quarta-feira, 27 de julho de 2022

Doces vigaristas


“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem ao nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.” Rom 16;17 e 18

Pessoas infiltradas com pretextos espirituais para enganar aos descuidados em busca do interesse próprio. Seu meio de convencer: Lisonjas. Nada mais facilmente manipulável que um consumidor de bajulações.

Isso foi cantado em prosa e verso numa antiga canção: “... mente pra mim, mas diz coisas bonitas...” (Agnaldo Timóteo) Danem-se os valores! Viva as sensações, mesmo enganosas! Ocorre-me uma quadra de Fernando Pessoa: “Tens um anel imitado e vais contente de o ter; que importa o falsificado, se é verdadeiro o prazer?”

Desde sempre, A Palavra de Deus denuncia a aversão a ela pelos ímpios; “Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.” Is 30;10 e 11 

Hoje basta compartilhar, “receber” digitar “amém”, para a coisa acontecer; o engano, claro!

Demandas do Santo exigem temor, reverência; enquanto as falas doces dos bajuladores fazem os maus se sentirem bons, merecedores.

Por isso, frontal rejeição ao Salvador; pela forma transparente que as almas ficavam ante Ele; não queriam que fosse assim. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

As redes sociais trazem miríades de patifes com pretensões de profetas, mestres na arte de fazer parecer que O Todo Poderoso, O Santíssimo, está ao alcance dos desejos mais rasos e sucumbe aos ridículos truques desses vigaristas espirituais.

Traficantes de mentiras alimentando uma geração majoritariamente viciada em engano, incauta, traidora de si mesma.

Sobriedade reverente, invés da “doçura” irresponsável foi sinalizada desde dias antigos. “Nenhuma oferta de alimentos que oferecerdes ao Senhor se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum, oferecereis oferta queimada ao Senhor... Todas tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da Aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2;11 e 13

O mandado ao homem após a queda foi: “Do suor do teu rosto comerás teu pão;” no entanto, esses salafrários avessos ao trabalho ressignificam como fosse: “Das falácias e artimanhas, produzirás teu alimento.”

O Espírito Santo entre nós veio pra mostrar um monte de coisas duras, mas verdadeiras; “Quando Ele Vier, Convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque Vou para Meu Pai e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” Jo 16;8 a 11

A mensagem que visa convencer do pecado não apela ao sabor; mas, à verdade. Quem não aprender a lidar com ela, nem gaste seu tempo com as demais facetas da Obra de Deus; “Porque do Céu se manifesta a Ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” Rom 1;18 “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15

Por mais ornamentada que seja, em seu desfile; agradável ao “skanner” do paladar, a lisonja não passa duma mentira envernizada; um frasco de veneno com vistoso rótulo de mel.

Dizem que a mentira circunda o planeta, antes que a verdade consiga vestir as calças. Uma hipérbole bem humorada que realça esse paladar estragado da humanidade, apressado, 
sequioso por enganos e refratário à verdade.

A mentira é grave em qualquer circunstância; mas, quando desfila em paragens religiosas é mais; torna-se profana. Ao bajulador assim, não basta sujar as mãos no carvão das próprias misérias; também precisa sujar O Nome Santo.

“Mas ao ímpio Diz Deus: Que fazes tu em recitar os Meus Estatutos, e em tomar a Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção e lanças Minhas Palavras para detrás de ti?” Sal 50;16 e 17

Nada errado com as boas sensações, os elogios verazes. Mas, ao homem prudente deve contar mais a chegada que a travessia; digo, onde determinado caminho leva, mais que eventual facilidade que se assanhe propondo atenuar a caminhada; pois, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

domingo, 24 de julho de 2022

A tosca verdade


“Começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava dizendo: Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida.” Jn 3;4

Normalmente uma pregação começava com um sonoro, “arrependei-vos!” um convite à mudança de vida.

Contudo, a pregação de Jonas não era uma escolha sua sobre o modo de pregar; mas, estrita obediência ao que ouvira do Próprio Senhor, “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e prega contra ela a mensagem que Eu te Digo.” v 2 Invés de um convite ao arrependimento acenava com um severo e cabal juízo: “... quarenta dias e Nínive será subvertida.”

