terça-feira, 9 de julho de 2024

Os muros


“... Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando Ele vier, nos anunciará tudo.” Jo 4;25

A vinda do Messias permeava os escritos judaicos. Na Lei, Salmos e profetas, havia vaticínios que anunciavam isso. Acima temos o dito de uma samaritana, esposando a mesma esperança, que o Ungido viesse e lhes ensinasse tudo.

Porém, nas próprias falas dela, encontramos um problema: “... Como, sendo Tu judeu, me pedes de beber, se sou mulher samaritana? (porque judeus não se comunicam com samaritanos).” V 9 Se, judeus e samaritanos não se falavam, como pretendia ela, que O Messias, um judeu, lhe ensinasse todas as coisas? Certamente, essa barreira de comunicação precisaria ser rompida; o estava sendo, naquele exato momento; quando ela aludiu à vinda do Messias, O Senhor respondeu: “... Eu Sou, Eu que falo contigo.” V 26

Muitas vezes, muros humanos se fazem obstáculos ao Divino propósito. Não que a difusão do Evangelho não encontre obstáculos legítimos, derivados de barreiras transculturais, limitações cognitivas, entraves da oposição; mas, quando existe boa vontade, honestidade intelectual, as dúvidas acabam dirimidas, a verdade prevalece.

Onde grassa a má vontade, preconceito, predisposição ao escárnio, ao ceticismo gratuito, nem a verdade jorrando qual torrente impetuosa, logrará amaciar corações endurecidos pela incredulidade.

Houve lugares onde Paulo pregou a verdade, que soou dúbia aos ouvintes; como eram honestos, foram às fontes desfazer suas dúvidas. “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a Palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Atos 17;11 Invés de crer “no escuro”, acenderam as luzes.

Lucas cotejou a reação dos bereanos, com a dos tessalonicenses; eles conferiam a mensagem de Paulo para ver se era fundamentada nas Escrituras. Os de Tessalônica, muitos deles, movidos de inveja perseguiram Paulo, invés de ouvi-lo.

Em duas cidades macedônias, reações bem diferentes. Numa, Paulo recebido com honestidade e respeito; noutra, com inveja e perseguição. Em Atenas, entre os filósofos, no Areópago, uns creram, outros duvidaram, mas, tudo no campo das ideias, sem nenhuma violência. É assim que deve ser; foi ordenado que O Evangelho seja anunciado a todos, em todos os lugares. Como cada um vai reagir, depende do tal.

Os samaritanos daqueles dias tinham uma barreira de modo a nem se comunicarem com judeus; em geral, todos os homens têm uma reação adversa à Palavra de Deus, porque ela costuma expor, coisas que eles prefeririam manter ocultas.

Desde a queda, o homem morreu espiritualmente, tendo a alma em consórcio com os desejos sensoriais, assumido o comando; essa “dupla” em suas inclinações naturais é chamada de “carne”; traz uma propensão ao erro, dado o estado de rebeldia contra Deus, no qual caiu desde que escolheu obedecer à oposição; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 Prefere o risco de se perder, a renunciar suas más inclinações para salvação.

O Salvador ensinou: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Assim, todos os pecadores, de certa forma estão como a mulher samaritana aquela; no fundo, tinha esperança de salvação; embora, soubesse que essa viria de onde ela nem queria ouvir. Esses, sabem que estão errados, e que a mensagem evangélica é séria; no entanto, fazem barulho sempre que um de nós escandaliza, como que, justificando-se; talvez, pela incapacidade de fazer silêncio quando outro expõe com argumentos sólidos, às Divinas razões.

Sabedor dessa inimizade natural, do homem com Deus, O Salvador se fez mediador da reconciliação, para aqueles que a desejarem; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Não importa se você nos detesta, prefere que fiquemos distantes, que não lhe dirijamos a palavra; a mensagem de reconciliação mediante Cristo, foi posta em nós, os que já fomos reconciliados mediante Ele.

