sábado, 22 de junho de 2019

A Gloriosa Leveza do Ser

“... se, alguém está em Cristo, nova criatura é ...”

Fazemos distinção entre filhos e criaturas; essas atinam a origem Divina da existência; terem sido criadas, apenas; os filhos o são pelo novo relacionamento, pela adoção mediante Cristo.

Isso não é mera “teologice” para impor dogmaticamente algo que queremos; a própria Palavra versa a necessária adoção para sermos filhos e apresenta as criaturas na servidão ao pecado.

“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;19 a 21

A distinção entre filhos e criaturas não é física, racial, religiosa... Uns são servos da corrupção, as criaturas; os filhos desfrutam gloriosa liberdade. Quando se fala em corrupção aqui, nada a ver com Brasília e afins. Corrupto é a aglutinação de duas palavras; romper e com. É uma ruptura a dois ou mais. Todo aquele que, confia em si mesmo em lugar de Deus, rompe com Ele associado ao mentor disso: O Capiroto. É um corrupto espiritual.

Não por seus méritos os filhos são espiritualmente livres; por não confiarem na sabedoria nem justiça próprias encomendam-se a Cristo, na ditosa segurança de servos Seus; aí, “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Outro dia ouvi uma acusação feita a mim e mais dois irmãos naturais e espirituais: “Vocês pensam que são os bons; que só vocês conhecem a Deus.” Isso de alguém que, bebendo de outras fontes, não da Palavra de Deus se pretende igualmente, filho do Eterno.

Na verdade é justamente o contrário. Sabemos que somos maus, indignos de confiança em nossas opiniões e percepções da vida; de modo que tentamos, embora falhos, pautar nossas vidas pelo que O Santo revelou em Sua Palavra. Quem reconhece que carece do Salvador não o faz por pensar que é bom; antes, por saber que é mau e se não for salvo estará eternamente perdido.

Os que escolhem o mal não fazem por questões morais, espirituais; antes, por vínculo afetivo. Os ouvintes de Cristo sabiam que comprometer-se com Ele demandava uma mudança no ser; eram tão afeiçoados aos seus pecados favoritos que não estavam dispostos a largá-los. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3;19

Se, “estar em Cristo” é um sinônimo do “Novo nascimento”, e esse nos transforma em filhos de Deus, como se diz que, nova “criatura” é? Simples: Todo o filho, exceto Cristo, é também criatura; embora, a maioria das criaturas, pela escolha resiliente das obras más se recuse a andar como filho.

Desde sempre deparamos com as oposições entre o ter e ser. Todavia, eu suspeito que essas não são, estritamente, coisas opostas. A oposição veraz consiste no confronto de dois seres; um, em Deus, o filho; outro, em si mesmo, a criatura.

Se, o homem natural tem sua “fé” nas coisas visíveis que faz de sua “filosofia” de vida a aquisição interminável de bens materiais, isso não o faz um “ter”. Antes, o desejo instante de ter revela um ser que ainda não é o que foi criado para ser. 


E como disse Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Malgrado a sua origem em Deus, como o pródigo pode estar entre porcos, distante de casa.

O colocar-se como Deus, sugestão da oposição, pela simples origem do ensino já nos joga nas areias movediças da maldição, da separação do Senhor. “... Maldito o homem que confia no homem; faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” Jr 17;5


Hoje ainda deparei com a ufanista frase: “Não espere coisas pequenas de um Deus tão grande”. Quisera saber em qual dos versos bíblicos isso se encontra. A Bíblia nos desafia à humildade; “... Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” Tg 4;6 Não consigo ver a humildade pleiteando coisas grandes.

Seremos testados no pouco; e nele sendo fiéis, um dia seremos colocados no muito; quando estamos privados é hora de sermos fiéis, não, arrogantes.

Quem se alegra em coisas mais que em Deus deveria suspeitar que ainda é velha criatura. Nosso ter, farto ou módico é a academia onde Deus exercita o ser. Quando ganharmos asas não mais careceremos muletas.

domingo, 16 de junho de 2019

As Sutilezas Mortais

Há uns nãos que são naturais, outros, não. Facilmente nos livramos daquilo que soa desprezível. Ao estímulo de um saber que nos estimula a isso, mais fácil ainda.

