quinta-feira, 4 de maio de 2023

Arados abandonados


“... Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus.” Luc 9;62

Embora pareça mudança mui radical, aos mais sensíveis, a decisão por Cristo deve ser assim mesmo; definitiva, cabal, irrevogável.

Ao encontrar uma “pérola de grande valor”, as demais coisas empalidecem, como disse Paulo: “... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fp 3;13 e 14

Acaso alguém acertaria um alvo diante de si, olhando para trás? Se o fizesse seria um acidente.

À mulher de Ló, quando do juízo de Sodoma e Gomorra, foi ordenado que não olhasse para trás, durante a apressada fuga. Ela desobedeceu e pereceu, transformada numa estátua de sal. Aquilo que caía sobre as cidades da desobediência, atingiu-a também, quando, desobedecer, lhe pareceu a melhor escolha.

O juízo não tinha alvo geográfico, mas espiritual. Sempre será assim, em se tratando do juízo Divino. Seremos preservados até no “lugar errado”, se estivermos no esconderijo certo. “Mil cairão ao teu lado, dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.” Sal 91;7 e 8

Não me refiro às vicissitudes da vida, que podem atingir qualquer um. Porém, quando o assunto for juízo, “... vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18

O que tem atrás das pessoas, que, começando seguir a Cristo, passado um tempo, muitas voltam para lá?

Óbvio que, voltar atrás é uma figura de linguagem significando, desistir, apostatar, abandonar a carreira em Cristo. Muitos “voltam atrás” passando adiante do Senhor; vão além do que está escrito, pervertem a interpretação, modificam... voltam, na obediência à índole natural que, pretende decidir por si mesma, o bem e o mal; mesmo usando ainda O Nome do Santo, esses seguem às próprias paixões e interesses.

Quando Eliseu “lançou a mão ao arado” após o chamado de Elias, teria atrás de si, outro arado; um, literal, com o qual trabalhava quando Elias aparecera.

Ele aceitou a missão com resolução tal, que queimou as tralhas de seu labor, matou os bois, depois seguiu Elias. O novo “arado” lhe foi tão valioso que queimou o antigo, para tolher a possibilidade de retroceder.

“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 14;33

Perseguições e aflições fazem parte do pacote, para os que decidem andar com O Salvador. O mundo não tem problemas com religiões; apenas, com Cristo.

Ele o denuncia como habitat do maligno; reduz seu ilusório valor abaixo do preço de uma alma salva; denuncia a futilidade de todos os múltiplos credos alternativos, “Ninguém vem ao Pai, senão, por Mim”; e como cereja na torta da aversão do Senhor ao sistema ímpio, acrescenta que Seus discípulos não são dele; “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso, o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Então, muitos voltam atrás por prezarem mais as seduções terrenas, nas quais estavam habituados, que a caminhada com Cristo, cuja porta é estreita, apertado o caminho.

Algumas índoles até gostam, eventualmente, da companhia das ovelhas, da reputação de ser uma delas. Mas, motivações antigas ainda palpitam tanto, que, em momentos de luta árdua retrocedem, e outros bichos tomam o lugar das presumidas ovelhas; “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22

Embora pareça luxuoso, atraente, libertador o que esses retrocedentes veem, no prisma espiritual, o que os atrai é vômito, lama.

Paulo questionando os romanos, sobre seus passados errôneos, não perguntou se aquilo lhes dava prazer; antes, se dava frutos, um modo de vida que envergonha salvos. “Que fruto tínheis então das coisas de que agora, vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;21

O pecado parece mais atraente na caminhada; porém, o valor de um caminho tem a ver com, aonde ele leva; qual será seu fim. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Melhor obediência, que conduz à vida, que a “liberdade” que culmina em predição. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Pressa de Deus

 

“O sonho foi repetido duas vezes a Faraó, porque esta coisa é determinada por Deus e Ele Se apressa em fazê-la.” Gn 41;32


A relação de Deus com tempo é diferente da nossa. Quando o escritor diz que Deus Se apressa, usa um antropomorfismo; a forma humana de abordar, associada a Deus.


Normalmente a pressa é tida como uma coisa má; tanto que, esse conceito deu azo ao ditado: “A pressa é inimiga da perfeição.”


Todavia, a pressa é uma coisa neutra; carece de contexto antes de ser adjetivada como boa, ou ruim.

