sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O preconceito


“Os bárbaros usaram conosco de não pouca humanidade; porque, acendendo uma grande fogueira, nos recolheram a todos por causa da chuva que caía e do frio.” Atos 28:2

O navio que levava Paulo preso a Roma, encalhara na ilha de Malta no Mediterrâneo. Chegando lá, os náufragos foram recebidos como Lucas relata acima. Os “Bárbaros” foram muito humanos.

Quem eram os bárbaros? De qual povo descendiam? Na verdade, não se tratava estritamente de um gentílico, uma etnia; antes, era um termo genérico, pejorativo, aplicado a muitos povos. Inicialmente, os gregos consideravam bárbaros aos que não fossem gregos. Reputados inferiores, alienados da cultura helenista, beócios, cruéis, belicosos, insensíveis.

Nos dias do Império Romano, os povos alheios à cultura de Roma; iberos, celtas, trácios, germânicos, persas, eram todos “Bárbaros.”

Derivados dessa palavra migraram até nossos dias. Quando algo hediondo acontece, presto adjetivamos como sendo uma “barbárie”; isto é: Algo próprio dos bárbaros. Cá no Rio Grande do Sul se usa a expressão, “barbaridade”, com sentido de espanto, também, de algo que extrapola ao “normal”; derivado da antiga ideia que, rotulava aos povos periféricos aos grandes centros culturais, daquela forma.

Então, posto isso, parece que temos uma “contradição” na narrativa de Lucas. Os bárbaros nos trataram de forma muito humana. Os frutos dos “bárbaros” deixavam ver que a pecha que sofriam era preconceito.

Atualmente se usa e abusa da ideia de preconceito, não por escrúpulos humanistas, upgrade civilizatório; antes, por vileza ideológica, onde, o fomento da luta de “classes”, divergências comportamentais, diferenças raciais, se mostra muito útil ao estratagema de “dividir para conquistar”.

Então, embora preconceito seja uma coisa abjeta, que deva ser combatida, na maioria dos lábios que fazem diatribes, não se trata, deveras, de defesa da igualdade; antes, da máscara de um preconceito maior, ideológico, buscando ser “canonizada” pela suposta luta, contra preconceitos pontuais. Uma cantilena pronta fazendo pose de oásis, em cérebros ermos.

Nos dias do Salvador existia isso bem enraizado. Quando determinado escriba perguntou ao Mestre: “Quem é o meu próximo?” O Senhor contou do “Bom Samaritano.” Mas, como poderia ser bom, se era um maldito samaritano? Sim, o preconceito era tal, a ponto de uma mulher de Samaria se espantar por Jesus ter falado com ela; “pois os judeus não se comunicam com os samaritanos.” Ruim é sentir-se superior a outrem; porém, a tal ponto, de sequer falar com o “inferior”, aí extrapola todos os limites.

Embora sejam os judeus o “povo eleito” descendentes de Abraão, havia algo mais que mero laço sanguíneo, que O Salvador buscava para referendar a descendência abençoada. Zaqueu era um deles; somente depois de crer em Jesus e se arrepender de seus pecados, que foi arrolado como da bendita estirpe; “... também este é filho de Abraão.” Luc 19:9 Paulo explicou: “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.” Gál 3:7

João Batista “vacinara” contra a temeridade de confiar apenas no sangue; “Não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Mat 3:9

Eles continuam sendo alvo do Amor de Deus, semente bendita; mas, nenhum será salvo sem reconhecer ao Messias, que veio ao mundo como judeu. Felizmente, na reta final, muitos O estão reconhecendo.

Todavia, criou-se uma narrativa, (novo nome da mentira) que chama de “preconceito” à rejeição da perversidade sexual. Preconceito, como a palavra sugere, é um conceito prévio, “à priori”, antes de conhecermos as atitudes.

Como foi então, o de chamar aos maltenses de bárbaros, malgrado, fossem mui civilizados.

