domingo, 25 de fevereiro de 2024

A nova dieta


“Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração...” Deut 6:6

Como seria possível que, uma ordem recebida fosse albergada no coração? Normalmente, nossos corações acarinham as coisas com as quais se identificam.

Embora tenha grande apelo moral e poético, até; a sentença do salmista: “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11 No prisma prático, isso não se verifica com frequência.

O “combustível” necessário para que façamos esse providencial esconderijo, está atrelado a duas coisas: Discernimento, e amor-próprio. A primeira vítima quando nosso coração se engana, somos nós.

O discernimento capacita-nos a entender o fim dos Mandamentos Divinos; “Ouve, filho meu, e aceita Minhas Palavras e se multiplicarão os anos da tua vida.” Prov 4:10 Invés de limites a castrarem nossos “direitos”, As Divinas Palavras são cercas a nos guardar das ameaças, dos perigos.

Sabendo que algo foi dado para seu próprio bem, pois, apenas carente de amor-próprio, inconsequente, alguém agiria de modo a semear atitudes, cuja ceifa, redundaria em danos; “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6:7

Muito além de um capricho Divino, um formalismo para fins estéticos, como se a verdade atinasse mais à aparência que a essência, A Palavra de Deus, atina a vida e morte. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30:19

Assim, a obediência daqueles que a alcançam, mais que um serviço ao Eterno, é uma prova cabal de desejo de vida, sentimento de preservação; embora, O Santo mereça ser amado e honrado, quem O obedece, ama primeiro a si mesmo.

A obediência passa longe das humanas tendências naturais; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Na queda, invés de um upgrade espiritual, como prometeu o traidor, o homem caído foi lançado na escravidão das paixões carnais.

Sabedor disso, O Criador prometeu trocar a “peça” que não funcionava mais, segundo o projeto original, o coração humano; “Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez 36:25 e 26

Cristo chamou a esse “transplante de órgãos” de “nascer de novo.” Condição indispensável pra que possamos ver, ou, entrar no Reino dos Céus. Ver Jo 3;3 e 5

Mesmo nos convertidos que ganharam novo coração, espiritual, em princípio, a obediência não é fácil. Até, após edificados, ainda enfrentam grandes pelejas, dado que o antigo coração se bate, a “revirar no túmulo” desejando voltar à vida. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Notemos que, não são os maus desejos, eventuais, de nossos corações, que sofrerão juízo; antes, aqueles que, tendo palpitado na arena dos desejos ganham depois, o teatro das ações.

Após certa maturidade espiritual, nossos fins deixam de ser infantis, derivados apenas do amor-próprio; então, pelo exercício nas coisas espirituais e as consequências que esse traz, passamos a ter prazer nas coisas que, antes fazíamos apenas pelo temor.

Além do discernimento primário, para entendermos o objetivo das Divinas restrições, o aperfeiçoamento espiritual amplia em nós essa qualidade, pela qual, podemos valorar tudo, segundo o padrão celeste. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

As coisas que, na infância espiritual davam pesado trabalho, na maturidade dão prazer. Esse “paladar adquirido” é prerrogativa de poucos, infelizmente. 

Onde o ímpio busca seus prazeres, o que teme a Deus encontra seus “nãos!” “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1:1

Onde o ímpio nem ousa se aproximar, o homem espiritual vive seu deleite; “... tem seu prazer na Lei do Senhor, na Sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1:2

Enfim, guardar a Divina Palavra no coração parece uma “barra forçada”, como seria, querer que um lobo comesse grama. Aos que ousam, porém, O Eterno transforma-os em ovelhas; o que, antes fora indigesto, torna-se sua dieta favorita.