Se, há muitos farsantes usando à Palavra para interesses rasos, e infelizmente há, quem fizer como os bereanos, e cotejar os ensinos com as Escrituras, terá seu entendimento aberto; como a mulher de Samaria, além de ser salva passando sobre preconceitos bestas, ainda conduziu muitos ao Salvador.

Não careceu O Senhor, promover milagres, demonstrações de poder; bastou a Água da Vida, Sua Palavra; “... muitos mais creram Nele, por causa da Sua Palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que Este É verdadeiramente O Cristo, O Salvador do mundo.” Vs 41 e 42

domingo, 7 de julho de 2024

A conversão


“Convertendo-se o ímpio da impiedade que cometeu, procedendo com retidão e justiça, conservará este, sua alma em vida.” Ez 18;27

A obscenidade de se prometer prosperidade material aos que abraçarem o Evangelho tem sido tão recorrente, infelizmente, que aos desavisados parece fazer parte dele, o qual, as pessoas abraçariam para “melhorar de vida.”

Ora, ninguém o recebe, tendo vida; antes, o faz para tê-la, uma vez que se encontra morto, em delitos e pecados. “Não quereis vir a Mim para terdes vida.” Jo 5;40 Denunciou O Salvador, depois de assegurar que falava com mortos. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Isso demanda uma mudança radical de atitudes. As inclinações naturais devem ser abandonadas de maneira tão cabal, que é como se a pessoa “se suicidasse”, rendendo-se ao Salvador. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me;” requereu Ele.

A salvação acaba subavaliada, como se, recebê-la fosse coisa de pequena monta. Para quem age assim, a pergunta do Senhor: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” Mat 16;26 Bens materiais estão fora de cogitação; “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, dar a Deus o resgate dele. Pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

A fé não é uma força para fazer acontecer os desejos ímpios; quiçá, um poder pelo qual podemos ordenar que as coisas se nos amoldem, porque cremos de determinada maneira; antes, é um dom que nos capacita a confiarmos irrestritamente no Senhor, aconteça o que acontecer, mesmo acontecendo totalmente adverso, aos nossos mais legítimos anseios. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Essa postura alicerçada na Palavra do Santo, atribui a Ele o que Lhe é devido; confiança em Sua Integridade; isso lhe agrada; então, a sentença: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Isso num segundo momento; depois que a fé fizer seu trabalho inicial; cumprir seu propósito primeiro, a salvação. “Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” I Ped 1;9

Depois do primeiro passo, tendo migrado da morte para a vida, espiritual, Deus estabelece conosco um relacionamento; Pois, “... Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.” Mat 22;32

Tendo nós, renascido, espiritualmente, por certo, não teremos os mesmos anseios de quando estávamos mortos; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Segundo o verso inicial, de Ezequiel, à conversão sucede um novo proceder, agora, em retidão e justiça; logo, todas as nossas “saídas” precisam passar por esse crivo, antes de se abrirem as cortinas no teatro das nossas ações; daí um preceito essencial a observarmos: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

A conversão também foi figurada como sendo um transplante de coração, dada a necessária e radical, mudança, após ela; “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez 36;25 e 26

Logo, se um animal bilíngue aprender alguns balidos, bem poderá tentar se passar por ovelha, malgrado, sua índole lupina; entretanto, a dieta carnívora fará evidente o embuste, e só se deixará enganar quem for demasiado tonto para isso.

Os bilíngues dos dias de Paulo foram vistos de longe, na diferença entre os balidos e as ações; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16

Noutra parte, aludindo aos tempos difíceis dos últimos dias, por causa da exponencial pujança da maldade humana, entre outras coisas disse que os maus agiriam, “Tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia...” II Tim 3;5

A eficácia mais notável de Cristo em nós, é livrar-nos da corrupção mundana.

Os profanos


“... Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza Divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.” II Ped 1;4

Caçadores de palavras pegam expressões como essa, onde Pedro diz que fomos feitos participantes da natureza Divina, para assegurar que somos deuses, nossas palavras têm poder, e blá, blá, blá.