Nossas atitudes são nossos “frutos;” como nos comportamos numa área tão sensível como a sexual, tem grande relevância; o Mestre ensinou: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos; toda a árvore má produz frutos maus.” Mat 7:16,17

Quem define o que é bem ou mal? O inimigo propôs que deveria ser o homem. “Vós sereis como Deus, sabereis o bem e o mal.” Sempre que ignoramos à Palavra de Deus e decidimos por conta, gostando ou não, estamos seguindo à palavra do Diabo. Sim, eu sei, “discurso de ódio.”

Os estragadores de palavras estragaram mais que “preconceito;” agora, advertir alguém que está agindo contra a vontade de Deus, para que não se perca, é “odiar”. Dividir para conquistar não eclode na política apenas; nas coisas espirituais, sobretudo.

O surgimento de “mestres” que esposam a defesa de posturas perversas em nome de “Amor” mata mais que armas de guerra, pelo número de pessoas que desvia para perdição.

Todavia, “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala...” 125:1

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O Bendito Semeador



“A luz semeia-se para o justo; a alegria para os retos de coração.” Sal 97:11

Em si mesmo não há um justo sequer, como ensina A Palavra de Deus; os que, arrependidos das suas injustiças se submetem a Cristo, são justificados; desde então, reputados justos, por causa da Justiça do Salvador, a eles atribuída.

Se, apenas após sermos iluminados para a conversão, somos tidos por justos, por que, a “luz semeia-se para o justo?” Não seria essa “semeadura” um “chover no molhado.” Estaria iluminando de novo, a quem já teria sido?

O fato de termos recebido luz para entender o básico, que a salvação é apenas em Cristo, não significa que tenhamos luz bastante para compreendermos, tudo. Há um processo de iluminação progressiva, chamado de santificação, que demanda nosso crescimento contínuo.

O conhecimento da verdade, para libertação das amarras da mentira, é um aprendizado do Senhor, mediante Sua Palavra; “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8:31,32

Os demais erram na escuridão total; “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4:19

Os que receberam ao Salvador veem um pouco; são instados a seguirem ampliando a visão, até o perfeito discernimento espiritual; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4:18

Os amadurecidos no ouvir e praticar, À Palavra, são considerados perfeitos, aptos para as coisas mais profundas das Escrituras; capazes de discernir as coisas além das aparências. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

É necessária certa justiça, para, ante eventuais “conflitos” poder dizer como Paulo: “... sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso...” Rom 3:4 Ou, como disse Agostinho, com certo humor: “Lendo a Bíblia encontrei vários erros; todos, em mim.”

Sem essa sadia disposição de encarar à verdade mesmo quando ela nos desnuda, jamais poderemos ser iluminados; pois, nossa ímpia resiliência, egoísta, assopraria as velas que O Espírito Santo acendesse. Por isso, a “luz semeia-se para o justo.” A quem ousa ser justo o bastante, pra reconhecer às próprias injustiças.

Ademais, há um necessário consórcio entre luz e caminhada, que só os justificados se atrevem a adquirir; a luz que não molda nosso agir serve muito pouco. Não vai além de um patrimônio intelectual, um adereço espetaculoso que pode ser muito útil no desfile da vaidade; mas, que será absolutamente inócuo, no prisma da necessária purificação. Por isso, o ver e andar na vereda espiritual estão casados; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1:7

“... e
(semeia) alegria para os retos de coração.” Há uma diferença substancial entre a alegria e humor. Esse é superficial, efêmero; aquela, tem raízes.

Qualquer situação jocosa, seja um fato, ou mera construção verbal, pode nos fazer rir; despertar nosso senso de humor. Passado o instante, some. A alegria espiritual, sobretudo, não precisa de circunstâncias, por brotar de fontes que escapam do alcance dos olhos. “Porque o reino de Deus não é comida, nem bebida; mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14:17

Segundo o salmista ele tinha em seu íntimo um gozo maior que aqueles que festejavam uma grande colheita. “Puseste alegria no meu coração, mais que, no tempo em que se lhes multiplicaram trigo e vinho.” Sal 4:7

Essa alegria, além de um testemunho de paz com Deus, tem uma função medicinal, contra doenças psicossomáticas, como pânico, depressão e afins; “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” Prov 15:13 Ou, “O coração alegre é como bom remédio, mas o espírito abatido seca até os ossos.” Prov 17:22