Uma pitada de sal


“Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.” Mc 9:50

Estariam os discípulos sem sal? Sal foi usado como uma figura de linguagem, significando sobriedade, probidade, coerência, virtude... Paulo escrevendo aos colossenses aconselhou: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como convém responder a cada um.” Col 4:6

Essa figura é o desdobramento dum preceito entregue no Antigo Testamento. Naqueles dias era imprescindível a adição de sal à carne dos sacrifícios, sob pena de, em um clima quente, a mesma entrar em decomposição, cheirar mal. Então foi ordenado: “Todas tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2:13

Era o elemento a inibir a corrupção das oferendas; assim, integridade, probidade e verdade, são substâncias necessárias no “tempero” que devem ter os renascidos em Cristo, como ensinou Paulo: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19

No contexto, encontramos João dizendo: “... Mestre, vimos um que em Teu Nome expulsava demônios, o qual não nos segue; nós lhe proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lhe proibais...” Mc 9:38 e 39

Sal em mim mesmo, é quando eu busco meu aperfeiçoamento nas virtudes de Cristo; se, meu “cristianismo” se resume a avaliar o comportamento alheio, aprovando isso, vetando aquilo, atuo como que, pretendendo ter “sal” nos outros; atento mais aos alheios defeitos, que aos meus; a esses eu poderia corrigir; aqueles, escapam da minha alçada.

Assim, busquem ser virtuosos, mais do que, críticos dos erros alheios, é o sentido do, “tende sal em vós mesmos.” O Senhor que “chama às coisas que ainda não são como se já fossem,” disse: “Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.” Mat 5:13

Estritamente, ainda não eram; mas, estavam na escola onde deveriam aprender para serem feitos, então, sal da terra.

Por ocasião do lançamento da música “Evangelho de Fariseus” muitos e alegram apontando seus dedos, aos alvos da música, como se, eles estivessem acima da crítica.

Tendemos a pegar erros alheios como remidores dos nossos, quando, deveríamos tê-los como lupas, para melhor ver nossas falhas, como disse o sanitarista Oswaldo Cruz: “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.”

A perspicaz capacidade crítica, revela minha culpa, se, incido nas coisas que deploro; “Tu, pois, que ensinas a outro, não ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na Lei, desonras a Deus pela transgressão da Lei?” Rom 2;21 a 23

Não significa que o mal ao nosso redor deixe de ser o que é, apenas porque, eventualmente, também tropeçamos. Ló em Sodoma se afligia pelo que via e ouvia ao seu redor.

O cuidar de si mesmo deve ser prioridade, não, nosso limite. O Salvador expressou: “Por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” Mat 7:3 a 5

O fato que devemos ter sal em nós mesmos não nos restringe, ao ponto de não nos “intrometermos” nos erros alheios. É próprio do sal, não existir para si mesmo. Antes para servir em prol dos outros. Assim, o bom porte, a idoneidade de quem professa O Santo Nome, é seu sal; a autoridade derivada daí, permite que, oportunamente, “salgue” ambientes onde a virtude cristã é necessária.

Ao invés do sujo apontar ao mal lavado, como vulgarmente se diz, deve o obediente ter autoridade moral, para corrigir aos que assim não fazem. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10:4 a 6

Os que deixaram a sanidade de Cristo pelas comichões do mundo, confundiram fermento com sal.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Nossas mortes


“Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3:3

Estar morto tendo a vida escondida soa meio contraditório. Normalmente, pensamos que estar morto é estar privado da vida, não, escondendo-a.

Confesso que muitas “contradições” verbais, deram nó em meus neurônios no início da caminhada. Tipo: “Quem achar sua vida perdê-la-á; quem perder sua vida, por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 10:39

Há quatro tipos de morte que precisamos entender. Um, atinente ao corpo e suas funções; cessação da existência, que todos conhecem. Outro, relativo ao espírito e seu relacionamento com o Criador. Alienação do homem em relação a Ele equivale à morte, pois, cortado o liame que liga à Fonte da Vida, o espírito “vegeta;” sabe a diferença entre bem e mal, porém, incapaz para fazer as escolhas certas.

“Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus; mas, vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento; me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.” Rom 7:22 e 23 Dilema do pecador com espírito “morto”, ainda aprovando às coisas certas, porém, mercê d’alma que age em consórcio com o corpo e suas misérias; escravo.

A morte do espírito é, antes que morte, uma ruptura de relacionamento. O que O Salvador figurou como “novo nascimento” a rigor, é uma reconciliação; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19 Assim foi a morte de Adão, quando pecou e teve medo de Deus; viveu muitos anos ainda; porém, fora da comunhão com O Criador.

A terceira “morte” é relativa à alma; renúncias às quais ela é chamada para que possamos ser salvos. O “negue a si mesmo” é uma “morte voluntária;” na verdade, mortificação. Todos os apelos pecaminosos dela e do corpo devem ser “crucificados”; esse é o sentido de tomarmos nossas cruzes para seguirmos a Cristo. Tal crucificação não mata, literalmente, mortifica, trata aos maus desejos como mortos, preservando nossa vida.

“Já estou crucificado com Cristo; vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” Gál 2:20
À medida que O obedecemos integralmente, é como se Cristo vivesse em nós; de novo, o Verbo se faz carne, em nossa carne, dessa vez; desde que, vivamos em obediência tal, que possamos dizer como Paulo: “Cristo vive em mim.”

Como O Salvador colocou a Vontade do Pai antes da Sua, obediente até à morte, somos chamados a nos identificarmos Nele, em plena obediência, às últimas consequências. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6:3

Por isso o ensino: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus... (que) esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2:5, 7 e 8 Eis o sentido do “ser batizado na Sua morte!”

Por fim, a quarta morte que a Bíblia chama de “segunda morte”; o banimento final, quando não haverá mais possibilidade de voltar a Deus.

“Quem tem ouvidos, ouça o que O Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.” Apoc 2:11

Quando Paulo fala que estamos mortos e nossa vida está escondida em Deus, refere-se ao “velho homem”, que vivia à sua maneira, alheia ao Criador.

Noutra parte amplia a ideia: “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4:22 a 24

Enfim, o fato de estarmos “mortos” faculta que pertençamos a Cristo sem necessidade de cumprimos à Lei de Moisés; como uma viúva pode casar outra vez, pois está livre do antigo compromisso, que foi “anulado” pela morte. “... morto o marido, livre está da lei; logo, não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de darmos fruto para Deus.” Rom 7:3 e 4

Então, voltando ao ponto de partida encontramos: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Col 2:16 e 17

Se as pessoas soubessem quanta vida há em nossas mortes, tomariam a santa cruz, também.

Com, ou contra, Cristo


“Foram ter com Jesus e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo e temeram. Os que aquilo tinham visto contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado, e acerca dos porcos. Começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos. Entrando Ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com Ele.” Mc 5:15 a 18

Não que O Senhor fosse polêmico pelo prazer de ser; mas, onde Ele aparecia sempre ensejava divisões. Uns poucos, como o que fora possesso e liberto, desejavam seguir com O Salvador. Outros muitos, desejavam que O Mestre “saísse dos seus termos.”