Domingo último, visitando à Exposol em Soledade, dado o imenso número de veículos, tanto a entrada quanto a saída do parque, foram morosas. Um policial que estava no portão acenava para que nos apressássemos, os que estavam de saída, para facilitar aos que vinham após. Brinquei: Normalmente a polícia me multa se eu corro, agora me estimula. Hoje, em virtude de um acidente no perímetro urbano, a via fluía um lado de cada vez; de novo o policial acenava aos curiosos que tentavam ver o ocorrido, para que se apressassem.

No Detran onde fui renovar a habilitação, uma frase, ao lado do relógio: “No mínimo de tempo, o máximo de eficiência”. Assim, em menos de uma semana, três incidentes apontaram para uma pressa boa, necessária; isso me fez pensar.

A pressa vulgar de quem acha que a vida pode ser condensada em “memes” e mensagens “tiktokeadas”, recusando-se a aprofundamentos mais ousados, carece uma atenção também.

A superficialidade viciante da cultura inútil, que pulula mediante facilidades tecnológicas na geração atual, torna seus viciados avessos à reflexão, toscos, apressados sem rumo; migrantes de coisa nenhuma, indo a nenhum lugar. Tal pressa não é uma contingência rumo a um alvo; antes, crise de abstinência demandando mais doses da mesma droga.

Entremeio, vejo postagens de gente que considera o ladrão e o probo, como ‘farinha do mesmo saco;’ outras, onde “cristãos” partilham postulados do espiritismo, evolucionismo, etc. estupefato constato que, essa gente foi castrada em suas mentes, da saudável capacidade de pensar e analisar. Precisamente, o sentido de “mentecapto.” O efeito colateral da pressa que ruma a lugar nenhum. Uma turbina potencializando almas que precisam fugir da luz.

Um texto que demandaria alguns minutos para ser lido, a despeito do teor, é ignorado pela maioria, não por rejeitarem ao conteúdo; mas, à ideia de “perder tempo” lendo. A falta de hábito não se coaduna com o moroso andar que requer reflexão, desafia a mente a buscar entendimento; a pressa vigente já não permite.

Se, o fato de repetir determinado sinal, significava a “pressa de Deus” como interpretou José, a reiteração contínua das coisas que predizem a volta de Jesus Cristo deveria retinir em nossas “antenas”, se, não estivéssemos demasiado entretidos com as banalidades velozes que nos retêm. A castração das liberdades, inversão de valores, a glamourização dos vícios, a apostasia, violência de toda ordem, ataques à Palavra de Deus, etc.

Tudo isso, e o concurso do Ecumenismo, validando toda sorte de postulados antagônicos, deixando patente que o cristianismo genuíno, breve será impossível. Os fiéis serão perseguidos à morte.

A urgência de cada um em reconciliar com O Pai, nem tem a ver, necessariamente, com o tempo dele; mas, com o nosso, que é exíguo, instável, como observou Tiago: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece.” Tg 4;14

A oportunidade latente deveria despertar nosso interesse: “O maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade.” Provérbio árabe.

Por isso, a mensagem de salvação sempre nos é apresentada como uma coisa urgente, que devemos nos apressar em receber, se, a desejamos, deveras. “Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2 “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Enfim, antes de decidirmos qual pressão deve incidir sobre nosso acelerador, convém meditarmos sobre o rumo tomado. Pois, quem escolhe o caminho do erro, quanto mais se apressa, mais se afasta do alvo.

Os que se apressam em enriquecer, por exemplo, sem conhecer a paz com Deus, depois dos muitos faustos banquetes, que o dinheiro propicia, descobrem que a fome ainda está lá. “Eu acho que todo mundo deveria ficar rico, famoso e fazer tudo o que sempre sonhou, para que possa ver que essa não é a resposta.” Jim Carrey


O Senhor ensina: “... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

terça-feira, 2 de maio de 2023

Preço da fidelidade

 “Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga minha causa.” Lam 3;59

Jeremias foi econômico nas palavras; “... a injustiça que me fizeram...” Basta lermos o seu livro para percebermos que, o “profeta das lágrimas” fora vítima de muitas injustiças. Perseguição, agressões, prisões, traição; o povo lhe pediu que consultasse a Deus e rejeitou o mandado Divino, etc.
Escreveu suas lamentações em meio às ruínas de uma cidade arrasada. O Senhor tinha julgado à causa dele, no aspecto profético, ministerial, fazendo se cumprir cabalmente, suas advertências.
Isso foi no âmbito social, de então. No prisma pessoal as injustiças ainda lhe doíam e teve que suportar mais. Foi levado ao Egito contra sua vontade, tendo aconselhado da parte do Senhor, que não o fizessem. O julgamento pessoal pode nos esperar no além, apenas; aqui é prudente considerarmos a possibilidade de “fome e sede de justiça.”