Subverter significa; “virar de baixo para cima, agitar, revolucionar, revirar, desestabilizar, devastar...” nada parecido com um convite à conversão. Assim, a mensagem significava: Mais quarenta dias para vocês e fim de papo.

No jargão dos crentes suscetíveis da atualidade, que fundem sentimentalismo com amor, se diria que Jonas pregara sem amor.

Deveria ter decorado um agradável ambiente à meia-luz, colocado uma suave trilha sonora ao gosto da sonolência espiritual, e assegurado que aquele povo, malgrado suas barbáries e impurezas, era o favorito do Senhor, como fazem os “coachs” da atualidade.

Todavia, apesar do modo tosco e da dura mensagem do desajeitado pregador, “Os homens de Nínive creram em Deus; proclamaram um jejum e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.” v 5

Ele não fora chamado para ser amoroso; seu sentimento em relação aos bárbaros assírios era bem diverso; mas, fora fiel, veraz; era isso que Deus desejava que ele fosse. A Bíblia ensina que O Espírito Santo capacita mediante dons, cada um, para o que for útil. Naquele caso, a utilidade prescindia de ornamentos.

Quem pensa que um profeta tem que ser agradável ao falar, e, necessariamente, operador de sinais, precisa ler com mais atenção o que se disse daquele que, segundo O Salvador, foi o maior de todos, João Batista: “Muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste era verdade.” Jo 10;41 Tudo quanto disse de Jesus e da “raça de víboras”, também.

De um profeta não se requer que seja milagreiro, nem um retórico hábil; antes, que seja verdadeiro; que represente a Quem o comissionou com lealdade.

No fundo temos um entendimento apurado sobre as maldades que fazemos; “um pingo é letra para quem sabe ler,” como se diz. Não foi preciso que o profeta do Altíssimo dissesse qual o motivo de tão severa ameaça. O povo sabia que agia de modo perverso; seus pecados, enfim, geraram um “boleto” que deveria ser pago em quarenta dias.

Numa esperança não prometida na mensagem, de que, se houvesse arrependimento poderiam alcançar perdão, arrependeram-se mesmo assim. Talvez, numa escolha lógica; pois, nada tinham a perder fundando suas esperanças na misericórdia; quiçá, teriam a ganhar; como, deveras, ganharam. Ninguém que se lança arrependido sobre a Misericórdia Divina cai no vazio.

Contudo, quando alguém banca o desentendido, ofendido, melindrado pela mensagem de arrependimento que ouve, o problema geralmente não está na mensagem, nem no portador; mas, no ouvinte que desejaria ser agradado invés de confrontado. Nos dias de Cristo foi assim: “Porque o coração deste povo está endurecido; ouviram de mau grado, fecharam seus olhos; Para que não vejam, ouvidos para que não ouçam, compreendam com o coração, se convertam e Eu os cure.” Mat 13;15

Usamos toda sorte de linguagem; metáforas, alegorias, símiles, parábolas, ironia e facilmente entendemos a piada, a crítica, o conceito filosófico, a “moral da história”, como se diz. Entretanto, em se tratando de ensinos que nos desafiam a uma mudança, um ajuste de posturas segundo Deus, aí dizemos que a Bíblia é um livro difícil de entender, que cada um interpreta como quer, há tantos credos dissonantes, etc.

A conclusão que esses traidores de si mesmos, cegados pela própria hipocrisia pretendem pavimentar é que, não têm culpa pelos seus erros; pois, Deus não teria sido claro o bastante.

Os ninivitas viveram uns três mil anos antes de nós e não tiveram esse problema; ante uma mensagem sisuda, severa, presto entenderam e mudaram. Isso tocou o Coração de Deus, que suspendeu o juízo prometido, dada a mudança coletiva daquele povo.

Jesus usou o exemplo deles contra os “desentendidos” dos Seus dias: “Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E está aqui Quem É mais que Jonas.” Mat 12;41

Que a Bíblia é difícil não há dúvidas: “Lendo a Palavra de Deus encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho

Mas, o sacrifício Inocente em prol de perversos, para legar-lhes, a “fonte da eterna juventude” trazendo-os da morte para vida deveria ser fácil?

sábado, 23 de julho de 2022

Desobediência é para os fracos


“Guardai todos os mandamentos que Eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, entreis e ocupeis a terra que passais a possuir;” Deut 11;8

A ideia vulgar de obediência é que, a devemos porque, quem manda a deseja; “manda quem pode, obedece quem precisa;” em se tratando das relações interpessoais é assim. Porém, a obediência a Deus é requerida em benefício do próprio obediente; “... para que sejais fortes...”