Reflexo necessário da dualidade do mundo habitado pelo homem, desde a queda. Por ser Jesus, A Verdade, e ter a mentira se imiscuído na Obra de Deus, quando da intromissão do “profeta alternativo” que seduziu a Eva, desde então, os homens estão de um lado, ou de outro. Não há meio-termo.
Ou desejam estar com a verdade, mesmo que, eventualmente, essa lhes seja desfavorável; ou refugiam-se na mentira. Preferem que Cristo se mantenha a uma “distância segura.”
Embora seja possível evitarmos os apontamentos externos da verdade, quanto aos nossos passos, uma centelha de Deus ficou no ser humano, mesmo caído; a consciência.
Essa pode ser ignorada, contrariada, resistida e por fim, cauterizada; porém, jamais se corromperá de modo a alterar os valores originais, segundo os quais, foi posta em nós, como árbitro.
Como as agulhas das bússolas, necessariamente, apontam para o norte, as valorações da consciência sempre se alinharão à vontade do Criador. Os ímpios de tanto a rejeitarem, mortificam; os convertidos a têm vivificada, realinhada ao Divino querer. Feita obreira de uma mudança tal que, o espírito humano, antes impotente para ouvir e obedecer a Deus, nasce de novo; expressão que O Salvador usou para nomear a regeneração dos que creem.
Para pessoas que aquilatam às coisas pelo custo, não ela essência, o evitar dissenções, polêmicas, em nome da união, parece a coisa certa a fazer, sempre. Todavia, quem aprendeu aquilatar as coisas em face ao fim que conduzem, não foge à luta, quando valores que lhe são caros estão ameaçados.
Inclusão e tolerância são as palavras da moda. Porém sendo o Reino dos Céus o alvo, como poderia alguém ser “incluído” lá, senão, segundo os termos do Rei? E, quem disse que, a manifestação da verdade onde impera majoritariamente a mentira, seja sinônimo de intolerância? Ou, que a tolerância seja um valor supremo, em nome do qual, outros devam ser sacrificados?
Há muitas coisas que Deus não tolera e requer que, os que pretendem ser Dele, não tolerem também; mantenham-se separados.
Vejamos “intolerâncias” necessárias para preservação de nossa comunhão com O Eterno: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Eu serei seu Deus e eles serão Meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; serei para vós Pai, e sereis para mim filhos e filhas, Diz O Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6:14 a 18
Os que, em nome da paz inter-religiosa, negociam valores, doutrinas, silenciam consciências, abandonam veredas antigas, como fazem os muitos adeptos do ecumenismo, foram cegados pelo inimigo, na ilusão de que seja possível um meio-termo; não é. Ou estamos com Cristo, ou contra Ele.
Nos dias de Jeremias O Senhor já advertia contra o abandono das veredas justas, pelos inclinados às tendências ímpias paralelas, mais que à vontade do Eterno. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6:16
Embora expresso de modo categórico, muitos ainda não aprenderam em quê, consiste, a salvação. “Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” Mat 16:25
Não significa que devamos ser intolerantes com as pessoas que creem diverso de nós. Todavia, não assassinemos o sentido das palavras. Tolerar é conviver em paz com o diferente, não concordar com seus valores, escolhas.
Assim como, na política, tiranos fazem efusivos louvores à democracia, para abrir caminho rumo aos seus sonhos de ditadura, também na esfera espiritual, se tecem rasgados elogios à paz, se isso interessa ao canhoto, em sua guerra suicida contra O Todo Poderoso.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Crentes seletivos


“Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela...” II Tim 3:5

Paulo alistou duas dezenas de características dos homens dos últimos dias, por causa dos quais, classificou a esses dias, como “tempos trabalhosos.”

A última “qualidade” é essa: Hipocrisia. Tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Vestindo uma capa de religiosidade, sem os traços que a conversão produz.

Ao não se submeterem às transformações necessárias, criam simulacros, imitações baratas, para ostentar certa igualdade para com os probos, embora, sejam oposição a eles. “Como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento, réprobos quanto à fé.” V 8

Como aqueles resistiram a Moisés? Imitando aos sinais que ele fazia. Até onde foi possível ludibriarem mediante seu ilusionismo, foram fazendo o “mesmo” que Moisés fazia. Entretanto suas magias baratas acharam termo, quando, Moisés, pelo Divino Poder, transformou poeira em piolhos. “Os magos fizeram também assim com seus encantamentos para produzir piolhos, mas não puderam; havia piolhos nos homens e no gado. Então disseram os magos a Faraó: Isto é o Dedo de Deus.” Ex 8:18 e 19

Até então, podia ter parecido mero duelo de espertezas, concurso de magia. Porém, chegou o momento deles reconhecerem que O Eterno, não reles truques, estava na origem dos sinais operados por Moisés. Acaso se converteram? Não há registros que tenha acontecido.

