sábado, 3 de fevereiro de 2024

O alvo, no tempo


“Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer...” Ecl 3:1 e 2

A um apreço superficial, estará ensinado o fatalismo. Cada um tem um tempo certo para morrer; quando chega sua hora, “maktub”, estava escrito, tinha que acontecer; será?

A Palavra advoga que cada coisa tem seu tempo determinado. Todavia, não é sábio levarmos isso às últimas consequências sem pesquisar a existência de possíveis variáveis.

Ontem ouvi, acerca da jovem que faleceu em São Paulo, durante uma relação sexual; “chegou a hora dela.” Assim pensa o fatalismo. Embora arbitrários, seríamos meros títeres dos deuses, de Deus, da Providência, do Fado, da Sorte...

Começa por aí; o arbítrio perderia o sentido se, não nos coubesse sermos consequentes. Se, nossas escolhas não fossem como semeaduras, das quais, é lógico esperar o fruto de uma colheita correspondente.

O mesmo Eclesiastes traz: “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” Ecl 7:17 De novo a ideia que há um tempo para morrer; porém, agora anexo o aviso que podemos abreviar esse.

Os homens antediluvianos vivam na casa dos 900 anos; à medida que os efeitos do pecado foram incidindo, a coisa foi diminuindo.

Naqueles dias, O Eterno lamentou a situação; o homem que fora criado para a comunhão com O Criador, após a queda, se fizera inimigo, dado a contendas, avesso à obediência. Cansado desse indesejável pleito, O Senhor decretou, quando preparava o juízo pela água: “... Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.” 6:3

Os dias da humanidade, antes do juízo, de então. Porém, após o dilúvio, a expectativa de vida caiu bruscamente. Em geral os mais longevos ficaram aquém dos 150 anos. Para quem vivia 900, “nem chegaram a se criar” como diria o humorista.

O limite de tempo é um plano genérico de Deus, que, se dentro dele não fizermos escolhas deletérias, que abreviem nossos dias, chegaremos a ele. Aquele que vive em obediência aos mandamentos Divinos, em comunhão com o pai, cuida da saúde, não se expõe a riscos desnecessários, frui de todo o tempo que foi dado a ele sobre a terra; “Na velhice irás à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo.” Jó 5:26

Diz mais: “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que O Senhor É Reto.” Sal 92:14 e 15

Alguns têm encurtados seus dias por escolhas meritórias; os mártires. Os que preferem morrer a negar a Cristo. Certamente a eternidade mostrará esses com recompensas acima da média, por tão grande e santa ousadia.

Uma coisa elementar, não tanto em voga atualmente, que, se observada prolongará os dias das nossas vidas é honrar pai e mãe; “Honra a teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” Ef 6:2 e 3

Voltemos ao texto já visto: “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” se, formos tão ímpios que a coisa soe a loucura, abreviaremos os nossos dias, morrendo antes do tempo.

Mais que uma duração, estritamente, nossa redoma de tempo e espaço tem um objetivo a ser alcançado, enquanto estivermos nela; “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17:26 e 27

O tempo que deveria ser bem usado buscando ao Senhor, e vivendo em comunhão com Ele, a maioria desperdiça em pecados, chamando de “curtir a vida”. Maneira tosca pela qual entendem suas sinas “Walking Dead.”

Antes de supor fazer algo com a vida, é preciso ter uma; maioria apenas existe, estando espiritualmente morta. “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5:24

Não significa, porque é desejo do Eterno que o encontremos em tempo, para salvação, que Ele anulará as consequências das nossas escolhas, como tardiamente entenderam alguns; “Passou a sega, findou o verão, e não estamos salvos.” Jr 8:20

Malgrado, o tempo que resta antes do juízo, a Palavra da Vida sempre é apresentada em regime urgência, pois, a morte está à solta, com muita fome; “Hoje, se ouvirdes a Sua Voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação.” Heb 3:15

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Os princípios


“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3:11

No caso do cristianismo, a Doutrina de Cristo, Seus ensinos são os princípios que devem reger nossa fé, os valores que a pautam; figuradamente, o fundamento da nossa casa espiritual.

