domingo, 8 de setembro de 2024

O lugar do outro


“...Daniel sobrepujou estes presidentes e príncipes; porque nele havia um espírito excelente; o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino. Então os presidentes e príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, não se achava nele nenhum erro nem culpa.” Dn 6;3 e 4

Eventualmente, recorro a Charles Spurgeon que disse: “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Em teologia, normalmente chamamos ao lugar das coisas, de contexto.

Porém, se o enfoque for filosófico, creio que a mesma realidade se fará necessária, de modo que, certas sentenças geralmente verazes, que comportam um viés relativo, carecem do concurso das coisas com as quais se relacionam, para serem verdadeiras.

Por exemplo, um dito: “Ninguém atira pedras em árvores que não têm frutos”. Isso, não raro, é usado fora do contexto; o que, embora com vestes de pretensa filosofia, caracteriza uma fraude.

Uma pessoa que agiu mal em determinada situação de seu pretérito, se, oportunamente esse mal for denunciado, primeiro, não está sendo apedrejada, antes, tendo que lidar com a realidade; segundo; o motivo, não são supostos frutos produzidos, invés disso, o lapso de algo que poderia e deveria ter sido feito, e não foi. Nesse caso, no lugar que deveria ser ocupado pelas “consequências”, algum farsante coloca as “pedras”. Devemos ter em mente que, as consequências são a crítica do tempo, no que tange às nossas atitudes.

Inegável, entretanto, que o mérito, a capacidade de alguém costuma a atrair mais desafetos que aplausos. Pois, mais facilmente se persegue uma pessoa idônea, capaz, que se denuncia outra que seja o oposto dessa. Como disse o Barão de Itararé, “De onde nada se espera, é que nada vem, mesmo.” Assim, a mediocridade, a irrelevância ceifam mais desprezo que críticas.

No caso de Daniel em Babilônia, não eram seus defeitos que lhe granjeavam adversários, antes, suas qualidades. “... porque nele havia um espírito excelente; o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.” Sabedores do intento real, os que desejavam para si o lugar reservado ao hebreu, o tiveram como inimigo e decidiram que precisavam se livrar dele. Claro que é mais fácil colar defeitos em outrem, que, agir de modo meritório em tempo oportuno.

Até hoje, essa doença psicológica permanece; o erro sempre está no outro; em nós, méritos, qualidades. Como alguém disse, “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.”

Assim, se algum “louco” parecer destinado a um lugar que “merecemos”, natural que usemos de toda e qualquer estratégia para tirá-lo do caminho. Isso, aos olhos do “modus operandi” do homem sem noção, que se acha destinatário dos aplausos do mundo, e remetente das vaias.

Ora, com um mínimo de honestidade intelectual e moral, todos vamos nos descobrir falhos, expoentes de enganos, imperfeitos, carentes de aprendizado em todos os âmbitos. Eventualmente precisamos um “cessar-fogo” em nosso ativismo insano, para cuidar dos feridos que nossa omissão, ou precipitação ensejou.

O lugar do outro é tão sagrado, quanto, o que eventualmente for designado para mim. Se, o rei tem olhos para os méritos de Daniel, não há nada de honesto que eu possa fazer quanto a isso. Entretanto, posso me esforçar para melhorar, desenvolver em meu ser, qualidades que me façam melhor, para que, no lugar que me couber, eu venha a atuar de modo digno. Sei, são devaneios poéticos e filosóficos que a realidade insiste em negar.

Pois, não vige essa moral na terra dos homens, infelizmente. O fisiologismo, o toma lá da cá, faça isso em troca daquilo, é a “escala de valores” de gente que, pela ausência de valor, tem preço.

Nessas épocas em que, pela escolha de governantes, as almas servem espumantes invés do vinho cotidiano, digo, estão efervescentes ao frêmito do que pensam ser suas conveniências, muitas pedras voam, haja frutos nos galhos, ou não.

Mais ou menos durante três anos e meio, o teatro social abre e fecha suas cortinas meio monótono; na última metade de ano, como nas tragédias gregas, muitos personagens precisam morrer; índoles disfarçadas nas profundezas acabam saltitando na superfície. Alguns, tidos por heróis se revelam vilões; decepções assolam, permitindo uma catarse social, entre os que têm olhos um pouco além das paixões.

