sexta-feira, 11 de março de 2022

Cura do coração


“O coração conhece sua própria amargura; o estranho não participará no íntimo da sua alegria.” Prov 14;10

Seja amargura, seja alegria, pois, só quem está sentindo conhece a real intensidade emotiva que incide sobre si.

Quem olha de fora vê aparências; mas, quem vive sabe como as coisas são. Oportuno o conselho para não tentar mitigar dores com falas vazias. “O que canta canções para o coração aflito é como aquele que se despe num dia de frio, ou como o vinagre sobre salitre.” Prov 25;20 A aflição da alma é funda demais para poder ser removida com verniz.

Os amigos de Jó falaram muitas inverdades quando opinaram sobre a sina do infeliz; porém, sabiam disso. Quando o encontraram no auge da dor, limitaram-se a lhe fazer companhia; esperaram que ele rompesse o silêncio, mesmo demorando uma semana. “Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Jó 2;13

Não obstante, esse promissor começo, quando falaram caíram na vala comum da acusação; de tal modo, que o sofredor desejou se ver livre das suas molestas palavras; “Vós sois inventores de mentiras; vós todos, médicos que não valem nada! Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Cap 13;4 e 5

A sabedoria do silêncio, esposada depois, por Salomão: “Até o tolo, quando se cala é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Diretamente proporcional ao aumento da iniquidade, concorre o aumento das inquietações; a incapacidade de se calar, olhando, cada um para dentro de si: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Nesses tempos líquidos e velozes, em que a conquista célere da ciência facilita meios, enquanto o desleixo com valores apodrece fins, as pessoas já não têm tempo para essas coisas introspectas e demoradas; desligar as parafernálias da ilusão e olharem dentro de si tentando entender, cada um, as próprias escolhas.

Um breve tratado como esse é desprezado sob a pecha de “textão”. Não pelo conteúdo que a maioria se recusa a conhecer, mas, pelos intermináveis parágrafos que demandariam uns cinco minutos para ler, imaginem! Quem teria tanto tempo a perder? Os mesmos que perdem partes grandes de alguns meses, acompanhando, torcendo, e votando no BBB e similares.

Os adeptos do “poder da mente”, iogues, e afins, quando decidem se entrincheiram em si mesmos, como um quelônio na carapaça, imaginando determinada cor, cenário, dizendo coisas auto motivadoras, cujo pensamento positivo ajudaria a conquistar; ora, se a cura para as angústias está dentro de cada um, quem precisaria de médico? Deus, por exemplo?

Tentar elevar-se sobre as aflições baseado na matéria prima encontrável em si mesmo, equivale a tentar levitar puxando os próprios cabelos.

Urge entendermos que somos pacientes espirituais. Jesus Cristo é O Médico dos Médicos; em Sua Palavra deixou a Receita que nos pode curar. Assim, quem quiser meditar de modo proveitoso, não o faça no vácuo; tenha conteúdo a meditação.

O venturoso cantado no Salmo Primeiro é um que, “Tem seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita de dia e de noite.” v 2

Embora as “veredas antigas”, A Palavra Do Eterno, soe com jurássica a essa geração descolada, moderninha, somente nela as angústias da alma encontram lenitivo, em todas as idades; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Facilmente vemos as injustiças alhures, depreciamos a violência nefasta das guerras; todavia, nada vale “combatermos” males distantes e ignorarmos os que nos habitam. Cada um de nós abriga em seu íntimo suas “guerras” particulares que podem perder a própria alma.

Mas, quem ousaria encarar a isso? “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Infelizmente, muito do que desfila como “Cristianismo” é mera encenação de palco; como aqueles teatrinhos da “Semana Santa”. Depois, cada um segue à sua maneira. Já gritou ao microfone suas “convicções”, encenou, cantou sobre elas; depois, no teatro da vida prossegue atuando segundo seu ímpio coração.

Enquanto esse doidivanas não reconhecer que sua resiliente má inclinação é que o angustia; pior, encomenda sua alma a angústias eternas, seguirá traindo a si mesmo, encenando ter uma luz que não possui.