Agrada a ideia de ser protegido, ter um confiável amparo; não importa se, ancorado na própria força do braço, em amizades influentes, no poder econômico; ou, no caso dos servos, em Deus.

Quem renuncia ao Santo por confiar em si mesmo é maldito; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Fraco é o que preenche a lacuna espiritual da alma adorando futilidades, invés de adorar ao Deus Vivo; “... deste louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está tua vida, de Quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” Dn 5;23

Belsazar, alvo dessas palavras, não apenas foi enfraquecido por sua idolatria e profanação; foi morto na mesma noite em que Daniel lhe falou.

Nada errado com a força em si; mas, quando deriva de egoísmo, engano, injustiça, acaba sendo apenas um simulacro da fraqueza; se as origens não forem puras, os motivos honestos, por forte que seja determinada empresa, fatalmente ruirá; “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Retidão e obediência estão para a força espiritual, como respiração e músculos para a força física. Quando Paulo preceituou a Timóteo que ele tornasse um “sarado” o encaminhou à “Academia do Espírito.” “... exercita-te em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Escrevendo aos efésios ampliou: “... fortalecei-vos no Senhor, na força do Seu Poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” Ef 6;10 e 11

Astúcia é uma arma do inimigo; discernimento é o Escudo do Espírito a nos defender.

Cristo resistiu ao tentador em três ataques quando jejuou no deserto; depois, em Seu Ministério o expulsou, quando oportuno, das vidas de terceiros. O mesmo deveria se dar conosco; depois de resistirmos ao inimigo em nós mesmos mediante suas tentações, receberemos autoridade para exorcizá-lo de outros. Uma faceta mais, da força pela obediência.

Uma coisa que até um cego curado por Jesus sabia, muitos parecem ignorar; “Nós sabemos que Deus não ouve a pecadores (desobedientes); mas, se alguém é temente a Deus, faz Sua Vontade, a esse ouve.” Jo 9;31

Circulam nas redes as tais de “orações poderosas” que, a rigor, não podem nada. Se uma oração tivesse poder em si mesma tornar-se-ia um ídolo; um substituto para Deus. Quem tem poder É Ele. O que faz a eficácia de uma oração é que Ele aceite a vida que está orando, não um grupelho de “palavra mágicas”. “... meu servo Jó orará por vós; porque a ele Aceitarei...” Jó 42;8 Pois, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

O mesmo Tiago ensinara que orações egoístas são rejeitadas; “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Cap 4;3

Mediante Jeremias O Senhor ensina: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender e Me conhecer, que Eu Sou O Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jr 9;23 e 24

Um modo de vida em dependência e submissão alegra ao Senhor, e aos que estão em comunhão com Ele também; “... este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a Alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8;10

Aos olhos dos ímpios, obediência parece um sinal de fraqueza. Se pudessem ver tudo o que está em jogo refariam seus pensamentos; pois obedecendo ao mais fraco, como fazem, se revelam também frágeis; “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...? Rom 6;16

A força do inimigo é a do espantalho; reside na ignorância das aves. “O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Racionais sem Razão


“Quanto ao trato dos homens, pela Palavra dos Teus Lábios me guardei das veredas do destruidor” Sal 17;4

O contexto imediato esclarece que a Palavra citada é a de Deus. Uma barreira protetora; mas, o fato mais alarmante nesse verso é que nosso trato com os homens é uma ameaça que nos pode levar às veredas da destruição.

Assim como a difusão do Evangelho ocorre mediante homens que temem a Deus, os caminhos do destruidor vêm até nós através de outros que se identificam com o maligno em sua desobediência.

“Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis... ?” Rom 6;16

O fato de o homem ser inteligente, capaz de fazer uso da razão, não significa que agirá necessariamente desse modo. Isaías apresentou a uns, inferiorizados ante os animais; “O boi conhece seu possuidor; o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, Meu povo não entende.” Is 1;3

Na escravidão voluntária ao pecado, o homem se dobra à vontade; e entre o que sabe e o que quer, acaba capitulando a esse, embora sabendo que labora em erro.