Tal alegria requer o concurso da retidão, porque sendo patrocinada pelo Espírito Santo, jamais verteria de fontes espúrias à aprovação Divina. Deus também quer “entender a piada”; digo, sentir prazer conosco; pois o egoísmo humano divorciado dele, é obra maligna, como denunciou certa vez: “... escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66:4

Como disse Neemias, “... a alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8:10

A luz revela nossas enfermidades; depois desafia-nos a recebermos O Médico que nos visita: Jesus Cristo. Cumpridas suas prescrições, a vida espiritual é regenerada; justificados por Ele, somos iluminados para ver por onde convém andar, e nos alegramos pelo fato dele sempre andar conosco. “... eis que estou convosco todos os dias...” Mat 28:20

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Flores e frutos


Deparei com duas frases divergentes que me fizeram pensar. A primeira, com bela roupagem poética mas, discutível teor filosófico dizia: “Se ninguém me regar, não tenho obrigação de ser flor que se cheire.”

A outra trazia: “cuide do jardim da sua mente; o pensamento que você rega, cresce.

A primeira ideia me pareceu escapista, daquele que atribui a outrem a responsabilidade pelas escolhas suas. Se, não foi regado em tempo, tratado como gostaria, não tem dever de se tornar uma pessoa que a sociedade venha a gostar. Essa “filosofia” eliminaria o papel da superação; anularia feitos de tantos, que, mesmo privados de meios, recursos, fizeram grandes e relevantes coisas.

Nossas escolhas arbitrárias, mais que as de outrem, moldam nossos destinos, como disse Baudelaire: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.”

A ideia de “pagar na mesma moeda”, pode ter algum apelo no prisma da justiça; mas, não no da sabedoria. Invés de, mero e seco, “eu devolvo segundo o que recebo”, devemos aprender a semear o que gostaríamos de colher; Jesus ensinou: “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7:12 Não nos compete sermos ceifeiros, antes de termos sido semeadores.

Isso requer dar o primeiro passo; fazermos até mesmo, o que não recebemos e “corrermos o risco” de jamais receber. “... Amai aos vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que Seu sol se levante sobre maus e bons, a chuva desça sobre justos e injustos. Se amardes aos que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos o mesmo? Se saudardes unicamente, aos vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” Mat 5:44-48

O “toma-lá-dá-cá tem a ver com reles negócios; o “negócio” de Deus é o amor.

Paulo ampliou a ideia: “... Se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12:20,21

A ideia de vencer o mal patenteada pelos mercenários da praça é remover adversidades; no prisma sadio, é vencer às inclinações que nos afastam de Deus.

Não que as ações não terão as devidas recompensas, oportunamente. Mas, isso pertence ao Eterno; “... Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz o Senhor.” Rom 12:19

Ele deseja perdoar, em Sua Longanimidade; fará isso, sempre que houver arrependimento e mudança de atitudes; “... não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva.” Ez 33:11

Senão, quem melhor que Ele, sabe qual “moeda” é correspondente a determinada dívida? Não raro, os melindres humanos nos fazem cometer erros crassos na “casa de câmbio”, como se, a Libra Esterlina e Peso tivessem o mesmo valor. Nossas “justiças” por causa das paixões, podem abrir novos lapsos, invés de os corrigir.

Enfim, a ideia de que posso ser mau, porque outros foram maus comigo, cria um círculo vicioso infinito; como os “Carmas” do espiritismo; o que, anularia o sentido do perdão, e vilipendiaria ao inefável Sacrifício de Cristo. Não havia nada pelo quê pagar, se, abstraídas as razões do amor. “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5:8

Portanto, identifico-me melhor, com a segunda frase: “cuide do jardim da sua mente; o pensamento que você rega, cresce.”

Sobre os pensamentos, Paulo aconselhou: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo que é honesto, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, se há alguma virtude, se há algum louvor, nisso pensai.” Fp 4:8

Demócrito, um antigo pensador defendia que a bondade se aprende. Senão, qual o sentido de todos os ensinos que apontam para a virtude?