Todavia, se algo nos parece aprazível, mesmo que o senso comum o ache indigno, vicioso, rompermos essa relação equivale a romper consigo mesmo; adequar-se com valores que residem fora de nós.

Num ônibus, trem urbano, alguém se levantar e dar lugar a outrem é um gesto belo, polido e encontrável; embora, cada vez menos. Contudo, descer do trono da minha presunção e colocar nele O Criador, já não é tão pacífico assim.

A tirania do ego é uma fortaleza, contra os portões da qual não pensamos usar nossos aríetes. A culpa pelas dores, desajustes, pela infelicidade tem que estar no outro, “eu sou do bem”, pensamos.

Ao assumirmos essa linha de raciocínio descemos ao inferno e beijamos a mão do Capeta chamando-o de mestre. Pois, segundo ele, medirmos as coisas ao sabor dos nossos próprios olhos nos faz “como Deus”.

Entretanto, segundo A Palavra de Deus isso nos faz sub-tolos. “Tens visto o homem que é sábio aos próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.” Prov 26;12

Romper com a tirania do si mesmo, a endeusada e insana pretensão do humano saber, e abrir-se a uma Fonte Externa, Deus, é precisamente a ideia da conversão.

A cruz me mata. O Espírito Santo e a Palavra me fazem nascer de novo, removem minhas errôneas concepções e paulatinamente regeneram segundo Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55;7

Pois, não há meio termo como devaneiam alguns humanistas achando demasiado ácido esse negócio de estar em Deus ou, contra Ele. Claro que há desvios rústicos, toscos que qualquer simplório presto identifica a origem corrupta dos mesmos.

Entretanto, há sutilezas satânicas disfarçadas de doutrinas, socorros, caridade, lições de moral, etc. tudo no escopo de ensinos que excluem a Palavra de Deus, Única Fonte de vida eterna; cambiam-na por “verdades” que, se aprazíveis aos paladares desavisados, aos Olhos Divinos não passam de abjetas blasfêmias. Mais do mesmo, do homem “sendo Deus”, doutrinado pelo Diabo.

Mas, objetaria o “Simplício”: O que pode ter de mal num ensino que ajuda os pobres, alimenta-os, manda amar ao próximo, não julgar e cada um fazer o que lhe agrada? Qualquer coisa colocada em lugar de Deus, por palatável que pareça é blasfema. Dos ídolos diz: “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

Ao humanismo também traz sua diatribe. “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Dos que “consultam mortos” a Palavra também versa: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8.19 e 20

Diz certo adágio que o uso do cachimbo entorta a boca. A perseverança na impiedade faz algo parecido. De tanto vermos, convivermos, fruirmos certas coisas pecaminosas aos poucos acostumamos, a “não ver mal nenhum” como se, a nossa cegueira fosse uma aferidora moral, espiritual.

Nessa linha, muitas posturas indignas, imorais, insanas em dias pretéritos hoje são defendidas, cantadas em prosa e verso, aplaudidas nas pessoas que “têm coragem de se assumirem como são”. desse modo, não foi a vergonha que se perdeu, antes, coragem que se ganhou. Vejo o canhoto rindo.

Coragem tem aquele que ousa se apresentar nu diante de Deus, assumindo culpas e buscando perdão, reconciliação mediante Cristo. Os que preferem habitar nas sombras da maldade são fugitivos. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Se, na Luz, o tal sabe que seria reprovado, em si mesmo já tem o julgamento correto sobre seus descaminhos; o simples manter distância da Luz é já sua implícita confissão.

A hipocrisia faz dourar pílulas, gerar eufemismos, criar paliativos de boas obras com se Deus vendo essa artimanha mudasse Seus Caminhos para acomodar também aos rebeldes insubmissos.

Boas obras são importantes, mas só importam mesmo se forem consequências da salvação, não, pretenso meio. Para essa, invés das mãos se requer ouvidos. “O que me der ouvidos habitará em segurança; estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

sábado, 15 de junho de 2019

O Dia da Angústia

“Se te mostrares fraco no dia da angústia a tua força é pequena.” Prov 24;10

Ansiedade, inquietude, sofrimento, estreiteza, privação, tormento...

Nos dias em que esses pesos incidem sobre nós nossas forças são testadas. Há diferença entre músculos forjados em academias e os derivados do trabalho; aqueles, não raro, são subprodutos da vaidade; esses, do cumprimento do dever.