Quando O Eterno escolhe alguém para falar da Sua parte, esse deve se preparar para toda sorte de oposição.
Vejamos: “Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, coluna de ferro, muros de bronze, contra toda terra, os reis de Judá, seus príncipes, seus sacerdotes e contra o povo da terra. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque Eu Sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.” Jr 1;18 e 19
Ele fora escolhido para contrariar; deveria atuar “contra toda terra, contra reis, príncipes, sacerdotes e o povo”. Como garantia, “apenas” o auxílio Divino: “Eu Sou contigo”.
De lambuja, tinha contra si o concurso dos falsos profetas, os pregadores de paz em tempos de guerra, tão comuns, ainda atualmente. “Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Cap 6;14
Invés do ensino da Palavra que identifica o pecado e exorta ao abandono, os falsários garantem que “Deus está contigo” aos que tropeçam nas próprias pernas, errantes no tocante ao Caminho do Senhor, incoerentes, na dissolução das palavras pelo mau jeito do testemunho de vida, que dão.
Pior que o já visto; Jeremias ainda tinha contra si, seus próprios familiares em velada oposição. “Porque até teus irmãos, a casa de teu pai, eles próprios procedem deslealmente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes: Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas.” Cap 12;6 Advertiu-o O Senhor.
A pior das oposições é essa que grita falsos apoios aos quatro ventos, e desarma às defesas com elogios, estrategicamente pensados. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Então, quem tencionar viver retamente a serviço do Senhor, deve esperar toda sorte de oposição, por parte do sistema que lhe puxa o tapete, e tem seus infiltrados entre as igrejas. “Também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12
Compreensível o anseio do profeta por justiça, ainda na terra; era humano como nós. Todavia, o fato de sua vida ter sido proba perante O Criador, não bastou para que fosse livre do que temia. Aos Seus escolhidos, normalmente O Senhor livra ‘nas’ provas, não, das provas.
Enquanto nossa natureza anseia pelo conforto de fugir às lutas, O Eterno mira na têmpera que nos pode infundir através delas; então, promete: “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Perdemos muito do brio e da valentia possíveis antes da queda; Deus nos regenera ao Seu modo.
Como Jeremias, se formos fiéis temos enormes probabilidades de encontrar todo tipo de adversidades; nelas, contaremos “apenas” com O Criador.
Acontece que, Ele É mais que suficiente para nos manter em pé, ou reerguer, caso caiamos, e delinear o caminho que nos convém, nem que esse contrarie nossos mais diletos projetos. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jr 10;23
A integridade pode, como fez em Jeremias, passear entre as ruínas da desobediência e falsidade, sem abicar de uma centelha do que ela é; não por acaso seu nome é, integridade. Costuma se preservar inteira, onde, os caracteres que não a possuem se despedaçam.
O mundo massifica para manipular; Deus regenera indivíduos que causam estranheza ao sistema, quando se portam de modo idôneo alheios aos da massa que, “acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução...” I Ped 4;4
Por isso O Salvador advertiu que o preço do discipulado era a renúncia de tudo; se a justiça nos fugir aqui, teremos um assento junto a ela, no porvir. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos;” Mat 5;6

domingo, 30 de abril de 2023

Novos salteadores



“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” Jo 10;8

A Palavra menciona dois; Flávio Josefo alista alguns mais, que surgiram antes de Cristo, com pretensões messiânicas. “Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto; todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; também este pereceu e os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

Ladrões e salteadores pretendendo o lugar de Cristo não faltaram. “... mas as ovelhas não os ouviram.”

Ovelhas que conhecem à voz do Pastor, não seguem estranhos, é cada vez mais raro, infelizmente. Há muitos com um histórico relevante de serviços prestados que, pouco a pouco foram caindo da solidez doutrinária; agora fazem o trabalho da oposição, defendendo coisas que condenaram, quando interpretavam sadiamente à Palavra. Salteadores surgidos depois de Cristo.

