quinta-feira, 24 de outubro de 2024

A espada e o machado


“... Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Lc 3;9

A abordagem de João Batista era bastante incisiva. Invés de uma mensagem caramelizada de aceitação incondicional, segundo o que muitos pregam para agradar aos homens, seu desafio era ao arrependimento; anexava uma ameaça de juízo, de rejeição cabal aos que se recusassem às condições.

Há diferença em anunciar O Evangelho, com seu apelo ao arrependimento, ante “povos não alcançados”, e, aos religiosos rebeldes que supõem conhecer a Divina Vontade, mesmo vivendo de modo adverso a ela.

No primeiro caso, é preciso dar a “Boa Nova”; fazer entender o que significa. No segundo, onde grassa a presunção, sem os devidos frutos, compreensível que se se acene com o “machado” do juízo.

O Senhor também seguiu pelas mesmas pegadas. Sempre era brando com meretrizes, publicanos, samaritanos, sem silenciar o necessário “não peques mais”, aos arrependidos; todavia, era terrível, duro quando tratava com a hipocrisia que grassava.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, fechais aos homens o Reino dos Céus; não entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais que vós.” Mat 23;13 a 15

Imaginemos hoje, chamar aos pretensos expoentes espirituais da sociedade, de “filhos do inferno.” Todos os sectários que se pretendem únicos portadores da mensagem de salvação acabam fechando à porta que deveriam expor, aberta. Uma vez que restringem ao seu modo hipócrita e raso de ver, o ingresso ao Reino, não entram, nem deixam entrar.

Por isso, o ardente zelo do Senhor, contra eles; se O Batista acenara com um machado, O Salvador cortou à hipocrisia com a Espada. Ele mesmo disse: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;” Mat 10;34

Espere! um dos nomes atribuídos ao Senhor, não é “Príncipe da Paz?” Como teria vindo trazer espada? Ele mesmo explicou que Sua Mensagem causaria divisão, porque uns creriam, outros, não. Dado que não alargaria à “porta estreita”, a firmeza inabalável da Sua Doutrina, separa invés de unir. “Porque vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10;35 e 36

Quem presume que se possa abrandar o que é soturno e tem sabor de sal, não serve para pregador do Evangelho. Embora o chamado ao amor deva ser seu motivo, a pureza doutrinária precisa ser seu método, se quiser ser fiel ao Senhor.

A Paz que Cristo promove é diferente da do mundo; Ele mesmo ensinou: “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou-a como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27

Mantermos um ambiente pacífico nas relações interpessoais é desejável; nem sempre, possível. Paulo prescreve: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A Paz que Cristo trouxe obra por desfazer a inimizade do homem pecador, com Deus. Nesse sentido Ele É O Príncipe da Paz. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Embora o amor pelo semelhante deva ser o combustível que anima aos que anunciam à salvação, a forma desse anúncio pode diferir de uma situação para outra; Paulo aconselha: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6 Agradável deve ser entendida como, educada; não, ciosa por validar o modo de vida dos que não estão nem aí para agradar a Deus.

Não existe pregação do Evangelho, aos simples ou, mais cultos, pobres ou abastados, que o prefácio não contenha o necessário, “Arrependei-vos!”

Quem pretender amaciar termos, para não “causar polêmicas”, não passa de um bobo-alegre persuadido que deve agradar aos homens, onde o chamado é para agradar a Deus.

Nos compete fazer tudo ao alcance, para que os pecadores aceitem o Evangelho; mas, não moveremos uma palha do sóbrio teor dele, para que, assim, pareça mais aceitável àqueles que o ouvirem.

O bálsamo do perdão sempre está presente, porque O Médico dos Médicos sabe que Sua Espada deve fazer algumas feridas. Contra os que enrijecem no erro, no seu tempo, o machado fará seu trabalho.
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terça-feira, 22 de outubro de 2024

A humildade


“Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se Eu te não lavar, não tens parte comigo.” Jo 13;8

O Senhor estava dando uma demonstração prática de humildade e serviço. Para isso, resolveu lavar os pés dos discípulos.

