segurança nos convida ao retrovisor, não à amplitude ímpia que se descortina diante de nós. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16
“... é segurança para vós.” Como buscarão segurança nas “mesmas coisas” aqueles, que, recusando-se a abraçá-las no devido tempo, se deixaram seduzir por outras, “novas” e aparentemente mais fáceis?
Tudo aquilo que derivar do engano, que carecer o acessório da mentira, por novas que sejam as roupagens com as quais se apresente, tem a idade da humanidade. Essas velharias já estragam a relação do homem com Deus desde o Jardim do Éden.
A presente geração se contenta com coisas “virtuais”; simulacros da verdade já bastam para muitos. Entretanto, salvação ou perdição que decorrem das nossas escolhas são coisas muito reais, e de peso eterno. Tendemos a nos deixar influenciar pelo que a maioria deixa; porém, somos desafiados pelo Mestre a ousar ser minoria; “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mat 22;14
O que há de sisudo no Evangelho da Graça de Deus, é que somos convidados ao arrependimento e desafiados às renúncias para sermos regenerados segundo Deus; e o que há doentio e suicida nesse lamaçal mundano, é que pessoas ímpias se atrevem a “Mudar Deus” segundo suas insanas inclinações, pela recusa em se converter. A escolha pelo mais difícil significa mais; uma cruz que se tornará coroa.
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