Pedro viu os precursores desses e advertiu: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Uns defendem a “eleição incondicional”; “uma vez salvo, sempre salvo”, a Palavra não traz essa doutrina; antes, adverte do risco de perdição, para os que abandonam o Santo Caminho. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam O Filho de Deus, e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Podem falar igual aos fiéis, fazer semelhantes obras também, não sendo um dos tais. Essa encenação “cristã” lhes abre muitas portas na terra; a dos céus segue sem uso, por quem não abandona às práticas ímpias. Quem entra por Cristo, necessariamente, muda. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

O Salvador ensinou: “Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Antes havia a expectativa de um Ungido Libertador, cujo nome era ignorado; assim, qualquer um, adoecido pela febre da pretensão, poderia sair apregoando de si mesmo, achando-se, dizendo-se o tal.

Depois do Salvador, essa “diversidade” deixou de ser possível; “Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4;12

Os farsantes, não podendo mais apresentar seus pífios nomes, passaram a se dizer representantes do “Nome que É sobre todos os nomes.”

Embora sejam necessários e devamos reverenciar pastores humanos, só devemos nos submeter a eles, à medida que eles estão submissos ao Sumo Pastor. Em última análise, “O Senhor É o meu Pastor...”

Qualquer ensino que discorde da sã doutrina, não importa a credencial que seu proponente envergue, pastor, bispo, reverendo, apóstolo... é uma voz estranha ante quem tem discernimento; não deve ser seguida.

A Palavra ensina que o próprio canhoto se transfigura em anjo de luz, os ministros dele, em ministros de justiça. Quem anda pela fé, não por vistas, como devem os salvos, não se deslumbra ante figuras; “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Os ataques contra a fé não se dão quanto ao direito de crer; mas, quanto ao objeto de nossa crença, como advertiu Judas: “... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça Divina; negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

Nosso risco não é deixar de crer; mas, passar a crer diferente do ensinado pelo Único Pastor. Ele diz: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

sábado, 29 de abril de 2023

Os excluídos



“Com muitas outras palavras isto testificava e exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.” Atos 2;40

Acusam o cristianismo de causar divisões, não ter unificado, pacificado o mundo. Deveriam investigar, para ver se nosso alvo é esse; se, isso foi prometido por Deus, faz parte da Palavra Dele, ou, se a Doutrina de Cristo traz mesmo uma ruptura, uma separação entre os que a abraçam, e os que decidem seguir alheios.

A iniciante Igreja de Cristo trouxe isso que lemos acima: Um desafio aos crentes para se separarem dos que andavam segundo seus próprios caminhos. “Salvai-vos dessa geração perversa!” Uma separação voluntária por amor-próprio.

O que Cristo falou sobre o montante dos salvos? Seriam muitos, todos? Ele disse: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

O Salvador disse que Sua doutrina traria harmonia, paz? “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, antes, dissensão; porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, dois contra três.” Luc 12;51 e 52

Quando legou Sua Paz, fez questão de a diferenciar da paz do mundo; “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou como o mundo a dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27 Essa Paz é uma posse interior, um silêncio na consciência por ter sido perdoado, regenerado e estar novamente em comunhão com Deus.

A do mundo pode se firmar em muitas coisas; conveniências, interesses, poderio bélico, arranjos políticos divorciados da justiça, etc.

A paz com os semelhantes é uma coisa boa que devemos buscar, malgrado, diferenças de credos, opiniões, gostos; entretanto, nem sempre é possível; Paulo ensinou: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A paz com Deus requer Cristo como mediador, a virtude do Seu Sangue imaculado como fiador; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” I Cor 15;19

Propor o ecumenismo como pacificador planetário, farsa que está em célere curso já, com a justificativa de que o cristianismo não conseguiu isso em dois milênios, tampouco, conseguirá, por sustentar “discursos de ódio” é grotesca falácia.

Nunca foi projeto Divino salvar o planeta, o sistema mundano como um todo. Deus, por Ser Santo, Criador de tudo, Se dá ao direito de Ser seletivo quanto o que aprova; “Meus Olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Isso já elimina a ideia de uma salvação global atinente a todos. Embora esteja disponível a todos, apenas os que a abraçam em seus termos a terão.

A imposição do “novo normal”, onde o homem decide o que é justo, reto, se dá ao direito de “editar a Deus”, alterando Sua Palavra, removendo porções que conteriam “erros Divinos” “anacronismos” do Eterno, merece um apreço.