O apóstolo alistou uma relação de virtudes que devemos desenvolver, para que não fiquemos ociosos, nem estéreis no conhecimento de Jesus Cristo. “Fé, virtude, ciência, temperança, paciência, piedade, amor fraternal, caridade.”

Nossa participação refere-se à regeneração do caráter que foi degenerado pela queda; nos atributos comunicáveis, amor, justiça, santidade, verdade, mansidão, longanimidade, etc. sejamos capacitados a imitar O Criador; uma vez que, tendo nascido de novo, da (Água) Palavra, e do Espírito, (Santo) fomos convidados a escapar da corrupção.

A esfera de poder, na qual fomos inseridos, refere-se à capacitação de agir como filhos de Deus, doravante; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Se, pretendermos exercitar nossa condição de “deuses” fazendo acontecer o que desejamos, exercitando-nos em “palavras de poder”, deixaremos patente que ainda somos reféns da corrupção, da qual deveríamos ter escapado, se tivéssemos levado a sério, Cristo.

A regeneração enseja comunhão em santidade e temor, não nos faz micro deuses, autônomos, desejando às mesmas coisas egoístas de antes.

Passa pela cruz, onde as vontades carnais devem ser mortificadas. Sem isso, nossa suposta conversão é falaciosa, um derivado doentio do engano maligno. Paulo ensina: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Se, algo deve “morrer” para que o novo homem segundo Cristo viva, como chegaríamos ante Ele com isso inda vivo?

O homem foi criado à Imagem e Semelhança de Deus; ou seja: “Participante da Natureza Divina”; pela queda, um abismo foi posto entre ele, e O Criador. Na esfera inferior para onde caímos, as coisas Divinas soam “sobrenaturais”, dado que, a carne com sua corrupção nos aprisionou no sensorial.

Pela fé nos é dado “acesso” ao sobrenatural, condicionando-nos a crermos conforme a Divina vontade; não, facultando que façamos acontecer as coisas à nossa doentia maneira. Devemos, antes, romper com o sistema corrupto, para conhecer O Divino querer, mediante a Palavra, para que, nossa participação no sobrenatural seja possível. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Não há espaço para desejos autônomos, egoístas após a queda. Nossa participação na “Natureza Divina”, enseja que participemos, sobretudo, da Vontade do Eterno. A Ele compete a direção dos nossos caminhos, se pertencemos a Ele; “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Como o pródigo arrependido, que voltou humilhado aceitando a condição de servo, malgrado, fosse filho, assim deve ser nossa postura ante O Pai. Se, Ele deseja nos dar vestes novas e festejar nosso retorno, tem a ver como que Ele É; Deus É Amor. Nada a ver com nossos “méritos.” Afinal, somos corruptos e dissolutos como foi aquele.

Nossa participação deve ser em santificação, abandono dos maus hábitos, deixando as coisas atinentes ao poder e ao querer, com nosso Pai, que sabe o que é melhor para nós. Nossa alimentação no âmbito sobrenatural deve ser conforme a “receita” da Palavra Dele; não, segundo os mundanos padrões, afinal, “... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus.” Mat 4;4

Os atrevidos moderninhos que se atrevem a propor uma mudança no “cardápio”, deixam patente que ainda vivem na rasa esfera corrupta, numa pretensa fusão dimensional impossível; anseiam o sobrenatural no prisma do poder, vivendo o raso na arena do querer. Invés desses pródigos se arrependerem e voltarem humilhados à casa do Pai, pretendem que o "Velho” se associe a eles, no meretrício.

Sua religiosidade profana os faz pecadores, mais que seriam sem ela. “O filho honra o pai, o servo ao seu senhor; se Sou Pai, onde está a Minha honra? Se Eu Sou Senhor, onde está o Meu temor? diz O Senhor dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o Meu Nome...” Ml 1;6

sábado, 6 de julho de 2024

Fidelidade; os dois lados


“Fiel É Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.” I Cor 1;9

Quando cogitamos sobre a fidelidade Divina, costumamos pensar no fato de que Ele cumpre o que promete, sobretudo, com o fim de nos abençoar.