Os que intentaram matar a Daniel, para tomar o lugar dele, receberam de Deus, o lugar que tencionaram para ele, segundo a reta justiça Divina. Acharam que lhe cabia a cova dos leões, na mesma cova foram lançados.

Por isso, me parece que, o lugar do outro é sagrado; de certa forma, aponta para o meu. “como quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós...” Luc 6;31

A Perda rejeitada


“Ainda não lestes esta Escritura: A pedra, que os edificadores rejeitaram foi posta por cabeça de esquina...” Mc 12;10

Irônico perguntar se os religiosos não haviam lido determinada Escritura. Se pretendiam conhecedores dos Mistérios Divinos, versados nas coisas espirituais. Deles Paulo disse: “Tu que tens por sobrenome judeu, repousas na lei, te glorias em Deus; sabes Sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei;” Rom 2;17 a 20

Alguém com tal presunção certamente conhecia as Escrituras. Na verdade, cantavam em seus encontros religiosos, o Salmo 118, que no verso 22 traz aquela sentença. O contexto imediato, o verso anterior deixa ver a qual "edificação” se refere: “Louvar-te-ei, pois me escutaste, te fizeste minha salvação.” Sal 118;21

A barreira mais resistente que a mensagem de salvação encontra é a ignorância dos que, mesmo alienados de Deus, se sentem “do bem”, amigos Dele. Até que alguém seja clareado pelo Espírito Santo, seguirá refém da oposição. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4;4 Esse tipo de cegueira, tanto é mais resiliente, quanto, mais pretensiosa a pessoa for.

Indispensável O Espírito Santo, para nos levar à salvação. “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

Natural supormos que, edificadores conheçam aos materiais de construção. Por que rejeitaram uma “Pedra” que tinha potencial para ser a pedra angular?

A edificação em apreço era das vidas que careciam ser regeneradas pelo Salvador. Tinham se desviado tanto da verdade, que a vinda da mesma na Pessoa de Cristo, fez Ele parecer um adversário aos olhos deles, não, um benfeitor.

O entendimento bate às portas dos corações. Mas, há uma guardiã mais forte, a vontade rebelde, que não permite que elas se abram. Eles podiam saber o propósito pelo qual O Senhor compusera aquela alegoria; “Buscavam prendê-lo, mas temiam a multidão; porque entendiam que contra eles dizia esta parábola...” V 12

Compreender o dito, invés de gerar contrição, arrependimento, atiçava à raiva deles. Gostariam de prendê-lo, não, de ouvi-lo e se arrependerem. Assim, fica evidente que a “Pedra” foi rejeitada, não por lapsos de qualidade nela; mas, nos edificadores.

O verdadeiro Evangelho sempre será de confronto. De rasgar máscaras expondo nossas misérias como vaticinou Isaías: “Destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, o véu com que todas as nações se cobrem.” Is 25;7

Depois de feita a parte “ruim”, sucedem outras, boas; “Aniquilará a morte para sempre, assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, tirará o opróbrio do Seu povo de toda a terra; porque O Senhor o disse.” V 8

Quanto maior for a pretensão, certamente, maior será a ira dos que se veem descobertos. Diferente de incensar aos religiosos como benfeitores espirituais daquela sociedade, O Salvador fez “terra arrasada” colocando grandes e pequenos, em nível; “Todo o vale será exaltado, todo o monte e todo o outeiro será abatido...” Is 40;4

Para os “vales”, os mais baixos daquela sociedade, prostitutas e publicanos, serem colocados em igualdade com os religiosos era uma exaltação; para esses, um abatimento; porém, no escopo espiritual, apenas, verdade. “Porque todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus.” Rom 3;23

O Eterno tentou se mostrar pela luz, a contrapartida humana foi pífia; “Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças...” Rom 1;21

Então, decidiu “nivelar por baixo” salvando a quem cresse; “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Quem está em lugares baixos, socialmente, tem menos a perder aceitando ao Salvador, assim, “... publicanos e meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus.” Mat 21;31 disse O Senhor aos “edificadores.”

