quarta-feira, 19 de junho de 2024

Os perdoados

 “Bem aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, cujos pecados são cobertos.” Rom 4;7

Quem seriam os sortudos que receberiam essa graça da parte de Deus? Teria O Santo Seus favoritos, para os quais daria uma espécie de licença para pecar, faria vistas grossas?

O mesmo cuidado que teve Abraão, de não associar ao Senhor, a mínima injustiça, devemos ter; “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda terra?” Gn 18;25

O Eterno É Grandioso em perdoar, rico em misericórdia; mas, em momento algum, volta as costas para a justiça, que ama. Por isso a necessidade da cruz; para que o amor e a justiça obrassem em consórcio, para nossa salvação. Não que seja justo no tocante a nós o Feito de Cristo; é Maravilhosa Graça! Mas, a Justiça de Deus assim requereu, para que pudesse manifestar Seu Amor.

A quem O Senhor perdoa, cobre os pecados? Quando diz, Bem aventurados, não está essa declaração enfatizando um determinado grupo de pessoas, antes, a grandeza da bênção que é, receber tais favores, que estão ao alcance de todos. No tocante à remissão dos pecados, as condições são iguais.
“O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

A condição supra identifica aos que, recebem o perdão Divino, o sujeito é encontrado no predicado; digo, quem cumpre as condições recebe as dádivas referidas.

O problema do ser humano é que tende ele a manifestar escrúpulos quanto aos erros, quando está diante das consequências. O que não deriva, necessariamente, de arrependimento.
Qualquer interesseiro se “arrependeria” demandando perdão, num momento em que os erros se mostrassem como são, para depois, fazer tudo novamente. Mera repetição ritual, como faziam os que traziam um novo sacrifício a cada novo pecado, foi apreciado pela Palavra de modo nada elogioso; “Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados.” Heb 10;3

Em Cristo somos desafiados ao sacrifício de nossas más inclinações, mudança de mentalidade em relação ao mundo, para, enfim, fruirmos a Divina vontade; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A excelência do arrependimento, é nos entristecermos por termos entristecido ao Eterno, ter ficado aquém dos Seus justos preceitos. Como vimos, não basta mera confissão; “... o que confessa e deixa, (de pecar) alcança misericórdia.”

Não que possamos abandonar um hábito mau, de uma vez por todas. Mas, os verazmente arrependidos, não cometem mais o mesmo pecado, com a naturalidade de antes. Convertidos a Cristo, ainda falhamos, não mais, ser dor, “sem culpa”, como quando estávamos espiritualmente mortos. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

“Livres”, no sentido de não sentirmos internamente uma denúncia por estar agindo de modo injusto. Não significa que, no fim da carreira não responderíamos pelas nossas escolhas errôneas.

Escrevendo aos cristãos coríntios, em dado momento Paulo diz: “nós temos a mente de Cristo.” Não é essa bênção uma herança automática; antes, somos desafiados a deixar nosso modo rasteiro de pensar, e paulatinamente substituí-los pelos Divinos pensares, que aprenderemos mediante À Palavra de Deus.
“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

A letalidade do pecado não é percebida pelos olhos naturais. Certa vez, quatro homens levaram um paralítico ao Senhor, baixaram através do telhado devido à multidão que O rodeava. Invés de, compadecido da enfermidade Dele, O Salvador efetuar a cura, iniciou pelo mais importante: “... Homem, os teus pecados te são perdoados.” Luc 5;20

Se tivéssemos que escolher entre o perdão ou a saúde, qual seria a nossa opção? “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12;4 e 5

Igrejas lotam se anunciarem suas, “campanhas de milagres.” No prisma dos valores espirituais, inda usamos diamantes em fundas.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

As fontes


“... todas minhas fontes estão em Ti.” Sal 87;7
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Temos uma aparente contradição. Primeiro, o salmista esposa que todas suas fontes estão em Deus; depois, o pensador filosofa sobre guardarmos nossos corações prioritariamente; dado, procederem dele, as fontes da vida. Qual afirmação está correta?