Pedro se mostrou “humilde” ao extremo, de sorte que não permitiria tal humilhação. Quando a humildade se mostra mui ciosa da própria existência e do desejo de se preservar, pode que nem esteja mais em casa. O orgulho mora de parede e meia com ela, e costuma furtar suas roupas; podendo se apresenta como se aquela fosse.

O Senhor não fez aquilo ante as multidões, ou as câmeras de TV como fazem certos “humildes” modernos. Àqueles que eram seus chegados, visto que, não tendo entendido bem a natureza do chamado, eventualmente disputavam, sobre quem deles seria o maior, desejou dar uma lição especial, longe da multidão. O maior é o que serve.

De Si Mesmo não carecia provar nada; o simples fato de se ter esvaziado da Sua Glória por amor dos pecadores, basta para não deixar dúvida nenhuma. Porém, Pedro errou a mão pensando que se recusar a fazer parte daquela lição seria humildade. Desobediência do tipo que poria tudo a perder. “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

Qualquer um de nós, que se mostrar igualmente “humilde”, a ponto de rejeitar à vontade do Senhor, por nos parecer que, Ele “desce” demais, corre o risco de ouvir a mesma repreensão; “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

Devemos buscar o esvaziamento, negação do ego em submissão ao Senhor, até que a humildade se nos torne natural. Fazermos a coisa certa sem carecer medalhas, aplausos; apenas porque é o que deve ser feito. É um caminho fácil? Não.

Tendemos ao egoísmo, amor próprio desmedido, querer tudo do nosso jeito. Vencermos os maus hábitos nos quais nos exercitamos é um processo lento, mas necessário; a santificação.

Ela não foi apresentada como uma possibilidade, uma alternativa; antes, indispensável se quisermos ver a Face do Santo. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

Paulo esmiúça: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, morte de cruz.” Fp 2;5 a 8

Alguns confundem humildade com desarranjo estético, mau gosto, ignorância... se o sujeito fala ou escreve errado o faz porque é humilde; não. Age assim porque tem limitações na área da comunicação. O que se veste mal, por falta de uma roupa melhor, em geral, por causa da pobreza; nada a ver com humildade.
A humildade é um estado de alma, não uma condição social. Há pessoas que não têm onde cair mortas e se acham intocáveis; “Pra cima de mim não! Eu sou mais eu!” Quem jamais viu algo assim?

Salomão viu algumas inversões. Uns que, a condição social se recusava a alinhar-se com a posição das suas almas. Pode acontecer a qualquer um; disse: “Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;7

Se a humildade não fosse tão importante, O Salvador não teria feito uma demonstração prática para ensiná-la aos Seus discípulos. Não existe didática mais eloquente que o exemplo.

Afinal, como reconheceríamos nossos erros, e deles nos arrependeríamos, sem a humildade de admitir que os cometemos, que O Senhor está certo em requerer que nos arrependamos e os abandonemos? Assim, mais que uma “ferramenta de serviço”, a humildade “carimba o ingresso” dos que aceitam o chamado pra passar da morte pra vida.

A Palavra nos ensina que, “diante da honra vai a humildade”; atrevo a dizer que vai diante da vida também.

Mais que os pés, nossas almas carecem de uma lavagem que regenera, como ensinou Paulo. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3;5

Eventualmente, quando alguém abdica de pensar, e de modo idólatra e fanático se apega a algo ou alguém, se diz que sofreu uma lavagem cerebral. Embora a ideia seja correta, a expressão talvez seja imprecisa. Manipulados assim passam por uma obstrução cerebral, da qual se fazem cúmplices.

O que carece ser lavado em nós é o que suja, não o que entende; diante Deus, sujamo-nos quando pecamos. O dito a Pedro cabe a cada um de nós, pois. “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo.”