Assim como, a vivência nos domínios do mal forja a maldade, “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13:23 De igual modo, o ensino na senda do dever molda caracteres bons; “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22:6

Mais que flores que se cheirem, a Virtude de Cristo aprendida e vivida, deixará frutos ao longo dos nossos caminhos.

A boa escolha


“... estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego; do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e Icônio. Paulo quis que este fosse com ele. Tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.” Atos 16:1-3

A oposição que Paulo enfrentou em seu ministério veio dos judaístas que o perseguiam, por duas razões principais; uma: o judaísmo se pretendia ser o único caminho para Deus. Por verem ao Salvador como ameaça, o mataram. “Convém que um homem apenas, pereça, não toda a nação”, decidiram.

Outra: Paulo fora um dos principais expoentes deles, antes de se render a Cristo; “Na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.” Gál 1:14 Confessou. Um de nós se tornar “eles” é sempre motivo de revolta nos meandros humanas.

Tendo sido salvo, pouco a pouco, foi também iluminado; de modo que passou a relativizar às coisas que não tinham relevância para a salvação, entre as quais, rituais judaicos.

Eram ciosos da Lei, não tendo entendido o objetivo pelo qual ela fora dada. O “ministério da condenação” como definiu Paulo, era visto por eles como meio de salvação; o apóstolo expressou a função transitória da Lei: “... a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3:24

Se ela fosse colocada em lugar indevido, divorciaria seus proponentes de Cristo. “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5:4

“Porque em Cristo Jesus nem circuncisão, nem incircuncisão têm virtude alguma, antes, o ser uma nova criatura.” Gál 6:15
Escrevendo aos Romanos disse: “É judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens.” 2:29

Então, por quê Paulo circuncidou a Timóteo, sendo a circuncisão um rito observável segundo o judaísmo, irrelevante, desnecessário para salvação?

O mesmo apóstolo explicou: “Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da Lei, para ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem Lei, como se estivesse sem Lei (não estando sem Lei para com Deus, mas debaixo da Lei de Cristo), para ganhar os que estão sem Lei.” I Cor 9:19-21

Ele “engolia sapos” tendo em vista o objetivo maior, conduzir a Cristo. Fazia até o que sabia ser desnecessário, para que o essencial não sofresse obstáculos. Numa mescla de amor e estratégia, passava ao largo pelos melindres periféricos, visando o alvo excelente.

O “negue a si mesmo” supõe que, fazendo isso, daremos a primazia das nossas vidas a Cristo. Se, “nego-me” para que os outros vejam quanto sou capaz de ser um “asceta”, no fundo, não renunciei nada; apenas mudei a roupagem pela qual desejo ser aplaudido. O ego que deveria ter sido mortificado segue reinando.

Pessoas melindrosas, zelosas de ninharias, para as quais, ou, as coisas são do jeito delas, ou não são, ainda não chegaram nem perto da cruz. Se, como vimos no exemplo de Paulo, ele fazia até o desnecessário, para que o vital não fosse impedido, esses perdem-se em frescuras desnecessárias, presumindo que a vida pulsa nas suas predileções.

Nossa fé está sendo atacada, de forma ostensiva. A exclusividade de Cristo é blasfemada; a pureza sexual, relativizada, escarnecida, nossos fundamentos doutrinários têm sido atacados diuturnamente; não apenas, um camelo, mas, verdadeira cáfila tem adentrado em nossos acampamentos; muitos tolos gastam energias e espaços coando moscas, alheios a essa invasão.

Com fim perverso, muitos, a pretexto de contextualizar o Evangelho têm-no deturpado. Contextualizar é apresentar ao que é eterno, numa linguagem atual, compreensível; não, perverter à mensagem pura, para que essa soe palatável aos ímpios anseios, avessos à necessária santificação.

Coisas que há vinte anos nos fariam corar se dissessem que aconteceriam, hoje acontecem “naturalmente” no seio “cristão”, e pior: Sempre tem um ministro “liberal” para emprestar sua erística treinada, para defesa do indefensável.

