domingo, 30 de junho de 2024

Ilusionistas


“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos vossos altares.” Jr 17;1

Escritos em relevo; tanto o baixo, quanto o alto, podem ser lidos ao tato. Uma espécie de “Braille” mais antigo.

O fato dessa escrita estar gravada nas tábuas do coração é uma figura para a consciência culpada, de quem, recusava ver suas errôneas escolhas, demasiado evidentes, para que pudessem ser ignoradas.

Paulo aludiu a um “tato” espiritual que poderia encontrar a Deus, caso fizesse uma leitura honesta. Ensinou que O Criador limitou os homens no tempo e no espaço, “... para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;27

Há tênues aprovações e reprovações nas consciências, que, mesmo quem não aprendeu dos Divinos preceitos, se atentar a elas, pode agir de modo correto: “Porque, quando os gentios, que não têm Lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles Lei, para si mesmos são Lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente, sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15 Fragmentos do homem original, que apontam o que O Eterno aprova, e vetam o que Ele reprova.

Quando são nossos pecados, não a Deus, que nosso dom táctil percebe, isso significa que, já o conhecemos, sabemos ainda que em parte, Seus preceitos, e identificamos que nosso agir fica aquém deles. Tanto que, os pecados daqueles, além de estar gravado nas tábuas do coração, também estava nas “pontas dos seus altares.” Evidências de um culto hipócrita, de quem recusando-se à obediência, tentava “compensar” com oferendas.

Pois, altares eram locais de culto. Nesses, além de eventual adoração, se buscava o perdão para os pecados.

Quando, um lugar destinado à remissão, se torna um ambiente de pecado, implica que, alguma coisa está poluindo o culto, profanando o que deveria ser santo. A intenção impura, bem como o erro premeditado, fiado na Divina misericórdia, profanam aos cultos; assim, os altares onde deveria manar a remissão se fazem apenas testemunhas de novos pecados.

A figura do ponteiro de ferro gravando erros, também alude à resiliência na maldade; à hipocrisia estabelecida, de quem se recusa a mudar.

Não por acaso, no mesmo contexto, alguns versos adiante o profeta traz: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Quando nos “firmamos” em nossas espertezas religiosas, não mais alinhando nosso coração ao do Senhor, deixamos a possibilidade venturosa de paz com Deus, descendo para a masmorra da maldição.

“... faz da carne seu braço...” Isso, mesmo em ambientes de cultos. Se, a mínima desobediência a Deus arbitrar, teremos as digitais da carne, onde deveria gerir, O Espírito. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O traço primeiro da maldição é a secura espiritual, associada à cegueira; “Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;6

Desgraçadamente, a maldade enseja uma cegueira seletiva: “... não verá quando vem o bem...” pois, para o mal, os que confiam no próprio braço, onde deveriam fazê-lo, no Senhor, costumam enxergar mui longe.

O que o canhoto, que os domina, busca cegar, é o caminho que conduz a Deus; o demais, deixa ver, estimula até; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Pois, atualmente a coisa “progrediu” muito, infelizmente. Os cultos vazios de Deus, plenos de pantomimas paralelas que furtam à Palavra do Santo, grassam por toda parte, infelizmente. Cenários e artifícios, distraem às sonolentas plateias, e os magos empurram seus ilusionismos baratos.

Ministros mercenários, egoístas; invés de dispostos ao confronto em defesa da verdade, na maioria das vezes, traficantes de entorpecentes espirituais, distribuidores de “calmantes” mentirosos, por falta de ousadia e honestidade para denunciar pecados.

No mesmo contexto, ainda, Jeremias mostra o lado da moeda que nos convém; “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Vs 7 e 8

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