O coração conhece sua angústia; precisa reconhecer que suas escolhas doentias lhe dão ocasião; senão, seguirá como certos antros cujos fachadas pintam com luzes no Natal; pretensa alusão à virtude, enquanto “trabalham”, e ganham o pão, servindo vícios.

“Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem.” Samuel Beckett

quinta-feira, 10 de março de 2022

Caminho de volta


“Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

Diferente dos sistemas coletivistas, onde, impõem uma ideologia, um líder, uma bandeira, palavras de ordem, o relacionamento com Deus proposto em Cristo prima pela liberdade de escolha do indivíduo; “Se alguém quiser...”

Nossos opositores chamam aos cristãos conservadores de ‘gado’; faz enorme diferença pertencer espontaneamente a um rebanho, por identidade, ou, ser coagido a fazer parte de outro, porque uma liderança nos impôs no berro, o que seria melhor para nós.

Circula nas redes uma frase atribuída a José Saramago, que o verdadeiro heroísmo seria o homem não pertencer a nenhum rebanho.

Duas objeções, inicialmente; primeira: O vero heroísmo é acidental; uma circunstância desafiadora demanda, e alguém se arrisca, mais por solicitude, que por algum anseio heroico. Assim, acontece quando e onde quer; não é algo que deva ser buscado por alguém psicologicamente sadio.

Segunda: Um herói só é visto assim diante da opinião pública. Essa, querendo ou não, é um rebanho. Dada a interatividade da vida moderna, ninguém conseguiria isolar-se totalmente; então, tal “heroísmo” acaba impossível, incoerente. Os que citam à referida frase se identificando com ela, formam o rebanho dos que não pertencem a rebanho nenhum. (??)

Deus não nos ensina enfrentarmos nossos semelhantes; antes, a nós mesmos; somos atores no teatro da vida. Cada um com seu “script” que deve interpretar oportunamente.

Não que nossos movimentos sejam “friamente calculados”, monótonos; mas, via de regra, seguem certo padrão; a esse chamamos de caráter.

São nossos “escritos interiores” que planejam ações, os pensamentos; derivam de aprendizados de valores via educação, atavismo, vivências de exemplos que, nos circunstanciam e acabam influindo nas escolhas.

Esse depósito de nossas mentes/almas, no aspecto do conteúdo, chamamos, conhecimento; na identidade moral, escala de valores; dessa derivam nossas aprovações ou reprovações.

A ruptura com O Criador trouxe a autonomia suicida; o ego; a afirmação de si mesmo, em detrimento da Vontade Divina. O primeiro passo rumo à reconciliação, naturalmente deve ser inverso ao que afastou.

O traidor disse: “Afirme a si mesmo, faça do seu jeito, liberte-se", aos que se reconhecem insuficientes, e ousam crer na Palavra do Senhor, o chamado é: “Negue a si mesmo...”

Não poderemos mudar nossas ações se continuarmos com o mesmo modo de pensar. Logo, a primeira renúncia necessária é do nosso rasteiro pensamento; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

O si mesmo que devo negar não será morto; antes continuará existindo e tentando me atrair às inclinações costumeiras; daí o segundo passo: “Tome sua cruz...” O si mesmo deve ser mortificado, tratado como se, morto; embora, exista e palpite ainda. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

“Siga-me”
; até onde? Ele mesmo responde: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus... que... humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;5 e 8

Pertencer a Cristo não significa não mais pecar; a carne segue existindo, “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Cada vez que sou tentado a algo segundo a carne, inimiga de Deus, e digo não! mortifico-a; trato-a como se estivesse morta; nego a mim mesmo, o eu natural, para que Cristo se expresse em mim, o eu regenerado, espiritual.

Não nos desafia a essa renúncia num vácuo; antes, capacita-nos a agir como Ele; “a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Rom 1;12

Muitos, por amor a Cristo fazem coisas heroicas, como perder a vida terrena e não negar Seu Nome. 

Nosso alvo não é sermos heróis; antes, salvos. Os que aprendem a conhecer O Senhor sabem quanto vale à pena. O capítulo 11 de Hebreus traz um “Rebanho” ao qual, covardes não têm ingresso.