Quem se converte normalmente passa por uma sequência emocional que inclui contrição, tristeza, arrependimento, e uma mescla de temor com alívio, esperança, após o convertido “se esconder em Cristo.” Não há sentimento de emulação, uma pré-disposição para competir, desejo implícito de se afirmar onde está, mesmo estando errado, como se verificou nas atitudes daqueles.

Em Cristo, bem mais que “O Dedo de Deus” foi revelado; “O Senhor desnudou Seu Santo Braço, perante os olhos de todas as nações; todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.” Is 52:10 Ainda mais que O Braço: Cristo falou-nos, da parte de Deus, “... sendo o resplendor da Sua Glória, a expressa imagem da Sua Pessoa...” Heb 1:3

Embora essa “Divina Exposição” tenha sido “Perante os olhos de todas as nações”, adiante o profeta perguntou: “Quem deu crédito à nossa pregação? A quem se manifestou o Braço do Senhor?” Is 53:1

Se invertermos a ordem das orações teremos uma resposta bem plausível: “A quem se manifestou o Braço do Senhor? A quem deu crédito à Nossa pregação.” Afinal, quem Duvida da Divina Revelação, implicitamente chama Deus de mentiroso; “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5:10 Ele não costuma se manifestar a quem blasfema assim.

Por menos que isso se mantém separado dos ímpios; “As vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; os vossos pecados encobrem Seu Rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59:2 Em Seu Ser Bendito, Deus se mantém apartado dos pecados; “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13 Cristo careceu esvaziar-se da Sua Glória, para poder nos buscar dadas nossas tantas falhas.

Uma característica dos que tinham só aparência sem o concurso da eficácia da piedade, era que eles eram homens, “... corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.” II Tim 3:8 Notemos que a fé não opera num vácuo, como se bastasse crer. É preciso crer e agir segundo se crê, para que sejamos aprovados.

Outro aspecto: O “entendimento” desses farsantes não é errado pela limitação dos tais; antes, por eles terem um “sócio”, um corruptor que os instiga por veredas contrárias às prescritas pela fé.

Quem é um “crente seletivo”, que escolhe em quais porções da Palavra acreditar, e quais rejeitar, perde-se por falta de integridade.

Essa parcela de incredulidade, derivada do amor aos prazeres, mais que à verdade, enseja, em sua dúbia alma, uma “cabeça-de-ponte” para o desembarque do trevoso mor, que “aperfeiçoará” seu trabalho sujo, apagando feixes eventuais de luz que, persistiam, apesar da dubiedade. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4:4

Desgraçadamente, muitos descompromissados com a fé bíblica, insistem em transitar em ambientes santos, como se, eventual proximidade com a luz bastasse, para purgar as densas trevas onde morrem presumindo viver.

Deus não coleciona casulos. Dá asas aos que, Nele, decidem voar. “Porque, quanto ao Senhor, Seus Olhos passam por toda terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele...” II Cr 16:9

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Os fariseus e as pedras


“... Simei, assim dizia: Sai, sai, homem de sangue, homem de Belial. O Senhor te deu agora a paga de todo o sangue da casa de Saul, em cujo lugar tens reinado; já deu o Senhor o reino na mão de Absalão teu filho; eis-te agora na tua desgraça, porque és um homem de sangue.” II Sam 16:7 e 8

Enquanto Davi fugia de seu próprio filho, Absalão que tentava tomar-lhe o reino, Simei um benjamita saudoso do reino de Saul apedrejava e amaldiçoava-o, ao risco da própria vida. Abisai pensou calar sua boca. “... Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.” V 9

Porém, Davi não permitiu; “Eis que meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura a minha morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lhe disse. Porventura o Senhor olhará para minha miséria e me pagará com bem a sua maldição deste dia.” V 11 e 12

O rei bem sabia que a permissão da espada no seio da sua família tinha sua participação. Fora a sentença do Senhor mediante Natã o profeta, quando do assassinato de Urias, e o adultério do Rei com Batseba.