Se devemos guardar nossos corações, mais que, qualquer outra coisa, nas entrelinhas entendemos que convém agir assim, para evitarmos infiltrações más, que nos levariam a agir para dano das nossas vidas. Se, as fontes de nosso viver procedem dos nossos corações, eles não são herméticos, vacinados contra influências circunstantes.

Uma despensa oferece opções de alimentação ao gosto de quem vai prepará-las; porém, não pode essa “fonte” disponibilizar nada que, não tenha sido previamente depositado nela. Assim, nossos corações. Guardamo-los, quando tolhemos que conselhos espúrios, malignos, se alberguem neles. Sempre que fazemos o “bom depósito” de valores, ensinos oriundos do Senhor, podemos dizer como o salmista: “Todas minhas fontes estão em ti.”

Depois de ensinar a Sã Doutrina ao jovem Timóteo, Paulo o exortou: “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.” II Tim 1;14

Pregando junto ao Poço de Jacó, O Salvador, entre outras coisas disse: “... aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

Invés de apontar para suposta “bondade natural” do ser humano, como fazem na psicologia, O Senhor ensinou a necessidade de se fazer, pelo Espírito Santo, uma nova fonte, o que Ezequiel vaticinara como novo coração.

“Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” Ez 36;26 Desse modo, nossas fontes, tanto estão em Deus, pela origem, quanto, em nossos corações, pela acolhida afetiva que o novo nascimento possibilita-nos, em relação à Palavra da Vida.

Reitero; nossos corações são mais, depósitos, que fontes. Por isso a seriedade da advertência de Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto. Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;5 a 10

Então, antes de nos apressarmos a esposar que fazemos o que fazemos, de todo o coração, convém avaliarmos à luz da Palavra de Deus, para que vejamos, que tipo de coração é o nosso. Mesmo que uma escolha nos pareça idônea, a princípio, devemos lembrar sempre de quem vê mais distante que nós; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Convém sermos prudentes, cautelosos com o que aprovamos, “Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração e conhece todas as coisas.” I Jo 3;20

Será sadio nosso coração, se não pretender ser fonte em si mesmo, emanando escolhas dos próprios desejos desorientados. Davi, malgrado suas muitas falhas, foi agradável ao senhor, por um detalhe importante. Seu coração sabia da condição de mero depositário das coisas, que, na imensa maioria das vezes, recebia do senhor. “... Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o Meu Coração, que executará toda a Minha vontade.” Atos 13;22

Quando falhamos, em geral desejamos que as consequências das nossas falhas sejam removidas, purgadas, perdoadas; Davi falhou vergonhosamente; no entanto, uma vez arrependido desejou a remoção das causas; da maldade do seu coração. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da Tua presença, e não retires de mim o Teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da Tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” Sal 51;10 a 12

Pois, “... quanto ao Senhor, Seus olhos passam por toda terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele...” II Cron 16;9

domingo, 16 de junho de 2024

Marcas de vitória


“Disse mais Davi a Abisai, e todos seus servos: Meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura minha morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lhe disse.” II Sam 16;11

Davi destronado pelo próprio filho, Absalão, fugia da cidade, temendo pela vida. Simei, um desafeto da tribo de benjamim o amaldiçoava, dizendo que ele merecia aquilo.

O rei ainda tinha um exército leal, consigo, o que fazia da atitude de Simei, uma temeridade. Tanto que, um dos seus valentes cogitou matá-lo; “Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.” V 9

Ter força para punir uma afronta, é fácil; muitos a têm. Agora, a força da mansidão, domínio próprio ante uma injúria sofrida, é coisa para poucos. O rei bem sabia das suas culpas pretéritas, pelas quais fora avisado que a violência não se apartaria da sua casa; invés de atribuir as maldições sofridas a uma iniciativa temerária e vingativa do benjamita, via nelas, uma porção do Divino juízo. “... Deixe que amaldiçoe, porque O Senhor lhe disse.”

