sábado, 22 de junho de 2024

Quem tem olhos, ouça!


“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas O Senhor pesa o espírito.” Prov 16;2

Dois pontos distintos de aferição; os olhos do próprio homem, e o espírito, ao apreço Divino. O fato da segunda parte começar com um, “mas”, já implica que a “pureza” vista na primeira, carece ser revista.

Tendemos a ser lenientes conosco, dando às nossas vontades um peso de legitimidade, justiça. O Eterno não sofre ataques das paixões como nós; vê as coisas exatamente como são.

Por isso, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Através de Jeremias, denunciou: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10

Quando escuto alguém aconselhando que se faça algo com todo coração, eventualmente penso: Que tipo de coração? Sinceridade não basta; carecemos pureza de motivação.

Outrora alguém versou, meio que, em tom de ironia, “Me engana que eu gosto”, a rigor, fez uma confissão sincera. Assim é o homem natural. Prefere o engano “saboroso”, ao encontro com o veraz, que atina à justiça, mais que ao paladar.

Ao filosofar nos botecos da vida, que “as aparências enganam”, o ser humano está tentando diluir sua responsabilidade. A vontade divorciada do Divino querer nos trapaceia. Mesmo assim, não raro, preferimos essa, como se o fato de algo nos parecer aprazível, e “ter” que ser verdade, o tornasse verdadeiro. Nesse caso, o ser humano engana a si mesmo.

Então, quando A Palavra concede, meio irônica, que andemos secundando às escolhas dos olhos, depois adverte que os espíritos serão “pesados”. “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Pelo engano precisar vistosos carros alegóricos, deveria ser bastante para fazer o homem prudente desconfiar. “quando a promessa é demais, - dizem – o santo desconfia.” Pena que tantos “santos” mergulhem, fiados pelo próprio desejo a despeito da falta de idoneidade de quem as faz.

Dessa doença a fortuna dos falsos profetas e dos políticos. A diferença entre uns e outros é que, os “profetas” acenam com o que, Deus, supostamente fará; enquanto os políticos mentem sobre o que eles mesmos “farão.”

Eventualmente nem estamos mentindo quando prometemos algo; mas, superdimensionando nossa capacidade; pois, não nos pertence nem o dia de amanhã; quiçá, um futuro mais remoto? Tiago ensina: “... vos gloriais em vossas presunções; toda glória como esta é maligna.” Tg 4;16

Enfim, embora nos seja uma bênção o dom da visão, não deve ser ele o patrocinador das nossas escolhas, refiro-me aos que temem a Deus, dos quais está dito: “Porque andamos por fé, não por vista.” II Cor 5;7

A fé não é uma faculdade derivada dos olhos. Somos desafiados a ela pelo que ouvimos da Palavra de Deus; “Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas.” Esse ouvir deve ser processado, recebido num coração regenerado pelo Espírito Santo, para que, o Divino querer, não o desejo raso, carnal, patrocine nossas escolhas.

Pois, a Divina Palavra não é um manual para consultarmos em momentos de crise; antes, a constituição dos Céus, pela qual, devem pautar o viver, os que pretendem habitar lá.

Quando todo alento for negado aos olhos, ainda assim, quem tem uma fé saudável, saberá onde reside sua segurança; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

As coisas visíveis tem um relevante papel, principalmente didático, para a revelação das que não podemos ver; “Porque as suas coisas invisíveis, (de Deus) desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles (Os incrédulos) fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Há tantas maravilhas para que vejamos! Todavia, quem tem olhos espirituais, por trás delas vê também O Maravilhoso Criador, que as fez, e deu ao homem o domínio sobre elas. “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Um dia faz declaração a outro, uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala, mas onde não se ouve a sua voz?” Sal 19;1 a 3

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