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Loucos voluntários


“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

A loucura deriva de algum lapso biológico; uma enzima qualquer, uma vitamina, necessária ao equilíbrio cerebral se mostra ausente, ensejando uma atuação desconexa com a realidade, nos que são tidos por loucos. Claro que essa é uma suposição grosseira, cujo fim é situar à loucura, comum, junto a algum déficit biológico, sem pretensão de explicar (o que eu não poderia) à rigor, em quê, ela consiste.

Contudo, há outra loucura derivada da alma, com teor moral, espiritual, que é forjada pelo agir inconsequente de quem, por erro de avalição, superestima de potencial, minimiza consequências, ignora riscos, ousa além do saudável.

Desse viés, os que, “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Se, os primeiros “saem da casinha”, por não conseguir ver a diferença entre ela e a vida “outdoor”, esses saem resolutos, por acreditar que a casinha é pequena demais para eles, que mereceriam um palácio. Sua loucura eleva seus supostos potenciais ao superlativo.

A queda de Satanás, embora irônico, se deu pela beleza do mesmo, apreciada por uma lupa enlouquecida. Invés de gratidão por ter sido criado formoso, presumiu que mereceria um lugar mais alto que o ocupado então.

“Elevou-se teu coração por causa da tua formosura, corrompeste tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.” Ez 28;17

Felizes os que sabem muito e continuam a aprender! No entanto, se nossa sapiência desviar o foco das nossas limitações, sonegar que aprendemos pela Divina misericórdia, corremos o risco que, nossa luz se torne em trevas. “... Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23 O caso do querubim formoso que, se tornou o príncipe das trevas.

Os que se dizendo sábios se tornaram loucos, negaram-se a ver a Glória de Deus através das Suas Obras; preferiram criar cultos alternativos; dando às criaturas a honra que deveria ser tributada ao Criador.

Não são pessoas limitadas intelectualmente que cometem loucuras assim. Não raro, de QI elevado, com vasta bagagem cultural, de repente se tornam expoentes de ensinos que contrariam À Palavra de Deus.

Sempre que alguém se atreve assim, aceita requentada, com uns seis milênios de atraso, a velha mentira do Éden; “Desobedecendo sereis como Deus; podereis decidir por vós mesmo acerca do bem e do mal.”

Tal apostasia lança seus agentes sob maldição: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;5 e 6

Todo aquele que tencionar saber alguma coisa, comece aprendendo que “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” Tg 3;17

O saber que serve para fomento do orgulho, da arrogância, atuando como alimento do egoísmo se faz combustível dos partidarismos de toda ordem, não procede do alto; não vai além dos anseios da alma doentia; é de espúria origem. “se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” Tg 2;14 e 15

O verdadeiro sábio não se diz o tal; antes, age consoante ao saber que tem. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” Tg 2;13

Antes de voarmos nas asas de suposta sabedoria, devemos atentar para qual direção ela aponta; uma vez que, no apreço do mais sábio dos homens, “Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Ele não condicionou a salvação à posse de intelectos privilegiados; antes, tornou bem simples, acessível a todos. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Assim, a preservação da simplicidade no temor de Deus, se faz mais preciosa que os saberes vastos de gigantes intelectuais, cujos frutos portentosos separam do Eterno, fomentam presunção, invés de ensejar submissão. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, também sejam de alguma sorte corrompidos vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Nada valerá enxergarmos longe, coisas de relevância duvidosa, se outras vitais, bem perto, não podemos ver. Assim a vista apurada veria alvos pequenos, e se omitiria ante os grandes; coando mosquitos e engolindo camelos.

domingo, 20 de outubro de 2024

A urgência da salvação

“Vós, todos os que tendes sede, vinde às águas; os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro, sem preço, vinho e leite.” Is 55;1

Estranho coquetel! Águas, vinho e leite. O Salvador figurou Sua Doutrina como água. Ver João 4;14 Bastante pra saciedade da alma daqueles que a bebem.