O conhecimento de Deus, essa dádiva tão nobre e vital foi desprezada por homens de vontade enferma, em consórcio suicida com a oposição. “Porque do Céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua divindade se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;18 a 21

Embora os ímpios opositores da fé tentem taxá-la de obscurantista, são eles os reféns de corações obscuros; pois, a Luz de Cristo para os tais é luminosa demais; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

Como um abismo chama outro, os que se recusaram a crer e mudar de vida, embora entendendo claramente as implicações, ganharam um “upgrade” na escuridão, por obra do inimigo que, deles finge ser amigo. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

A luz espiritual não é uma placa em neon, em lugar fixo, a anunciar determinado comércio, instituição, produto... é um desafio a caminharmos doravante, segundo Deus. Só assim fruiremos a eficácia do que Cristo Fez por nós; “Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

Assim, no trato com homens, amigos até, se nossas decisões não forem alinhadas aos valores Divinos expressos na Sua Palavra, cairemos na insensatez que sermos cordatos, agradáveis, mais que verdadeiros, e deixaremos a vereda da vida, pelos descaminhos do destruidor.

À medida que o mundo “evolui” tende a se afastar cada vez mais do Criador. Então, os que seguirem leais a Ele, segundo as “veredas antigas” estarão expostos a escárnios, perseguições, motejos vários.

O Salvador preveniu aos Seus: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos Escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que seu Senhor. Se a mim perseguiram, também perseguirão a vós; se guardaram Minha Palavra, também guardarão a vossa.” Jo 15;19 e 20

Para os “racionais” reféns dos instintos, a meta é seguir o som do berrante, junto à manada; a razão submissa ao Espírito nos leva a romper com o “modus vivendi” mundano, em busca da Vontade Divina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

quinta-feira, 21 de julho de 2022

De todo coração



“Ouve tu, filho meu e sê sábio; dirige no caminho o teu coração.” Prov 23;19

A ideia vulgar é nossos corações nos dirigirem; primeiro nos levam a desejar algo; depois, empreender esforços vários em busca de tal desejo.

No entanto, vemos o ensino de que podemos ser “motoristas” dos nossos corações. “... dirige no caminho o teu coração.” Se ele é, como defende a maioria dos pensadores, o centro de nossa personalidade, depósito de conhecimento, experiências, habitat de pensamentos, emoções e vontades, não seria natural que fosse ele o dirigente das nossas ações?

Jeremias o descreve assim: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, não deriva da prudência que entreguemos o leme das nossas vidas a um piloto enganoso e perverso.

Paulo apresentou uma duplicidade em conflito dentro da mesma pessoa: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;14 a 17

Se esse indesejável habitante o força a fazer o que não quer, então, o escraviza.

Adiante ele pede socorro, livramento, por identificar a morte pulsando no próprio corpo: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” v 24 A resposta que ele mesmo alcançou preceitua a mortificação dessa influência nefasta. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo...” Rom 12;1
A renúncia de si mesmo em obediência, que O Salvador chamou de “jugo”.

O brado de vitória não veio derivado do coração, mas de Deus; “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” v 25

Depois, a conclusão da “inocência” dos seguidores do Bom Pastor: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito. Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Os que foram regenerados Nele, não seguem mais ao próprio coração; antes, são desafiados à novidade de vida; não esqueçamos que a exortação inicial prescrevia dirigirmos “no caminho” nossos corações; Jesus Ensina: “... Eu Sou O Caminho...” Jo 14;6

Nesse caso, “dirigir” é se deixar conduzir, andar após O Caminho; “Quando tira para fora Suas ovelhas, Vai adiante delas; as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua Voz.” Jo 10;4

Então, nosso desafio é pautarmos o viver segundo o Coração de Deus; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

O precursor do Salvador, João Batista, deveria “preparar o caminho do Senhor...” Is 40;3 Diferente dos caminhos pedregosos e empoeirados onde andou, referia-se ao coração humano que deveria deixar de confiar em si mesmo, para ser fortalecido no Senhor. “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Dizem que as aparências enganam; contudo, é o coração que se engana. As aparências não passam de iscas forjadas em prol do engano. Logo o primeiro passo na vereda do discernimento é reconhecer as próprias inclinações más a pulsar dentro de nós; essas nos apressam em busca do favorável, apetitoso, confortável, prazeroso, lucrativo, antes do justo, do verdadeiro.