Foi, e ainda é assim. Muitos que foram expoentes sadios do Evangelho, outrora, se converteram em defensores dos “desigrejados”, adictos dos LGBTs, como “cristãos” etc. Seja para fazer “boa figura” ante à sociedade ímpia, seja para fugir da vergonha por escândalos que infelizmente acontecem no nosso meio.

Enquanto tantos “reverendos” desses fazem de mascarar com palavras rebuscadas, suas fugas, seus ministérios, muitos “publicanos e prostitutas” continuam entrando, tendo edificadas suas “casas” na Rocha Eterna.

Foi o orgulho que levou o homem a aceitar a sugestão de independência, no Éden. É esse o primeiro cascalho que deve ser esmagado sobre a Padra Angular, Cristo. “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus;” Mat 5;3

sábado, 7 de setembro de 2024

Cristãos de esquerda?


“... apareceu o Senhor a Salomão de noite em sonhos; e disse-lhe: Pede o que queres que Eu te dê... A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar Teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este Teu tão grande povo?” I Rs 3;5 e 9

Na investidura de Salomão no reino, antes que se desviasse da Divina direção, por confiar em acordos políticos, mais que, no Senhor. O Criador “apareceu” a ele em sonho, e lhe deu carta branca.

O rei pediu “ferramentas de trabalho”, invés de uma vida mansa. Uma das tarefas difíceis de um monarca era julgar com justiça os pleitos que eram levados a ele. Assim, pediu: “Dá, pois, a teu servo, um coração entendido, para julgar teu povo, para que, prudentemente discirna, entre bem e mal..."

Duas coisas essenciais, que todo o investido em autoridade deveria saber: a) sua posição não o faz proprietário daqueles sobre quem governa. Antes, não passa de um servo de Deus, ao Qual, o povo pertence. “... Vede o que fazeis; porque não julgais da parte do homem, senão da parte do Senhor, Ele está convosco quando julgardes.” II Cron 19;6

Esses ditadorezinhos de bosta, que vicejam por aí, que, por um momento receberam a honra de governar, depois, numa hora de transição, como essa, saem ameaçando; ou, ‘vota em quem ordeno ou vai comer do ruim’, não passam de servos do capeta, gente sem noção, que confundiu uma missão honrosa com a ideia de ser proprietário do que pertence a Deus.

b) porque devem julgar de parte Dele, o juízo precisa ser consoante aos valores dos Céus, não às rasas conveniências, os conchavos humanos. Carecem, em Nome Dele, discernir entre o bem e o mal, o justo e o injusto, a despeito de contrariar eventuais interesses.

O domínio do homem pelo homem, nunca foi projeto Divino. O mesmo Salomão que recebera sabedoria para julgar disse: “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Gideão, quando foi instrumento de um grande livramento, instado a reinar, esquivou-se com essas palavras: “... Sobre vós eu não dominarei, tampouco, meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará.” Jz 8;23

Aquele contexto era de teocracia, onde Deus escolhia um líder e o colocava sobre Seu povo, para representá-lo, segundo Suas Leis.

Mas, mesmo sobre povos que não têm a relação com O Criador que Israel deveria ter, também é Ele que reina. Daniel defendeu isso quando vassalo num reino estranho, em Babilônia: “Ele muda os tempos e estações; Ele remove reis e estabelece reis; Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.” Dn 2;21

O Próprio Senhor diz: “Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face da terra, com Meu grande poder, e com o Meu braço estendido; e a dou a quem é reto aos Meus olhos.” Jr 27;5

Quando concede forças ao lado torto, digo, permite que a injustiça governe, como acontece em nosso país, certamente concorre um processo de juízo; pois, se todos os ensinos acerca da natureza nefasta da maldade não se mostram suficientes para que a evitemos, resta ao Eterno, a dura necessidade didática de deixar colhermos um pouco dos seus frutos, para que vejamos de próprio paladar, o quão amargos são.