Se, do ponto-de-vista mundano a reiteração dos Estatutos do Altíssimo soa a “discursos de ódio”, por não se alinhar à “moral” vigente, a Palavra Dele também previu o surgimento dessa geração ultramoderna: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Num mundo dual como esse, de verdade e mentira, justiça e injustiça, vida e morte, luz e trevas, natural o concurso de amor e ódio; de um servo aprovado por Deus foi dito: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que aos teus companheiros.” Sal 45;7

Infelizmente nossa santificação devida, nem sempre chega à estatura de odiar ao pecado. Nos esforçamos para evitar o que O Criador Odeia. “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hac 1;13

Quando ensinamos os Juízos Divinos aos que andam alheios a eles, não o fazemos por odiar; antes, é o Amor de Cristo que nos constrange. A perdição que não desejamos para nós, também não a queremos aos semelhantes. Amá-lo como a nós mesmos é mandamento do Senhor.

O mundo em si não deseja se unir; há uma orquestração de títeres de Satã trabalhando para isso. Pessoas comuns têm alvos menores, atinentes às suas coisas, não, as do planeta.

Quanto mais o sistema normatiza mediante leis, posturas que Deus abomina, mais distante dele ficamos. “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual, forja o mal a pretexto duma lei?” Sal 94;20

quinta-feira, 27 de abril de 2023

A coragem de temer


“... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem...” Jr 17;5 e 6

Já ouvi, pessoas decepcionadas com a deslealdade alheia citarem parte desse texto como explicação: “Maldito o homem que confia no homem!” Mas, será mesmo essa a intenção? Amaldiçoar quem confia no semelhante?

Basta ler na íntegra o verso, para ver que não. Se, a Palavra de um cristão deve ser, sim, sim. E não, não. Ou, o cidadão dos céus, entre outras características é um que, “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4 Como O Eterno nos amaldiçoaria por confiarmos nele?

A texto deixa claro que, o maldito em questão, nas coisas que deveria confiar em Deus, coloca a si mesmo, sua opinião, vontade, apreço; pois, “aparta seu coração do Senhor.” A própria Palavra se interpreta: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Um efeito colateral da maldição é cegueira espiritual. “... não verá quando vem o bem.” Isaías denunciou: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade; não atenta para a majestade do Senhor. Senhor, Tua Mão está exaltada, mas nem por isso a veem...” Is 26;10 e 11

A posse rotineira de algo passa despercebida, por fazer parte do “normal”. Muitas vezes ignoramos o que recebemos, nem sempre somos agradecidos porque Deus nos abençoou. Como luz e água em nossas casas; são tão normais, que apenas quando faltam percebemos quanto são necessárias.

Assim, muitas bênçãos, apenas depois de retiradas são devidamente apreciadas.

O mundo combate com todas as forças aos valores cristãos; para os tolher acabará vetando nosso direito de crer e pregar. Quando conseguir isso, muitos que olham de fora e riem de nossa luta, quando privados de um conselho espiritual, uma oração em momentos de angústia, finalmente entenderão, o quanto vale o que lhes causa riso, agora.

“Irão errantes de um mar até outro mar, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando a Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

Já aconteceu isso no período Inter bíblico; de Malaquias a João Batista, 400 anos de “silêncio profético”. Acontecerá outra vez, quando o motim global, previsto no salmo segundo se estabelecer. “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Primeiro teremos a perversão da revelação, com “revisão e atualização” da Palavra de Deus; concomitante, o ecumenismo validando toda sorte de credos, por contraditórios que sejam; por fim, o veto ao direito de crer em divindades distantes, imposição de adoração ao “deus presente” o anticristo.

Como vemos, a confiança no braço humano não apenas nos aliena de Deus; acabará jogando os autoconfiantes sob a opressão do Capeta.

Os melindrosos seletivos, que se ofendem com a expressão “temer a Deus” quando estiverem sob o império do “deus” espúrio, finalmente entenderão o que é invasão de domínios, castração de direitos.

Já vislumbramos miniaturas disso, no horizonte de nossa política.

Há uma valentia na entrega da gestão das próprias vidas, que esses que nos acusam de nos escondermos atrás da Bíblia, e riem da nossa fé, desconhecem.