Entretanto, mesmo adotando, alguém, os princípios corretos como normas, ainda assim, pode se conduzir de modo indevido.

Paulo ilustrou pecados de conduta, como edificar sobre o devido fundamento, porém, com “material de construção” ordinário, incapaz de suportar os testes necessários. “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3:12 e 13 Se devem resistir ao “fogo”, apenas coisas não combustíveis estão à altura da necessidade.

Tanto podemos errar escolhendo um fundamento espúrio; quanto, estando no correto, conduzir-nos de modo inadequado. Há pecados de princípio, e de conduta.

Muitas vezes vi, gente usando lapsos de conduta de uns, para “justificar” erros de princípios de outros. Quem jamais viu fotos de “casais” gays, por exemplo num suposto tratado amoroso com filhos adotivos, e a legenda: “melhor que aquele que faz filhos e os abandona, são os que, mesmo não gerando-os lhes dão amor e carinho.” A atitude relapsa dos pais biológicos usada como “apoio” ao homossexualismo, um grave erro de princípio. Quem tenta se lavar com lama, suja-se ainda mais.

Ou um cristão que, num momento de fraqueza, tropeça falando o que não deve, fazendo até; quem vê de fora, porque nunca ousou se aproximar de Cristo, logo usa esse tropeço como atenuante da sua incredulidade; “que adianta ir na igreja e fazer isso; por isso que não vou.”

Há inúmeros cristãos maduros que não cometem mais erros grosseiros, e nenhum desses, observando-os diz: Se pertencer a Cristo transforma em seres probos assim, então eu quero também. A virtude alheia desconforta quem anda errado; o erro “justifica”, por isso precisam desses mais do que, daquela.

O que os princípios têm de bom, além da essência é a abrangência. Em Efésios por exemplo, traz: “Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;” Ef 5:18

Um ébrio amante da embriaguez poderia defender que só o vinho foi vetado; whisky, cerveja, cachaça, conhaque... estão liberados. Não. O que o texto ensina é o princípio da não embriaguez; isso inclui todo tipo de bebida embriagante, inclusive drogas, cujo torpor é semelhante ou pior.

Também não há um texto que proíba de passar no sinal vermelho, desobedecer a sinalização de trânsito; nem poderia. Como fica então? Podemos dirigir de qualquer maneira? Está tudo liberado? Não.

Embora os meandros do trânsito não tenham sido abordados nas Escrituras, há nelas princípios que devem nortear nossas vidas em todas as áreas. “Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que há foram ordenadas por Deus... Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, terás louvor dela.” Rom 13:1 e 3

O princípio da obediência às autoridades, disciplina-nos quanto ao trânsito, mundo virtual, direito autoral e outras coisas não mencionadas diretamente nas Escrituras.

As igrejas “inclusivas” que se dizem de Cristo, mas advogam como lídimo o comportamento homossexual, tentam edificar com palha, pela rejeição à Palavra, no que concerne ao comportamento deles.

O Eterno mesmo figurou assim, as leviandades humanas guindadas a indevida comparação com Sua Palavra; “O profeta que tem um sonho conte o sonho; aquele que tem Minha Palavra, fale-a com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.” Jr 23:28

No caso de então, eram sonhos humanos equiparados à revelação Divina; o que dizer da tentativa de legitimar posturas espúrias que a mesma Palavra veta?

Todo o cristão peca. A ideia é ser aperfeiçoado, de modo a pecar cada vez menos; santificar-se. Porém seus pecados “aceitáveis” são todos na área da conduta. Seus princípios estão, necessariamente, explícitos na Palavra Divina. Peca por ficar aquém das demandas deles, não, por pervertê-las.

Os que pegam sabidos frascos de veneno e colocam rótulos de mel, primeiro traem a si mesmos, cientes do que estão fazendo; depois, matam aos que haurem suas “doçuras” nocivas, pois, esses, como os fariseus, não entram nem deixam entrar, no Reino de Deus, pela resiliência na maldade.

“Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! que fechais aos homens o Reino dos Céus; nem vós entrais nem deixais, aos que estão entrando.” Mat 23:13

Ventos de doutrinas costumam botar abaixo, as casas dos relapsos, feitas sem fundamento.

Vergonha necessária


“Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos a Ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13:12 e 13

Vitupério, opróbrio; duas palavras quase ausentes em nosso vocabulário; embora, onipresentes no comportamento humano. Significam, “grande desonra pública; degradação social; ignomínia, vergonha, vexame...”

Sermos de Cristo nos deixa sujeitos a sofrermos essas coisas, não porque seja vergonhoso pertencer ao Rei dos Reis; antes, porque esse mundo sendo regido pelo príncipe das trevas, procura disseminar a visão dele como normal; quem não tem discernimento tende a adotar como, sua visão, as falácias do capeta.

Acaso a pregação do Evangelho da Graça e Amor de Deus, não tem sido adjetivada como proferir discursos de ódio? A fidelidade à Palavra revelada, manifestando total aversão a acréscimos ou supressões, não tem sido rotulada como radicalismo, fundamentalismo, religiosidade oca? etc.

Entre o que as coisas são e como esse mundo nomeia, há uma distância abissal.

Porventura, um presidente que não consegue sair à rua, dado o nojo que as pessoas decentes têm dele, não foi “eleito democraticamente” por aproximadamente sessenta milhões de pessoas? Assim são as coisas no império da mentira.

A coragem de pertencer à verdade, viver segundo ela, defendê-la é para poucos. Embora, usem dizer que nos “escondemos atrás da Bíblia,” Não se atrevem a entrar decididamente, em nosso esconderijo, pelo verdadeiro pavor que sentem. Coragem se patenteia com atitudes, não com falas.

A “vergonha e infâmia” de pertencermos a Cristo não deriva do que somos, tampouco, do que O Senhor É; antes, de como o mundo é; como valora quem ousa ser diferente.

Há milhares de infiltrados, gente que não pertence a Cristo, mas, por interesses rasteiros faz coisas vergonhosas no meio Cristão. Alguns que chegaram a pertencer ao Senhor, mas, ao preço de renúncias para perseverar, dos vitupérios a suportar, apostataram da fé; agora se fizeram opositores das coisas que antes defendiam.

Pedro os aquilata: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito; a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2:20 a 22

Seguido surge a notícia de um “pastor” adúltero, ladrão, mentiroso... Os melindres de alguns se mostram mais fortes que a capacidade de sofrer; presto “lavam as mãos” por não pertencerem à mesma denominação que pertence o escandaloso da vez.

Paulo disse que assumia integralmente como sua, a “vergonha alheia”; “Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11:29

Para muitos fariseus atuais, nem é preciso um escândalo; basta que determinado irmão não ande plenamente segundo os usos e costumes da denominação dele; presto, isolará ao tal, como se fosse portador de lepra ou, algum mal contagioso. É possível que esse irmão fraco esteja espiritualmente melhor, que o “obreiro” hipócrita que, o exclui.

Mesmo que estivesse em pecado, sofrendo as aflições de um que teme ter se afastado de Deus. Ainda assim, seria alvo de compaixão mais do que de censura.

Jó no auge da dor, foi “socorrido” por três “obreiros” assim, em dado momento, queixou-se: “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Jó 6:14 Depois, suspirou um profundo desejo: “Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13:5

Vulgarmente se ironiza: “Fulano calado é um poeta.” Pois, “obreiros" assim, calados seriam sábios. “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio...” 17:28

Porém, desgraçadamente, os tonéis vazios são os que fazem mais barulho. Quem deveria calar a boca, em geral é que tem o poder, a ocasião de fala.

Não significa, a compaixão, compactuar com erros denunciados na Palavra, como tais; antes, se identificar com a fraqueza, as necessidades do que se afligiu por ter errado; reconduzir ao tal, em direção ao arrependimento para o perdão e restauração, invés de excluí-lo.

Na história da igreja, muitos perderam suas vidas em nome da fé; pertencer a uma geração que teme a “vergonha” pela ímpia rejeição do mundo é que envergonha quem tem que conviver com isso.