No último livro da Bíblia O Senhor reitera o convite: “O Espírito e a esposa dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da Água da Vida.” Apoc 22;17

Vinho tipifica O Sangue, como Jesus mesmo ensinou no ritual da ceia. “... Este cálice é o Novo Testamento no Meu Sangue, que é derramado por vós.” Luc 22;20 Bebermos da Água da Vida é aprendermos Sua Doutrina; Seu “Sangue” requer uma identificação até à morte. “... Meu Sangue verdadeiramente é bebida.” Jo 6;55

Escrevendo aos Romanos Paulo pergunta: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua Morte?” Rom 6;3 Tal identificação, às últimas consequências significa bebermos do “vinho”.

Quanto ao leite, o alimento muda quando muda quem está à mesa. Dieta para iniciantes que dão os primeiros passos no aprendizado espiritual. A epístola aos hebreus traz: “... vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;12 Isso a uns que, tenho conhecido a Palavra havia tempo bastante para que crescessem, por omissos ficaram presos aos rudimentos, invés de uma alimentação mais adulta. 

Pedro usou a mesma figura atinente aos novos convertidos; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

A Palavra, numa abordagem abrangente é a Água da Vida; se tratando de neófitos pode ser leite.

“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” V 6

Tanto, desconhecemos a duração das nossas vidas, chama que pode apagar a qualquer momento, quanto, ignoramos o dia da volta do Senhor, que encerrará o tempo da Graça. Por isso o sentido de urgência de buscarmos refúgio, salvação, enquanto é possível. Dias virão que não será mais; “irão errantes de um mar até outro, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando a Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” V 7

Conversão não é uma adaptação, uma mescla das nossas escolhas e algumas coisas com as quais concordamos, que podem levar um rótulo espiritual; antes, é uma ruptura com nossa maneira rasa de ver, adotando como diretriz, os pensamentos de Deus. Jeremias disse: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 

Mais que nossos caminhos; nossas vidas foram compradas com sangue e pertencem ao Senhor. Como disse acerca de certo vinhateiro, “Não é lícito fazer o que quiser do que é meu? Mat 20;15

Pois a conversão é uma entrega voluntária; o abdicar dos nossos pensamentos, pelos Divinos, por uma razão que O Senhor mesmo expõe; “Porque os Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus; diz O Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” V 8 e 9

Se, no ponto-de-vista natural a conversão nos desafia a renunciarmos uma porção de coisas, “negue a si mesmo”, no espiritual nos assenta em lugares altos, permitindo aprendermos e pensarmos segundo os pensamentos Divinos. “... As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam. Mas Deus nos revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” I Cor 2;9 e 10

A intimidade com O Eterno é facultada a quem O obedecer. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Enfim, podemos fazer ouvidos moucos ao Divino chamado, e gastar nossas vidas e dons, correndo atrás das sombras, se assim o desejarmos. 

O Eterno respeita as nossas escolhas, mesmo que essas O excluam; apenas, busca entender a nossa “lógica;” “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom; a vossa alma se deleite com a gordura.” Is 55;2

Alvo distorcido


“Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Gal 5;7

Um bom começo não significa que a empresa será levada a um fim venturoso, necessariamente. “Corríeis bem...” disse Paulo aos gálatas. O verbo ter sido usado no pretérito, significa que então, já não corriam mais da mesma forma; a demanda pelo motivo da mudança, também implica o mesmo; “... quem vos impediu...”

A ruptura de uma boa carreira, “necessita” algum obstáculo que a impeça; é a ordem natural. A própria essência do que fora impedido, obedecer à verdade, já evidencia de onde viera o obstáculo. Pela direção do que estava em curso, o apóstolo eliminou A Santa origem. “Esta persuasão não vem daquele que vos chamou.” V 8

Muito se fala em batalha espiritual; nem sempre se entende o quê, ela significa. Não se trata de exorcizar espíritos malignos, tampouco tolher aos tais, o domínio sobre “territórios espirituais” como alguns incautos esposam.