Paulo fez um ritual judaico em Timóteo, para silenciar a oposição, pois, viu nele um potencial ministro da Palavra. As coisas mais importantes devem ser tratadas como tais. “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra...” Ecl 9;18

Durante sua viagem a Roma, tiveram que lançar ao mar toda uma carga de trigo, para que, 276 vidas do navio fossem salvas. Todavia, passados dois milênios da lição, muitos inda morrem agarrados ao trigo.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A "religião do medo"


Deparei com uma postagem provocativa. Alguém afirmava: “Minha religião não é baseada no medo, mas, no amor.” Outrem questionava. “- O que acontece com quem desobedece às regras? - Vai pro inferno”.

Tosca ironia, tentando vender ao cristianismo como a religião do medo. Deveriam conhecer melhor ao Islamismo.

Segundo quem contou, a expressão, “não temas” ou similar, aparecem na Bíblia 365 vezes. Se, a conta é exata ou não, é irrelevante; o fato é que é recorrente. Sempre Deus, através de um servo Seu, tentando encorajar alguém em face de uma dificuldade. Como o medo enfraquece, quem vai a um combate com ele já vai derrotado; é oportuna essa “injeção” antes de um enfrentamento qualquer.

A primeira vez que o medo aparece nas Escrituras, vem pelos lábios de Adão; “... Ouvi Tua Voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” Gn 3:10

Sempre falara em paz, com O Criador, após ter pecado sentiu-se inadequado para aquela relação. Nesse caso, o medo funcionou como um mecanismo de proteção, sendo O Eterno Quem É: “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1:13

O Salvador ensinou a quem devemos temer, e por quê: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais o que fazer. Mas, vos mostrarei a Quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12:4,5

“Deus É Amor”; porém, se em nome do amor acharem que, toda sorte de safadezas, blasfêmias, profanações, estão liberadas, não sabem o que é o amor, muito menos, têm a menor ideia de quem É O Altíssimo.

O primeiro aspecto do amor, que “não folga com a injustiça, mas com a verdade”, é o amor-próprio. Acaso alguém se lançaria na ribanceira de um cânion, ou, diante de um veículo em velocidade, gozando de razoável saúde psicológica? Não. Justamente por causa do amor-próprio, evitaria coisas deletérias, destrutivas. Teria medo de fazer coisas assim; esse medo seria sua proteção, não a castração de um direito.

O amor Divino não faz O Senhor permissivo; antes, zeloso em Seu trato conosco. “Ou cuidais que, em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4:5

O Eterno mesmo envia seus “não temas” encorajando aos Seus nas pelejas necessárias; porém, traça uma linha bem nítida, de, até onde podemos ir; “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3:7

O amor tem efeitos colaterais, uma vez que, “não busca os próprios interesses,” assim, esforça-se para agradar a quem ama. Alguém fez demonstração maior que o nosso Deus, nesse sentido? “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3:16 Adiante O Salvador acrescentou: “Ninguém tem maior amor do que este, dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15:13 Paulo argumentou na mesma linha: “Mas Deus prova Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5:8

A contrapartida que o amor deseja é ser correspondido. Passa longe de observar mero conjunto de regras, como supõem os que se atrevem a falar do que ignoram. As tais, são uma necessidade para os infantes espirituais, os primeiros passos, como um bebê apoiado no andador; “Se me amais, guardai Meus mandamentos.” Jo 14:15

Ademais, a Lei do Senhor só parece uma castração, para os ainda intoxicados pelas práticas da carne; aos renascidos do Espírito, a sensação que produz é outra; “Antes tem o seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1:2

Quem olha de fora, não tendo provado e fala do que não entende, não tendo aprendido, tenta colar suas idiossincrasias, onde não há a mínima aderência.

Não é a ameaça de possível pena que nos constrange à obediência; antes, o amor; os escrúpulos de entristecer ao Bendito Espírito Santo que em nós habita. João chamou à maturidade nisso, de “perfeito amor”; disse: “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena; o que teme não é perfeito em amor.” Jo 4:18

Enfim, não é que, quem não cumpre determinadas regras vai para o inferno; antes, quem se recusa a corresponder ao Amor de Cristo, já está no inferno; embora, na sala de espera.

