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terça-feira, 10 de setembro de 2019

Maçãs de Ouro e Silêncio

Dizem que palavras são prata, enquanto o silêncio é ouro. Desconfio, porém, que essa valoração só se verifica em determinados contextos, não é um valor absoluto.

Um provérbio hindu diz: “Quando falar cuide para que, tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.”

Ora, se existe possibilidade das palavras serem melhores que o silêncio, resulta que a prata supera ao ouro?

Segundo Salomão, “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo o propósito debaixo do céu... tempo de estar calado, tempo de falar;” Ecl 3;1 e 7

Assim, a excelência não reside no silêncio, nem palavras, em si; antes, no encaixe preciso das palavras com o tempo oportuno; O mesmo Salomão disse: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no devido tempo. Como pendentes de ouro, gargantilhas de ouro fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento.” Prov 25;11 e 12

No primeiro caso a excelência reside no encontro das palavras com a ocasião própria; no segundo, da repreensão sábia com o ouvido atento.

Há momentos em que a intensidade da dor expõe a inutilidade ou impotência das nossas palavras; em casos assim, o silencio vale mais. “O que canta canções para o coração aflito é como aquele que despe a roupa num dia de frio...” Prov 25;20

Quando a morte decide falar, por exemplo, sua eloquência atinge proporções tais que nossas palavras quedam raquíticas e insignificantes. Assim, em ambientes fúnebres, além das coisas absolutamente necessárias à solidariedade e à polidez, no mais um zíper na boca se revela melhor que a vibração insensata das cordas vocais.

“Porque, da muita ocupação vêm os sonhos; a voz do tolo da multidão de palavras.” Ecl 5;3

Ironicamente se diz: “Fulano quando cala a boca é um poeta”. Talvez. O silêncio empático como o inicial, dos amigos de Jó que vendo o tamanho da desgraça assentaram-se calados ao seu lado durante sete dias e sete noites compõe estrofes que, nem os mais inspirados poetas conseguem. “Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Cap 2;13

O Salvador disse que nossas palavras refletem os corações; “Do que o coração está cheio, disso a boca fala.” Todavia, nem sempre. Há casos em que falas circulam ociosas, para desviar atenção, manipular; contudo, Ele disse mais: “Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

Por outro lado, o silêncio pode ser criminoso quando omite o que deveria ser gritado; por exemplo: A situação de grave fome em Samaria nos dias de Eliseu; O Senhor dissipara e pusera em fuga ao acampamento dos inimigos que cercavam aos famintos Hebreus.

Quatro leprosos saíram vagando por nada ter a perder; chegando ao arraial inimigo acharam grande fartura deixada pelos que fugiram apressados.

Mataram a fome e tomaram despojos para si; suas consciências acusaram mostrando a culpa pelo silêncio deles. “Chegando, pois, estes leprosos à entrada do arraial, entraram numa tenda, e comeram, beberam e tomaram dali prata, ouro e roupas; foram e esconderam; então voltaram, entraram em outra tenda, e dali também tomaram alguma coisa e esconderam. Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; por isso agora vamos e anunciaremos à casa do rei.” II Rs 7;8 e 9

Naquele caso, silêncio não seria ouro nem prata, mas, omissão, pecado, culpa. Quantos se fazem culpados por, em busca de aplausos, aceitação, ou meramente para evitar polêmicas traem as próprias consciências omitindo o que deveriam falar? Como os leprosos aqueles poderiam dizer: “Não fazemos bem.”

Os que não conseguem ver as coisas da perspectiva correta não entendem por que pregamos, falamos e escrevemos acerca da Salvação em Cristo.

Éramos com os leprosos aqueles; mortos-vivos com nada a perder. Assim, corremos o risco de ir após o chamado do Salvador mesmo acenando-nos Ele com uma cruz.

Encontramos em Seu “Acampamento” sinais de fuga do inimigo derrotado, fartura de Pão dos Céus, e riqueza de dons incontáveis. Pegamos o que pudemos, mas achamos que não faríamos bem em guardar as “Boas Novas” somente para nós.

Quando porfiamos em busca de conversão dos que nos ouvem não temos em escopo alguma vantagem terrena que eventuais adesões poderiam trazer; antes, alegria de ver mais gente como nós, partícipe das infindas Riquezas de Cristo. Sabemos da fome que há no arraial dos sitiados pelo inimigo; viemos de lá.

