sábado, 15 de junho de 2024

Filosofia de vitrine


“Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Um próspero do agro tivera uma super safra, e pensava depositar seus bens para folgar por muitos dias. Quando cogitava em seus pródigos planos de vida mansa, lhe foi apresentada a sentença acima.

Parecemos entender o exato lugar das coisas, na prateleira dos valores. Nos colóquios diários, versamos da superioridade do ser, ao ter; da qualidade à quantidade, dos dedos sobre os anéis.

O falar pode ser mero exercício intelectual, para alheio apreço; o que fazemos, em última análise, expõe quais coisas nos são caras. Como não lembrar a sentença de pregadores medievais, em suas diatribes aos hipócritas? “O que és, fala tão alto, que não consigo escutar o que dizes.”

Paulo denunciou uns, cujas atitudes e falas andavam divorciadas; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16 A aprovação deriva da obediência, não, da eloquência.

As ações mostram a quem servimos, não as falas; “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Desafiados a por em prática nossas filosofias de vida, não raro, descobrimos que elas são de vitrines. Motejando dos que exageram nos tais “filtros” eliminando imperfeições em fotos, alguém definiu à presente geração, como sendo mui “filtrogênica”; aplicarmos a mesma “técnica” em nossas almas, também poderá “melhorar” nossa figura, aos olhos dos semelhantes; enquanto pioramos ainda mais, pela hipocrisia, diante de Deus.

Está na moda realçar pequenas porções, os chamados “cortes”, onde um palestrante, ou entrevistado, esposa algo de grande relevância, não pela relevância daquilo, propriamente, mas, pelos “frutos virtuais” de um “cristianismo” de performance, invés de compromisso, com a obediência, engajamento espiritual veraz, como nos convém.

Poderíamos por prudência, pegar, cada um para si, a sentença aquela, que acena com o estertor da vida terrena, e demanda pelos frutos que temos. “O que tens preparado?” Noutras palavras, se minha vida terminasse hoje, como eu romperia a fita?

Parece trágico, levar a preparação espiritual a extremos; todavia, é A Palavra que o faz. Sobre a efemeridade dos nossos dias, ensina: “Agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória assim é maligna.” Tg 4;13 a 16

O que se preparara para muitos dias, em acúmulo de posses, sem ter domínio sobre a vida, foi adjetivado como louco.

Em vista disso, A Palavra desafia-nos a uma resposta imediata quando a Voz de Deus, de alguma forma nos alcançar. “Portanto, como diz O Espírito Santo: Se ouvirdes hoje Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Heb 3;7 e 8 

Paulo também expôs essa urgência escrevendo aos cristãos coríntios: “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” II Cor 6;2

Quanto ao acúmulo de bens, para deixar vultosa herança também é duvidoso que seja a melhor coisa a se fazer. Há um provérbio japonês que diz: “Se o teu filho for mau, ele não merece tua herança; se for bom, ele não precisa.”

Logo, ensinar por todos os meios, especialmente o mais eficaz, o exemplo, para que valorizem mais o ser bons, que, ter bens, seria a mais proveitosa herança a deixar.

Os bilhões em prejuízos causados pelas enchentes recentes, mostram de modo doloroso, quão efêmeros são os bens materiais. O trabalho de muitas vidas foi desfeito de um dia para o outro.

Por isso, embora seja natural e saudável que trabalhemos visando prosperar, os valores eternos devem ser nossa prioridade. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mat 6;19 a 21

Os bens materiais se exibem na abundância; os espirituais, podem fazer boa figura mesmo em momentos de privação. “... como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão e tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1;3

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