Qual força fraca, que, malgrado ostente corpo de herói das artes marciais, habita numa alma pusilânime, refém de vícios e superfluidades várias. Desse modo o uso eventual das palavras certas com espírito errado; profissões de fé que sucumbem aos testes.

Assim, pretensa saúde espiritual dos que, estão cheios de fé e louvores em dias de abundância, calmaria, cercados de afetos; mas, permita-se-lhes a menor contrariedade e qual cabana de palha na tempestade, sua “fé” some num sopro. Sua “caminhada” na esteira da jactância vã, invés das veredas estreitas e pedregosas da obediência e confiança irrestritas se revela inútil.

Para esses infantes mimados estão cheias as redes sociais de “mensagens poderosas” que prometem mundos e fundos, grandezas incondicionais para deleite da carne que deveria ser mortificada; “Deus vai fazer isso e aquilo para mostrar Seu Poder”. Inclusive, “pagar suas contas”. Que vergonha!! Crianças sujas de barro fingindo ser super-heróis.

Diga lá, caro Batman; quem construiu à Torre Eiffel faria uma casinha de cachorro para exibir talento como engenheiro??? Quem criou tudo o que há precisa dar “pirulitos” a crianças mimadas para mostrar Poder? “... Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Querem que “Deus mostre” que pode ser manipulado por lapso de noção. Pelo discernimento que Ele já nos deu, vemos sua vergonhosa nudez; como o casal edênico, não se envergonham. Aqueles por inocência; esses por cegueira.

Claro que é doloroso passar por angústias; só quem as sofre sabe; mas, quando vierem, e virão, façamos um cursinho intensivo de 42 capítulos com Jó, invés de ficar covardemente fugindo do Anseio Divino que permite e associa-se conosco em nossas dores, para o nosso crescimento. “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

Provação testa nossa têmpera, a fibra das almas, não, a robustez dos corpos. Muitos derrotados pelas angústias, sem a resiliência decidida para um recomeço “jogam a toalha”; caem em estados auto-comiserados e desistem de viver; não poucos sucumbem à depressão e alguns chegam ao extremo do suicídio. Invés de matar à dor que as incomoda matam as possibilidades.

Tendo em mente todas as lutas necessárias que nos assediam Paulo aconselhou: “Fortalecei-vos no Senhor; na força do Seu Poder.”

Infelizmente, muitos deixam para consertar o telhado em dias de chuva; invés de se achegarem ao Senhor em momentos de calmaria e restaurarem com Ele a relação e depois se fortalecerem na manutenção estreita da mesma, colocam um balde na goteira; “lembram” do Eterno apenas em horas angustiosas. Salomão aconselhou: “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento.” Ecl 12;1

“O dia da angústia” ou, o choro que “dura uma noite” são metáforas para um período de sofrimento; às vezes breve, outras, longo. Todavia, quem encara isso da perspectiva correta sai dentre as cinzas da dor para uma chama viva de comunhão e conhecimento melhor. “Eu te conhecia só de ouvir falar; mas, agora te veem meus olhos” Jó 42;5 “Antes de ser afligido andava errado; mas agora guardo Tua Palavra.” Salm 119;67

Se, nada de positivo fosse possível ao Senhor tirar dentre as angústias, por certo Seu Amor nos pouparia delas; mas, é justo Seu Zelo de Pai Amoroso que nos exercita nelas, seja como consequências de pecados, seja como profilaxia prevenindo dores maiores, quiçá, eterna perdição.
“Porque o Senhor corrige o que ama, açoita qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” Apoc 3;19

Se, está tudo escuro à nossa volta, ainda assim há uma Luz para cima: “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Pois, se uma contrariedade efêmera, eventual já nos angustia como estaria Seu Coração de Pai ante o risco da eterna perdição dos filhos? “Em toda a angústia deles Ele foi angustiado...” Is 63;9

A bola está conosco; ou, ensejamos festa nos Céus mediante arrependimento e obediência, ou, angústia lá e cá, perdendo-nos e ferindo ao Amor do Pai.

domingo, 9 de junho de 2019

Nuances do silêncio

O silêncio tem tanto a dizer... às vezes nele conseguimos conexões com O Pai; oramos sempre; mas, eventualmente, podemos “ouvir” Deus. Se, não, mesmo assim, nele se antecipa os passos do amanhã, se evoca nossos tropeços, erros, e realça o que haurir deles para que a dor dos mesmos nos ensine o “caminho das pedras” e não tropecemos novamente.