Os “cristãos” esquerdistas que me perdoem; mas, não entenderam qual parte? O que é a esquerda, ou o que é ser cristão? Ser de Cristo implica tomarmos o jugo Dele, sua Doutrina e exemplo de obediência incondicional ao Pai. “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim...” Mat 11;29

Ser de esquerda requer uma identificação com as pautas dessa corrente, que, em âmbito nacional, defende o aborto, ao “casamento” gay, liberação das drogas etc. Como eu escolheria candidatos alinhados a essas pautas pretendendo ser cristão??

Não recebemos o privilégio de ter a sabedoria de um Salomão; mas a todos os que se comprometem com O Senhor, cabe conhecer Sua Palavra; nela temos expresso de modo categórico os valores que lhe são caros.

Nossa insipiência espiritual é derivada da preguiça mental; nos ocupamos com tantas futilidades sem apreço para o que respeita às nossas vidas. 

Se a Palavra diz que “Deus não toma em conta os tempos da ignorância”, isso foi dito a um povo que não tinha, até então, acesso aos Ensinos Dele; a nós, para quem, A Palavra da Vida está disponível, a omissão será fatal. “O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

terça-feira, 3 de setembro de 2024

A Justiça de Deus

“Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza Dele, mais forte.” I Cor 1;25

Ouvi uma mensagem de Ed Renê Kivitz, onde ele diz duvidar da doutrina do inferno; pois, enviar um filho para um fogo que nunca se apaga, onde padecerá eternamente, seria algo que Ele não faria; logo, como não pretende ser melhor pai, do que Deus é, disse não acreditar nisso.

Pelo menos três problemas assomam, avaliando a essa afirmação: Tomar a si mesmo como referência, Deus não fará, porque eu não faria, é deixar à Palavra, pela qual devemos pautar nossa fé e ações, e termos como boas, as falas do Capeta. Foi Ele que sugeriu desprezar à Palavra de Deus, e decidir acerca do certo e do errado, de modo independente.

Quem troca à Palavra de Deus, pela do Capiroto, faz uma escolha moral, que certamente terá consequências. 

Imaginar que Ele não fará algo que está na Sua Palavra, apenas porque eu não faria, seria colocar meu pífio senso de “justiça” acima do Divino. Se, o pastor se recusa a se presumir melhor pai do que Deus, pelo atrevimento insano e blasfemo de duvidar da Palavra Dele, pretende ser melhor Deus, que O Todo Poderoso. Portanto a pretensa capa de humildade é um disfarce fajuto para o orgulho.

O segundo aspecto é ignorar que o inferno não foi feito para o homem; “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” Mat 25;41 O inferno foi preparado para o canhoto e seus anjos; mas, os que escolheram obedecer ele, invés do Senhor, herdarão a mesma sorte.

O Eterno não tem satisfação nenhuma em que nos percamos. A punição para os que escolhem à injustiça é uma triste necessidade. O Santo tenta nos persuadir para que não precise nos tratar desse modo. “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis?” Ez 33;11

Não apresenta a morte como possibilidade, antes, necessidade que incidirá sobre os que, vivendo em pecado se recusam a se converter. Ele gostaria de ouvir nossas razões: “... por que razão morrereis?”

Por fim, a ideia que Deus envia um filho Seu para o inferno é derivada de uma ignorância teológica grosseira.

A Palavra faz reiteradas vezes, distinção entre filhos de Deus e criaturas. “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;19 a 21 Caso se converta, óbvio.

Para sermos feitos filhos, é necessário que recebamos a Cristo, e nasçamos de novo; “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12 “... Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Embora permita sofrimentos aqui, na hora do juízo O Eterno deixará evidente a diferença; “Eles serão Meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;17 e 18

Supormos que nossa justiça seja referência para a Divina esbarra em algumas coisas mais. Certo é que nenhum ser humano daria seu filho pra ser queimado; mas, quantos dariam para que fosse morto, inocente, em favor de homens maus inclusive dos que o matariam??? Pois é, Deus fez outra coisa que não faríamos. Portanto, pretender equiparar a pífia noção de justiça de gente má e ímpia como nós, à perfeição Divina é insanidade assustadora.