Ora, a fidelidade é um princípio, tanto válido para com promessas de bênçãos, quanto, para advertências de juízo. A Imutabilidade do Santo preserva vivas e atuais, ambas as situações.

“Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele. Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6

É doentio pensarmos que, nossas predileções rasas, derivadas da infidelidade natural, movam ao Santo ao ponto de, Ele deixar de ser o que É, porque nos recusamos a ser transformados no que deveríamos ser; “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a si mesmo.” II Tim 2;13 Quem caiu da estatura original foi o homem; em Deus “não há mudança, nem sombra de variação.” Como ensina Tiago.

Logo, quando escutamos gente pleiteando por edições à Palavra, acréscimos ou supressões, não podemos ver de outra forma, senão, a ousadia do maligno, em consórcio com a suicida impiedade humana, profanando coisas santas. O Salvador assegurou: “Passarão os Céus e a Terra, mas Minhas Palavras, não hão de passar.” Mat 24;35

Embora, para o mundo, termos como, “inclusão, união, tolerância,” sejam quase santos, em nome deles se possa sagrar ao que Deus abomina, para quem serve ao Eterno, essas coisas têm cheiro de morte, não nos atrevemos a elas. Por outro lado, a fidelidade incondicional tem sido ressignificada, como sendo, “radicalismo, intolerância, fundamentalismo, discurso de ódio.” Se, o ingresso ao Céu fosse decidido pela Terra, aquele não se avantajaria ao inferno; felizmente, não é.

Não raro, escutamos mestres dessa ou daquela doutrina explicando o que Cristo significa, o que fez, qual a real abrangência da Sua obra; sempre alinhada, a explicação, aos mundanos parâmetros, “inclusivos”; pisoteando porções cristalinas da Água da Vida; sujando o que deve ser mantido limpo. Esses, conhecedores das paixões humanas, por serem delas também, reféns, sabem quais cordas vibrar para soarem afinados aos colegas de infortúnio espiritual; assim, arranjam muitos seguidores na avenida ampla da perdição, onde caminham.

Ninguém é obrigado a crer. Cada um pode dispor da sua vida como bem lhe parecer; pois, as consequências das suas escolhas incidirão obre ele, não, sobre o semelhante. “Cada um dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Porém, quando alguém ousa alterar À Palavra da Vida, aí invade a praia alheia; uma vez que, ensinando falsidades como se, derivadas da Palavra de Deus, leva a perder aos semelhantes que lhe derem ouvidos. A ninguém foi dado esse direito.

Embora esposando expressões com semblante lógico, tiradas com cacoetes evangélicos, abordagens aparentemente altruístas, com certo senso de justiça, se contrariam à Palavra do Senhor, as imanentes “virtudes” da mensagem são apenas alegorias a disfarçar o opositor mor e seus ministros. “Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme suas obras.” II Cor 11;14 e 15

Os mesmos que ensinam doutrinas que desencaminham de Cristo, depois postam suas “filosofias” libertárias, tipo: “Esforce-se por mudar a si mesmo, não perca tempo tentando mudar o outro.”

Ora, o que é a pregação do Evangelho, que Cristo ordenou, senão, o desejo que o semelhante mude para sua salvação? Por que Jesus chamou aos Seus, de “sal da Terra e luz do mundo”, sendo que, essas coisas, sal e luz, não existem para si mesmos, mas, para servir aos outros? Claro que não devemos nem podemos, decidir nada, pelo semelhante. Todavia, viver de uma forma que seja exemplar, segundo Cristo, e à medida do dom de cada um, ensinar o que aprendemos, é inevitável.

