segunda-feira, 3 de junho de 2024

Externa mente



“... se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.” Luc 17;3

A repreensão não encontra muito trânsito nesse mundo amoral, infelizmente. Estamos preparados para “curtidas e coraçõezinhos” nas coisas que partilhamos; mas, repreensão soa a intromissão, atrevimento; a maioria não suporta. “Quem não paga minhas contas não se meta na minha vida!” defendem-se, como se, dinheiro fosse o príncipe dos valores.

Mesmo alguém pagando meus boletos, se, depois tencionasse me inclinar a agir contrário ao que acredito, não teria minha adesão; poderia, o suposto comprador de almas, tomar seu dinheiro de volta e fazer melhor uso.

Viçam preceitos voláteis, “valores” camaleônicos que mudam, mudando o ambiente; repreensão visando corrigir, não raro, traz anexa alguma “fobia”; melindres do vitimista da vez se fazem a “Lei” à qual transgrediria quem ousasse repreender. A Palavra do Eterno é clara: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o...”

A destruição de fundamentos grassa como peste voraz; porém, o texto trata de dois que supostamente adotam os mesmos valores; irmãos, o que requer filiação espiritual comum. Quem foi chamado por Deus, deve se fazer dique, não, água corrente a levar consigo, as sujidades adjacentes. A Palavra do Pai é categórica: “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;7 e 8

A violação dos fundamentos, abafa à justiça. “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11;3 Isso nos deixaria “no pincel”, sem apoio.

Então, pra quem leva O Criador a sério, a grama segue sendo verde; o céu, em dias de tempo bom, azul; homem permanece homem; mulher, continua, mulher; perversão também não deixou de ser o que é, porque alguém assim o deseja.

Urge que se pare com essa balela de achar que anseios legitimam atitudes ímpias; narrativas substituem fatos. As coisas ainda são o que sempre foram, exceto, o sistema ímpio que perdeu os resquícios de pejo que tinha, e apodreceu mais. Para os que, a decência e a vergonha são lembranças remotas, um conselho: “... Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

Eventuais atitudes más, por nossa parte, são passíveis de reprovação contra nós, tanto quanto, as dos outros, de admoestação, correção, por nosso intermédio. “Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos.” Prov 8;12

Cada humano traz em si, uma “luz no painel” chamada consciência, que “acende” quando age mal. Contudo, mercê de interesses rasos, podemos ser tomados por rasgos de miopia, deixando de ver o que poderíamos. Outros, cauterizam-na, têm danificados seus “painéis” pela fiação dos valores, desconexa. Enfim, sempre que as advertências internas, por alguma razão não bastam para tolher nossas atitudes más, careceremos de outra, externa, em forma de repreensão. “Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11;31

Como os que fazem hemodiálise, pelo não funcionamento satisfatório dos rins, carecem de uma máquina que lhes filtre o sangue. Nesses casos, ninguém reclama da “intromissão” daquela no que seria um “direito” dos rins. Pois, os omissos quanto às luzes das próprias consciências, tendem a rechaçar quem evidencia suas miopias, uma vez que não se trata de poder ver, mas de querer; em geral, não querem.

Não são todos, felizmente. “... se ele se arrepender...” nalguns casos, a repreensão inda é bem-vinda, embora, esses ditosos eventos sejam cada vez mais raros.

Foi, precisamente por desejar aprovação, vivendo, cada um à sua maneira, que os religiosos rejeitaram O Salvador, na Sua época; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

“... perdoa-lhe”.
Muitos visando realçar o perdão, esquecem de colocá-lo, no nicho correto. É mandamento que devemos cumprir; mas, só é possível quando, quem está endividado, se arrepende. Essa coisa leviana de “botar uma pedra em cima”, duma maldade recebida que ainda não encontrou arrependimento, é como negar uma doença, achando que a negação trará cura.

Perdão faz mais bem, para quem o dá, que, para quem o recebe. É medicina para nossas almas. Mas, reitero, é via de mão dupla. Setenta vezes sete, em caso de arrependimento; ou, atrofia da alma, do que se recusa a admitir seus erros. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

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