As aflições dos espíritos errantes têm pavor a ele com seu modo tácito, gentil, tênue, grave; buscam agulhas do álcool que acrescem aflições mais; nessa fuga camuflada qualquer barulho serve; então, se impõe o desejo por música; pior, chamam barulhos desconexos de música... Eu colho limão e faço limonada; a maioria dos “músicos” em voga deve ter colhido um cágado... Putz! O barulho traz cada porcaria. O silêncio educado sai de fininho; a ninguém se impõe.

Tá certo que carece, não raro, a assessoria da solidão e essa véia é mui solitária, às vezes. Contido o anseio de lhe dar um pé na bunda até que ela serve para algo. Pois, essa dupla enseja as mais profundas reflexões, as mais ferventes preces e os mais eloquentes poemas... Por isso só já compensa seu incômodo.

Precisamos muito cuidado no manuseio das palavras, elas são feitoras perigosas, como disse alguém: “A palavra que tens dentro de ti é tua escrava; a que deixas escapar é tua senhora...” Assim, se o silêncio não trouxer nada mais, porém, detiver essa ameaça; digo, mesmo sem reflexão, prece ou poesia inda será um grande bem. “Falar é prata, silencio é ouro.”

Sabedores de todos os perigos que a voz porta, muitos políticos evitam-na sob os préstimos de um porta-voz. Nosso presidente, por exemplo; tudo o que fala é distorcido, reinterpretado; e, querendo ou não, com o intento que for, acaba se voltando contra ele pelas mãos da extrema imprensa a prostituta de luxo do “Mecanismo”.

Fico a pensar se o número de eleitores surdos-mudos fosse maior o que essa meretriz faria com os discursos em LIBRAS da Primeira-Dama; como “interpretariam” o mover das suas mãos. O discurso ao público alvo seria um, a nós, o seu oposto.

Os sábios hindus recomendam uma análise custo-benefício, antes de uma opção que sacrifique o precioso silêncio; dizem: “Quando falares cuidas para que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.” Como fazer com que a prata valha mais do que o ouro? Dá uma vontade de calar a boca! Quantas vezes matamos o silêncio sem dar vida às palavras!

Entretanto, algumas vezes o silêncio deriva da velhacaria desonesta dos que relutam reconhecer os alheios méritos. Dizem alhures que as pessoas ficam boas depois que morrem; é que os que divisavam nelas, qualidades, já podem falar das mesmas, livremente sem o risco que o finado ouça; como disse certo personagem de Machado de Assis: “Está morto; podemos elogiá-lo à vontade.” “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.” Martin Luther King

De certa forma o silêncio funciona como a água que temos canalizada em nossas casas. Sequer percebemos o valor, a utilidade quando temos; mas, ouse faltar por um diazinho só. O silêncio também é mais notado pela sua ausência que pela presença.

Em alguns casos pode ser requisitado pelos seus próprios meios; digo; pedido em silêncio com um simples gesto; em outros diante de uma balbúrdia generalizada onde todos falam ao mesmo tempo, alguém brada: Silêncio!! Ironicamente um barulho maior que os barulhos clama, para que aquela desordem volte a existir certa ordem. Não ao silêncio absoluto se busca, mas, ao falar mais “rarefeito” para que o peso das palavras possa ser comunicado.

Se todo tagarela fútil expõe uma imagem de tolo, parvo, a quem observa-o, as tintas do silêncio costumam pintar-nos mais belos do que somos, como disse Salomão: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Parece que nossas fachadas humanas trazem estampado certo saber “à priori” que as drogas das palavras insistem em estragar. Como ironizou alguém: “Melhor ficar calado inda que nos presumam tolos, que abrir a boca e lhes dar a certeza disso.”

À rocha escura do silêncio muitos talentos verdadeiros moldaram esculpindo as mais belas canções e louvores.

Não que ele seja um valor absoluto a ser mantido a todo custo; mas, em muitos momentos é a mais sábia das respostas; em outros, a porta de entrada pra uma vereda que dará conteúdo à nossa fala quando essa for oportuna.