Soa contraditório se entristecer com mortes à distância numa guerra sem sentido, quando, a única vida da qual somos mordomos se perde, e nada fazemos para que seja salva. “Escapa por tua vida!”

segunda-feira, 7 de março de 2022

A guerra


“De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” Tg 4;1

Rússia e Ucrânia digladiam-se numa guerra de repercussão mundial; muitos opinam sobre a culpa de A, ou B; até mesmo o Presidente Bolsonaro teria culpa; ouvi de um que foi graças à sua passagem por lá que explodiu o conflito. Francamente!

Pipocam postagens mostrando que, quem morre e quem faz as guerras, não são as mesmas pessoas.

Como tenho preguiça de ter preguiça de pensar, recuso-me ao comodismo pré-fabricado do lugar comum, da clonagem travestida de consciência, na trilha fácil da colagem dos alheios ditos.

Dado o peso da opinião púbica, para todas as guerras, por mais mesquinhos que sejam os motivos, sempre haverá certo pretexto plausível, quando não, nobre.

Vaticinando a guerra de uma confederação de nações que virão do norte, (de Israel) a Bíblia também apresenta a leitura dos motivos, malgrado, eventuais pretextos “nobres.” ao líder dessa confederação avisa: “... Dirás: Subirei contra a terra das aldeias não muradas; virei contra os que estão em repouso, habitam seguros; todos eles habitam sem muro; não têm ferrolhos nem portas; a fim de tomar o despojo, arrebatar a presa; tornar tua mão contra as terras desertas que agora se acham habitadas, contra o povo que se congregou dentre as nações, o qual adquiriu gado e bens...” Ez 38;11 e 12

Pretextos, danem-se!! O motivo é a velha pilhagem das riquezas alheias. “...a fim de tomar o despojo...”

“Especialistas” pipocam de todo lado aventando motivos “culturais, estratégicos, geopolíticos”, para fazer parecer que a pirataria tem matiz diferente; outro nome mais palatável. Estou tossindo e andando, para essas “explicações” envernizadas.

O bicho é tão feio quanto parece! Vidas inocentes são coisificadas, descartadas de modo vil, pela velha sede de poder e bens.

Malgrado, a brevidade da vida, muitos portam-se como se fossem viver eternamente; semeiam violência esperando que colherão flores. Em Jó, livro escrito aproximadamente, 1700 antes de Cristo, já se denunciava isso; “Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? E não são seus dias como os do jornaleiro?” Cap 7;1

Infelizmente, muitas guerras foram necessárias, rumo à terra prometida.

Mas, O Eterno não mandou lutar contra inocentes; antes, expôs os motivos: “Não chegarás à mulher durante a separação da sua menstruação, para descobrir sua nudez; não te deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela. Da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; não profanarás o Nome do teu Deus. Eu Sou O Senhor. Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é. Com nenhuma destas coisas vos contamineis; ‘porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que Expulso de diante de vós. Por isso a terra está contaminada; Eu visito sua iniquidade e a terra vomita seus moradores’.” Lev 18;19 a 25

Mais que uma guerra, estritamente; tratava-se de juízo. Ainda haverá uma outra semelhante, onde o motim Global previsto no salmo segundo ousará, contra o povo do Senhor.

Claro que, das guerras ordenadas pelo Senhor também resultaram despojos! embora, nunca fosse a posse desses, o motivo primeiro; mas, mero “efeito colateral”.

O Criador diz: “Meu é todo animal da selva, o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não te diria; Meu é o mundo e sua plenitude.” Sal 50;10 a 12 Disse mais: “Minha é a prata, Meu é o ouro...” Ag 2;8

Não são coisas, mas valores espirituais, os motivos pelos quais, O Eterno peleja. Qualquer conselho, ensino que desafine das coisas aprovadas por Ele devem ser alvo do “bombardeio” dos que conhecem à verdade.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Notemos que os “despojos" do pleito são o entendimento; da oposição se diz: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo...” II Cor 4;4

É triste ver inocentes morrendo; como, infelizmente, vemos todos os dias. Mas, os que acham tiranos “democratas”, descriminação das drogas, atitude desejável, aborto, um direito, não têm direito de se alarmar com violência; deveriam ter vergonha na cara, berrar suas diatribes, diante do espelho.

sábado, 5 de março de 2022

Pais e filhos


“Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e dos filhos aos seus pais; para que Eu não venha e fira a terra com maldição.” Ml 4;6

O Elias que haveria de vir, segundo O Próprio Salvador fora João Batista. Sua mensagem, “arrependei-vos!” pois, após ele viria O Príncipe, do qual nem era digno de amarrar as sandálias; Esse separaria a palha do trigo.