Vergonha é uma coisa boa. Mas, como dizia Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” 

“... rejeitamos as coisas que por vergonha se oculta, não andando com astúcia nem falsificando A Palavra de Deus...” II Cor 4:2

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Contraponto de Sophia


“Filho meu, se os pecadores procuram te atrair com agrados, não aceites. Se disserem: Vem conosco a tocaias de sangue... Lança a tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa!” Prov 1:10 11 e 14

O capítulo primeiro dos provérbios contrasta dois tipos de convites; dos pecadores e da sabedoria. Acima vimos o primeiro. Adiante temos o destino ao qual ele leva. “... estes armam ciladas contra seu próprio sangue; espreitam suas próprias vidas. São assim as veredas de todo aquele que usa de cobiça: ela põe a perder a alma dos que a possuem.” Vs 18 e 19

Depois, “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta sua voz.” V 20 “Atentai para minha repreensão; pois vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber minhas palavras.” v 23 Por fim, a conclusão de onde conduzem os caminhos dela: “... o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal. V 33

Esses dois apelos permeiam diuturnamente nossas vidas. A todo instante carecemos fazer escolhas.

Ao abrirmos uma rede social, em dez postagens teremos uma meia dúzia derivada dos vícios, chamando-nos a eles; umas três neutras, de utilidade pública ou meramente comerciais, e quiçá, uma, convidando-nos a um consórcio com a sabedoria, a virtude.

Esses números não pretendem ser precisos; apenas uma amostragem superficial, das escolhas que prevalecem no habitat do “homo sapiens”.

Por que os chamados ao pecado, ao vício são facilmente aceitos, enquanto, os apelos opostos são repelidos? Se atentarmos para os detalhes de ambos, veremos no primeiro o concurso da cobiça; no segundo, o da repreensão. 

É fácil entender que, o homem acostumado ao mal, preferirá dar asas aos seus desejos pecaminosos, ao invés de dar ouvidos, aos conselhos que o visam apartar deles.

Como diz um adágio, “ladeira abaixo, todo santo ajuda.” Significando que, as proposições conforme o curso da natureza humana, descem “redondo”, são facilmente aceitáveis. E a natureza do homem carnal, o coloca em resiliente inimizade com Deus, por ter nisso o seu “normal”; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Rom 8:7 e 8

Nem se trata de um exercício da vontade; mas de uma necessidade por escravidão. “não podem...” Enquanto não compreendermos isso, o que significa a submissão a Jesus Cristo, seguiremos não podendo; embora, eventualmente possamos dourar nossos vícios com um verniz religioso, mercê de circunstâncias, a rigor, seguiremos escravos do pecado; a impotência não capitula ante simulacros; só é removida com sangue remidor.

Assim, o primeiro lapso que o Salvador supre em quem ousa crer, é dar a “carta de alforria” ao escravo do pecado, para que, doravante possa, viver de um modo agradável ao Eterno. “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1:12 e 13

A impotência da carne segue no seu mortífico lugar; porém, o homem espiritual, o que morrera por ocasião da queda é vivificado, regenerado. Isso equivale a nascer de novo, agora, não da carne, mas de Deus.

Aos que passam por esse processo, as repreensões da sabedoria, invés de sabor de “intromissões indevidas”, tocam ao “paladar adquirido” como alimento dos céus, têm sabor de edificação, nuances de regeneração, cheiro de vida.

Por isso o “negue a si mesmo” é o indispensável passo, se alguém desejar seguir a Cristo. O “si mesmo” tem inclinações noutra direção. Nos convertidos, as inclinações para o mal ainda pulsam; porém, sofrem o concurso da voz de uma consciência, agora, vivificada, que não o permitirão, como antes, pecar “sem culpa”.

Não significa que antes era sem culpa, estritamente; mas, como nada tinha a perder, estando espiritualmente morto, qualquer passo na vasta avenida do pecado era só mais do mesmo, mais um. Agora, renascido, passa a ter um tesouro de valor eterno; assim, toda escolha que ameaça por isso a perder, soa como grave perigo, e é.