“Na procura de conhecimentos, o primeiro passo é o silêncio, o segundo ouvir, o terceiro relembrar, o quarto praticar e o quinto ensinar aos outros.” Textos judaicos

Zelo e entendimento

“Porque nossa exortação não foi com engano... falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus...” I Tess 2;3 e 4

Exortação é um misto de encorajamento com correção; deriva de alguém que, supostamente anda bem em determinado caminho comum, e divisa outrem que anda mal em certo aspecto. Vendo isso corrige e encoraja ao retorno para o bom andar.

Todavia, nem toda exortação tem essa acuidade com a verdade de um que fala, antes, para agradar a Deus, que aos homens. Paulo testificou que seu povo era zeloso de Deus, mas estava enganado; “... têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10;2

Então, alguém inflado de zelo e privado de entendimento, naturalmente, exortará segundo seu zelo que o fará guardião, apenas, do próprio engano, não da Vontade Divina. Lembrei certo jogador de futebol que, em entrevistas após os jogos, não raro, falava em “aperfeiçoar meus erros”. Ora, erro se corrige, não, aperfeiçoa. Assim, exortar estando enganado equivale a demandar um “aperfeiçoamento” no erro.

Assim como, nas tentações no deserto o Senhor resistiu ao Diabo em si mesmo, antes de expulsá-lo de terceiros, o mesmo se requer de nós, tanto em relação a ele pessoalmente, quanto às suas muitas coisas distribuídas no varejo, os pecados.

Paulo escreveu aos coríntios esmiuçando a natureza da peleja; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Os conselhos do inimigo levantam-se contra o conhecimento de Deus; logo, todo engano nessa área é, eventual, vitória dele.

O que as armas espirituais visam conquistar não é um zelo mais intenso, antes, entendimento alinhado e submisso à doutrina de Cristo. Logrado isso, correção, exortação tornam-se coerentes, proveitosas; “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” V 6

Assim como vulgarmente se diz: “O sujo falando do mal lavado” se pode ver a exortação de um que não cumpre o que ensina, ou, não entende corretamente à doutrina que abraça. No primeiro caso temos o hipócrita; no segundo, o ignorante.

Cheio está o mundo virtual de ataques dessas duas naturezas; o hipócrita tipo, “faça o que digo, não, o que faço”, pois, seu testemunho contrapõe-se aos ensinos; e, ignorantes zelosos ardendo de paixão por denominações, ídolos humanos, ideologias políticas anticristãs, dogmas eclesiásticos espúrios, “profetas”, “aparições de Maria”, etc.

Ora, o que há de válido numa mensagem espiritual já está na Bíblia; algo que a contrarie ou suplemente ela mesmo veta. Logo, tais enganadores estão “dando socos no ar”, apropriando-me da figura de Paulo. Claro que O Espírito Santo, eventualmente, usa alguém em profecia para certas situações; mas, não estabelece profetas nos moldes do Velho Testamento. A Profecia por excelência é A Palavra escrita interpretada sob Sua Inspiração.

E nisso, o acesso às Palavras do Evangelho, somos colocados numa Graça infinitamente superior aos que viveram nos dias dos grandes profetas; vejamos: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” Heb 1;1

Se, ter ouvido de Samuel, Elias, Eliseu, Moisés... era uma honra para alguém, nós outros temos o privilégio de termos as Palavras do Filho de Deus; e, “Ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3

Todavia, uma graça superior demanda um comprometimento superior. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

Desgraçadamente vige mais o amor pela performance do pregador, que, pela verdade. Ora, quando escolho algo ou alguém porque me agrada, no fundo, escolho a mim mesmo. Muitos pregadores “douram a pílula” sonegando a gravidade do que está em jogo por se agradarem mais de multidõe$ que da verdade. Como exortariam segundo Deus, sem enganos?

Na hora do oba-oba, da multiplicação dos pães, O Senhor estava entre uma multidão. Quando apresentou a seriedade da coisa restaram doze timoratos com pé vacilante...

Compreensão não vem enlatada; do ditoso do Salmo primeiro se disse que, “tem o seu prazer na lei do Senhor; nela medita de dia e de noite.” V 2 

E o entendimento correto não é mera posse intelectual, antes, uma diretriz de vida. “Entendo mais que os antigos; porque ‘guardo’ os teus preceitos.” Sal 119;100

sábado, 8 de junho de 2019

Vede prudentemente como andais

“O escarnecedor busca sabedoria e não acha nenhuma, para o prudente, porém, o conhecimento é fácil.” Prov 14;6

Não temos uma antítese mental entre o que encontra sabedoria e o que não; tipo, inteligente versus obtuso; ou, esperto versus tonto. Antes, os opostos entre um e outro são morais, não, intelectuais; escarnecedor versus prudente.