Resignação ante o sofrimento, reconhecimento das próprias falhas são coisa valiosas diante do Eterno. Exercitando-se nelas, Davi confiou que, a Bondade Divina inda o encontraria. “Porventura o Senhor olhará para minha miséria e me pagará com bem, sua maldição deste dia.” V 12

Oportunamente, Deus teve misericórdia dele e foi restituído ao seu reino, cumprido o propósito didático daquele juízo pontual. “... Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará Seu povo.” Heb 10;30

Para os que esposam o suposto “poder da palavra”, resta considerar que, palavra nenhuma, de bênção ou maldição nada pode, contra a Vontade Divina, como, até o mercenário Balaão sabia; “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? Como denunciarei, quando O Senhor não denuncia?” Nm 23;8 O que tem poder é A Palavra de Deus; o resto é cisco que o vento espalha.

Ocorre com muita frequência, que, conceitos válidos no escopo espiritual, sejam apreciados por métodos distorcidos, numa anemia de significado que preserva o casulo enquanto joga fora a vida em gestação. Palavras como, “vencer”, são trazidas da arena espiritual para a imanente, o que deturpa completamente seu significado. A maior de todas as vitórias se deu na cruz; onde Cristo bebeu por nós, o cálice amargo de tantas dores.

Vencedores espirituais não são os que se vingam, dobram adversários, impondo seu poder; antes, os que renunciam aos próprios direitos, numa submissão confiante e incondicional ao Senhor, fiéis aos valores, dele, aprendidos. Enquanto o homem natural se jacta de “não levar desaforos para casa”, o espiritual não leva carne e sangue para a “arena” onde, o combate é do espírito.

Ciente do alvo, não sai errante dando golpes no ar, como disse Paulo. “Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas contra os principados, potestades, príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” Ef 6;12 e 13

Notemos que nossa “ação” no embate é de resistir, não, atacar. “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4;7

Como a dança só faz sentido para quem consegue ouvir a música, também a luta espiritual só é compreendida por quem anda em espírito. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” II Cor 2;14 e 15

Aprendamos com Davi, pois: Quando desafetos gratuitos, invejosos reles tripudiarem acerca dos nossos nomes, sosseguemos fiados na sabedoria do Senhor; “Porventura o Senhor olhará para a minha miséria; e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia.”

Na verdade Paulo aconselha a irmos mais longe que, apenas sofrer à maldade sem pagar na mesma moeda, diz: “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

Outra vez, a distinção entre a vitória espiritual, e a natural. Não temos que vencer eventuais inimigos; antes, vencer o mal, com uma arma que lhe é letal; o bem.

Vencedores com Cristo não ostentam medalhas, mas, cicatrizes. “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Gl 6;17

A prioridade


“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, sabedoria, emprega tudo que possuis na aquisição de entendimento.” Prov 4;7

Em geral, vemos a ignorância como o oposto da sabedoria. É o aspecto primeiro e mais visível. Porém, em se tratando da aquisição do saber, em âmbito espiritual, o obstáculo é outro: A vontade. Basta que tenhamos índole incrédula, preguiçosa e o trevoso mor completará seu trabalho sujo: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Nesse caso, os oponentes do saber são arrolados na prateleira da insanidade; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7 Não são os ignorantes os refratários, mas, os loucos. Um lapso de sanidade moral, espiritual, mais que, de capacidade cognitiva. Desprezar é opção da vontade.

O Criador colocou uma pitada de lucidez na loucura, de modo que, desejando, mesmo os dementes podem abraçar à salvação em Cristo. “Ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” Is 35;8

Portanto, os loucos que evitam o “Caminho Santo” perdem-se pela rebeldia não, pela privação da capacidade para entender.

Concorre ainda certa ironia, apreciado o caminho da salvação com suas renúncias necessárias, desde o mirante dos rebeldes reféns do pecado. “... Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18 Nesse caso, a “loucura” deriva da valoração dos cegos espirituais.

A sabedoria não é uma palestrante que dá conferências em demanda por aplausos; antes, é uma senhora discreta, que patrocina atitudes dignas, em demanda por verdade e justiça; “... nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;8

O Salvador denunciou-os: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20 

Dado que, a luz permite ver, recusar a admitir o que vemos, é uma limitação das escolhas, não, das possibilidades. Eis a distinção entre as loucuras! Uma acerta, outra, erra o caminho.