Quem aprende andar segundo Deus, não coloca vantagens adiante de valores; antes, suporta reveses firmado no que o espera; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus;” Mat 5;10

Quando ouço certo “missionário” exortando pessoas a fazer apenas o que “sentirem no coração” me pergunto: De onde ele tirou isso? A Palavra até faz uma concessão aos jovens de modo irônico, depois os situa: “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te Trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

A purificação desejável, a santificação, bebe de outra fonte mais profunda que nossos corações superficiais; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Demócrito defendia que “bondade se aprende”; pois, nossos corações maus, acostumados aos próprios descaminhos precisam aprender de Cristo. Um coração regenerado deixará de ser enganoso e perverso; alegrar-se-á na justiça; “A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Sal 97;11
Gosto
Comentar
Partilhar

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Discernimento; dom e busca


“... a outro o dom de discernir espíritos;” I Cor 12;10

O discernimento espiritual é um dom; também, uma característica de quem se exercita espiritualmente; esse atinge certa maturidade; junto com ela, a percepção melhora.

O Espírito Santo pode dar isso de modo imediato para quem lhe aprouver; mas, a vida espiritual obediente traz consigo alguns “efeitos colaterais”; “O que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15 “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa...” I Tim 4;8 “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Exortando à necessária edificação, Paulo ensinou que a mesma protege dos enganadores: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

A melhor maneira de identificar uma cédula falsa é conhecer bem a verdadeira; assim, o discernimento requer de quem o busca, que conheça à Palavra de Deus. O falso não pode ser rejeitado como tal, senão à luz do verdadeiro.

Podemos descartar como erro, qualquer ensino, doutrina, que se oponha à verdade revelada, seja espúrio a ela com pretensões espirituais, acrescente ou suprima, porções da mesma.

Alguns fogem de tomar posição ante os ataques que a fé sofre, mediante ações de falsificadores infiltrados, a pretexto de “evitar polêmica”; os veros servos de Deus veem em cada tentativa de perversão do entendimento, um desafio, ao qual não se acovardarão; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Não se trata de um espírito possuindo um ministro ao seu serviço; antes, influenciando sua maneira de pensar, sutilmente parecido com os cristãos, mas diferente em questões vitais. O falso precisa alguma semelhança com o verdadeiro ao qual anseia usurpar.

Pelo Espírito Santo habitar-nos também deveria requerer de nós, discernimento; não deve ser sem motivo, que a Palavra nos exorta a não O entristecermos: “Não entristeçais O Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Ef 4;30

O fato de O podermos entristecer deriva do nosso direito de escolha preservado. Seremos por Ele capacitados quando, em direção à virtude; acusados na consciência, se optarmos pelo vício; nunca seremos marionetes; sempre teremos iniciativa das ações. Embora isso seja assustador, dada a nossa insignificância, é assim; dado O Amor Divino que preza a liberdade.

Cada vez que, mesmo habitados pelo Santo agimos como se não fôssemos, com disposição espiritual diversa, O entristecemos; apóstolos de Jesus foram exortados quanto a isso, pelo Senhor: “Voltando-se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que Espírito sois.” Luc 9;55

Não necessariamente um espírito; nossa própria inclinação natural (carne) tomando o lugar Dele também obra sem discernimento; “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” Gál 3;3

Isso reitera o que dissera Jeremias, com outras palavras: “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Então, quem anseia uma vida em paz, verdade, sem entristecer ao Espírito Santo, ande em espírito. Através da consciência sempre nos iluminará sobre nossas pretendidas atitudes. Silenciará quando aprovar; açoitará, quando não. Um pregador puritano chamado Samuel Bolton disse: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Isaías ampliou a ideia: “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Tendemos a duas coisas vãs; uma nociva, outra imprudente. A primeira nos dá olhos de águias para os erros dos outros e de toupeiras para com os nossos; a imprudência enche nossos alforjes de pedras para afastar os que pretendem “cuidar de nossas vidas”; enquanto nós também não cuidamos.