Ambos geralmente estão no mesmo nível intelectualmente; são capazes para o aprendizado em igualdade. Porém, as índoles espirituais e inclinações dos caracteres são opostas.

Um basta-se e recusa aprender, acreditando que já sabe o bastante; ou, por saber das implicações de ver melhor prefere recrudescer na sua miopia chamando-a de luz.

Outro considera o seu lapso de saber e se faz maleável ao ensino. Sua prudência geralmente o faz melhorar e trilhar as “Veredas Antigas”, invés das novidades letais dos modernismos ímpios.

Então, apresente-se perante ambos a ideia do pecado como feitor de inimizade contra Deus, e resiliência nele, como algoz de eterna perdição; o escarnecedor zombará. Não raro, se dirá “gente boa”, tão ou mais que aquele que, por identidade com O Eterno, anuncia os riscos dos descaminhos.
Refugiar-se-á em postulados ridículos, tipo, “todas as religiões são boas”, o “importante é ser do bem”, “também sou filho de Deus” etc. Mas, o pecado que deu azo à exortação resistida seguirá incólume no trono do ego imprudente que, por auto-endeusar a sua ignorância fecha-se à Sabedoria Divina.

Pecado trata-se à Luz da Palavra de Deus, não ao bel prazer de dogmas, rituais e criações religiosas.

O escarnecedor sorri “justificado”, satisfeito quando um servo de Deus peca; um convertido entristece-se, arrepende-se e busca melhorar quando ele mesmo falha; inda, como disse Oswaldo Cruz, “Observando aos erros alheios, o homem prudente corrige os seus.”

A instrução segue lá; grave, constante e sábia; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Contudo, “Os insensatos zombam do pecado...” Prov 14;9

Pois, o diabo, genitor e gestor da arrogância humana proveu acessos bem mais fáceis à “Sabedoria” sem essa necessidade soturna e ácida de lidar com a indesejável palavra, pecado. Tampouco, a negação do ego, poeticamente chamada de cruz. 

Mediante o mundo virtual todos são feitos “sábios”; com mero clic podem partilhar profundas porções filosóficas ou espirituais, mesmo sendo em si mesmos incapazes para uma reles frase de conteúdo veraz, de algum valor.

As coisas valiosas ante paladares incapazes de apreciá-las a Bíblia figura como a estupidez de se usar preciosidades em fundas; “Como as pernas do coxo, que pendem flácidas, assim é o provérbio na boca dos tolos. Como o que arma a funda com pedra preciosa, assim é aquele que concede honra ao tolo.” Prov 26; 7 e 8

Todavia, repreenda-se a um prudente e ele emendará seus caminhos. “A repreensão penetra mais profundamente no prudente do que cem açoites no tolo.” Prov 17;10, ou, “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia sua loucura.” Prov 13;16

Não por outra razão, o que teme ao Santo é chamado sábio. Sua sabedoria não consiste num manancial precioso de conteúdo que o mesmo tenha em si; antes, na prudência de reconhecer à própria ignorância, e suprir-se do saber necessário fruindo da mais saudável Fonte; Deus. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7

Esses são os “sábios” que carecem ser instruídos, e sendo-o, crescem. “Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.” Prov 9;9 e 10

Todas as iniciativas que atentam contra os Divinos preceitos, tais como, casamento gay, ideologia de gênero, aborto, liberação das drogas, desacato às autoridades, etc. não passam de pecados redefinidos como “direitos sociais, diversidade” e o escambau. Derivados do espírito do escarnecedor mor que domina, permissiva e temporariamente, nesse mundo.

Mesmo amando a ponto de dar Sua Vida pelos indignos objetos desse amor, O Senhor É O Todo Poderoso, Juiz dos vivos e dos mortos; não, um mendigo de afetos sentimentalóide que faria vistas grossas ante escárnios para “salvar” até mesmo a quem se lhe opõe.