Não tivemos nada com o pecado de Adão, dirão alguns refratários à Justiça Divina; também, nada tivemos com os Méritos de Cristo, no entanto, esses estão ao nosso dispor: “... Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a Graça de Deus, o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.” Rom 5;15

Todos já fizemos um milhão de vezes, coisas que Deus não faria; pecar. Não acrescentemos ao rol, duvidarmos da Palavra do Santo; “Nada acrescentes às Suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;6

domingo, 1 de setembro de 2024

A censura


“O lábio da verdade permanece para sempre, mas a língua da falsidade, dura por um só momento.” Prov 12;19

Sempre houve distinção entre o verdadeiro e o falso. O Pai da mentira já gerava seus filhos no Éden. Porém, em momento algum para “cura” da mentira, foi proposta a censura. A condição biodegradável dela, faria papel ridículo em cotejo com a vida eterna da verdade. Enquanto essa permanece para sempre, aquela “dura só um momento”.

Tivemos no início da Igreja uma “censura” aceitável; Lucas registrou: “Muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram seus livros, e queimaram na presença de todos; feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” Atos 19;19 Alto preço, por duas razões: Então, livros eram caros, e eram muitos.

Não foi uma imposição de Paulo, por meio de quem Deus fazia sinais extraordinários, entre os que criam no Evangelho. Não ordenou que queimassem os livros pelos quais tinham sido enganados nos dias em que neles creram; foi uma decisão espontânea dos novos convertidos, que, no frêmito do novo amor recém descoberto, ansiavam cortar vínculos com o passado.

Essa é a bendita “censura” que cada um deve impor a si mesmo, se, liberto pelo conhecimento da verdade em Jesus Cristo.
 Romper relações com toda sorte de engano.


Imaginarmos que, devamos tolher a alguém o direito de crer no que quiser, e expressar livremente o que crê, ou pensa, seja um modo de “proteger” à verdade, como fazem os atuais “protetores da democracia”, é admissão implícita que, o que defendem é tão frágil, tão desprovido de fundamentos, que meras palavras bem ordenadas podem destruir. A verdade não é raquítica assim. Paulo adverte: “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8

Sempre que a Bíblia foi queimada nas praças, nos dias da inquisição, o foi, contra a vontade dos que criam, pela imposição violenta dos que detinham o poder terreno, e temiam as consequências da difusão da Luz de Cristo.

Todo tipo de censura, pois, traz anexa a confissão da fragilidade argumentativa, ideológica, espiritual, filosófica, de quem precisa recorrer à força, para conter o que não pode, na arena dos argumentos. Se Deus não levasse a liberdade de expressão às últimas consequências, Cristo não teria ido até à cruz.

Todavia, Simeão preveniu Maria, de que seria assim; O Eterno toleraria que os corações maus fossem até o fim das suas maldades; disse: “Uma espada traspassará também a tua própria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2;35 Prepara-te para sofrer, pois, Deus o permitirá.

Quando alguém falar coisas contra nós, sua fala só poderá verter de duas fontes: verdade ou mentira. Se for verdade, nada a fazer. Se, mentira, poderemos facilmente desmanchar o dito, mostrando o outro lado. Mesmo que não façamos isso, os fatos, mais dia menos dia, deixarão exposto, quem é quem. Na hipótese remota de nem isso acontecer, ainda assim, não precisamos ser pacientes por causa das enfermidades alheias.

Assim, a imposição visando tolher à liberdade de expressão de alguém, é um casamento espúrio da fraqueza com a força; a fraqueza pela incapacidade de sustentar um interesse escuso, onde a verdade triunfar, suplementada pela força ilícita que faculta calar sob o peso da lei, o que não se pode desfazer na arena dos argumentos.

Todo o “defensor da democracia” onde ela já vige, é um canalha, que furta “roupas” moralmente aceitáveis, para encenar sua canalhice, como se, a própria hipocrisia na qual encena, devesse ser contagiante, para que a plateia, inda que timidamente, aplaudisse ou aceitasse resignada, ao que, naturalmente se inclina a vaiar.

Quando vemos párias como Alexandre de Morais, o “defensor da democracia”, e Nicolás Maduro, o autoproclamado “guerreiro do amor”, lutando “pela garantia das liberdades individuais”, somos forçados a pensar, sobre quem defenderá a essas garantias, dos seus “defensores?”