A disputa é travada nas mentes; grassa de origem canhota, uma semeadura paralela à Palavra”, que, coberta de artifícios e seduções, finge ser mais da mesma; porém, induz à desobediência.

Paulo usou mais de uma vez a linguagem bélica para figurar nosso conflito contra o reino das trevas. A Timóteo, disse: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. Se alguém milita, não é coroado se não militar legitimamente.” II Tim 2;4 e 5

Aos efésios descreveu as vestimentas marciais que convêm; “Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” Ef 6; 11 Ss

Escrevendo aos coríntios entrou nas minúcias do combate que devemos travar: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

A pergunta aquela, feita aos gálatas: “Quem vos impediu para que não obedeçais à verdade?” pode ser respondida pelo ensino supra; “...conselhos que se levantam contra o conhecimento de Deus.” Ensinos que pervertem à verdade; naquele caso, uma tentativa de fusão entre judaísmo e cristianismo, lançara aos gálatas em confusão.

Atualmente, muitos que não têm ministério apologético, na tentativa de combater coisas para as quais não estão preparados, acabam fazendo um serviço à oposição, não a Deus.

Invés da hígida pregação do Evangelho, se ocupam em mostrar o que outros estão fazendo nas “igrejas”, onde lascívia, esquisitices, e outras porcarias congêneres são vividas.

Mostrar essas coisas acaba sendo um desvio de propósito, um marketing gratuito ao canhoto e seus descaminhos.

Alguns pretendem dizer quem vai pro céu e quem pro inferno, geralmente baseados em usos e costumes das suas doentias predileções; outros, invés de denunciar pecados, se perdem caçando abstrações; “religiosidade e sistema” são os pecados da moda que muitos combatem, francamente!!

Mensagens de alguns notáveis desse tempo lembram as encíclicas do Papa. A gente lê dezenas de páginas, encontra falas sociológicas, psicológicas, antropológicas, ideológicas, e nada de apreciação teológica, nenhum verso da Palavra de Deus. Isso é falar muito e não dizer nada.

De lá, dos que colocam tradição e dogmas acima da Palavra de Deus, não se espera nada mesmo. Porém, supostos pregadores do Evangelho lançando cascas ao vento, invés da Santa Semente? “O que semeia, semeia A Palavra;” Mc 4;14 Acorda sonolento!!

Pouco importa se há “pastoras popozudas” escandalizando, se o “Reteté” o festival vazio de esquisitices tem tomado lugares de culto; se o “sistema” está contaminado, ou se alguns padecem de religiosidade excessiva.

Se pregarmos A Palavra como ela é, automaticamente acabaremos expondo tudo o que não é, sem necessidade de fazermos propagando para o canhoto e seus conselhos obscurantistas.

Há muitos que começaram pregando genuinamente à Palavra, e agora se tornaram defensores de “desigrejados”, veementes opositores do sistema ou da religiosidade; bem cabe a inquirição de Paulo apresentada aos gálatas. “Corríeis bem; quem vos impediu para que não obedeçais à verdade?” Também a conclusão do apóstolo é oportuna: “Essa persuasão não vem daquele que vos chamou.”

Urge repensarmos os alvos; por que irmos atrás de vespas invés de abelhas? Ambas ferroam. Mas as últimas oferecem o contraponto do mel. O Evangelho também é combate renhido. Mas, os frutos que produz compensam as dores concorrentes.

Cada um tem dentro de si uma luta particular, dada a natureza em que a queda nos lançou; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Precisamos mortificar na cruz essa tendência, invés de dar mídia aos que a alimentam.

A dor do próximo


“Por causa da violência feita ao teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, serás exterminado para sempre.” Ob v 10

Juízo contra Edom, um povo de pequena expressão que, pelas próprias forças não se atrevera enfrentar Israel numa peleja. Contudo, quando outras nações o fizeram, por permissão Divina contra Seu povo, os edomitas participaram com júbilo da destruição dos vizinhos.

