terça-feira, 25 de junho de 2024

A dor de viver


“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;” II Cor 4;17

Quais foram os sofrimentos de Paulo por amor a Cristo, aos quais, chamou de leve e momentânea tribulação? Um pouco, narrou:

“Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, de salteadores, dos da minha nação, dos gentios, na cidade, no deserto, no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes; fome, sede, jejum muitas vezes, frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” Cap 11;24 a 28

Tendo sofrido essas coisas, valorou-as como leve e momentânea tribulação; no verso seguinte explicou: “Não atentando nós nas coisas que se vê, mas nas que se não vê; porque as que se vê são temporais, as que se não vê são eternas.” V 18

Vendo nossas dores apenas da perspectiva terrena, duvidaremos da sapiência de servirmos a Jesus Cristo. Dado que, os que levam as vidas às suas errôneas maneiras, eventualmente, não sofrem nada semelhante.

A sina dos maus, em geral parece muito melhor que a nossa. Coisa que observou Asafe; “Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais do que o coração poderia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os Céus, suas línguas andam pela terra.” Sal 73;5 a 9

Chegou a cogitar que preservar-se na pureza tivesse sido má escolha; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência. Pois todo dia tenho sido afligido, castigado cada manhã.” Vs 13 e 14
Depois, refez: “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de Teus filhos.” V 15

Então, fez a leitura correta de como toda aquela prosperidade e opulência arrogantes eram efêmeras. “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” Vs 17 a 19

Ninguém consegue fazer uma leitura acurada do propósito da vida, sem entrar no Santuário de Deus.

As dores necessárias para quem abraça a santidade num mundo que prefere o pecado, podem ser aquilatadas como “breve e momentânea tribulação,” porque são vistas tendo a eternidade como “pano de fundo”. Quem não consegue ir além do imanente, achará qualquer, frustração, mera, pontual, um sofrimento muito grande.

Por isso Paulo aconselha a “atentarmos para as coisas que não se vê”, pois, em contraponto com elas, nossas dores, por grandes que sejam, se nos mostrarão com um peso bem menor. Na eternidade nossa riqueza nos espera: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

A maturidade espiritual não prescreve que neguemos as dores que sentimos, tampouco, sejamos insensíveis à dor do próximo. Apenas, ampliando o horizonte do nosso ponto-de-vista, os dias de dores empalidecem ao gozo que está proposto.

Há uma qualidade didática nas dores, para nosso aperfeiçoamento, tanto que, O Senhor prefere passar por elas conosco, a livrar-nos; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Enfim, vida eterna, diferente do que possa pensar alguém desavisado, não é uma dádiva que receberemos após a morte; é um modo de viver a nós prescrito, que deve começar agora, ainda na fragilidade da vida terrena; “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12

Tem sua dieta peculiar: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Sua academia: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Dores são inevitáveis, mas, produzirão um “peso de glória excelente”. Vida sem sofrimento, não é, necessariamente, vitoriosa; pode ser a oposição ninando nosso berço, para que sigamos dormindo. “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tormenta que te mantém acordado.”

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