Todavia, esses erros não legitimavam as pretensões de Simei, tampouco faziam verdadeiras as acusações desse contra Davi.

Poupara a vida da Saul duas vezes, preferindo fugir a matá-lo, quando esse estivera ao seu alcance. Portanto essa acusação de usurpação sanguinária do reino era falsa.

Quem alberga invejas, mágoas, sempre servir-se-á de algum momento de fragilidade, provação de seu invejado para “crescer” contra ele, como se, o momento ruim de outro fosse sinônimo da validação de suas escolhas. Davi agiu com sabedoria, deixou rolar; no devido tempo, a cabeça do amaldiçoador oportuno, rolou também.

Por ocasião do lançamento de certa música chamada “Evangelho de Fariseus” onde a autora, Aimée Rocha critica o “sistema gospel” atual, a indiferença egoísta dos “cristãos” modernos, ouvi os mais controversos discursos. Uns advertindo contra a hipocrisia; pois, a referida música ganhou notoriedade e mídia, graças a uma promoção do “sistema” que a letra critica.

Os mais exaltados dizem que ela “calou a boca de todos os pastores”, desmascarou-os. Nomes como Caio Fábio, Hermes Fernandes e Lanna Holder, aplaudiram efusivamente a difusão de tantas “verdades”, na referida canção.

Com o devido respeito, mas os três citados me lembraram ao Simei apedrejando Davi. Que o rei tinha sua culpa e seus problemas, A Palavra, não omite. Todavia, a acusação do caroneiro do infortúnio alheio não fazia o menor sentido, tampouco seu comportamento insano e suicida, se justificava.

Que há mercenários, desvio de função nos pregadores do Evangelho atual, de acordo, infelizmente. Mas a generalização coloca no mesmo barco gente que navega em águas diferentes.

Os três citados têm sua bronca contra “O sistema” cada um por suas razões. O que têm em comum, é sua simpatia pelos “cristãos” LGBTs. Hermes chegou a discursar empolgado dizendo que os Fariseus trazem consigo seu “fermento”, do qual nos devemos guardar, que seria a “homofobia, o moralismo...”

Se, farisaísmo é isso, então sou fariseu também. Fariseu originalmente significa “separado”; mas como os que se pretendiam assim, se revelaram hipócritas, nos dias do Salvador, a palavra meio que mudou o sentido, passando a tornar-se sinônimo de hipócrita.

Entretanto, rejeitar práticas que A Palavra de Deus rejeita, está longe de ser hipocrisia; está mais para ortodoxia. Quem disse que o antídoto ao moralismo seja a imoralidade?

Claro que “Davi” está mal outra vez; digo, a igreja professa está eivada de problemas. Mas, não serão os que escolhem se desviar “sacralizando” imoralidades que ajudarão na cura dela. 

Deixemos que apedrejem, pois; na hora da separação entre o joio e o trigo o “Separador” não cometerá injustiças.

Sempre oportuno lembrar certa frase citada pelo Padre Paulo Ricardo: “Queres conhecer a estatura a motivação espiritual de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.”

Quem vibra com tropeços da Igreja, admitindo ou não, luta contra ela. Está a serviço de quem? 

Gosto de uma frase de Oswaldo Cruz: “Observando aos erros alheios, o homem prudente corrige aos seus.”

Pois, “Simei” observando às falhas alheias, sente-se justificado nas suas. A Palavra é categórica sobre as consequências de nossas escolhas, aprovações. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14:22

Se o erro dos “Fariseus” atuais é fazerem as coisas ao seu gosto, a despeito do que A Palavra ensina, ordena, que moral têm os que adotam a imoralidade sexual como padrão comportamental, para atirarem pedras? Seremos medidos com a mesma régua que medirmos. Que tal guardar as pedras?