Descobriríamos uma “Pérola de Grande Valor”, e quereríamos apenas para nós? Quatro leprosos de antanho fizeram melhor do que faríamos se agíssemos de modo egoísta; “Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; por isso agora vamos, anunciaremos à casa do rei.” II Rs 7;9

As boas novas daqueles dias, se referiam à fartura de pão a uma cidade faminta. As que temos para anunciar, respeitam ao “Pão dos Céus” ao mundo que padece com fome de Deus.


Fiel É Deus, para cumprir tudo o que prometeu; tanto, para acolher aos que buscam pela salvação, quanto, para tolher descaminhos que propõem os errados de espírito.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Contratempo

 “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11

Nem o juízo, nem recompensa são imediatos. Se assim não fosse, atitudes seriam poluídas pelos interesses, invés de derivarem da essência de quem atua. Por exemplo, um que se inclinasse a roubar, porém, não o fizesse, apenas porque saberia que sua punição seria imediata. Sua “honestidade” seria exterior apenas, com o coração impuro;
outro que, não se importasse com as necessidades alheias, mas, socorresse, eventualmente, a um carente, pela certeza de uma recompensa imediata. Esse “altruísmo”, também seria um verniz falso a pintar como bom, um coração ruim. Tanto, para o bem, quanto, para o mal, as ações sofreriam a interferência casuística dos interesses, invés de serem derivadas do ser, de cada agente.

Platão, achava oportuno, evitar aos casuísmos, para se cultivar valores superiores. Disse, mais ou menos o que segue: “Quando alguém for considerado justo, lhe caberão por isso, aplausos, louvores; e ficaremos sem saber se o tal é justo, por amor à justiça, ou, aos louvores que recebe. Convém colocá-lo, numa situação em que seja privado de todas essas coisas; se ainda assim, permanecer justo, certamente o é, por causa da justiça.”

As aflições, além de possibilitar que atuemos em consórcio com valores, mais que, com interesses, também têm um aspecto didático; se recebidas no espírito certo, confiantes no Senhor que está acima delas, obram nosso aperfeiçoamento. “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48;10
Como ouro e prata são derretidos para que sejam removidas suas escórias, também, o coração humano carece o concurso das dores, como agentes depuradores.

Anunciando Cristo, Malaquias advertiu: “Mas quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque Ele será como fogo do ourives, como o sabão dos lavandeiros. Assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi, os refinará como ouro e prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça.” Ml 3;2 e 3

Há um “juízo” imediato sobre as ações, no tribunal das nossas consciências; tanto silenciam quando as pretendidas atitudes forem meritórias, quanto, acusam quando forem viciosas. Aquele que, pelo Espírito Santo, apurar essa sensibilidade acerca da aprovação ou, rejeição Divina, tem mais chances de errar menos, pois, o exercício nos aperfeiçoa espiritual e moralmente, trazendo de lambuja, o discernimento. “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

No Êxodo, O Eterno permitiu privações ao povo, desejando que ele fosse fiel, mesmo em meio a elas. Infelizmente, a fidelidade não era um valor muito encontrável, então. “Te humilhou, te deixou ter fome, te sustentou com o maná que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da Boca do Senhor viverá o homem.” Deut 8;3

O que é o desafio a andarmos por fé, senão, um convite a “apostarmos nossas fichas”, numa recompensa no porvir? A fé genuína, não depende de circunstâncias, indícios, sinais. Descansa na Integridade Daquele, no qual crê. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Nos seus dias, Moisés agiu assim: “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

No exercício que nos faculta, na firmeza que enseja mesmo em momentos de grande adversidade é que está a beleza da fé. Pois, “... é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das coisas que se não vê.” Heb 11;1

Diferente de um devaneio com algo que supomos que nos pode acontecer no devir, a fé forja o modo de viver, dos que creem deveras; “Porque ainda um pouquinho de tempo, o que há de vir virá, não tardará. Mas o justo viverá pela fé; e, se ele recuar, Minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;37 a 39

Não pautemos nosso viver pelo imediatismo, pois; afinal, “Tudo tem seu tempo determinado, há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2
“...aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

quarta-feira, 3 de julho de 2024

O amor


“... Amarás teu próximo como a ti mesmo.” Mat 22;39

Vi o anúncio de uma palestra: “Aprendendo a se amar.” Então, surgiu a questão: O ser humano não se ama, carece que alguém o ensine?
Forçosa seria a conclusão que o preceito de Cristo é falho. Como eu poderia amar meu próximo como a mim, se, sequer, me amo? Do jeito que falou, subentende-se que o amor próprio é inato; trazemos no DNA, sem que careçamos nenhuma didática para que aprendamos.