“... no dia em que estranhos levaram cativo seu exército, os estrangeiros entravam pelas suas portas e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu eras também como um deles. Mas tu não devias olhar com prazer para o dia de teu irmão, no dia do seu infortúnio; nem te alegrar sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem alargar tua boca, no dia da angústia;” vs 11 e 12

Quantas vezes acontece assim! Os que não se atreveriam a enfrentar abertamente a um que lhes causa inveja, temor, vendo algum infortúnio tocar a esse comemoram, como se aquilo fosse uma vitória deles. A Palavra de Deus aconselha: “Quando cair teu inimigo, não te alegres, nem se regozije teu coração quando ele tropeçar; para que, vendo-o O Senhor, seja isso mau aos Seus olhos e desvie dele Sua ira.” Prov 24;17 e 18 Se a dor alheia te causa júbilo Deus a remove, para que não piores inda mais tua situação.

Há dois motivos pelos quais não devemos jubilar com as desgraças alheias, mesmo de eventuais desafetos. O primeiro é o plantio; o ensino que devemos fazer ao semelhante o gostaríamos que ele nos fizesse; “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhe também, porque esta é a Lei e os profetas.” Mat 7;12

O segundo é a colheita; a Justiça Divina nos fará ceifar aquilo que semearmos. Se, a dor alheia nos alegra, eventualmente teremos nossa própria dor, para que a alegria esteja mais perto da sua fonte. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

Jó era um dos grandes no oriente; rico em gado, terras, um próspero gerador de empregos; ainda, um conselheiro sábio entre seus concidadãos. “Ouviam-me e esperavam, em silêncio atendiam ao meu conselho. Havendo eu falado, não replicavam, minhas razões destilavam sobre eles; porque me esperavam, como à chuva; abriam a sua boca, como à chuva tardia. Se eu ria para eles, não o criam, a luz do meu rosto não faziam abater; eu escolhia seu caminho, assentava-me como chefe, habitava como rei entre suas tropas; como aquele que consola os que pranteiam.” Jó 29;21 a 25

Entretanto, bastou o infortúnio tocar na vida do patriarca, e os admiradores, os “seguidores” sumiram; ou, passaram para o outro lado. “Agora, porém, se riem de mim os de menos idade que eu, cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.” Cap 30;1

Aqueles que outrora não se atreveriam a falar na presença de Jó, então, estavam a rir dele. O Eterno permite que conheçamos os dois lados, carência e fartura, honra e desonra, para que sejamos exercitados em ambos. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

No caso daquela ralé, os que riram da dor de Jó, nem careciam de um juízo mais incisivo; nada tinham a perder. Mas quando O Eterno restituiu as riquezas e a honra do Patriarca em dobro, àqueles restou se refugiarem nos covis da própria insignificância; quiçá, arranjar outros, com o dobro da distância, para não sofrerem com a dignidade alheia.

A violência não se restringe à imposição física, como pode parecer ao mais descuidado. Mesmo com palavras se pode ser mui violento. “A boca do justo é fonte de vida, mas a violência cobre a boca dos perversos.” Prov 10;11

Sempre existe possibilidade de alguém que errou se arrepender e buscar perdão em tempo. Porém, quando assim não faz, é inevitável que a violência semeada frutifique; é bom que assim seja, para que haja cura. “O homem de grande violência deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19;19

Um homem avisado se mantém a uma distância segura das precipitações emocionais, derivadas do giro da roda da fortuna. O surfista, pela peculiaridade do seu esporte necessita se pautar pelas ondas; não é essa a diretriz do que carece dos frutos do mar.

As desgraças alheias podem ser lições de vida, se as olharmos do mirante mais sábio. Como disse o sanitarista Oswaldo Cruz: “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.”

sábado, 19 de outubro de 2024

Aparente mente


“Tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Desses afasta-te.” II Tim 3;5

Os homens dos últimos dias, cuja atuação faria desses, tempos difíceis.