Não fazemos barulho pelo barulho; mas, pela vida eterna que trará a quem souber ouvir.

domingo, 9 de junho de 2019

Nuances do silêncio

O silêncio tem tanto a dizer... às vezes nele conseguimos conexões com O Pai; oramos sempre; mas, eventualmente, podemos “ouvir” Deus. Se, não, mesmo assim, nele se antecipa os passos do amanhã, se evoca nossos tropeços, erros, e realça o que haurir deles para que a dor dos mesmos nos ensine o “caminho das pedras” e não tropecemos novamente.

As aflições dos espíritos errantes têm pavor a ele com seu modo tácito, gentil, tênue, grave; buscam agulhas do álcool que acrescem aflições mais; nessa fuga camuflada qualquer barulho serve; então, se impõe o desejo por música; pior, chamam barulhos desconexos de música... Eu colho limão e faço limonada; a maioria dos “músicos” em voga deve ter colhido um cágado... Putz! O barulho traz cada porcaria. O silêncio educado sai de fininho; a ninguém se impõe.

Tá certo que carece, não raro, a assessoria da solidão e essa véia é mui solitária, às vezes. Contido o anseio de lhe dar um pé na bunda até que ela serve para algo. Pois, essa dupla enseja as mais profundas reflexões, as mais ferventes preces e os mais eloquentes poemas... Por isso só já compensa seu incômodo.

Precisamos muito cuidado no manuseio das palavras, elas são feitoras perigosas, como disse alguém: “A palavra que tens dentro de ti é tua escrava; a que deixas escapar é tua senhora...” Assim, se o silêncio não trouxer nada mais, porém, detiver essa ameaça; digo, mesmo sem reflexão, prece ou poesia inda será um grande bem. “Falar é prata, silencio é ouro.”

Sabedores de todos os perigos que a voz porta, muitos políticos evitam-na sob os préstimos de um porta-voz. Nosso presidente, por exemplo; tudo o que fala é distorcido, reinterpretado; e, querendo ou não, com o intento que for, acaba se voltando contra ele pelas mãos da extrema imprensa a prostituta de luxo do “Mecanismo”.

Fico a pensar se o número de eleitores surdos-mudos fosse maior o que essa meretriz faria com os discursos em LIBRAS da Primeira-Dama; como “interpretariam” o mover das suas mãos. O discurso ao público alvo seria um, a nós, o seu oposto.

Os sábios hindus recomendam uma análise custo-benefício, antes de uma opção que sacrifique o precioso silêncio; dizem: “Quando falares cuidas para que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.” Como fazer com que a prata valha mais do que o ouro? Dá uma vontade de calar a boca! Quantas vezes matamos o silêncio sem dar vida às palavras!

Entretanto, algumas vezes o silêncio deriva da velhacaria desonesta dos que relutam reconhecer os alheios méritos. Dizem alhures que as pessoas ficam boas depois que morrem; é que os que divisavam nelas, qualidades, já podem falar das mesmas, livremente sem o risco que o finado ouça; como disse certo personagem de Machado de Assis: “Está morto; podemos elogiá-lo à vontade.” “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.” Martin Luther King

De certa forma o silêncio funciona como a água que temos canalizada em nossas casas. Sequer percebemos o valor, a utilidade quando temos; mas, ouse faltar por um diazinho só. O silêncio também é mais notado pela sua ausência que pela presença.

Em alguns casos pode ser requisitado pelos seus próprios meios; digo; pedido em silêncio com um simples gesto; em outros diante de uma balbúrdia generalizada onde todos falam ao mesmo tempo, alguém brada: Silêncio!! Ironicamente um barulho maior que os barulhos clama, para que aquela desordem volte a existir certa ordem. Não ao silêncio absoluto se busca, mas, ao falar mais “rarefeito” para que o peso das palavras possa ser comunicado.

Se todo tagarela fútil expõe uma imagem de tolo, parvo, a quem observa-o, as tintas do silêncio costumam pintar-nos mais belos do que somos, como disse Salomão: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Parece que nossas fachadas humanas trazem estampado certo saber “à priori” que as drogas das palavras insistem em estragar. Como ironizou alguém: “Melhor ficar calado inda que nos presumam tolos, que abrir a boca e lhes dar a certeza disso.”

À rocha escura do silêncio muitos talentos verdadeiros moldaram esculpindo as mais belas canções e louvores.

Não que ele seja um valor absoluto a ser mantido a todo custo; mas, em muitos momentos é a mais sábia das respostas; em outros, a porta de entrada pra uma vereda que dará conteúdo à nossa fala quando essa for oportuna.

“Na procura de conhecimentos, o primeiro passo é o silêncio, o segundo ouvir, o terceiro relembrar, o quarto praticar e o quinto ensinar aos outros.” Textos judaicos