Logo, é necessário que as repreensões da sabedoria vertam todos os dias, para contraponto às vitrines espetaculosas dos vícios, onde a morte costuma fazer pose, camuflada de prazer.

A verdade carece ser repetida todos os dias, em palavras e demonstrações práticas, porque a mentira sempre é replicada no marketing, e nas ações.

O vitimismo tão em voga nessa geração, evidencia que, as pessoas preferem se justificar a agir de modo responsável. Perante Deus, as ímpias máscaras não colam. “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3:39

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O Processo


“Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;3

Óbvio que, “melhor” refere-se ao resultado; “faz melhor o coração”; embora, sentir mágoas, tristeza, seja pior, do que sentir alegria.

Os efeitos colaterais das tristezas, não são necessários; não basta que alguém as sofra, para que, por isso, torne-se uma pessoa melhor. O concurso da índole, das escolhas em face às dores, é muito importante também.

Eventualmente, deparo com uma frase que me faz pensar: “Antes de falar de mim, calce minhas botas, passe pelo que passei, sofra o que sofri.” Não sei o que a dita pessoa passou; mas, subentende-se que sofreu bastante.

Se não me engano foi Cícero que disse: “Os homens são como o vinho; uns, o tempo apura; outros, viram vinagre.”

Óbvio que o tempo não labora sozinho; nas suas teias, os males da vida, incompreensões, privações, dores físicas, emocionais concorrem para um dos dois resultados previstos.

O “vinho que o tempo apura” requer a boa índole; quem aprende com as dores, tendo vivido “in loco” o mal que elas fazem, evita de ser causador delas, contra outrem.

Os que viram vinagre são pessoas amargas, ácidas, que invés de terem aprendido, melhorado durando o concurso das privações, são ressentidas, arrogantes, pretenciosas; quando falam deixam patente a impressão que continuam vítimas; que a vida lhes deve algo. Inclusive a frase em apreço é vertida do ácido acético de almas carentes de cura. Assim, a amostra, deixa evidente que, elas não aproveitaram os aprendizados possíveis, ao terem passado por estreitamentos na vida.

Além de que, uma frase feita, de alheia autoria, tende a refletir as experiências do autor; não, necessariamente, de quem se identificou em parte com dito e resolveu partilhar o todo. O que as pessoas mais se identificam é com qualquer malcriação feita, que mande os outros para bem longe, exceto, os que as bajulam.

Ora, quando alguém fala mal de nós, (ninguém se importa se falar bem) duas coisas são possíveis: Uma; ele está certo. Em algum momento agimos mal, e ele viu e nos denuncia por aquilo que viu; nesse caso, a culpa é nossa. Outra; ele está errado. Seu apreço não bate com a realidade, antes, verte de inveja, calúnia, despeito da dita pessoa; nesse caso, quem está doente é ele. Acaso devo sofrer as doenças alheias?

Claro que sermos alvo da maldade dos outros incomoda; mas não ao ponto de perdermos nossa paz; de descermos ao nível deles; caso, já galgamos um patamar mais alto no aperfeiçoamento de nossas almas. Se um cão te morder, não vais revidar mordendo-o também. Assim, não é sábio darmos às coisas subterrâneas, o mesmo espaço que damos às plantas do jardim.

Se alguém que sofreu bastante presume que, por isso se fez um intocável, está acima das críticas, que a vida lhe deve alturas especiais, perdeu a chance de haurir as porções medicinais das tristezas, que purgariam sua alma de muitos males; escolheu as sobras do ressentimento, que costumam se fazer fertilizantes para os ditos males. Optou pelo vinagre tendo meios para se tornar vinho.

As melhores pessoas, as que deveras aprenderam com as dores sofridas, em geral estão ocupadas com um íntimo anseio por aperfeiçoamento, buscando melhorar ainda mais. Têm alvos mais nobres que, afastar a pedradas, eventuais críticos.

As que, como o porco-espinho, não dão um passo sem a ostensiva exibição de suas “defesas” precisam urgente, descalçarem as botas do amor-próprio desmedido, e considerar a hipótese de existir outras formas de vida, após seus umbigos.