Encerra Sua Revelação desafiando cada um a deixar patente sua escolha; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22;11

Pois, “O rei se alegra no servo prudente, mas sobre o que o envergonha cairá Seu furor.” Prov 14;35

domingo, 2 de junho de 2019

A dor de ver

“Porque na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1;18

Não pretende com isso, o sábio, que conhecimento seja mau; apenas adverte dos efeitos colaterais da sua aquisição; dor. Aliás, as coisas de valor costumam também ter custo.

Alguém manifestou de modo sarcástico sua decepção com os humanos: “Quanto mais conheço aos seres humanos, mais gosto do meu cachorro.” Os motivos parecem óbvios.

As pessoas conhecidas tendem as nos decepcionar, muito mais que surpreender. Digo, na imensa maioria dos casos são piores do que pensamos não, melhores. Por esse caminho, ao aprimorar do conhecimento, invés de um “pote de ouro no fim do Arco Iris” achamos essa sisuda senhora, a dor.

Quantas pessoas que admiramos, idolatramos até; jornalistas, escritores, pregadores, atores, etc. e, indo além do embuste da arte que era a fumaça que nos cegava e chegando ao cofre dos valores, que é o que conta, deveras, essas que se nos pareciam admiráveis de repente se tornaram desprezíveis? Experiência brindando ao conhecimento tilintando taças amargas de dores.

Mesmo pessoas de nosso convívio com as quais nos alegramos, comemos e brincamos juntos, e os caminhos da vida, depois de alguns passos mais, mostraram que a gente não era aves do mesmo bando... Dissemos e pensamos coisas a respeito delas, em nossos dias de “patinhos feios” que hoje, vendo melhor não repetiríamos de modo nenhum. Uma vez mais, o conhecimento ensejando decepção; por que não, dor?

Não só aos cães, mas a todos os bichos o hipócrita e o mercenário interesseiro ficam em desvantagem. Os bichos não têm “talento” para essas coisas.

Todavia, dor não é algo do qual devamos fugir. Tristeza e decepções costumam pagar os estragos que nos causam com douradas moedas de experiência, sabedoria.

Não sem razão, pois, o mesmo sábio aconselhava, antes, os ambientes fúnebres que os festivos. “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.” Ecl 7;2 a 4

Muitos “festivos” sem motivo fogem das dores necessárias, e vão ao encontro de outras muito maiores e desnecessárias. Refugiam-se em vícios, promiscuidades a pretexto de “curtir a vida” quando, não passam de fugitivos das responsabilidades que lhes batem à porta.

Rotulam-nos, os cristãos, de covardes porque preferimos enfrentar nossas dores a fugir delas.

Sua noção de “coragem” é a esbórnia; dar asas a toda sorte de vícios e convívios malsãos. Aí, quando uma coisa mais séria ocorre, coisa de adultos espirituais, tipo uma possessão, uma morte, uma enfermidade incurável, lembram enfim, dos “covardes” e pedem sua ajuda. Se aprendessem algo em momentos assim...

Até no aspecto social, quanto mais corrupto for o governante, menos se preocupará com a qualidade da educação; quanto mais ignorante o povo for, melhor para seus anseios de poder. Veta seu gado amestrado das dores de ver, porque se ele visse, as dores seriam suas.

Deus é leniente com nossa ignorância; perdoa coisas erradas que fizemos sem saber. Mas, chama-nos à Luz e arrependimento, uma vez iluminados. “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos.” Atos 17;30 e 31

Se, muitas dores derivam de vermos melhor às maldades que se camuflavam sob aparências inocentes, como não sofrerá com isso o “Homem de Dores”, Jesus Cristo, pela Sua Onisciência? Quantas vezes disse: “Por que sobem tais pensamentos aos vossos corações?”

O Senhor queixou-se contra Israel, que invés do culto de adoração desejado deu trabalho ao Santo por suas iniquidades. “Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste, mas me deste trabalho com teus pecados, e me cansaste com tuas iniquidades.” Is 43;24

Afinal, “Não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13

O arrependimento vem da dor de conhecermos melhor a nós mesmos. Assim como deixamos relações com pessoas más, reconhecer que, perante Deus somos maus e carecemos negar a nós mesmos, para refazer a amizade com Ele.

Pois, quanto mais reconheço a mim mesmo, mais aprecio ao Amor Dele que consegue perdoar a alguém tão ruim.