Era busca relativamente comum aos gregos, pelo menos, os mais letrados, com seus sistemas filosóficos vários, sempre tentando entender o porquê das coisas, sua origem, propósito e fim.

Os hebreus, o povo eleito, contavam com a Revelação Divina, com seus rabis e escribas ocupados nela; mais que um desafio ao entendimento, como seriam os postulados filosóficos, trazia uma demanda por obediência, uma coisa com a qual, o ser humano nem sempre sabe lidar. Sua rebeldia quanto à obediência, não raro, era camuflada de ceticismo.

Colocavam Jesus Cristo como oponente a Moisés, ao qual fingiam obedecer. Uma das múltiplas faces da incredulidade, é desqualificar quem demanda crer; a isso atinavam os religiosos coevos do Salvador. A Palavra ensina: “Porque Ele (Cristo) é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3 Era o cumprimento do que Moisés vaticinara, não, adversário.

Os hipócritas preferiam transferir responsabilidade para o mensageiro Divino, exigindo “provas” da sua origem, a analisar os próprios caminhos com honestidade perante a luz, para ver se a cobrança por obediência fazia sentido.

Paulo sintetizou assim: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;21 a 23

A um povo, ou outro, a “receita” é a mesma: Jesus Cristo, Poder e Saber, Divinos, manifestos. Em submissão a Ele, domesticado o que há de pior em nós, a vontade rebelde, Ele fará com que, o demais seja fácil; “Porque O Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, equidade e todas as boas veredas. Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará; a inteligência te conservará;” Prov 2;6 a 11

sábado, 15 de junho de 2024

Filosofia de vitrine


“Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Um próspero do agro tivera uma super safra, e pensava depositar seus bens para folgar por muitos dias. Quando cogitava em seus pródigos planos de vida mansa, lhe foi apresentada a sentença acima.

Parecemos entender o exato lugar das coisas, na prateleira dos valores. Nos colóquios diários, versamos da superioridade do ser, ao ter; da qualidade à quantidade, dos dedos sobre os anéis.

O falar pode ser mero exercício intelectual, para alheio apreço; o que fazemos, em última análise, expõe quais coisas nos são caras. Como não lembrar a sentença de pregadores medievais, em suas diatribes aos hipócritas? “O que és, fala tão alto, que não consigo escutar o que dizes.”

Paulo denunciou uns, cujas atitudes e falas andavam divorciadas; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16 A aprovação deriva da obediência, não, da eloquência.

As ações mostram a quem servimos, não as falas; “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Desafiados a por em prática nossas filosofias de vida, não raro, descobrimos que elas são de vitrines. Motejando dos que exageram nos tais “filtros” eliminando imperfeições em fotos, alguém definiu à presente geração, como sendo mui “filtrogênica”; aplicarmos a mesma “técnica” em nossas almas, também poderá “melhorar” nossa figura, aos olhos dos semelhantes; enquanto pioramos ainda mais, pela hipocrisia, diante de Deus.

Está na moda realçar pequenas porções, os chamados “cortes”, onde um palestrante, ou entrevistado, esposa algo de grande relevância, não pela relevância daquilo, propriamente, mas, pelos “frutos virtuais” de um “cristianismo” de performance, invés de compromisso, com a obediência, engajamento espiritual veraz, como nos convém.

Poderíamos por prudência, pegar, cada um para si, a sentença aquela, que acena com o estertor da vida terrena, e demanda pelos frutos que temos. “O que tens preparado?” Noutras palavras, se minha vida terminasse hoje, como eu romperia a fita?

Parece trágico, levar a preparação espiritual a extremos; todavia, é A Palavra que o faz. Sobre a efemeridade dos nossos dias, ensina: “Agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória assim é maligna.” Tg 4;13 a 16

O que se preparara para muitos dias, em acúmulo de posses, sem ter domínio sobre a vida, foi adjetivado como louco.

Em vista disso, A Palavra desafia-nos a uma resposta imediata quando a Voz de Deus, de alguma forma nos alcançar. “Portanto, como diz O Espírito Santo: Se ouvirdes hoje Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Heb 3;7 e 8 

Paulo também expôs essa urgência escrevendo aos cristãos coríntios: “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” II Cor 6;2

Quanto ao acúmulo de bens, para deixar vultosa herança também é duvidoso que seja a melhor coisa a se fazer. Há um provérbio japonês que diz: “Se o teu filho for mau, ele não merece tua herança; se for bom, ele não precisa.”