O reconhecimento de nossas carências e fraquezas, nos coloca ao alcance de dádivas tais, que além de, presto vermos quando nos vem o bem, também não capitulamos às ameaças do mal. “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Força, riqueza, sabedoria, têm lá suas utilidades. Mas, nada se assemelha à preciosidade que é termos intimidade com Deus. “... Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender, Me conhecer, que Eu Sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz O Senhor.” Jr 9;23 e 24

De que vale a força de nosso raquítico braço no combate ao pecado? “O Senhor desnudou Seu Santo Braço perante os olhos de todas as nações...” Is 52;10

Esse bem que remove a impiedade, Cristo, é preciso crer para ver. “Quem deu crédito à nossa pregação? A quem se manifestou o Braço do Senhor?” Is 53;1

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Inimigos íntimos

 

“... a mão do que me trai está comigo à mesa.” Luc 22;21

A traição em si não é fiel aferidora do caráter. Imaginemos uma quadrilha de malfeitores que sempre assaltou unida. Lá pelas tantas, um deles reconsidera, pensa nas coisas que tem feito, outras que tem aprendido e decide mudar, abandonar aquilo e ser diferente; quiçá, se tornar um cristão.
Para os da súcia ele será considerado um traidor, um covarde que, apenas pela sua mudança se tornará uma denúncia sobre o modo errado de viver, daqueles. Possivelmente será perseguido pela sua “falta de caráter”, por ter pulado do barco. O mal também precisa de coesão, fidelidade.
Ouçamos um exemplo do canto dos aliciadores: “Vem conosco a tocaias de sangue; embosquemos inocentes sem motivo; traguemo-los vivos, como a sepultura; inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos nossas casas de despojos; lança tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa!” Prov 1;11 a 14 O que, tendo aceitado tal proposta, um dia sai dessa unidade “cospe no prato em que comeu.”
A fidelidade ao erro não é uma virtude, tampouco, o abandono de sua prática, um passo vergonhoso; embora, seja tido por traição, pelos que queriam prosseguir no mesmo agir, contando com os mesmos agentes.
Saulo de Tarso fora o homem forte do Sinédrio na perseguição à Igreja; quando, após um encontro com Cristo foi transformado, passou a defender aos que antes perseguira; foi tido por traidor pelos de sua antiga crença. Tanto que, foi caçado, certa vez apedrejado à morte, (embora tenha sobrevivido) tal era a ira que sua mudança causara nos antigos correligionários.
Como os inimigos sempre são “fiéis”, mantêm sua inimizade em quaisquer circunstâncias, a traição sempre será uma atitude dos chegados. “A mão do que me trai está comigo à mesa.”
Voltaire ironizou: “Deus me livre dos meus amigos; dos inimigos eu me cuido.”
A “mesmice” chata da boa índole, do caráter alinhado à justiça e verdade cansa a alguns que, adentraram em tal meio sem fazer bem os cálculos, se era mesmo isso que queriam.
Quem se rende ao Senhor, decepciona-se consigo mesmo, à medida que reconhece seus erros. “Lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho. Quanto mais deprecia seus maus passos pretéritos, mais aprecia ao perdão Divino que renova Sua misericórdia cada manhã.
No afã de corresponder ao Amor de Deus, luta por novas conquistas de obediência o tempo todo. Para esses, o cristianismo nunca é monótono. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Porém, quem recusa ouvir a voz que O Espírito Santo aviva em sua consciência, não terá “nada a fazer”, na sua enganosa comodidade suicida de “salvo”.
Então, dado seu tédio, abre-se a “novidades” externas, bebendo de fontes espúrias; natural que, o tal passe a sentir-se deslocado, estranho no seu local de convívio. Pode suportar por um tempo, mas acabará optando pelo que palpita mais forte em sua alma.
Como esse processo é interior, não o percebemos até eclodir.
Não raro, nos decepcionamos com rupturas, sem perceber que eram necessárias. Pessoas diferentes em valores e motivações precisam de caminhos diferentes; “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3
“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” I Jo 2;19 “Por isso ímpios não subsistirão no juízo, nem pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

Exemplos de rupturas necessárias, sem analisar o mérito das causas.
Enquanto a união pode ser feita pelos diferentes, como o ecumenismo propõe, a unidade requer coesão espiritual para que aconteça. Pois, “Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo;” Ef 4;4 e 5
Óbvio inferir que, a unidade exposta refere-se à verdadeira. Há imitações, fraudes várias, mas, não “colam” com O Espírito Santo nem com O Senhor.
Na união dos diferentes, a lei é aceitar cada um, como ele é; na Unidade em Cristo é preciso regenerar para voltar a ser como Deus o fez.
Para os ecumênicos, “traidores” somos nós, que insistimos na difusão dos “discursos de ódio”, que desafiam quem ouve a negar a si mesmo por Cristo.
O sistema está de tal sorte corrompido, que o antivírus é lido como vírus. Quem adota a mentira como rota e sentimentos como diretrizes assenta-se todos os dias com o traidor, que o está levando a perdição, o ego.