Sem me deter mais em quem era, e quando atuou “Elias”, convém atentarmos um pouco mais na mensagem. Converter o coração dos pais aos filhos, e vice-versa; sob pena de maldição.

O amor entre pais e filhos não carece mandamento, por ser algo óbvio; o “afeto natural”; até animais enfrentam perigos enormes em defesa das suas proles.

O que a Lei diz é: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” Ex 20;12 Subentendido que desobediência por parte de filhos maus poderá abreviar seus dias.

Elementar que, “honra” demanda sujeição, obediência, no mínimo.

Os pais não deveriam ser apenas provedores do pão e vestes; antes, preparar os filhos para a vida. “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

“Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; as ensinarás aos teus filhos; delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, deitando-te e levantando-te.” Deut 6;6 e 7

Nada de “Lei da Palmada;” quando oportuno, a vara deveria ser usada. “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.” Prov 13;24 Invés de engendrar “traumas psíquicos” na criança, como se diz hoje, era um gesto de amor; uma dor eventual a prevenir catástrofes maiores.

O coração dos filhos voltado aos pais os faria submissos, obedientes; o dos pais voltado aos filhos, além de provedores das necessidades materiais traria a educação no Senhor, para proveito dos filhos ao longo da vida. Nem uma coisa nem outra, se verificou, infelizmente; a maldição prometida como juízo, veio.

“A terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

Isso, nos dias de Isaías; a vinda do Senhor Justiça Nossa, deveria repor as coisas no lugar, se Ele fosse ouvido. Mas, não foi. Foi crucificado para “acalmar às consciências”, às quais, Sua mensagem inquietava.

Uns poucos ditosos creram e se deixaram transformar; sempre uma minoria. E, chegamos aos dias vaticinados por Paulo, ao clímax do desamor; “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, ‘sem afeto natural’...” II Tim 3;2 e 3

Um filho, invés de ser visto como bênção do Senhor, tornou-se um estorvo comercial; demanda pagar pensão, para quem foi coautor da geração, e não o quer.

Em muitos lugares se aprovou o aborto; noutros, safadezas travestidas de escrúpulos limitam a tantos dias após a concepção, como se, matar com mais, ou, menos dias, fizesse diferença.

Os filhos atuais são “educados” pelo mundo virtual; invés de raízes familiares, valores atávicos, formam uma massa, amorfa, amoral, desprovida de identidade, mal agradecida, incapaz, sequer, de respeitar pais; quiçá, honrar como O Senhor Ordenou.

Um provérbio Japonês diz: “Administra bem tua casa, e saberás quando custa o arroz; cria bem aos teus filhos, e saberás quanto deves aos teus pais.” A maioria não sabe, nem quer saber. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Não apenas rejeitam à “Aliança Eterna”; mas, alteram-na, mudam as leis, e pasmem! atrevem-se a tocar até no texto Sagrado, suprimindo partes que condenam suas comichões rasas, como se, Deus tivesse que mudar, porque eles se recusam a isso.

Uma inundação aqui, um vulcão destruidor acolá, um tsunami mais pra lá; invés de ver tais coisas como primícias da colheita porvir, a maldição dos que ousam contra O Todo Poderoso, recrudescem no erro; blasfemam, acrescentam pecado a pecados.

Um dia por ano, dois, dos pais e das mães, a galera tira selfies com os velhos, enche a bola deles; uns poucos, sinceros; no demais, tratam-nos como estorvos e enchem o saco.

Muitos morrem na flor da idade, colhendo juízo como fruto... “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

Nada vale a mensagem pós morte de que os pais viraram “estrelinhas nos céus”, se em vida os tratamos como buracos negros. “Filho meu, ouve a instrução do teu pai; não deixes o ensinamento da tua mãe.” Prov 1;8

terça-feira, 1 de março de 2022

Saúde da alma


“Senhor meu Deus, clamei a Ti e Tu me saraste.” Sal 30;2

A ênfase sobre o poder curador do Senhor nunca será exagerada. Entretanto, nossa percepção costuma se ater às moléstias do corpo, como se, com a alma tudo estivesse bem.