Por causa do Seu amor, do prazer que Ele tem em salvar, aguarda um pouquinho ainda. Diz: “... Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da água da vida.” Apoc 22:17

A vereda dos justos


“O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo.” Is 26:7

“O caminho do justo...”
embora, diante de Deus não exista um justo sequer, nas relações interpessoais, a bondade Divina chama de “justos” gente como Jó, Samuel, Noé, Daniel... que adotaram um proceder em equidade e verdade. Os convertidos da Nova Aliança são justificados, não obstante, precisem longo processo de santificação. “... porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26:9

A “justiça” dos tais é uma disposição espiritual, uma índole direcionada à virtude, a qual, não podem praticar cabalmente, sem a ajuda Divina, do “Senhor Justiça Nossa”, Jesus Cristo; mesmo renascidos Nele, ajudados pelo Espírito Santo, ainda falham, carecem arrependimento e confissão.

Nesses, pela contínua disposição a aprender, os próprios erros da vida são professores; tendo comido dos frutos amargos das consequências, se fazem mais prudentes nos novos “plantios”; “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4:18

Paulo chamou os dias de ignorância espiritual, de “noite”; os ensinos do Salvador de “armas da luz;” “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13:12 A essas “armas” comparou com vestes. Não são para atacarmos algo, senão, o pecado; isso requer uma mudança no “ser”; como nos “vestimos”, evidencia a quais “inimigos” derrotamos.

“O caminho do justo é todo plano...” Plano, é uma alusão a ausência de “acidentes”; esses costumam acontecer, quando o giro da roda dos interesses, testa a veracidade de quem se comprometeu com outrem. Aquele que Deus reputa justo, o é, mesmo quando a justiça aponta armas contra ele; “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15:4

Moveres efêmeros dos interesses não o dirigem; antes, uma escala de valores; uma capacitação recebida, para a prática da justiça; “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84:5

Fortes Nele; nosso braço é incapaz diante de um adversário mais forte; “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17:5 O efeito colateral da autoconfiança; aparta do Senhor. Presumirmos que podemos sem Ele, apenas deixará nuas, nossa impotência e presunção.

“... Tu retamente pesas...” Uma balança pesar algo correto parece óbvio, trivial; contudo, muitos usavam pesos diferentes, enganosos, sempre “a favor” do dono da balança. “Peso e balança justos são do Senhor; obra Sua são os pesos da bolsa...Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o Seu prazer.” Prov 16;11 e 11:1

Sendo a balança, uma figura para a aferição do comportamento de alguém, os “pesos justos” também o são. Essas coisas estragadas pelo mau uso, que, “todos são iguais perante a lei”, “Pau que bate em Chico também bate em Francisco”, etc. falácias de gente hipócrita, nas conveniências torpes dos discursos vãos, Perante O Santo se verificam, deveras.

O Eterno nos dá o direito de escolhermos “os pesos” com os quais aferiremos a outrem; usa aos mesmos, quando for pesar-nos; “... Com a medida com que medirdes vos medirão...” Mc 4;24 “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, com a medida com que tiverdes medido vos medirão.” Mat 7:2

Eis o risco de fazermos mau uso do arbítrio! A severidade com que avaliamos a atitude de outrem, será a justa medida, quando nossa postura estiver em apreço.

“... pesas o andar do justo.” Por que esse cuidado com os reputados justos, invés de, com os outros de errados caminhos? Porque “... Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.” Mat 22:32

Acaso algum pai faria vistas grossas aos erros dos próprios filhos e seria zeloso com os erros dos filhos do vizinho? Pode existir um insano assim; mas, não O Pai dos Espíritos. Os que estão alienados Dele, inda estão espiritualmente mortos; com esses tenta falar via difusão do Evangelho, para que “passem da morte para a vida.”