“Tendo aparência de piedade...” Se alguém tiver dúvidas acerca do que é piedade, pense no que significa, impiedade. Aversão à justiça, falta de apreço à verdade, egoísmo, atitudes blasfemas para com Deus, deslealdade ao semelhante, infidelidade, etc. Coloque-se agora a piedade do outro lado, e teremos uma ideia do que encerra.

Devoção, amor a Deus, fé, empatia, temor; compaixão pelo sofrimento alheio; comiseração, dó, misericórdia, etc.

Por que alguém tencionaria aparentar o que não é? Por desejar receber o reconhecimento pelo que, aquilo que aparenta, mereceria. Anseia uma colheita para a qual se recusa a fazer o plantio.

Alguém disse: “A hipocrisia é um elogio que o vício faz à virtude.” Os hipócritas sabem que a virtude é digna de louvores; que andar em suas pisadas nos dignifica, nos faz idôneos, confiáveis aos olhos alheios.

Todavia, as coisas que têm valor têm custo. Por se recusarem a “pagar o preço” em renúncia aos vícios, que a virtude requer, esses farsantes se limitam a uma encenação virtuosa, a um discurso oco, cujo proceder se encarrega de desmentir. “... seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;15 e 16

A primeira vítima do hipócrita é ele mesmo. Na sua consciência contaminada, interesses rasos posam como mais importantes que os eternos; e esse traidor de si mesmo amontoa cascalho, quando é desafiado a garimpar diamantes.

Uma consciência em paz, é mais que calmaria interior; antes, é a hidrodinâmica que permite a flutuabilidade do barco da nossa fé, no mar da existência. Paulo usa essa figura; “Conservando a fé e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1;19

Ao mesmo Timóteo, Paulo expressou em que consiste a eficácia da piedade: “Rejeita as fábulas profanas e de velhas, exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Contrapôs a piedade ao exercício corporal, mostrando que esse, pouco aproveita; para a vida terrena apenas; a piedade toca o devir. Nos garante um viver digno enquanto aqui, e nos credencia a estarmos com Deus, quando a vida daqui deixar de ser. 

Então, os que aparentam piedade negando sua eficácia, são os que fingem acreditar num futuro reino de justiça, mas vivem como se tudo se resumisse à terra apenas.

Pela pressa de obter vantagens, acessos, considerações devidas às pessoas probas, esses ocos envernizados tolhem a si mesmos das venturas porvir. Apostarmos todas as fichas aqui, certamente é o caminho mais fácil; entretanto, somos desafiados ao caminho apertado, à porta estreita, onde riquezas eternas nos esperam. Dos imediatistas está dito: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

“... Desses, afasta-te.”
A Mesma Palavra que manda irmos em busca dos pecadores, anunciando a mensagem do Amor de Deus, preceitua que nos afastemos dos dissimulados que, tendo aprendido a vereda da vida, preferem seguir pelas amplitudes ímpias da morte.

Tais, não são apenas perdidos carecendo salvação; antes, são infiltrados, com potencial para arrastar aos de bom porte para a mesma perdição. Então, o conselho: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão ou roubador; com o tal nem ainda comais.” I Cor 5;11

Diferente de Santo Agostinho, que disse: “Lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos, em mim.” Esses encontram erros nos pastores, no sistema, na existência dos templos, em porções pontuais da doutrina, na Palavra como um todo que careceria ser “atualizada”, etc.

Se tivessem usado suas aguçadas percepções de erros para correção das próprias vidas, seriam os santos que buscam encenar. Porém como disse alguém: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Embora o enganoso reino das aparências sempre faça suas vítimas, os que são de Cristo podem mais que o visível apenas; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” I Cor 1;14 e 15

Se alguém tenciona fazer menção do Santo Nome, pois, tenha em mente que, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar.” Heb 4;13