Muito do que os sem noção colocam na prateleira das dores da vida, ficaria melhor se guardado na gaveta das consequências. Fizeram escolhas errôneas, se perderam nos largos caminhos dos vícios; nada tendo aprendido, agora, melindrosos nos desafiam a “colocarmos suas botas.”

Qual o sentido de fugirmos da polícia, o carrearmos drogas para induzirmos as pessoas incautas aos vícios? Nosso aprendizado pode prescindir de “lições” assim.

Certo que as más ações precisam colher aflições, não, gozo; não combinaria com a Sabedoria e Prudência do Criador, que nos criou para a virtude, que encontrássemos nossa realização nas poluídas águas dos vícios. Assim, diz: “Eis que te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

Ele perdoa todos, os que se arrependem e decidem mudar de vida; mas, demanda santificação, câmbio de rumos, aprendizado.

Quem, dizendo-se do Senhor, inda usa armas da carne para combater contra os que, pelo espírito visam ensinar, deixa patente que as dores ainda têm trabalho a fazer em sua alma. “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9:18

A Lei de Cristo


“... Está escrito...” Luc 4:4

O contexto permite ver que, alude À Palavra de Deus; o que nela está escrito foi evocado pelo Senhor, em seu embate contra Satanás.

Embora, as Sagradas Escrituras sejam legítimo tribunal de apelação para dirimir dúvidas de cunho espiritual, não devemos levar às últimas consequência tudo o que está escrito, sem a devida compreensão do contexto e do propósito para o qual, determinada porção foi escrita.

Muitas coisas foram postas como sendo uma luz profética apontando para fatos que se cumpririam em Cristo. Mesmo A Lei de Deus, que segundo Paulo, nos serviu de aio para nos conduzir A Cristo, O Salvador.

Embora seus princípios permaneçam válidos, houve alterações; o Sábado foi abolido. A Lei dizia: “Não farás nele obra nenhuma.” Ex 20;10 O Salvador disse: “É lícito fazer o bem no sábado.” Mat 12;12

Honrar pai e mão sempre será necessário aos Divinos Olhos; o “não matarás” foi aperfeiçoado; ver Mat 5;22 assim como, o “não adulterarás” Mat 5;28. Ter outros deuses segue vetado; fabricar e adorar imagens, cobiçar, matar, roubar, dar falso testemunho idem. O sacrifício de animais, para perdão dos pecados, depois de Cristo, foi ultrapassado.

Por que essas mudanças? A Palavra explica: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7:12 Saímos do sacerdócio temporal de Levi, para o Eterno, de Cristo.

Se a “purificação” lograda segundo a Lei era meramente aparente, ritual, em Cristo é mais profunda. A Palavra explica: “Se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9:13 e 14

Antes era algo externo, agora devem ser purificadas as consciências; assim, quem imagina que a Lei era rigorosa em suas demandas, e a Graça é permissiva, leniente, não entendeu nada ainda.

Nos basta ver a pena pela transgressão de uma ou outra, para entender qual a mais séria; “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10:28 e 29

Aquelas coisas rudimentares apontavam para outras melhores em seu futuro. A Lei não aperfeiçoava; era uma “sombra” de algo que estava por vir, que aperfeiçoaria; “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferece cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Heb 10:1

A mesma Palavra pontua onde e quando mudou; “Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu Próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado eterna redenção.” Heb 9:11 e 12

Ele veio cumprir a Lei. Cumpriu integralmente e deixou novos mandamentos. “... fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado;” Mat 28:19 e 20

Paulo chamou de “... lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus...” Rom 8:2

Como o objeto da purificação, agora, é nossa consciência, já não há apenas um rígido código escrito ao qual devamos recorrer em caso de dúvidas; além do que está escrito, vige o que está sendo escrito pelo Espírito em nossos entendimentos. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele...” Is 30:21 

Até o que escrevemos com nossos lábios, nas sentenças que proferimos contra outros, será usado em juízo contra nós; “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12:37

Os que precisam arranjar explicações, atenuantes “cristãs”, para o que costumam fazer demonstram, que, estão ferindo as leis das ordens internas. Aquele que se defende antes de ser atacado externamente, o faz porque está sendo denunciado pela voz da própria consciência.