Logo, ensinar por todos os meios, especialmente o mais eficaz, o exemplo, para que valorizem mais o ser bons, que, ter bens, seria a mais proveitosa herança a deixar.

Os bilhões em prejuízos causados pelas enchentes recentes, mostram de modo doloroso, quão efêmeros são os bens materiais. O trabalho de muitas vidas foi desfeito de um dia para o outro.

Por isso, embora seja natural e saudável que trabalhemos visando prosperar, os valores eternos devem ser nossa prioridade. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mat 6;19 a 21

Os bens materiais se exibem na abundância; os espirituais, podem fazer boa figura mesmo em momentos de privação. “... como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão e tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1;3

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Apostasia


“Ai deles, porque fugiram de Mim; destruição sobre eles, porque se rebelaram contra Mim; Eu os remi, mas disseram mentiras contra Mim.” Os 7;13

Três aspectos dos apóstatas: Fugiram de Deus; se rebelaram contra O Santo; disseram mentiras contra O Eterno. 

O pecado não é uma coisa inerte, que, se cometendo um ou dois erros graves, possamos “estacionar” ali, sem ampliarmos nossa distância de Deus.

Nas almas onde se aloja, as reduz à servidão, reféns da sua vontade doentia; “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20

Pecar é mais que mera escolha de homem livre; pode ser assim nos primeiros passos; depois, termina em servidão. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Começa tênue, apenas o abandono furtivo; o desejo de não cumprir o que sabemos ser a Divina vontade, escondidos pós um biombo qualquer; fugiram de Mim. Depois, o desprezo ao relacionamento, preferindo as coisas à sua maneira, tendo como válida a sugestão do canhoto, de decidir por si mesmo, bem e mal. Por fim, após esses dois estágios de afastamento, a “ousadia” cresce; o antes fugitivo e rebelde, se faz adversário de Deus. “... disseram mentiras contra Mim.”

Eis o itinerário da apostasia! que a Palavra de Deus versa: “Um abismo chama outro abismo”.
Nenhuma estranheza, pois, vendo tantos que, um dia batalharam pela fé, não mantiveram a bendita comunhão com O Santo, em tempos de provas; agora ressurgem, defendendo doutrinas antibíblicas, esposando a sina dos desigrejados, atribuindo falhas à Palavra do Eterno. Se afastaram da Luz. O “anjo” que se transfigura em luminoso, já os tem como sócios, de modo que fazem agora, a obra dele, com mais afinco que, fizeram um dia, a do Senhor. 

Desgraçadamente, o vício tem maior apelo que a virtude. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

A vida espiritual é como planta de vaso, que, carece ser regada frequentemente, para que não morrer. Se, deixarmos a meditação na Palavra, a oração em comunhão com O Pai, e principalmente a obediência, veremos uma crassa derrocada; de fujões no princípio, a perversos; depois, adversários de Deus, quando nossa insana fuga já nos tiver colocado sob o domínio de outro “Deus”.

A dependência filial, que não ousa coisas pequenas nem grandes, sem antes consultar O Pai celeste, é um sinal de saúde espiritual, de zelo com entendimento.

Quando alguém começa a se supor mui sábio, apto a decidir as coisas segundo seu próprio intelecto, deixa os verdes pastos, e entra pelos espaçosos caminhos da perdição; por isso, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Sabedor que, o homem com vistosas aptidões naturais, é presa fácil para o orgulho, a arrogância, O Eterno “vacinou-se”: “... não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo, para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

A falta de apreço pelo que temos, em consórcio com devaneios que criamos, tendem a fazer febril a alma humana; levá-la a buscar pela cura, precisamente, nos locais que originam sua doença. Os descaminhos do engano.

Como o filho pródigo, bem podemos alçar voos mirabolantes, devaneando com grandes venturas, para depois dum tempo, voltarmos répteis, nos satisfazendo apenas com pão.