Nosso esconderijo fugaz sempre pressupõe um “amanhã” quando pensaremos nos problemas atuais e um agora, para agir sem pensar, medir as consequências. - Paro de fazer isso quando eu quiser - mas “quando” nunca chega.

É preciso intrepidez, amor a Deus e amor próprio, para resistir que nossas almas apodreçam, porque o mundo ao nosso redor se decompõe veloz.

Os relapsos no preparo, estudo, costumam dizer que “Deus Usa uma mula quando Quer.” A mula foi o “Plano B”; antes Fez saber Sua Vontade ao profeta. O Poder inefável do Eterno não justifica nossa preguiça.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Veneno da mentira

“Viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, comeu e deu também a seu marido; ele comeu com ela.” Gn 3;6

Esse “novo olhar” olhar da mulher sobre a árvore proibida só aconteceu depois de ouvir ela, uma “segunda opinião;” Deus dissera: “... De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Cap 2;16 e 17

No entanto a serpente trouxe “outra visão”; “Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão vossos olhos e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3;4 e 5

Assim, não apenas O Santo teria mentido, mas distorcido os motivos do veto, por não querer que o homem soubesse sobre o bem e o mal.

Como eram as demais árvores ao redor? “O Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida...” Cap 2;9

Portanto, as qualidades de ser boa para comer e agradável à vista, não faziam a referida árvore mais apetecível que as demais. Qual era o fato novo então, o pulo do gato que seduziu à mulher? Depois da intromissão maligna a planta foi vista como “... desejável para dar entendimento...” Desejou o “upgrade” oferecido pela serpente porque acreditou nisso. Natural concluir que acreditou também na promessa de não morrer; assim, a primeira mulher, depois seu marido, acreditaram em Satã, mais que em Deus; na criatura invés do Criador.

Salomão ensinou que a retidão original se perdeu por ter o homem buscado invenções, astúcias; “... Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29

Desgraçadamente, o prazer pela novidade tem sido mais forte que a prudência, e feito muitos deixarem veredas sadias, confirmadas, em troca de doutrinas que derivam do pai da mentira, não do Pai das Luzes.

Nunca a possibilidade se perder foi tão vasta como agora. Paulo anteviu a apostasia atual; “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;3

A comichão nos ouvidos deriva de algum “toque” que a desperte, como aconteceu com Eva; tinha a Palavra de Deus, categórica, cabal; mas, não resistiu a uma nova “profecia” que negava o juízo e acenava com proezas mais altas.

Em muitos lugares e tempos, não foi possível escolher qual versão do Evangelho abraçar; eram raros os pregadores e reduzido o alcance; de modo que, poder escolher mestres de acordo com as inclinações de cada um, só é possível nos dias atuais; onde, com o avanço tecnológico, saltitam mestres para todos os gostos. Poucos ao Gosto de Deus, infelizmente.

Não importa o que o canhoto diz; via serpente, disfarçado de anjo de luz, envergando A Bíblia com pose de pregador, pretextando falar em Nome do Altíssimo. Se o teor de seus ensinos propõe novidades, por melhores que essas soem, são mentiras. “O céu e a terra passarão, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Mt 24;35 “Jesus Cristo é o Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8 “Porque Eu, O Senhor, não mudo...” Ml 3;6

Então, mesmo que eventual nova doutrina pareça “desejável para dar entendimento”, é apenas a velha mentira de roupas novas. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16

Embora se diga que, quem não aprende com a história tende a repeti-la, a maioria reitera erros repisados ao longo dos anos. O agradável toma o lugar do veraz; adultos portando-se como crianças traem a si mesmos para própria perdição.

Não sendo criador de nada, exceto, da mentira, o usurpador nada pode oferecer de verídico, que permaneça além da vida. Nesse mundo que lhe obedece até logra posses materiais, postos de comando, para alguns que com ele pactuam; de que servirão essas coisas na hora da verdade, do juízo?

Os chamados pelo Senhor são desafiados a não temer nem à morte, muito menos, capitular ao engano das riquezas, poder; "... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12;4 e 5



“Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.” Mahatma Gandhi