O zelo do Eterno incide sobre os regenerados; esses são Dele, tomam sobre si O Nome do Santo. Ele retamente os “pesa”, não para castigá-los; antes, corrigi-los para que não se percam. “... não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque O Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12:5,6

Agora os “justos” sofrem renúncias, são desafiados por caminhos estreitos; no dia do juízo veremos o porquê: “Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3:18

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Os piores cegos


“Eles voluntariamente ignoram isto...” II Ped 3:5

Ausência de “gnose”, conhecimento, em geral é derivada das privações em que vivem as pessoas. Não tendo acesso aos meios que facultam o conhecimento, padecem a falta dele.

Ou, sendo por diretrizes políticas estreitadas nas raias da doutrinação ideológica, segundo as conveniências de quem dirige a educação, as vítimas de um sistema assim, aprendem apenas o que convém aos doutrinadores; seu alvo é formar idiotas úteis, não, pessoas esclarecidas. Nesse caso, grassa uma ignorância programada, incapaz de ver a própria existência, por terem aprendido algo, daquilo que nada acrescenta, deveras. Tais, ignoram ao que foi negado o acesso, mas, airosos desfilam sentindo-se os mais politizados dos seres.

A ignorância voluntária, quando o conhecimento está ao alcance, é uma doença difícil de entender. Nos “desinformados” em apreço, Pedro trata dos zombadores dos últimos dias, que fariam chacota da segunda vinda do Senhor, dizendo que, desde sempre as coisas foram assim. “... nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” II Ped 3:3,4

O juízo atingiu a humanidade mediante um dilúvio, caiu sobre Sodoma e Gomorra em forma de fogo e enxofre, essas coisas eram conhecidas dos coevos de Pedro. Portanto, a ignorância acerca disso, não era ausência de conhecimento, estritamente; antes, falta de vontade de considerar as lições pretéritas.

A difusão das Escrituras de geração em geração, entre outras coisas, visava ensinar mediante exemplos; “Toda A Escritura é divinamente inspirada, proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir, instruir em justiça;” II Tim 3:16

Boa vontade em determinada empresa, já é, grande parte dela efetuada; a má, a aversão aos fatos e ensinos fecha a porta vetando a entrada da luz. Talvez da contemplação desse vício, tenha surgido o ditado que, “O pior cego, é o que não quer ver.”

O Salvador ensinou: “Se, teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Portanto, se a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6:23 Um componente moral, “olhos maus”, vetando um curso intelectual, a luz.

Cristo, muitas vezes tratou com os que tinham preguiça de aplicar aos corações, o que era ensinado por Ele, desperdiçando preciosidades como se fossem coisas ordinárias. “Porque o coração deste povo está endurecido, ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que não vejam, e compreendam com o coração, se convertam e Eu os cure.” Mat 13:15

A rejeição ao Salvador não se deu porque Sua Doutrina fosse incongruente, facilmente refutável, cheia de pontos fracos. Antes, poque Sua Luz deixava nus aqueles que iam ter com Ele, vendo a si mesmos como eram; pior, tendo expostas suas sujeiras; optaram por manter “distância segura”, invés de se deixar esclarecer, e salvar.

Preferiam ser condenados a ser iluminados; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3:19-21

Há uma obsessão suicida atuante nos que decidem se fazer servos da maldade, mesmo com luz bastante para saber.

Nos dias de Acabe, tendo ouvido lorotas de quatro centenas de “profetas”, ainda restou espaço para que fosse buscado Micaías, a pedido de Josafá; ele falou como os falsos, num primeiro momento. O ímpio rei sabia que aquilo não era verdade e o exortou a falar verazmente.

Advertido que morreria no combate, mandou prender o profeta e foi à peleja mesmo assim. Porém, decidiu disfarçar-se de soldado comum, abdicando das vestes reais. Por quê? Porque, no fundo sabia que o profeta do Senhor falara da parte Dele; invés de mudar de atitude e arrepender-se, decidiu ignorar voluntariamente o que fora dito, para sua própria perdição.

Bancarmos os desentendidos ante aquilo que entendemos, é formar um consórcio com o canhoto, para a destruição das nossas próprias almas.

O Senhor sonda aos corações. Perante Ele, o tal “jeitinho brasileiro” não terá eficácia nenhuma; “Porque A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:12,13