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Cegueira voluntária


“Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, de Belém, aldeia de onde era Davi?” Jo 7:42

Tumulto em Jerusalém, por ocasião da Festa dos Tabernáculos. Jesus, se Ele era O Messias ou, um enganador, pautava as discussões. Embora, os simples se espantavam com Seus sinais e Sua Doutrina, os religiosos eram resistentes; não raro tinham um “argumento teológico” para rejeitar ao Senhor.

Quando Nicodemos, que era simpático à Pessoa do Senhor falou em preservar o direito de defesa, antes de se julgar, objetaram: “... És tu também da Galileia? Examina, e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu.” V 52

Ora, porque não seria de Belém; outra porque era galileu. Em ambos os casos, O Mestre não “encaixava” na perspectiva teológica deles.

O que havia de fato? Que a promessa do surgimento do Salvador estava atrelada a Belém era verdade. “Tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Miq 5:2

Uns trinta anos antes houve certo tumulto em Jerusalém, quando sábios orientais vieram visitar ao Rei recém-nascido, com o testemunho de alguns pastores. Certo que depois, Herodes ordenou a matança de inocentes. Teriam eles esquecido, ou, acreditado que a sanha assassina de Herodes bastara para frustrar os Divinos planos?

Igualmente olvidaram, que, Moisés também viera sob um decreto de morte contra os varões recém-nascidos e fora guardado?

Tivessem anotado o tempo daqueles eventos e somado dois mais dois, entenderiam com que idade o Rei estaria, caso tivesse sido preservado pelo Eterno. Uma meditação assim bastaria, para abalar suas “convicções teológicas”.

Entretanto, quando grassa uma pré-disposição contrária, nem as mais diáfanas evidências bastam, para desfazer a sombra dessa.

Já que eram tão bons em teologia, poderiam ter feito uma separação necessária, entre as duas vicissitudes na vida do Rei que viria.

Para Deus, de Belém; “De ti Me sairá...” Porém, para o povo, para efeito de iniciação ministerial, a profecia falava justamente da Galileia. “Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galiléia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Is 9:1 e 2

Assim, invés do “examina e verás que da Galileia nenhum profeta surgiu”, deveriam dizer: “De fato, Isaías profetizou que a fulgor primeiro do ‘Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Príncipe da Paz’, seria visto na Galileia.”

O “problema” do Messias não era sua falta de afinidade com as profecias; antes, a falta de identificação com a hipocrisia dos religiosos da época. Caso Ele validasse a farsa deles, teria sido aceito.

Todavia, denunciou: “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3:20 e 21

A falta de “encaixe” do Salvador não era com as revelações bíblicas; antes, com o modo de vida dos religiosos.

Atualmente a coisa anda por caminhos semelhantes. Porque Sua Palavra rejeita o modo perverso de vida, que grassa, falam em alterar porções, atualizar, modernizar às Escrituras, para que essas se amoldem, ao gosto de gente que não gosta de Deus.

Invés de apresentar genuinamente a mensagem, para a cura das almas, pretendem declarar “sãos” aos doentes, por decreto, vetando, tolhendo a ministração do seu bálsamo, sob a pecha de “discurso de ódio.”

Outrora os “pitacos teológicos” eram reservados aos mestres religiosos; hoje, nulidades como Anitta, Xuxa, Filipe Neto, Baby, Ivete Sangalo, etc. todos têm algo a dizer sobre os Caminhos Divinos.

A mesma Palavra ensina quem pode tomar O Santo Nome nos lábios sem culpa. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19

Quem quer tumultuar para seguir vivendo à sua maneira terá matéria-prima farta, oferecida pelo canhoto. Porém, quem desejar ver as coisas como são, resolva primeiro a questão da vida espiritual, arrependa-se para salvação, depois, entenderá tudo o que necessitar.

O Senhor ilumina; mas, não coloca Seus unguentos caros, em vasos sujos; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos.” Prov 2:7 e 8