A Obra de Cristo visa salvar almas; essas são mais importantes que os corpos; aos salvos estão prometidos novos corpos, espirituais; mas as mesmas almas. Falando sobre a nova vida no velho corpo, Paulo alegoriza: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não nossa.” II Cor 4;7

Dada a decrepitude do corpo, quando o fim chegar, diz: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos Céus.” II Cor 5;1

Então, embora O Senhor possa cuidar de nossa saúde física, e o faça, segundo Sua Vontade, a regeneração do Espírito para salvação da alma é Prioridade.

Antevendo a Saga do Messias Isaías disse: “O castigo que nos traz a paz, estava sobre Ele; pelas Suas pisaduras fomos sarados.” cap 53;5

Se, a dádiva que Ele trouxe foi a paz, óbvio que a cura foi da alma. A consequência da “saúde” restaurada mediante o perdão foi a reconciliação. “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Voltemos ao salmo 30: “Senhor meu Deus, clamei a Ti e Tu me saraste. Senhor, Fizeste subir minha alma da sepultura;” vs 2 e 3

O Salvador não escondeu que falava com mortos espirituais: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Quando trouxeram um paralítico perante O Salvador e tiveram que introduzi-lo pelo telhado dada a multidão, antes de qualquer preocupação, O Salvador disse: “Perdoados estão os teus pecados.” Deixando claro que, para Deus a cura da alma é mais importante que a do corpo; ainda que possa, e eventualmente opere, a desse também.

Para alguém clamar e ter sua alma sarada, resgatada da sepultura, como disse o Salmista, precisa ter ciência disso; de que está espiritualmente morto e carece do socorro do Senhor.

Davi, depois de um adultério e um assassinato sabia que estava morto; mesmo assim, clamou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da Tua Presença; não Retires de mim Teu Espírito Santo.” Sal 51;10 e 11

Ter pecados mortais não é privilégio de ninguém; se o “salário do pecado é a morte...” Rom 6;23 todos nós temos “direito” a esse salário. O problema é que a maioria se recusa a ver as coisas da perspectiva Divina.

O que Ele revela como um feitor mortal, para a maioria não passa de “direito” de “curtir a vida”. Como um assim oraria pela cura da alma, perdão dos seus pecados, sem ter noção que os comete? “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Quando da dedicação do Templo de Salomão, ele orou para que fossem perdoados e sarados os que, reconhecendo suas falhas se humilhassem diante do Senhor. “Toda a oração e súplica, que qualquer homem fizer, ou todo o teu povo Israel, conhecendo cada um, sua chaga...” II Cr 6;29

Há meio evangélico uma ênfase doentia em “vitória”, um ufanismo insano acenando com poder, e preocupante silêncio quanto à santificação, e o ensino. Daquela A Palavra diz: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14
E do conhecimento: “O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

Pois, esse tipo de vitória, contra ignorância e profanação, demanda algo mais que uma “oração forte” prometida por um fraudulento qualquer. Requer dedicação, compromisso, busca pelo Senhor em Sua Palavra.

Portanto, urge que as almas sejam salvas desse comodismo suicida, dessa crendice derivada das bajulações de falsos obreiros, que, fazem parecer inversos os papéis de Senhor e servo.

Figuram levianamente a vida espiritual, como se, para essa viçar bastasse certa mandinga ou mantra, e Deus se colocaria ao nosso dispor.

O Eterno chama a uma troca, onde deixamos nossos pensares rasos pelo Seus, “Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;8

Feito isso, ordenemos nossas vidas segundo Suas diretrizes, para sermos sarados, e finalmente, salvos. “O que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Neofatalismo


“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Aparente liberação para que os jovens extravasem seus desejos, com a advertência que tais, terão consequências. Não mais que uma ironia, portanto.

A Palavra de Deus sempre traz o homem como “condenado a fazer escolhas”; um ser arbitrário, logo, responsável; diferente da visão fatalista.

