domingo, 16 de junho de 2024

A prioridade


“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, sabedoria, emprega tudo que possuis na aquisição de entendimento.” Prov 4;7

Em geral, vemos a ignorância como o oposto da sabedoria. É o aspecto primeiro e mais visível. Porém, em se tratando da aquisição do saber, em âmbito espiritual, o obstáculo é outro: A vontade. Basta que tenhamos índole incrédula, preguiçosa e o trevoso mor completará seu trabalho sujo: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Nesse caso, os oponentes do saber são arrolados na prateleira da insanidade; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7 Não são os ignorantes os refratários, mas, os loucos. Um lapso de sanidade moral, espiritual, mais que, de capacidade cognitiva. Desprezar é opção da vontade.

O Criador colocou uma pitada de lucidez na loucura, de modo que, desejando, mesmo os dementes podem abraçar à salvação em Cristo. “Ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” Is 35;8

Portanto, os loucos que evitam o “Caminho Santo” perdem-se pela rebeldia não, pela privação da capacidade para entender.

Concorre ainda certa ironia, apreciado o caminho da salvação com suas renúncias necessárias, desde o mirante dos rebeldes reféns do pecado. “... Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18 Nesse caso, a “loucura” deriva da valoração dos cegos espirituais.

A sabedoria não é uma palestrante que dá conferências em demanda por aplausos; antes, é uma senhora discreta, que patrocina atitudes dignas, em demanda por verdade e justiça; “... nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;8

O Salvador denunciou-os: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20 

Dado que, a luz permite ver, recusar a admitir o que vemos, é uma limitação das escolhas, não, das possibilidades. Eis a distinção entre as loucuras! Uma acerta, outra, erra o caminho.

Era busca relativamente comum aos gregos, pelo menos, os mais letrados, com seus sistemas filosóficos vários, sempre tentando entender o porquê das coisas, sua origem, propósito e fim.

Os hebreus, o povo eleito, contavam com a Revelação Divina, com seus rabis e escribas ocupados nela; mais que um desafio ao entendimento, como seriam os postulados filosóficos, trazia uma demanda por obediência, uma coisa com a qual, o ser humano nem sempre sabe lidar. Sua rebeldia quanto à obediência, não raro, era camuflada de ceticismo.

Colocavam Jesus Cristo como oponente a Moisés, ao qual fingiam obedecer. Uma das múltiplas faces da incredulidade, é desqualificar quem demanda crer; a isso atinavam os religiosos coevos do Salvador. A Palavra ensina: “Porque Ele (Cristo) é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3 Era o cumprimento do que Moisés vaticinara, não, adversário.

Os hipócritas preferiam transferir responsabilidade para o mensageiro Divino, exigindo “provas” da sua origem, a analisar os próprios caminhos com honestidade perante a luz, para ver se a cobrança por obediência fazia sentido.

Paulo sintetizou assim: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;21 a 23

A um povo, ou outro, a “receita” é a mesma: Jesus Cristo, Poder e Saber, Divinos, manifestos. Em submissão a Ele, domesticado o que há de pior em nós, a vontade rebelde, Ele fará com que, o demais seja fácil; “Porque O Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, equidade e todas as boas veredas. Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará; a inteligência te conservará;” Prov 2;6 a 11

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