O modo como desejamos que as coisas sejam para conosco, serve de parâmetro para que as queiramos, em favor do próximo. “Como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei, também.” Luc 6;31

Alguns se deprimem, outros que se suicidam; não seriam exemplos de gente que odeia a si mesmo? Em geral, invés de um sentimento mesclado à temperança, que reconhece os próprios erros e eventuais méritos alheios, as pessoas são egoístas, invejosas; padecem por excesso de amor próprio. Ninguém merece ventura alguma, senão, elas.

Daí, um desvio de foco; invés de aproveitar as vicissitudes da vida para se tornarem melhores, os egoístas gastam suas munições, desfazendo das alheias conquistas; “consertam” um erro com outro.

Não se tornam amargas porque não se amam; antes, porque se amam desequilibradamente, fantasiando para si, muito mais que necessitam.

Peregrinos que fizeram a famosa peregrinação de Santiago de Compostela, usando a travessia para meditar, descobriram que precisavam descartar muitas coisas, levando apenas o indispensável; o supérfluo se tornava apenas um peso a dificultar a caminhada.

Na vida é assim. Ombreamos muitos pesos desnecessários, permitindo que a febre das vaidades desequilibre nossas almas, que poderiam ser mais leves, sóbrias, menos fúteis.

Quando alguém, no ápice da dor apela ao suicídio, não o faz por achar que a vida não valha a pena; se ama tão desmedidamente, que acha que não vale apena seguir vivendo daquela maneira que se encontra.

Schopenhauer, em seu excelente “O Livre Arbítrio” diz: “Não pode alguém que possua um revólver, dizer: tenho poder para me matar. Na verdade, o tal possui apenas os meios. Para poder fazer isso, careceria de algo que fosse maior que o amor pela vida, e o medo da morte.”

Talvez a ilusão que uma grande angústia se finde, findando o viver, seja esse “algo” que patrocina a extrema tentativa de fuga, desses que, se amam tanto, que não se permitem não ser belos, ricos, famosos, ou felizes, como acreditam que merecem.

Alguém disse que, a depressão é excesso de passado, e a ansiedade, de futuro. Se, um carece fugir tanto do presente, de modo a nunca estar nele é porque, em algum momento foi convencido que, fugir é o melhor que faz. Caso, se odiasse, invés de fugir de uma situação incômoda, folgaria nela, vendo se danar àquele que odiaria. Assim, não é se amar que as pessoas precisam aprender.

Talvez, direcionar ao próximo a porção que cabe a ele. Uma frase que aprecio sobre posses, “Rico não é aquele que possui mais; antes, o que precisa de menos para viver.”

Acho que essa capacidade de dosar as coisas nas justas medidas, também faz a riqueza das nossas almas, por permitir ver que, quando as coisas não dão muito certas para nós, mesmo assim, podemos amar e fazer que deem para outros, como diz O profeta Jeremias, sobre um que confia no Senhor: “ Será como a árvore plantada junto às águas, que estende suas raízes para o ribeiro; não receia quando vem o calor, mas sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Jr 17;8

O excesso de amor própria o levaria alguém a resmungar pela falta de águas abundantes. O amor facultado pelo Senhor, nos faz frutificar, em atenção às necessidades do próximo. “... Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” Atos 20;35