Acho que o calhorda tupiniquim foi longe demais, e mesmo um Congresso letárgico e venal como o nosso deve ter seus limites em algum lugar. A normalização da anomalia jurídica, onde ritos processuais, competência da primeira e segunda instância são ignoradas e tudo se decide, com ou sem foro especial, no STF, está com os dias contados.

O que o “defensor” fez no verão passado começa a ser posto sobre a mesa, e a coisa é de gravidade tal, que mesmo os passadores de pano para as safadezas sistêmicas, não encontrarão uma tecelagem que dê conta.

O momento que a língua da falsidade poderia vigorar expirou, e a dona verdade, sóbria, solene, imbatível, presto tomará seu assento, para desespero dos defensores do quanto pior, melhor.

“A censura é o imposto da inveja sobre o mérito.” Laurence Sterne

Morte e vida


“Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” Rom 6;7

Isso, se lido de modo superficial pode dar azo a interpretações espúrias, distantes da intenção do autor. Já há no imaginário popular, uma espécie de sagração da morte, como se ela apagasse tudo de ruim que fazemos, e nas suas asas, todos seriam salvos, passariam a um estado de ventura.

Quando morre alguém, sobretudo, famoso, não importa quais escolhas tenha feito aqui, no escopo espiritual, dizem que “Passou pro andar de cima”, “tornou-se uma estrela no firmamento”, quiçá, um guardião que velará pelos que lhe eram queridos.

Não raro, estendem o modo de vida que o finado levava na terra, como se lá fosse mera continuação das mesmas coisas. Se era cantor, passará a “cantar para Deus”; era um jogador de futebol, “desfilará nos campos celestes”; etc. O artifício e a humana imaginação, não são nada além disso.

Será que as coisas são mesmo assim? Que, não importa quais atos pratiquemos, no final, com a morte tudo será esquecido, todos seremos salvos? Não seria essa a ideia do verso em apreço, “Aquele que está morto, está justificado do pecado?” O simples fato de ter morrido zerou suas dívidas, aparecerá justo diante de Deus?

Justificar, aqui, não significa inocentar, antes, dar o pagamento justo, o que merecem os atos do sujeito. No mesmo contexto encontramos: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

Restaria a ideia da inexistência dos que morrem em pecado, e a vida eterna apenas aos salvos. Mas, não é isso que A Palavra de Deus ensina. Nesse caso as pessoas apostariam suas fichas todas nos prazeres pecaminosos daqui, finda a vida, nada a temer.

O Salvador ensinou diferente: “Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;5 Após a morte inda restam contas em aberto.

No caso de tudo findar na morte, poderiam escarnecer de Deus, o que muitos fazem, infelizmente, sem consequências, sem ceifar o devido juízo. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

A corrupção da carne não significa inexistência; “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, outros para vergonha e desprezo eterno.” Dn 12;2

Logo, a morte física é o fim apenas do tempo que nos foi dado para reencontrarmos o rumo de casa; recebemos certo limite de espaço e tempo, “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;27 Isaías sinaliza a urgência com que devemos cuidar disso: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6 Esse “enquanto se pode achar” subentende a vinda de um tempo em que não será mais possível.

A ideia da conversão esposada por Paulo, é anteciparmos nossa "morte", por uma mudança de mentalidade e atitudes tal, que seria como se, morrêssemos juntamente com Cristo; “Negue a si mesmo” dissera Ele; não por deixar de existir, mas por levar a vontade do Pai às últimas consequências, para que essa identificação na morte, satisfaça à Justiça Divina de modo a nos legar o dom da vida.

“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Tal morte, Paulo explica, requer um não conformismo com o jeito mundano de ser, o sacrifício dos nossos desejos pecaminosos, para que possamos andar segundo a vontade de Deus; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rm 12;1 e 2

Assim, “Aquele que está morto está justificado do seu pecado”. Pois, que “morreu” em Cristo, vive Nele, com Ele, para Ele. A justiça do Salvador é atribuída ao Seu servo, que mesmo nessa vida, espiritualmente, ingressa na vida eterna, como aconselhou o apóstolo: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para qual também foste chamado...” I Tim 6;12

sábado, 31 de agosto de 2024

Os imitadores


“Aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. Como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento, réprobos quanto à fé.” II Tim 3;7 e 8

Falsos obreiros, que vão de casa em casa ensinando erros e cativando gente incauta, com suas mensagens palatáveis aos ímpios paladares, desprovidas de verdade.