As decepções têm essa veia medicinal, para com aqueles que, mesmo tendo se desviado por um tempo do sadio caminho, não se afastaram por tempo suficiente, pra cauterizarem às próprias consciências; tais inda podem voltar à casa paterna, para, doravante ver as coisas com olhos melhores.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Nos últimos dias


“Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo suas próprias concupiscências, dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” II Ped 3;3 e 4

Advertência sobre, como seria a reta final da humanidade antes do Juízo Divino.

Escarnecedores zombando da Palavra de Deus, porque ela “não se cumpre.” Todos os dias vemos isso, infelizmente.

Ontem cruzei com um vídeo, que o autor titulou como: “Religião, rima com desunião.” Vi parcialmente, não tive estômago para tudo. Mas, a cantilena “racional” ia na direção prevista por Pedro.

Não se tratava de um incapaz mental, que, por lapso de conhecimento, coloca os pés pelas mãos, privado de meios para entender. Começou sua fala explicando que religião vem do latim “Re-ligare” pois, religaria o homem com Deus. Verdade, a origem da Palavra é essa. Logo, a única religião verdadeira, a única que religa é a Doutrina e o feito de Cristo no Calvário. Por isso, o “... ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Embora haja milhares de ritos, se dizendo religiões, não passam de simulacros; o lapso humano por Deus, “preenchido” com imposturas, de origem espúria.

Mas, voltando ao “Religião rima com desunião”, de onde o sujeito tirou que os ensinos de Cristo visam unir aos povos? Também apresentou uma lista das mazelas humanas, que não combinam com a existência de Um Deus amoroso, como “prova” que as religiões são meras tentativas de escape, inventos de gente que “precisa” acreditar em algo.

A Palavra de Deus explica onde estão as proverbiais “linhas tortas” pelas quais O Eterno escreveria. “São justas todas as palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham conhecimento.” Prv 8;8 e 9

Muitos, não entendendo, não se atrevem a admitir; saem a plenos pulmões, propagando a própria ignorância, tentando revestir as suas falhas, com a suposta falibilidade Daquele que É Perfeito.

Deus não pretende salvar o planeta, o sistema como um todo; antes, tirar dele, uma minoria, infelizmente, embora a eficácia da Redenção de Cristo seja bastante para todos. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mat 22;14

Deus nos fez arbitrários e respeita nossas escolhas; O Salvador convida a todos, mas quantos o querem? “Porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;14

Aqueles que encontraram a “porta” e por ela entraram, deveriam se unir aos outros tantos que a desprezam? 

Embora, ministerialmente sejamos chamados a iluminar, pregar, desafiar pessoas ao arrependimento para que também sejam salvas, no prisma dos valores, somos desafiados a nos separar, dos que adotam como modo de vida, práticas avessas aos ensinos do Mestre. “Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Eu serei para vós Pai, vós sereis para Mim filhos e filhas, diz O Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;17 e 18

Os males do mundo na conta de Deus, ou, na negação da Sua Existência, é outra fuga disfarçada de “lógica” de gente nem sempre ignorante; mas, desonesta intelectualmente, culpando à oposição, pelos desmandos do governo. O príncipe desse mundo é o Capeta, segundo A Palavra de Deus. Portanto, toda injustiça e violência que há na terra vem dele.

Somos chamados em Cristo, para sermos oposição a isso tudo, realçando e preservando as Leis e ensinos do Eterno. Pela afinidade com os “valores” do referido governante, o homem escolhe para si a maldição, malgrado, O Eterno o queira abençoar.

A bênção não é uma coisa solta no ar, que bastaria pegar. Requer uma ruptura com o mundo do capeta, para, enfim, conhecer e cumprir à Vontade de Deus. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; não vos conformeis com esse mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Jesus Cristo não fez o que fez, pela união dos povos, patrocinando o ecumenismo. Somos desafiados a reatar relações com Deus, com Quem havíamos rompido pela escolha do pecado. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Se, a questão é de rimas, podemos seguir na mesma pobreza; obstinação rima com perdição. Não é vontade do Eterno que façamos tal escrita. “O que encobre suas transgressões, nunca prosperará; mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13