A arte tentou sublimar o “morrer por amor;” desde dias idos. Píramo e Tisbe, que acabou parafraseado em Romeu e Julieta, é exemplo do amor egoísta, desmedido. A bem da verdade, a Única morte por amor, deveras, foi a de Jesus Cristo. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Jo 3;16

Antes de chamarmos amor, às nossas inclinações egoístas, meditemos nisso: “O amor é sofredor, benigno; não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com injustiça, mas com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” I Cor 13;4 a 7

segunda-feira, 1 de julho de 2024

O mal pela raiz


“... certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; foi procurar nela fruto, não o achando, disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e esterque; se der fruto, ficará, se não, depois mandarás cortar.” Luc 13;6 a 9

O Salvador ensinou nossa responsabilidade, como ramos na Videira Verdadeira, frutificar, para que, quando demandarmos algo do Senhor, também sejamos ouvidos. “... Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

A figueira tipifica gente que está na “vinha” do Senhor, a Igreja, sem ter sido transformada como O Senhor deseja.

Depois de três anos sem nenhum resultado, tinha sobejas razões, o dono da vinha, para mandar cortar a inútil planta. Mas, o vinhateiro interferiu pedindo uma oportunidade, para escavar e tratar das raízes.

Estava tudo bem com o caule, os ramos, e as folhas da referida planta; o problema que a impedia de frutificar, deveria estar nas raízes. Quantos de nós ousam expor deveras seus problemas? Sem isso, a cura não virá.

Muitos, malgrado, frequentem ambientes espirituais, amam ao dinheiro, às coisas materiais; têm uma raiz problemática, que invés de frutos para Deus, produz amarguras para si. “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas; segue a justiça, piedade, fé, amor, paciência, mansidão.” I Tim 6;10 e 11

A rejeição de Israel, no Antigo Testamente se deu, precisamente porque se negarem a produzir os frutos anelados pelo Criador; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;7

Tendemos a apreciar as consequências das nossas ações errôneas; O Senhor da Vinha, costuma buscar as causas. É necessário ir à raiz do problema, para que a “árvore” possa frutificar.

Noutros casos, há pecados envelhecidos sem ter sido tratados. A pessoa os cometeu e fingiu que nada tinha acontecido; e leu erroneamente, o silêncio Divino, como se fosse permissão.

O Senhor denunciou um caso assim: “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Is 50;21 Quando O Pai silencia, oferece uma oportunidade para que atuemos em maturidade espiritual, tratando às coisas como Sua Palavra ensina; senão, a disciplina, no devido tempo virá. “Porque o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” Heb 12; 6 e 7

Felizes daqueles que, uma vez identificados como infrutíferos, ainda têm uma oportunidade onde o Guardião da Vinha, O Espírito Santo, intercede por eles, pedindo uma nova chance; pois, sem isso, a alternativa seria cortar a planta inútil.

Para alguns, parece que A Palavra de Deus é apenas palavras. Não, Palavras poderosas, com um componente espiritual anexo, que opera grandes coisas nos que se deixam conduzir por elas, sendo bons ouvintes. As transformações efetuadas, testificariam da eficácia da Palavra do Senhor. “... o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.” Apoc 19;10

O Salmo primeiro apresenta um ditoso que come À Palavra; nela medita dia e noite; invés de mero loquaz, o tal, se torna frutífero. “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1;3

Para descuidados, nos quais, A Palavra não logra incutir seu espírito, seus ouvidos rebeldes, corações endurecidos, são a terra ruim, que tolhe que esses produzam os necessários frutos de arrependimento, para depois, produzirem também, os da santificação.

Ouvem pregações sobre santidade e não se santificam; sobre a necessidade de transformação no caráter, e não se deixam transformar, frequentam locais onde Cristo é apresentado, mas recusam-se a deixar O Senhor entrar em seus corações. Como a figueira aquela, ocupam à terra inutilmente.

Mais que enxadões, adubo, carecem ouvidos, se desejaram tratar o mal pela raiz. Então, serão tornados frutíferos por longos dias. “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos...” Sal 92;13 e 14