O fatalismo é uma chave-mestre que abre diversos armários, permitindo que eu pendure minhas roupas sujas onde eu quiser. Mas, segundo Deus, nossas semeaduras trarão, necessariamente, colheitas. Minhas escolhas gerarão “boletos” com meu nome como devedor.

A crença num destino pré-determinado, ante o qual não temos escolhas, permeava a cultura grega antiga; esse modo de pensar dos helenos influenciou romanos, hebreus, pregadores, o alemão Nietzsche, e chegou aos nossos dias. A questão básica é: Somos agentes dos nossos destinos, ou, meros pacientes? Noutras palavras: Somos reflexos das nossas escolhas, ou, já estava escrito como seríamos?

Na tragédia, “Édipo, o Rei”, o oráculo de Delfos previu que o menino mataria ao seu próprio pai; então, para evitar um destino tão cruel, ele foi levado para Corinto; criado sem sequer conhecer seu genitor, temendo tal catástrofe. 

Entretanto, já adulto, teve um desentendimento com um estranho durante uma viagem, com o qual brigou; a luta resultou na morte do seu opositor. Só bem mais tarde ele veio a saber que, aquele que matara era seu próprio pai. Assim, nada valeu tentar evitar o parricídio profetizado pois, ao fugir, acabou facilitando as coisas, cumprindo a sina à qual estava fadado; não teve escolha. Essa forma de crer era comum entre os gregos.

Sua literatura era permeada por tal conceito; sua mitologia trazia vasta gama de “deuses” com vícios bem rasos, ao estilo dos humanos.

No meio teológico há séculos duas correntes disputam; os ditos Arminianos, que creem no arbítrio como prerrogativa dos salvos, e os Calvinistas, que advogam que Deus já predestinou quais serão salvos. Ele faria Sua graça irresistível para esses eleitos, enquanto, soaria desprezível aos demais. Com o devido respeito aos que pensam assim, tal atitude feriria a justiça, que Deus tanto ama.

Certa vez, por ocasião de um massacre de na cidade de Newtown em Connecticut, Estados Unidos, alguns “cientistas” pretenderam estudar o código genético do assassino, Adam Lanza; para descobrir, se possível, os genes da maldade. Se, ele já trazia essa “carga genética”, estava fadado a isso, não teve escolha; era mero peão, nas “mãos de Deus?”

Uma coisa é preciso que entendamos; se, a maldade tiver causas biológicas, deixará de ser maldade e se converterá em enfermidade. Desse modo, uma vez confirmado isso, teremos que implodir nossos equivocados presídios e construir mais hospitais. Afinal, há tantos políticos que definem estupro e pedofilia como doenças. Inevitável pensar nas “drágeas Bolsonaro” como cura.

Interessante que esses que creem no determinismo genético, ou no fatalismo providencial, aplicam sua “crença” apenas no âmbito moral e espiritual.

Nas coisas práticas da vida, são bem arbitrários, consequentes; afinal, estudam, preparam-se para ser médicos, psicólogos, engenheiros. Fazem uma escolha e perseveram nela; trabalham, acreditando nas consequências da mesma; os políticos se esforçam por inflar o roubo coletivo oficializado, que chamam de Fundo Eleitoral; mas, por uma questão de coerência, não careceriam nada disso; poderiam se “jogar nas cordas” afinal, seriam um dia, aquilo que nasceram para ser, independente das opções. Com ou sem campanha, os “escolhidos” pelo Fado acabariam eleitos.

Não gosto de desonestidade intelectual; pois, como caçadores noturnos, esses desonestos usam a luz para cegar às presas; invés de, como líderes probos usarem-na para iluminar. Cristo apreciou tal “Luz”; “Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

Claro que trazemos alguns dons inatos! mas, nosso existenciário, educação, e formação moral, forjam nosso “paladar adquirido” e, são placas confiáveis que indicam, aonde a vereda da vida nos vai levar.

Afinal, se eles estiverem certos, nem mesmo o pleito entre arbitrários e fatalistas fará sentido; pois, uns nasceram fadados a crer de um modo, outros, de outro. “Cada qual no seu quadrado”.