Perante a sociedade tudo pode se impor no grito, na marra, no bandeiraço, passeata, lacração. Ante Aquele que sonda os corações perscruta o íntimo do ser humano, a nudez das escolhas perversas estará patente; onde e quando, a voz do espírito foi ignorada. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena, naquilo que aprova.” Rom 14:22

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Luz no painel


“Ele é sábio de coração, forte em poder; quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

“... Sábio de coração...”
Coração não é o órgão, estritamente. Deus É Espírito; seria impensável que tivesse um coração, como nós. Mesmo se tratando de nós, “coração” é uma figura de linguagem, que abarca o centro de nossa personalidade; mente emoção e vontade, coisas que “patrocinam” nossas atitudes, como disse o sábio Salomão. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Nosso coração, pois, é um manancial de onde jorram as iniciativas do nosso viver.

Quando algo é feito superficialmente, sem compromisso com essas fontes, o que pensamos, sentimos e decidimos, se diz que foi da boca pra fora, sem coração. De muitos dos Seus dias, Cristo falou: “Este povo honra-me com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim.”

Se, essas falsificações são possíveis ao pecador, no caso do Eterno, falar algo sem coração, prometer e não fazer, significaria a própria negação. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tm 2:13

Devemos negar a nós mesmos em submissão a Cristo, pelo estrago que a queda fez; “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos; segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Nele, por causa da Sua Integridade e Perfeição, a perenidade se faz necessária; “Toda boa dádiva, todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1:17

“... Forte em poder...”
Quando pensamos em poder, presto assoma a ideia da capacidade para fazer grandes coisas, comandar, ordenar. São nuances de poder; entretanto, no mundo como está, sobretudo nos ambientes religiosos que tomam sobre si O Nome do Santo, é mais admirável O Poder Divino de suportar as ofensas sem puni-las imediatamente, que, poder para fazer algo.

A ira humana costuma eclodir num arroubo imediato. Dado o motivo, “chutamos o balde”, damos “nomes aos bois”, “colocamos fogo no circo”, etc. Não significa que estejamos certos. A Palavra ensina: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4:26 e 27 Não é mandamento; é permissão.

A Ira Divina, pelo Poder do Eterno em sofrer afrontas, é como uma “poupança” que os ímpios fazem; cada dia lançam novos depósitos, aumentando a conta, que, será “sacada” de uma vez; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

“... quem se endureceu contra Ele...”
“se endureceu” traz a ideia de que a pessoa precisa agir contra si mesma, antes de o fazer, contra Deus. Há uma centelha Divina até nos ímpios, chamada consciência que, se ouvida faculta quem a ouve, agir segundo Deus; “Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2:15

Logo, para alguém endurecer contra Deus, carece antes fazer isso consigo mesmo; resistir aos Divinos apontes que tentam separar a virtude do vício; esses obram valorando anseios inda antes de serem praticados; a resistência reiterada em obedecer, apaga a centelha; então se diz que nos tais, a consciência cauterizou.

Como, na conversão, quem nega a si mesmo pela obediência a Cristo renasce, tem seu espírito e consciência vivificados, quem endurece para com Deus, fecha-se ao dom da vida, encomenda a própria alma, à morte.

“... quem se endureceu para com Ele e teve paz?” A paz não é uma “cor primária;”, deriva de causas alheias a ela, como ensinou Isaías: “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32:17

Quando eu rejeito a ouvir Deus, coloco em lugar Dele a sugestão de autonomia do Capeta; acaso é justo que eu, que nada tive com minha existência, seja o mentor da minha vida, invés do Senhor que a Criou?

E quando tento “funcionar” diverso do propósito original, alguma anomalia surgirá no “sistema.” A falta de paz é a luz no painel, avisando que algo não está operando correto.

A inquietação denuncia a ímpia postura; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo; não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” 57:20 e 21

A vera paz é um patrimônio íntimo, do espírito; calmaria derivada das circunstâncias até o ímpio frui, eventualmente.