Alguns, equacionam o aprender algo, com saber a verdade. O efeito colateral dessa apostasia traz: “... cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências;” v 6

A verdade, invés de cativar, como fazem as doutrinas espúrias das seitas, forja homens livres, servos apenas de Cristo. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam Nele: Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O conhecimento prático da verdade liberta; permanecer na Palavra é praticá-la. Necessária a conclusão que, o que aprisiona é a mentira.

Não por acaso, os proponentes dessas coisas, invés de forjar pessoas livres as têm cativas.
Às seitas não basta O Senhor; sempre concorre um suplemento revelado a esse profeta, àquela profetisa, uma interpretação peculiar de determinado líder que reinventa a roda, redescobre a pólvora. O que tem de “melhor” para o paladar carnal, nos ensinos sectários é que eles geralmente são “superiores” aos ensinos de outrem, que não tem consigo as mesmas “revelações”. O orgulho religioso de não ser “tapado” como os demais é um banquete à carne, que deveria ter sido crucificada, invés de alimentada. Eis o “tempero” que mantém saciado o paladar dos sectários!

Assim, invés de uma busca íntima de adequar o próprio viver a Cristo, acaba buscando se adequar, o sonolento prosélito, à seita e suas idiossincrasias “superiores”. 

Cristo foi categórico: “Se vós permanecerdes nas Minha Palavra, sereis Meus discípulos,” o que implica que os que caem após a sedução dos sectários conheceram-na, eventualmente; mas, não permaneceram. Faltou-lhe perseverança. Foram seduzidos por algum simulacro.

Qual o método, farsantes usam para cativar após si, os que deveriam seguir livres em Cristo? “... como Janes e Jambres resistiram a Moisés, estes resistem à verdade...”

Os magos do Faraó resistiram a Moisés forjando “milagres” semelhantes aos dele. Resistiram por imitação, até onde lhes foi possível. Porém o teatrinho barato deles, achou termo. Se, com seu ilusionismo maligno pareceram fazer sinais, como Moisés, quando Deus, através dele transformou poeira em piolhos, eles largaram suas cartolas. “Então disseram os magos a Faraó: Isto é o Dedo de Deus...” Ex 8;19 Não brinco mais. 

Os imitadores atuais, certamente sabem a diferença, mas suas vítimas, não. Não foram treinadas a pensar livremente para discernir.

A parte “eloquente” de Cristo em nós, que evidencia que coisas antes mortas, passaram à vida, nossas almas, não é nos tornarmos versados nas línguas originais; capazes de pregar com grande eloquência, conhecermos o panorama bíblico inteiro, operarmos sinais, entregarmos supostas profecias, revelações.

Isso pode fazer parte do pacote de uma vida em Cristo, dependendo de escolhas humanas, no caso da busca pelo preparo, e Divinas, no sentido de legar dons. Porém, o “Selo do INMETRO” de nossa salvação, é o caráter transformado, segundo O Senhor; “O fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;29

Estamos num grande teatro; os que nos cercam são a plateia; “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;15 e 16

Em Cristo, a luz da verdade é acesa dentro, e requer um modo de agir que seja a difusão dessa luz que recebemos, mediante condigno modo de vida.

Por fim, não há inocência nos que são enganados, uma vez que, são “corruptos de entendimento, réprobos quanto à fé.” A corrupção requer dois lados concomitantes; corruptor e corrompido. O que propõe e o que aceita aos ensinos errôneos. O falso obreiro é uma resposta de Satã, aos desejos dos que, tendo uma índole religiosa, não a têm obediente, senão, ficariam em Cristo.

Nessas almas, “Janes e Jambres” dominam, distribuindo seus placebos “espirituais.”

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tom 4;3 e 4

Faraó tem dias contados. Quem seguir aos servos dele, perecerá junto. “Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33