A bem da verdade, o fatalismo é muito conveniente à má índole; pois, transfere à divindade, providência, destino, acaso, a conta pelos estragos das escolhas desastrosas feitas espontaneamente.

Por isso, muitos, mesmo “não tendo escolha”, escolheram crer assim. Para os tais, soa menos humilhante morrer do câncer da indiferença irresponsável, que submeter-se à luz da verdade, e ao ridículo exame de toque, em suas consciências.

“O fatalismo é sempre uma doença do pensamento ou uma fraqueza da vontade.” Paolo Mantegazza

O duro coração de Faraó


“O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó, este não os quis deixar ir.”

Críticos lendo textos assim dizem que há injustiças em Deus; afinal, teria endurecido o coração do soberano para que não obedecesse, e o punido com pragas, pela desobediência.

Todavia, como disse Jó, “... ao meu Criador atribuirei justiça.” Jó 36;3

Paulo ampliou: “... sempre seja Deus verdadeiro, todo o homem mentiroso...” Rom 3;4 ainda, Agostinho: “lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos, em mim.”

Após esses três testemunhos de peso a favor da Integridade Divina, o problema do endurecimento do coração de Faraó permanece clamando por uma solução.

Ainda em Jó temos: “Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo, para o fazer ir a juízo diante Dele.” Jó 34;23

Filósofos fazem distinção entre fenômeno e númeno. O primeiro seria a coisa como parece; o segundo, a coisa em si, como é; a despeito de nossa percepção.

Por exemplo: A Terra gira; dizemos que o sol nasce ou se põe. É assim que percebemos as coisas; nosso corpo ganha peso e dizemos que determinada roupa ficou apertada; foi o corpo que mudou, não a roupa; etc.

O homem natural não pode agir como filho de Deus. É refém da carne, alienado de Deus; “A inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus...” Rom 8;6 e 7

Por isso, a primeira mudança nos que recebem a Cristo é uma capacitação, para contrariar essa tendência natural; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Isaías dissera: “... Tu És o que fizeste em nós todas nossas obras.” cap 26;12 As boas obras, acrescento. As más tem nossa autoria, pela inclinação natural já vista.

Essa é a atuação do Espírito Santo, mediante A Palavra de Deus; persuadir corações, rumo ao entendimento e prática da Santa Vontade. O homem sozinho não consegue; daí, “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Deus não precisa intervir para que façamos o mal; a gente se vira “bem” sem Ele. O inimigo, a carne e o mundo patrocinam a empresa.

Mas, como vimos, a prática da justiça requer um reforço celeste, senão nossos esforços fracassarão. Assim, O Eterno não “endurece corações” no sentido de os fazer maus; antes, no de não interferir para refrear a má tendência. Deixa o rebelde entregue a si mesmo; “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12

Em suma: Deus deixava Faraó entregue a si mesmo; o resultado eram ações teimosas de desobediência; o fato. “Deus endureceu o coração de Faraó” a percepção humana do mesmo.

Ele deixa patente Seu amor, cujo prazer é consorte do arrependimento e salvação, não de algum sadismo, doença humana. “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...? Ez 33;11

O mesmo Ezequiel aliás, mostra como O Senhor “amolecia” seu coração para obediência: “Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então ‘entrou em mim o Espírito’, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Cap 2;1 e 2 O Senhor ordenou algo; Seu Espírito ajudou o profeta a obedecer.

Ainda é assim; A Palavra evidencia a Vontade Divina para nós; O Espírito Santo em nós, nos ajuda a obedecê-la; a quem o ouve e se submete é claro! Ninguém é forçado ao que não quer. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

A Santa Palavra ensina que devemos nos inconformarmos com uma série de coisas “normais” que nos rodeiam, para termos acesso ao sobrenatural que nos quer habitar; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Deus não cria ímpios pela sina de punir; regenera-os pelo prazer de perdoar. Todavia, muitos seguem insistentes no erro, avessos ao Seu Amor que chama, desviam-se da ventura porvir, reservada aos salvos; escolhem o “dia do mal.” Ainda assim pertencem ao Criador. Não há autonomia possível.


O que existe é possibilidade de escolha; seguir de coração endurecido, ou dar ouvidos A Cristo, para salvação.